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Eritrócitos Os eritrócitos (glóbulos vermelhos, hemácias) correspondem à maior proporção das células sanguíneas (99% do número total), com valores normais de 4,1-6,0 × 106 /μl em homens adultos e 3,9-5,5 × 106 /μl em mulheres adultas. Policitemia (massa eritrocitária aumentada) pode ocorrer em indivíduos que vivem em alta altitude ou patologicamente em condições que resultam em hipoxia arterial. A redução na massa de eritrócitos (anemia) tem muitas causas subjacentes, mas em casos raros pode ser devida a defeitos estruturais nos eritrócitos (ver adiante). Cada eritrócito é um disco bicôncavo com diâmetro médio em preparações de esfregaço dessecado de 7,1 μm; em preparações frescas, o diâmetro médio é 7,8 μm, diminuindo um pouco com a idade. Eritrócitos maduros são desprovidos de núcleos. Eles são vermelho-claros à luz transmitida, com centro mais pálido por causa da sua forma bicôncava. As propriedades da sua capa celular os fazem aderir uns aos outros pelas suas orlas para formar pilhas frouxas de células (rouleaux). No sangue normal, algumas células assumem forma crenada semelhante a uma estrela retraída: essa forma pode ser reproduzida colocando-se eritrócitos bicôncavos normais em uma solução hipertônica, o que causa retração osmótica. Em soluções hipotônicas, os eritrócitos captam água e se tornam esféricos; eles podem eventualmente se lisar e liberar sua hemoglobina (hemólise), deixando fantasmas de eritrócitos. Os eritrócitos têm membrana plasmática limitante que encerra uma única proteína, a hemoglobina, sob forma de solução a 33%. A membrana plas mática dos eritrócitos é 60% lipídio e glicolipídio, e 40% proteína e glicoproteína. Mais de 15 classes de proteína estão presentes, incluindo dois tipos principais. As glicoforinas A e B (cada uma com massa molecular de aproximadamente 50 kDa) abarcam a membrana, e suas cadeias de carboidrato negativamente carregadas se projetam da superfície externa da célula. Seus grupos de ácido siálico conferem a maior parte da carga fixa na superfície celular. Uma segunda macromolécula transmembrânica, proteína banda 3, forma um canal aniônico importante, trocando íons bicarbonato por cloreto através da membrana e possibilitando a liberação de CO2 nos pulmões. Os antígenos dos grupos sanguíneos ABO são glicolipídios da membrana. A forma do eritrócito é em grande parte determinada pelo dímero proteico fi lamentoso espectrina, um nome que reflete seu isolamento original de fantasmas eritrocíticos. Os dímeros de espectrina se associam como tetrâmeros através das suas regiões das cabeças, e são fixados ao domínio citoplasmático do transportador aniônico, proteína banda 3, por meio da ancirina. Outras proteínas, incluindo tropomiosina, tropomodulina e filamentos curtos de actina, formam complexos juncionais, os quais ligam espectrina às proteínas transmembrânicas glicoforinas, formando uma rede citoesquelética estabilizadora. Isso dá à membrana grande fl exibilidade: os eritrócitos são deformáveis, mas retomam à sua forma bicôncava e dimensões depois de passarem através dos menores capilares, os quais têm 4 μm de diâmetro. A flexibilidade da membrana eritrocítica também contribui para a viscosidade normalmente baixa do sangue. Defeitos no citoesqueleto ocorrem em transtornos dominantes autossômicos (alguns casos de eliptocitose resultam de mutações na espectrina, e de esferocitose, de disfunção da ancirina), que resultam em anormalidades da forma dos eritrócitos, fragilidade da membrana, destruição prematura dos eritrócitos no baço e anemia hemolítica. Os eritrócitos fetais até o quarto mês de gestação diferem acentuadamente daqueles de adultos porque são maiores, nucleados e contêm um tipo diferente de hemoglobina (HbF). Depois dessa época eles são progressivamente substituídos pelo tipo adulto de célula.