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AMANDA FARIA 26/09/2020 – 2º PERÍODO Sistema de Condução de Impulsos VISÃO GERAL O coração é, na verdade, formado por duas bombas distintas: o coração direito (que bombeia o sangue através da circulação pulmonar) e o coração esquerdo (que bombeia o sangue através da circulação sistêmica). Esse bombeamento é auxiliado pelas contrações cardíacas. Mecanismos especiais no coração fazem com que ocorra contrações cardíacas sucessivas e contínuas, o que é chamado de ritmo cardíaco. Esse ritmo cardíaco transmite potenciais de ação pelo músculo cardíaco, causando os batimentos rítmicos do coração. MÚSCULO CARDÍACO A maior parte do coração é constituída por células musculares cardíacas, ou miocárdio. A maioria dessas células são contráteis, porém cerca de 1% delas são especializadas em gerar potenciais de ação espontaneamente, sendo responsável por uma grande propriedade do coração que é a sua capacidade de se contrair sem sinal externo. O coração pode se contrair sem uma conexão com outras partes do corpo, pois o sinal para a contração é miogênico, ou seja, é originado dentro do próprio músculo cardíaco. As fibras musculares cardíacas se dispõem em malha ou treliça com as fibras se dividindo, se recombinando e, de novo, se separando. O músculo é estriado, possuindo filamentos de actina e miosina, possuindo os discos intercalares, que são as áreas mais escuras nas fibras, constituindo membranas celulares que separam as células cardíacas umas das outras. Em cada disco intercalar, as membranas se fundem através das junções GAP, as quais permitem uma rápida difusão de íons. As fibras musculares cardíacas são feitas de células individuais conectadas em série e em paralelo umas com as outras. O coração apresenta dois tipos de fibras musculares. FIBRAS ATRIAIS E VENTRICULARES O primeiro tipo é o das fibras atriais e fibras ventriculares, que são fibras ricas em miofibrilas contráteis, possuindo o objetivo funcional de contração e, ao se contraírem, geram uma pressão, que leva a um bombeamento de sangue através do sistema vascular em direção aos tecidos. Função do coração como bomba ejetora de sangue. FIBRAS MUSCULARES ESPECIALIZADAS O segundo tipo é o das fibras musculares especializadas. Essas fibras são fibras pobres em miofibrilas contráteis e, com isso, se contraem fracamente. No entanto, elas apresentam descargas elétricas rítmicas automáticas, na forma de potenciais de ação, ou fazem a condução desses potenciais de ação pelo coração, é um sistema excitatório que controla os batimentos rítmicos. AMANDA FARIA 26/09/2020 – 2º PERÍODO Tais fibras podem ser divididas em: 1. Fibras Excitatórias: relacionado com a geração de impulsos (potenciais de ação) / geração rítmica. Isso ocorre devido à propriedade da automação, que é a capacidade da célula de realizar a auto-excitação, (propriedade não presente no miocárdio). 2. Fibras condutoras: relacionado com a condução de impulsos a todo miocárdio, o excitando e levando à contração rítmica e sincrônica. Contração/min = Frequência Cardíaca Esse sistema, chamado condutor de impulsos, além de conduzir, ele também gera impulsos. POTENCIAL DE AÇÃO NO MÚSCULO CARDÍACO O potencial de ação na fibra ventricular cardíaca tem, em média, 105 milivolts, significando que o potencial intracelular passa de valor muito negativo, por volta de -85 milivolts entre os batimentos, para valor ligeiramente positivo, em torno de +20 milivolts, durante cada batimento. POTENCIAL DE AÇÃO PROLONGADO E PLATÔ Após o potencial em ponta (spike) inicial, a membrana permanece despolarizada durante cerca de 0,2 segundo, exibindo um platô, ao qual se segue repolarização abrupta. A presença desse platô no potencial de ação faz a contração muscular ventricular durar até 15 vezes mais que as contrações observadas no músculo esquelético. Esse potencial de ação prolongado e o platô podem ser explicados por dois aspectos diferenciais em relação às fibras musculares esqueléticas: 1. Diminuição na permeabilidade ao K+; 2. Aumento na permeabilidade ao Ca2+ PROPRIEDADES ELETROFISIOLÓGICAS DO TECIDO CARDÍACO Esse sistema condutor possui as seguintes propriedades: AUTOMATISMO O automatismo é a propriedade da célula de se auto-excitar. Já o cronotopismo é a ritmicidade gerada em consequência a esta propriedade. O miocárdio não tem automatismo. EXCITABILIDADE A excitabilidade é outra propriedade desse sistema, uma vez que todas as células cardíacas são excitáveis (batmotropismo). REFRATARIEDADE A refratariedade é uma outra propriedade do sistema condutor e gerador, sendo uma característica de todas as células excitáveis, pois em algum momento elas se tornam refratárias a algum tipo de estímulo. Podendo ser uma refratariedade absoluta ou relativa. CONDUTIBILIDADE A condutibilidade também é uma propriedade, uma vez que todas essas células possuem a capacidade de conduzir e propagar essa informação (dromotropismo). INOTROPISMO AMANDA FARIA 26/09/2020 – 2º PERÍODO O inotropismo é uma propriedade mecânica, o miocárdio por ter em grande concentração de miofibrilas contráteis, possui a propriedade de contrair, força de contração. SISTEMA CONDUTOR E GERADOR O sistema especializado na condução e propagação de impulsos é composto pelo nódulo sinusal (nódulo atrial ou nódulo de Keith-Flack). NÓDULO SINUSAL O nódulo sinusal ou sinoatrial (SA) se situa na parede póstero-lateral superior do átrio direito, logo abaixo da veia cava superior. Apresenta dimensões médias de 8-20 mm de comprimento e 1-3 mm de espessura e é constituído por fibras de pequeno diâmetro, fibras de 3-5 micras (1 micra equivale a 1x10-3mm). Normalmente, fibras de pequeno diâmetro tendem a conduzir mais lentamente a informação. A principal característica do nódulo sinusal é ser a região do sistema especializado que apresenta um maior automatismo, região com maior capacidade de auto- excitação, por isso é chamado de marca- passo fisiológico, o qual gera o primeiro impulso e o propaga. Essa propagação se dá para o átrio direito, por continuidade de fibras, que constituem o nódulo sinusal. Essas fibras são fibras musculares atriais, as quais possuem um diâmetro maior de 15-20 micras. Além disso, essas fibras apresentam uma grande quantidade de junções GAP, cuja presença possibilita uma propagação rápida de fibra a fibra, determinando um sincronismo de contração, ou seja, a fibra se contrai como um todo. O impulso do nódulo sinusal pode ser propago pelo Feixe de Bachmann ou pelo nódulo atrioventricular. FEIXE DE BACHMANN O Feixe de Bachmann também é chamado de feixe interatrial anterior. É nele em que o impulso é propagado ao átrio esquerdo, sendo uma via de propagação especial, uma propagação rápida. Quando os átrios são excitados, quando se polarizam, essa despolarização atrial pode ser evidenciada no eletrocardiograma, como a onda P. NÓDULO ATRIVENTRICULAR O nódulo atrioventricular também é chamado de nódulo de Aschoff-Tawara, localizado na parede posterio-inferior do septo interatrial, próximo à válvula tricúspide. Apresenta como dimensões médias 15-24mm de comprimento e 3- 5mm de espessura. Esse nódulo é constituído por fibras, cujo diâmetro é inferior àquelas do nódulo sinusal, ou seja, isso gera uma propagação mais lenta. O impulso gerado pelo nódulo sinusal também pode ser propagado pelo nódulo atrioventricular, através dos feixes ou vias internodais anterior, médio e posterior, com uma propagação rápida de informação ao nódulo atrioventricular. Algumas literaturas subdividem esse nódulo em três regiões: 1. Atrionodal: a região de transição, a qual possuiria fibras menos calibrosas que determinaria uma redução na velocidade de propagação do impulso. Ele vem rápido pelos feixes internodais com velocidade de 1m/s e quando AMANDA FARIA 26/09/2020– 2º PERÍODO penetra nessa região átrionodal a velocidade cai para 0,02m/s e aumenta aproximadamente para 0,05m/s na região nodal e aumenta para 0,5m/s a 1m/s na região His; 2. Nodal; 3. Nodal His. A característica marcante do nódulo atrioventricular é retardar a passagem dos impulsos dos átrios para os ventrículos. O objetivo é permitir que os átrios contraiam antes dos ventrículos, o que é fundamental para o enchimento adequado dos ventrículos. SISTEMA HIS-PURKINJE O sistema His-Purkinje é composto pelos feixes atrioventriculares ou feixes de His. Feixes esses de condução rápida (1 a 4m/s), que se prolongam para baixo pelo septo interventricular em direção ao ápice dos ventrículos. Esses feixes sofrem ramificações em ramo direito e ramo esquerdo e entram em contato com as fibras de Purkinje, as fibras mais estudadas por terem o maior diâmetro (70 a 80 micras de diâmetro). Além disso, essas fibras de Purkinje são as que conduzem mais rapidamente a informação, cerca de 4 a 5m/s, e possuem uma grande quantidade de junções. Essas fibras direcionam os impulsos aos ápices e posteriormente às bases, atingindo rapidamente todo o ventrículo, sempre de dentro para fora no sentido da despolarização (endocárdio, miocárdio e epicárdio). As células miocárdicas ventriculares apresentam um diâmetro próximo ao diâmetro das células musculares atriais e são ricas em junções GAP. Essa propagação rápida de fibra a fibra interventricular determina a ativação sincrônica dos ventrículos, eles contraem como um todo. A contração sincrônica nos átrios e ventrículos é importante para o preenchimento ventricular adequado – contração atrial – e para o volume ejetado a cada sístole adequado – contração ventricular. SEQUÊNCIA DA EXCITAÇÃO CARDÍACA O estímulo é propagado ao nódulo sinusal e é levado aos átrios, no átrio direito pela continuidade de fibras e no átrio esquerdo pelo feixe de Bachmann, levando a sua excitação, com uma propagação rápida de fibra a fibra e contração sincrônica. É a sístole atrial. O estímulo também é propagado rapidamente aos feixes internodais ao nódulo atrioventricular, onde sofre um retardo em sua propagação aos ventrículos. Esse retardo é importante, pois visa que a sístole atrial preceda a sístole ventricular. O impulso a seguir passa aos feixes de His atrioventriculares pelo septo interventricular, sofre ramificação e fazem contato com as fibras de Purkinje, direcionando o impulso inicialmente aos ápices e posteriormente às bases, sempre do endocárdio ao epicárdio, levando à excitação rápida e sincrônica do miocárdio ventricular, é a sístole ventricular. ESTRUTURA DO CORAÇÃO E FLUXO DE SANGUE O sangue venoso (pobre em O2 e rico em CO2) penetra no átrio direito pelas veias cavas superior e inferior, não há válvulas. Após, o sangue se direciona ao ventrículo AMANDA FARIA 26/09/2020 – 2º PERÍODO direito, quando a válvula tricúspide está aberta. O ventrículo direito, ao se contrair, bombeia sangue até a artéria pulmonar e daí aos capilares pulmonares, onde ocorrerá a hematose, tornando o sangue venoso em sangue arterial (rico em O2 e pobre em CO2). Hematose: trocas alvéolos capilares pulmonares. O sangue arterial é transportado pelas veias pulmonares até o átrio esquerdo e do átrio esquerdo vai para o ventrículo esquerdo quando a válvula mitral está aberta. O ventrículo esquerdo, ao se contrair, vai bombear sangue na aorta e da aorta ele vai para as grandes, médias e pequenas artérias e até as arteríolas e capilares teciduais, onde ocorre a passagem de nutrientes e oxigênio aos tecidos para que eles exerçam sua atividade metabólica. GRADIENTE DE PRESSÃO Todo esse mecanismo de circulação sanguínea (hemodinâmica) decorre devido ao gradiente de pressão entre duas regiões. O gradiente de pressão é o fator determinante na hemodinâmica. CONSEQUÊNCIA DA EXCITAÇÃO DO MÚSCULO CARDÍACO Consequência da excitação do músculo cardíaco pelo estímulo gerado no marca- passo sinusal, ou seja, a geração do potencial de ação da fibra muscular ventricular representa uma duração maior em termos de potencial de ação do que o potencial de ação registrado na musculatura atrial, mas apresenta as mesmas características. O potencial de ação registrado no miocárdio apresenta as seguintes fases: 1. Fase 0: é a fase inicial, em que há uma despolarização rápida e intensa, mais ou menos 110/115 mmV de amplitude. O mecanismo envolvido é a ativação dos canais de sódio com voltagem dependente, com um influxo de sódio decorrente da existência de um gradiente eletroquímico favorável.isso permite que a célula se despolaize rapidamente. Componente rápido. 2. Fase 1: repolarização parcial, que decorre da inativação dos canais de sódio voltagem dependente, ou seja, o sódio deixa de entrar. Além disso, há um efluxo de potássio, o que já é recorrente. 3. Fase 2: fase do platô, decorre da ativação dos canais de cálcio voltagem dependente, principalmente os canais do tipo L, canais de abertura mais lenta com consequente influxo de cálcio, decorrente de sua maior concentração no meio extra do que no meio intra. Há nessa fase uma redução da permeabilidade ao potássio, por isso, a despolarização se mantém em determinado tempo (diferente das fibras nervosas em que a repolarização é rápida). 4. Fase 3: fase de repolarização completa decorrente da inativação dos canais de cálcio voltagem independente e ativação dos canais de potássio voltagem dependentes, como consequência o cálcio deixa de entrar e o potássio sai. Assim, o AMANDA FARIA 26/09/2020 – 2º PERÍODO potencial de membrana volta ao seu nível de repouso. 5. Fase 4: é a fase em que o potencial de membrana se encontra em seu nível de repouso, que é em torno de -90mmV. A repolarização completa é fundamental para as células recuperarem a sua excitabilidade, ou seja, elas responderem de forma adequada quando forem novamente estimuladas. MECANISMO DE ACOPLAMENTO EXCITAÇÃO-CONTRAÇÃO O processo de acoplamento de excitação- contração representa o mecanismo pelo qual o potencial de ação gerado no miocárdio determina o processo contrátil. Quando o potencial de ação é gerado no miocárdio, ele se propaga para o interior da fibra muscular, passando pela membrana dos túbulos transversos, túbulos T. Esses túbulos se comunicam com o retículo sarcoplasmático que circundam as microfibilas contráteis. O reticulo sarcoplasmático é um estoque intracelular de cálcio. A excitação da membrana do retículo sarcoplasmático ocasiona a ativação de canais de cálcio, receptores canais de rianodina. E como, consequência, dessa ativação, há o aumento intracelular de cálcio. A elevação de cálcio no interior das células cardíacas, no caso nas células do miocárdio, ocorre em duas situações: 1. Abertura dos canais de cálcio voltagem dependentes na membrana celular; 2. Ativação de canais de cálcio presentes no retículo sarcoplasmático. O CÁLCIO E A CONTRAÇÃO A liberação de cálcio do retículo sarcoplasmático fornece, aproximadamente, 90% do Ca2+ necessário à contração muscular, sendo que os 10% restantes entram na célula a partir do líquido extracelular. O cálcio difunde-se pelo citosol para os elementos contráteis, onde se liga à troponina e inicia o ciclo de formação de pontes cruzadas e o movimento; Esses íons cálcio interagem com a troponina, favorecendo a interação dos miofilamentos finos (actina) e grossos (miosina). Há a clivagem do ATP, liberando energia para atividade contrátil. A força de contração (tensão) depende muito da concentração de cálcio do líquido extracelular, uma vez que ativando os canais de cálcio voltagem dependente há um influxo de cálcio para a célula cardíaca, influxo importante para o processo de contração. Ao final da fase do platô, o influxo de cálcio cessa e com a repolarização são estimulados mecanismos ativos, osquais reduzem a concentração de cálcio citoplasmático, induzindo o relaxamento do músculo cardíaco, são eles: 1. Cálcio ATPase: ela transporta o cálcio para o retículo sarcoplasmático, rearmazenando; 2. Contratransporte: o contratransportador sódio-cálcio que transporta cálcio para o extracelular, reduzindo a AMANDA FARIA 26/09/2020 – 2º PERÍODO concentração de cálcio intracelular, ocorrendo o relaxamento da fibra. Com a diminuição das concentrações citoplasmáticas de Ca2+, o Ca2+ desliga- se da troponina, liberando a actina da miosina, e os filamentos contráteis deslizam de volta para sua posição relaxada. Como no músculo esquelético, o Ca2+ é transportado de volta para o retículo sarcoplasmático com a ajuda da Ca2+- ATPase. Entretanto, no músculo cardíaco, o Ca2+ também é removido de dentro da célula pelo trocador Na+-Ca2+. Um Ca2+ é movido para fora da célula contra o seu gradiente eletroquímico em troca de 3 Na+ para dentro da célula a favor do seu gradiente eletroquímico. O sódio que entra na célula durante essa troca é removido pela Na+-K+ -ATPase. A duração da contração do miocárdio, se inicia após a geração do potencial de ação e continua alguns milésimos de segundo após o seu término (no músculo atrial, em torno de 0,2s e no músculo ventricular, em torno de 0,3s).
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