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1 PROFESSOR: MÁRCIO A. B. MOREIRA – UAM ALUNA: THAÍS RIBEIRO MOLINA – 2019 HEMOTERAPIA Tratamento suporte emergencial até que a doença de base seja diagnosticada e tratada, pois envolve riscos de reações e de transmissão de doenças contagiosas. PROBLEMAS DA TRANSFUSÃO SANGUÍNEA ➔ ALTO RISCO A transfusão em si é um procedimento de alto risco, por isso se associa essa transfusão quando realmente se precisa tirar um animal de um risco de emergência, do contrário se tenta outras terapêuticas para melhorar o quadro do paciente sem necessitar da transfusão, pois muito veterinários acabam tratando uma anemia com uma transfusão, sendo errado, já que quando se tem uma anemia tem algo causando essa anemia, sendo necessário se tratar essa causa e não apenas se tratar a anemia. ➔ HIPERCALEMIA Além disso, a transfusão de sangue pode levar a uma hiperpotassemia/hipercalemia, o que pode levar o paciente a uma parada cardíaca, podendo levar a morte, por isso a medicina transfusional trabalha com um conceito diferente, realizando apenas o mínimo necessário de transfusões sanguíneas. Hoje se trabalha muito em achar um conservante que permita que a hemácia permaneça por um maior tempo viável, para que assim ela não se rompa liberando potássio no organismo do receptor, tanto que quando se tem um doente renal ou hepático na medicina veterinária se procura uma bolsa que tenha menos tempo de armazenamento, pois a mesma tem menos metabólitos, agora quando se utiliza uma bolsa com um tempo maior de armazenamento a hemácia tende a ter uma fragilidade de membrana acentuada, fazendo com que ela dure menos tempo na circulação. ➔ TRANSMISSÃO DE DOENÇAS CONTAGIOSAS Se tem um certo risco de transfundir doenças contagiosas tanto na medicina humana quanto na medicina veterinária, esse risco acaba fazendo com que se tenha um maior critério para realizar essa transfusão, evitando ao máximo e tentando outros tipos de tratamentos antes. OBJETIVO DO BANCO DE SANGUE O banco de sangue serve para organizar toda essa condição, pois antigamente quando se precisava de uma bolsa de sangue era muito mais comum do que hoje em dia pedir para o tutor encontrar algum cachorro ou gato do porte necessário para doar sangue para o paciente, porém hoje, com o banco de sangue, se tem esses doadores selecionados, sendo animais conhecidos e triados, fazendo com que se minimizem as reações transfusionais e também as transmissões de doenças, além de outras vantagens como as citadas abaixo. ➔ SELEÇÃO DE CÃES E GATOS DOADORES Seleção de doadores, que já são animais conhecidos e triados, tendo uma chance de possuir uma doença incubada menor do que o animal que não se sabe a procedência. Esses animais realizam exames periódicos possuindo assim um maior controle do estado de saúde do doador, evitando a disseminação de doenças. 2 PROFESSOR: MÁRCIO A. B. MOREIRA – UAM ALUNA: THAÍS RIBEIRO MOLINA – 2019 ➔ TIPAGEM SANGUÍNEA Processo de coleta e análise do sangue do paciente para identificar a qual grupo sanguíneo ele pertence. ➔ TESTE DE COMPATIBILIDADE São os testes imunohematológicos realizados para selecionar o hemocomponente compatível, a fim de garantir uma transfusão segura. ➔ COLETA DE BOLSAS A coleta de bolsas parece ser simples, mas pode demorar em torno de 10 minutos, precisando ficar com a agulha na veia do animal, portanto se precisa de prática e treino. ➔ SANGUE TOTAL O sangue total serve para obtermos os hemocomponentes, quando utilizamos o sangue total utilizamos uma bolsa para um animal, se realizarmos a separação dos hemocomponentes uma bolsa de sangue consegue-se transformar em pelo menos 3 bolsas, por isso a transfusão de sangue total deve ser desestimulada atualmente. ➔ HEMOCOMPONENTES Se tem um melhor armazenamento da bolsa quando ela é fracionada em seus hemocomponentes, além de conseguir utilizar em um maior número de pacientes do que se fosse utilizar a bolsa de sangue total. • Concentrado de Hemácias (CH) • Concentrado de Plaquetas (CP) • Plasma Fresco Congelado (PFC) ➔ TRANSFUSÃO SANGUÍNEA O objetivo do banco de sangue é também realizar e acompanhar o procedimento transfusional. ➔ MONITORAMENTO DA TRANSFUSÃO Realiza-se o monitoramento da transfusão para intervir caso se tenha alguma reação transfusional. ➔ REAÇÕES TRANSFUSIONAIS Se o paciente tiver uma reação transfusional o banco de sangue interfere com medicamentos. SELEÇÃO DOS DOADORES Para realizar a captação de sangue é necessário que os doadores possuam os pré-requisitos necessários para isso. ➔ IDADE Na literatura, tanto para cão quanto para gato a idade é de 1 a 8 anos, porém em cães, na prática, o recomendado é até 7 anos, pois se trabalha com raças muito grandes – como dogue alemão e rottweiler, onde esses animais possuem uma expectativa mais baixa – a expectativa de vida deles é em torno de 8 a 10 anos. • Cão: 1 a 7 anos de idade. • Gato: 1 a 8 anos de idade. 3 PROFESSOR: MÁRCIO A. B. MOREIRA – UAM ALUNA: THAÍS RIBEIRO MOLINA – 2019 ➔ PESO • Cães: Mínimo de 25kg. Se tem uma quantidade mínima de sangue que se pode retirar por quilo do animal, pode-se retirar de 18 a 20 ml por quilo, se realizar a coleta em um animal que tenha menos peso que o recomendado ele pode passar mal por se retirar uma quantidade que para ele é significativa. Na literatura se fala que o peso mínimo em cães é de 27 a 28 quilos, porém na prática trabalhamos com 25 quilos pois se tem um peso que nos deixa dentro da faixa de segurança para a coleta de sangue. Quando coletamos sangue de animais de cerca de 20-22 quilos, a grande maioria desses animais passam mal depois de coletar a bolsa – pressão cai, desmaios, mucosas pálidas. Se tivesse uma bolsa menor poderia reduzir o peso da coleta, que é o que acontece nos EUA, porém aqui no Brasil não temos bolsas menores do que de 400 a 450mL. • Gatos: Mínimo de 4kg. Pode-se coletar de 10 a 15 ml por quilo. ➔ CLINICAMENTE SAUDÁVEIS O animal precisa estar clinicamente saudável. • Animais que Receberam Transfusão Não se coleta desses animais pois ele já entrou em contato com uma hemácia diferente, podendo já ter entrado em contato com uma hemácia diferente, podendo já ter produzido anticorpo para aquela hemácia diferente. • Procedimento Cirúrgico Recente Animais que realizaram um procedimento cirúrgico recente aproximadamente nos últimos 30 dias não podem doar. • Fêmeas Nulíparas Damos preferência para fêmeas que são nulíparas – que nunca pariram, pois assim se tem menos chances de se ter um anticorpo para algum tipo sanguíneo diferente, pois as vezes quando o indivíduo nasce pode se ter o contato do sangue do feto/recém-nascido com a mãe, podendo nesse momento se ter uma sensibilização, por isso temos uma preferência por fêmeas nulíparas, porém não significa que não coletamos em fêmeas que não são. ➔ VACINADOS E VERMIFUGADOS Precisa estar vacinado e vermifugados, com controle de endoparasitas e ectoparasitas. ➔ TEMPERAMENTO DÓCIL • Cães Precisa ter um temperamento que permita com que se manipule o cão durante a manipulação com o mínimo de estresse. • Gatos Em gatos se anestesia ou seda para conseguir manipular, a coleta é muito mais rápida em gatos pois se coleta por pressão, preenchendo uma bolsa em 2 a 3 minutos. PROCESSOS QUE ANTECEDEM A COLETA Antes de coletar a bolsa de sangue precisamos fazer o exame físico e o exame de triagem, se realizarmos os exames de triagem após a coleta aumentamos muito o risco de coletar a bolsa de um animal que está doente, podendo até mesmo piorar o quadro do animal, e o material coletado será descartado, sendo um custo desnecessário. 4 PROFESSOR: MÁRCIO A. B. MOREIRA – UAM ALUNA: THAÍS RIBEIRO MOLINA – 2019 ➔ EXAME FÍSICO Além da anamnese para realizar a seleção dos doadores, devemos realizaro exame físico normal dos animais para constatar que o animal está saudável para a realização da coleta, como através da inspeção, palpação, auscultação e percussão. Além de analisar o turgor cutâneo – se há desidratação, tempo de preenchimento capilar, coloração das mucosas e frequências cardíaca e respiratória. ➔ EXAME DE TRIAGEM Exames para testar a biossegurança da bolsa de sangue, tendo que realizar esses exames de qualquer jeito, por isso são oferecidos aos tutores. • Hemograma e Contagem Plaquetária ✓ Pesquisa de Hematozoários Babesia sp, Erlichia sp, Mycoplasma spp e Anaplasma platys. Se tem uma sensibilidade muito baixa, por isso que se complementa com a sorologia. • Dosagem Bioquímica Perfis renal e hepático, além de dosagem de colesterol e glicemia. • Sorologia – Anticorpos Contra: ✓ Cães Fazemos a sorologia para as principais doenças da região, podendo variar de região para região, mas normalmente são feitas sorologia para: Erlichia canis, Erlichia ewingii, Borrelia burguidorferi, Leishmania infatum, Anaplasma platys, e Anaplasma phagocylophilum. ✓ Gatos FIV, FELV, e Mycoplasma spp. • Cultura para Brucella sp e Pesquisa de Antígenos de Dirofilária immitis ➔ POR QUE CÃES E GATOS NÃO PASSAM MAL APÓS DOAREM SANGUE? Esses animais são quadrupedes, logo, quando terminam de doar sangue eles não têm uma queda de pressão que nem os humanos que são bípedes – quando se levantam tem uma queda de pressão mais acentuada, apresentando tonturas. MÉTODOS DE COLETA ➔ PASSOS • Antissepsia Antes de fazia tricotomia, porém se tem estudos mostrando que com uma boa antissepsia não se tem problemas de contaminação. • Veia de Grande Calibre Sempre coletar de uma veia de grande calibre, pois se tem um fluxo maior, tendo preferência em coletar da veia jugular. Pode-se até mesmo coletar da pata, mas apenas em cães de grande porte. • Punção A punção é única, uma vez iniciada a coleta de sangue, esta deverá completar o volume da bolsa, se sair a agulha da veia a bolsa deverá ser descartada, pois já vai ter entrado ar e com isto aumentando os riscos de contaminação da bolsa. – Se introduz a agulha na veia e mantem até o final da coleta, quando der o volume adequado se lacra a bolsa e apenas depois se retira a agulha da jugular. 5 PROFESSOR: MÁRCIO A. B. MOREIRA – UAM ALUNA: THAÍS RIBEIRO MOLINA – 2019 ➔ CÃES • Coleta por Gravidade A bolsa de sangue estará acoplada a um homogeneizador que irá homogeneizar o sangue coletado. • Coleta por Câmara a Vácuo Animal fica em decúbito lateral ou em extensão, a vantagem é a rápida coleta – 4 minutos por bolsa, pois coleta-se de 3 a 4 mL por segundo. Se tem uma bomba de vácuo que se liga a uma câmara de vácuo, a vantagem é que se pode coletar com o animal sentado. Nesse sistema à vácuo se homogeneíza a bolsa apenas no final, pois o processo de coleta é tão rápido que não dá tempo de coletar – a não ser que se perca a veia, pois pode criar coágulo dependendo do tempo que se perde. ➔ GATOS • Punção da Jugular Não se tem um sistema de coleta para gatos, precisamos montar todo o sistema, nós que montamos as bolsas, montamos toda a estrutura e esterilizamos para poder armazenar a bolsa. 6 PROFESSOR: MÁRCIO A. B. MOREIRA – UAM ALUNA: THAÍS RIBEIRO MOLINA – 2019 Realiza-se a punção da jugular e coleta por seringa e agulha, se tem uma seringa com uma torneirinha de 3 vias. O gato é sedado para a realização da coleta pois o animal precisa estar imóvel para puncionar a veia e coletar o sangue na seringa, demora em torno de 2 a 3 minutos, coleta-se cerca de 60mL de sangue total, pois é o que se tem em seringa, sendo também o adequado devido ao peso deles, pois pode-se coletar de 10 a 15mL, porém o que se padronizou como menos interferência com eles é a condição de 11mL por quilo. ✓ Protocolo de Sedação ▪ Butorfanol 0,3 a 0,5 mg/kg/IM Se o gato permite que se colete apenas com o butorfanol o gato fica mais carinhoso, permitindo a manipulação, não brigando. Se o gato não permitir a manipulação se administra Cetamina e Midazolan, fazendo com que o gato seja anestesiado por 15 minutos. ▪ Midazolan 0,5 mg/Kg/IM ▪ Cetamina 5 mg/kg/IM Após a coleta, se tem o processamento da bolsa para se obter os hemocomponentes. SEPARAÇÃO DOS HEMOCOMPONENTES Hoje em dia na medicina humana não se trabalha mais com o sangue total, pois o hemocomponente é muito mais específico para o tratamento, e a sua eficácia é muito maior quando se utiliza do que utilizando o sangue total, porém a veterinária ainda utiliza muito o sangue total, pois o veterinário pensa em utilizar as hemácias que estão no sangue total, o plasma e as plaquetas, mas hoje sabe-se que muitos desses fatores vão se degradando conforme se armazena essas bolsas, por isso o uso do sangue total está caindo em desuso, onde quando se precisa por exemplo de hemácia e plasma, se utiliza o concentrado de hemácias e o plasma, porque então se tem todos os fatores viáveis de coagulação. O uso dos hemocomponentes é mais eficaz, com um controle de qualidade maior, além de conseguir armazenar por um maior período essas bolsas fracionadas, sendo então muito importante se ter um banco de sangue para realizar a separação desses hemocomponentes. As bolsas de sangue vêm interligadas com bolsas satélites – bolsas para a realização da separação dos hemocomponentes. Após se lacrar a bolsa de sangue total não se abre mais, sendo aberta apenas quando for realizado o procedimento transfusional. Se tem uma bolsa de sangue total com anticoagulante com 2 bolsas satélites que saem da bolsa de sangue total, tendo um sistema interligado através dos espaguetes. Para fazer o teste de compatibilidade de tipagem sanguínea nunca se usa o sangue da bolsa, e sim o sangue dos espaguetes que foram selados pela máquina seladora, pois depois que abrir a bolsa se tem de 4 a 6 horas para utilizá-la, não mais do que isso, pois depois que entrou ar na bolsa se tem chances de contaminação. 7 PROFESSOR: MÁRCIO A. B. MOREIRA – UAM ALUNA: THAÍS RIBEIRO MOLINA – 2019 ➔ FRACIONAMENTO Processamento realizado em circuito fechado. • 1ª Centrifugação Se realiza esse fracionamento através de uma centrífuga, se coloca a bolsa de sangue total junto com as bolsas de sangue satélite e centrifuga, realizando a primeira centrifugação, fazendo com que a bolsa fique igual a um hematócrito, onde o concentrado de hemácias fica em baixo e o plasma rico em plaquetas – PRP, fica em cima. Se separa esse PRP em uma das bolsas satélites, o concentrado de hemácias permanece na bolsa que era do sangue total, se tendo o primeiro hemocomponente pronto que é o concentrado de hemácias, onde o hematócrito desse concentrado varia de 60 a 80%, pois ele concentrou as hemácias. O extrator de plasmas que realiza a transferência do plasma rico em plaquetas para a 1ª bolsa satélite, onde o extrator pressiona a bolsa em baixo e a parte de cima vai para essa outra bolsa. Imagem 1: Bolsa de sangue total interligada com 2 bolsas satélites em circuito fechado. Imagem 2: Extrator de plasma pressionando a plasma, onde a parte de cima vai para a primeira bolsa satélite. Imagem 3: Selador para selar o espaguete. • 2ª Centrifugação Se realiza uma nova centrifugação do PRP – centrifugação em 3000g por 10 minutos a 20°C, que é chamada de centrifugação pesada, pois a velocidade e o tempo dela é muito grande, depois dessa centrifugação se tem outros dois hemocomponentes, sedimentando as plaquetas, ficando em cima apenas a parte líquida do sangue que é o plasma, com isso se coloca o plasma em outra bolsa satélite, e o concentrado de plaquetas permanece na primeira bolsa satélite. 8 PROFESSOR: MÁRCIO A. B. MOREIRA – UAM ALUNA: THAÍS RIBEIRO MOLINA – 2019 • Bolsa Quadrupla Com duas centrifugações se conseguetrês hemocomponentes, na 1ª centrifugação se tem o concentrado de hemácias e o PRP, na 2ª centrifugação pesada se tem o concentrado de plaquetas e o plasma fresco, que será congelado, sendo estes os 3 principais hemocomponentes que se obtém e que se usa muito, mesmo assim se consegue obter outros hemocomponentes, onde se tivermos uma bolsa quadrupla se consegue depois de congelar esse plasma obter o crioprecipitado – descongela a bolsa a 4ºC centrifugando para separar o crioprecipitado, que é rico em fibrinogênio e em fator de Von Willebrand, sendo muito utilizado para hemofilias, e o que sobrou desse crioprecipitado se chama de plasma pobre em proteínas – plasma criopobre, sendo muito utilizado em pacientes com queimaduras, pois ele é rico em albumina, e em pacientes queimados se tem muita exsudação, perdendo muita albumina, logo com esse plasma pobre em proteínas se consegue repor essa albumina sem repor os outros fatores que não estão precisando. ➔ EQUIPAMENTOS • Centrífuga Realiza o fracionamento dos hemocomponentes. • Selador Sela as bolsas. • Stand Conexion Conecta dois tubos de uma forma estéril. • Extrator de Plasma Realiza a extração de plasma. • Agitador de Plaquetas 9 PROFESSOR: MÁRCIO A. B. MOREIRA – UAM ALUNA: THAÍS RIBEIRO MOLINA – 2019 A plaqueta dura 5 dias em temperatura ambiente, precisando ficar em constante agitação para evitar que elas agreguem, as plaquetas são muito sensíveis, precisando ficar em uma temperatura de 23 a 25ºC em constante homogeneização. • Freezer O plasma deve ser mantido congelado, sendo o hemocomponente que dura mais tempo, podendo ficar cerca de um ano congelado. ➔ Tudo tem um procedimento e um POP para ser realizado, com controle de qualidade. BOLSAS DE SANGUE TOTAL ➔ SANGUE TOTAL REFRIGERADO • Estocagem Refrigerado de 2 a 6ºC, sendo viável por 28 a 35 dias – se coletado em CPDA-1. • Indicação Pode ser utilizado, tendo indicações mínimas, como em casos de anemias associadas com hipovolemia, apenas nessa condição. Por que se tem o uso restrito dessa bolsa? O sangue total mantem as plaquetas viáveis apenas de 8 a 12 horas após a sua coleta, após esse período os fatores de coagulação começam a degradar e as plaquetas perdem a sua viabilidade, então só se consegue usar o pouco das plaquetas se for utilizada a bolsa de sangue total fresco, que é o sangue coletado de 8 a no máximo 12 horas. Agora, a partir do momento que o sangue foi refrigerado, essa plaqueta morre, logo, o sangue total refrigerado tem o plasma – que é utilizado como expansor de volume, porque depois de 24 horas que esse sangue ficou na geladeira os fatores de coagulação também começam a degradar, logo esse sangue total refrigerado serve apenas para choque hipovolêmico associado à anemia, pois o plasma serve como expansor de volume e as hemácias fazem sua função de oxigenação. • Quanto Transfundir Se utiliza uma conta para saber o quanto de volume de sangue será necessário para ser transfundido, se tendo o peso do receptor multiplicado pelo fator que é equivalente ao tamanho das hemácias – VCM das hemácias, sendo de 90 para cão e 70 para gato. Esse valor é multiplicado pelo hematócrito desejado – hematócrito normal para a espécie, menos o hematócrito do receptor, sendo o valor final dividido pelo valor do doador. Sempre se busca elevar o hematócrito em um nível menor do que o hematócrito da espécie, pois se elevar o hematócrito em um nível normal para a espécie o organismo para de tentar estimular a produção de hematócritos, pois não se tem mais hipóxia, por isso se eleva a um torno de 25 a 30% de hematócrito, para assim não tirar o estimulo do organismo na medula óssea. 10 PROFESSOR: MÁRCIO A. B. MOREIRA – UAM ALUNA: THAÍS RIBEIRO MOLINA – 2019 HEMOCOMPONENTES ➔ CONCENTRADO DE HEMÁCIAS • Estocagem Refrigerado de 1 a 6ºC, sendo viável por 21 dias. • Indicação Em casos de anemias, é importante estabelecer a causa, como por erliquiose, doença renal crônica, síndrome paraneoplásica, entre outras. ✓ Mesma capacidade de oxigenação com metade do volume – evitando sobrecarga. O hematócrito dessa bolsa é muito alto, de 60 a 80% – onde o hematócrito do doador chega a 45%, sendo indicados em casos de anemias (sem trombocitopenia e leucopenia) esses concentrados de hemácias, pois com um pequeno volume se aumenta muito mais o hematócrito do paciente. Para um paciente de pequeno porte, nefropata ou hepatopata se tem um valor muito grande, pois não se causa um desequilíbrio de sobrecarga no sistema circulatório – não fazendo um volume muito grande em um paciente que não consegue eliminar esse grande volume. ✓ Redução nos níveis de citrato e potássio. Em pacientes nefropatas ou hepatopatas que não podem receber muito citrato ou potássio que tem na bolsa se tem um benefício em se utilizar o concentrado de hemácias, pois esses pacientes possuem dificuldade em metabolizar essas substancias, já que o anticoagulante da bolsa pode ser o citrato de sódio, que tem o potássio também como substancia nessa solução de anticoagulante, o hepatopata tem dificuldade em metabolizar o citrato, o nefropata tem dificuldade de eliminar determinados eletrólitos, principalmente o potássio. Quando se realiza esse concentrado de hemácias se retira muito desses componentes que ficam no plasma – parte líquida do sangue, como grande parte desse citrato e potássio foi retirado do concentrado de hemácias e redirecionado para o PRP, se diminui a toxicidade para esses pacientes além de elevar o hematócrito com um volume bem menor. ✓ Redução nos níveis de Isoaglutinina. Quando se utiliza um hemocomponente se diminui a chance de reação transfusional, minimizando a chance de ter essa reação, se tendo benefícios muito grandes de se utilizar esses hemocomponentes. Isso porque, pode se ter um indivíduo que pode desenvolver uma reação de hipersensibilidade por causa das proteínas plasmáticas, e quando se faz um concentrado de hemácias a grande quantidade de proteínas plasmáticas foi direcionada para o plasma, tendo então pouca quantidade de proteína plasmática no concentrado, diminuindo as reações transfusionais. • Como Transfundir Pode-se transfundir de 2 a 4 horas esses hemocomponentes, em um primeiro momento se difunde vagarosamente – 0,25mL/Kg/hora, realizando isso na primeira meia hora, após isso se não tiver nenhuma reação se vai aumentando a velocidade de transfusão – chegando até 4 a 5mL/kg/hora, dependendo do paciente, se ele puder receber mais volume, pode-se chegar a transfundir de 10 a 25mL/Kg/hora, calculando de forma que a transfusão dure no máximo 4 horas. Mesmo fazendo teste compatibilidade, mesmo fazendo tipagem sanguínea – no caso do cão que só tem um tipo deles, pode se ter uma reação transfusional, então por isso que qualquer componente que tenha hemácias, se transfunde de forma muito lenta nos primeiros 45 min, e 11 PROFESSOR: MÁRCIO A. B. MOREIRA – UAM ALUNA: THAÍS RIBEIRO MOLINA – 2019 depois aumenta a velocidade, já que maior parte das reações acontecem nesses 30 a 45 minutos, por isso se realizando nesse volume de 0,25mL/kg/hora na primeira meia hora. Porque não pode exceder o tempo de 4 a 6 horas? Porque uma vez que se abriu a bolsa e entrou ar dentro da bolsa, a chance de entrar bactéria é muito grande, logo, se passar esse tempo de 4 a 6 horas pode-se ter uma multiplicação/contaminação bacteriana tendo o problema de infundir um sangue contaminado, por isso não se pode realizar uma transfusão acima de 4 a 6 horas, onde todo hemocomponente, sangue total ou concentrado de hemácias se demora em torno em média de 4 horas para fazer essa transfusão. • Quanto Transfundir De 10 a 15 ml de sangue por quilo transfundindo eleva cerca de 10% o hematócrito, sendo o mais confiável transfundir 10mL por quilograma. O período adequadopara transfundir é no máximo de 2 horas. (35 – Ht do animal) x Peso EXEMPLO: Animal com 10Kg e com 15% de hematócrito, se espera elevar mais 10% do hematócrito, logo, como se transfunde 15mL/Kg – e 15mL por quilo se aumenta 10% do hematócrito, como o animal tem 10kg precisa se transfundir 150mL – 15mL/kg vezes 10kg do peso do animal para elevar 10%, onde depois dos 150mL do concentrado se chega a ter 25% de hematócrito nesse caso. ➔ CONCENTRADO DE PLAQUETAS • Estocagem Armazenamento a temperatura ambiente de 20 a 25ºC, se tem uma validade de 5 dias, deve-se manter uma constante homogeneização leve. ✓ Avaliar Swirling Se avalia a eficácia e a viabilidade das plaquetas através da técnica de swirling, pois uma bolsa tem que ter no mínimo 5 bilhões de plaquetas – se ela tiver menos não deve ser utilizada, são observadas pelo turbilhonamento/movimento desses 5 bilhões de plaquetas – onde esse movimento é chamado de swirling, ou seja, se tem esse movimento significa que está viável. Se começar a fazer grumos precisa-se descartar esse concentrado, porque isso pode ser porque já passou o tempo das plaquetas – viabilidade, ou na verdade pode ser devido a uma contaminação bacteriana, uma vez que as plaquetas ficam em temperatura ambiente – 20 a 25°C, em constante homogeneização com duração de 5 dias. • Indicação Utilizado em casos de trombocitopenia ou trombocitopatia associado a sangramento, logo, o concentrado de plaquetas se usa na forma terapêutica – quando na verdade se tem trombocitopenia com sangramento, porém também pode-se utilizar esse concentrado de plaquetas em situações profiláticas. EXEMPLO: Um animal que foi atropelado e está com hemorragia, precisando de reposição de hemácia, plasma e plaqueta. Deve-se pegar cada um dos hemocomponentes e fazer, concentrado de hemácias, concentrado de plaquetas e o plasma, porque assim se tem as plaquetas viáveis na quantidade correta, o plasma que irá utilizar os fatores de coagulação (mesmo que ele não tenha deficiência dos fatores de coagulação está tendo reposição). • Quanto Transfundir O volume utilizado é de 1 concentrado de plaquetas para cada 10 kg de peso. A transfusão dura cerca de 1 hora, pois a bolsa tem pouco volume – de 50 a 70 ml. 12 PROFESSOR: MÁRCIO A. B. MOREIRA – UAM ALUNA: THAÍS RIBEIRO MOLINA – 2019 ✓ Vantagens quanto a Bolsa de Sangue Total As plaquetas são um hemocomponente que não se consegue repor, 1 concentrado de plaquetas é para cada 10 kg do peso, então se tem um paciente com 30 kg precisará de 3 concentrados de plaquetas e cada concentrado de plaquetas vem de 1 bolsa de sangue total, ou seja, precisaria de 3 bolsas de sangue total para repor as plaquetas, por isso não se usa sangue total para repor plaqueta, provocaria uma sobrecarga circulatória no paciente. • Como Transfundir ✓ Transfusão Terapêutica Trombocitopenia associada com sangramento ativo, e o sangramento de alteração da hemostasia primaria é epistaxe, petéquia, equimoses, sendo essa a clínica de animais que possuem alterações de hemostasia primária que no caso é devido a diminuição das plaquetas. ✓ Transfusão Profilática ▪ Para paciente cirúrgico em torno de 50.000 – 100.000 plaquetas. Paciente que vai passar por um procedimento cirúrgico que está com menos de 100 mil plaquetas, então começa a transfusão de plaquetas no pré-operatório para que o animal não tenha uma hemorragia profusa. EXEMPLO: Um animal com menos de 10.000 plaquetas não associado com sangramento costumava se realizar uma transfusão profilática, porém se identificou que em muitos casos o animal que recebia a transfusão montava uma resposta imunológica contra a plaqueta do doador, destruindo essas plaquetas, e muitas vezes também produzia anticorpo contra a plaqueta dele, então muitas vezes se tinha um cão com 7 mil plaquetas sem sangramento e depois que se realiza a transfusão de plaquetas depois de 2 a 4 dias esse animal começava a sangrar, logo esse individuo tem um risco muito grande de ter sangramento, mas hoje se trata a doença primaria e se ele apresentar sangramento se realiza a transfusão, se ele tiver menos de 10.000 plaquetas sem sangramento apenas coloca o animal em observação. • Monitoramento da Transfusão Se há um animal que tem trombocitopenia associado a sangramentos, ao infundir as plaquetas elas irão para o local de sangramento cessar o mesmo, ou seja, se realizar um exame para avaliar a quantidade de plaquetas ela estará diminuída, já que a mesma foi utilizada para cessar o sangramento, portanto, se avalia se a transfusão foi bem sucedida ou não pelas manifestações clínicas – cessar hemorragia, epistaxe, hematúria, petéquias, etc. e não por contagem de plaquetas. O que pode acontecer também é que se um animal não está produzindo plaquetas, ao fazer a transfusão irá cessar o sangramento momentaneamente, mas o mesmo pode voltar já que a medula não está produzindo ainda porque não teve tempo de responder ao tratamento primário – leva um tempo, então esse indivíduo terá que receber outra transfusão de plaquetas – tendo casos de 8 em 8 horas a de 24 a 24 horas, até que o tratamento seja eficaz e volte a produzir a plaqueta desse indivíduo. ✓ Reações de Hipersensibilidade Quando se aplica corticoide se evita as reações de hipersensibilidade que causam bastante quando se infunde plaquetas por conta das proteínas plasmáticas e outros antígenos, logo, se infundir essa solução de concentrado de plaquetas e o paciente fizer angioedema, ficando edemaciado, inchado, com pruridos faciais, evidencia-se reação de hipersensibilidade, se isso acontecer se para a transfusão aplicando um anti-histamínico, se não passar a reação com o anti- histamínico se realiza a administração de um corticoide. 13 PROFESSOR: MÁRCIO A. B. MOREIRA – UAM ALUNA: THAÍS RIBEIRO MOLINA – 2019 ➔ PLASMA FRESCO CONGELADO • Estocagem ✓ Fresco Dura até 12 horas após a coleta, com todos os fatores viáveis. ✓ Congelado Dura até cerca de 1 ano se conservado em temperatura de -20ºC. Se descongela à 37ºC utilizando logo após o descongelamento para a transfusão. • Indicação ✓ Hemorragia Serve em qualquer situação onde se tem perda de sangue, para controlar hemorragia ativa ou como profilaxia pré-operatória pois, se repõe os fatores de coagulação que estão sendo perdidos. ✓ Coagulopatias Hereditárias Doença de Von Willebrand, hemofilia, pois tem o fator VIII, IX, fator de Von Willebrand, repondo esses fatores. ✓ Coagulopatias Adquiridas Insuficiência hepática, deficiência de vitamina K, picadas de animais peçonhentos – cobras que leva distúrbio de coagulação, neoplasias, coagulação intravascular disseminada – CID, sepse. ✓ Pancreatite e Hipoproteinemia Não são mais utilizadas como transfusão terapêutica. ▪ Pancreatite: Segundo alguns trabalhos publicados a pancreatite está mais relacionada com a mortalidade do que com o tratamento adequado do indivíduo, sendo ainda um pouco controverso, pois o plasma contém uma substância chamada alfa 2 macroglobulina que inibe a autodigestão do pâncreas, por isso se vê certos benefícios em se utilizar, pois aumenta a perfusão do órgão diminuindo o processo inflamatório e a autodigestão do órgão, além disso essa substância também ajuda a diminuir a autodigestão. ▪ Hipoproteinemia: Se utilizava a transfusão de plasma para repor a albumina, tendo que fazer uma transfusão de 8 em 8 horas, tendo que ser um processo terapêutico constante pois o paciente ou não produz ou está perdendo constantemente, logo ao mesmo tempo que se faz a transfusão se perde muito rápido ou deixa de produzir não aumentando essa albumina de forma significativa na circulação, se tendo uma reação muito cara além de submeter o paciente a ter uma reações transfusionais, pois se realiza essa transfusão de 8 em 8 horas por um período X, não se sabendo quanto tempo isso irá durar, porisso, para repor albumina hoje se prefere muito mais utilizar clara de ovo, gelatina, composto proteico para cão, albumina de atleta, etc. fazendo por via oral, saindo muito mais barato com um risco menor, e com uma eficácia maior de reposição. • Quanto Transfundir A quantidade que se deve transfundir é de 10 ml/kg a 12 ml/kg – dependendo da indicação. TIPOS SANGUÍNEOS EM CÃES Possuímos uma média 13 tipos sanguíneos que são considerados importantes para a medicina canina na literatura americana, na literatura britânica se tem cerca de 20 tipos sanguíneos – pois se tem tipos sanguíneos que foram detectadas em determinadas raças, como no dálmata, porém não se tem muito claro se são importante, onde na verde, desses 13 tipos sanguíneos existem 6 que podem levar a reações, sendo esses 6 os mais importantes. Chamamos os tipos sanguíneos do cão de Dog Erythrocyte Antigen – DEA, antígeno eritrocitário canino, se tendo um número para esses tipos sanguíneos, os mais importantes são o DEA 1.1, 14 PROFESSOR: MÁRCIO A. B. MOREIRA – UAM ALUNA: THAÍS RIBEIRO MOLINA – 2019 DEA 1.2, DEA 1.3, DEA 3, DEA 5 e DEA 7 – se tem também o DEA 4, DEA 6 e DEA 8, porém em menor incidência. E para a medicina transfusional o tipo mais importante, tanto que se tem tipagem apenas para esse tipo sanguíneo, o da família do DEA 1, sendo o mais comum o DEA 1.1 – mais de 60% dos cães, mas também se tem o DEA 1.2 e DEA 1.3. ➔ REAÇÕES DOS DEA • DEA 1.1 O mais importante, pois, além de corresponder a 60% dos resultados de tipagem sanguíneas realizadas, também é o tipo sanguíneo que pode levar ao quadro de reação hemolítica aguda – reação que mata. Se realizar uma reação incompatível do DEA 1.1 esse individuo tem uma chance muito grande de vir a óbito, por isso se realiza na primeira meia hora, 40 minutos, de forma muito lenta, pois se o paciente tiver uma reação hemolítica aguda ele começa a destruir as hemácias conforme ela vai passando na circulação – pois ele já tem o anticorpo, então esse animal começa a apresentar hemoglobinúria, hiperhemoglobinemia – aumento de hemoglobina no sangue, febre, taquicardia, taquipneia, sendo as manifestações clínicas da reação hemolítica aguda, se realizar uma grande infusão de forma muito rápida, essa inflamação é sistêmica pois se está infundindo no sangue, levando a uma inflamação generalizada, por isso esses paciente acabam indo à óbito. ✓ Kits de Tipagem Tem kits que detectam apenas o DEA 1.1 – mais comum, ou então kits que detectam a família do DEA 1.x – pois pode ser o 1.1, 1.2 ou 1.3. • DEA 3 Também pode levar a reação hemolítica aguda, porem o DEA 3 é muito raro. • RESTANTE DOS DEA Podem levar a uma reação tardia, levando dias para acontecer, principalmente o DEA 5 e o DEA 7. ➔ DEA NEGATIVO PARA DEA 1.x Os animais que possuem o tipo sanguíneo DEA 1.x são considerados DEA positivos, um animal que possui DEA negativo possui aloanticorpos contra o DEA 1.1, DEA 1.2 e contra o DEA 1.3, sendo considerado um doador universal, pois por mais que se tenha uma reação ela será uma reação tardia, demorando cerca de 5, 7 a 10 dias para destruir todas as hemácias, tendo então tempo de se procurar outro doador que seja compatível durante este tempo. ➔ MULTIPLAS TRANSFUSÕES – FORMAÇÃO DE ALOATICORPOS NATURAIS O cão não possui anticorpos/aloanticorpos naturais – diferente dos humanos, que possuem anticorpos naturais para os outros tipo de tipagem sanguínea que não seja os deles, onde por isso, se uma pessoa é A e outra pessoa é B, se uma entrar em contato com o sangue da outra irá gerar uma reação hemolítica aguda que pode levar à óbito já em um primeiro momento; nos cães isso não ocorre por eles não possuírem anticorpos naturais, por isso dizem que na primeira transfusão não há problemas de ocorrer reações hemolíticas agudas, pois não apresentam anticorpos naturais, ou seja 99,99% não terão reação na primeira transfusão, porém se o paciente for DEA 3 pode ter reação na primeira transfusão. Se o animal é DEA negativo e na primeira transfusão se recebe um DEA positivo, a partir desse momento se começa a formar anticorpos – animal foi sensibilizado, logo, na segunda transfusão se o animal receber um DEA + ele faz reação hemolítica na hora. Porém, em alguns tipos sanguíneos há ocorrência natural de anticorpos – aloanticorpos, que atuam contra outro tipo sanguíneo, mesmo que este animal não tenha sido exposto a tais 15 PROFESSOR: MÁRCIO A. B. MOREIRA – UAM ALUNA: THAÍS RIBEIRO MOLINA – 2019 antígenos eritrocitários – como no caso de cães tipo DEA 3. Assim, os animais não devem ser submetidos à transfusão sanguínea – sendo a primeira ou não, sem antes se realizar tipagem e/ou reação cruzada entre receptor e doador – teste de compatibilidade, para assim se ter uma maior seguridade com relação a incompatibilidade, podendo fazer quantas transfusões forem necessárias, mas precisa-se realizar a tipagem sanguínea e o teste de compatibilidade antes de qualquer outra coisa, para se controlar esse processo – não são exames caros. TIPOS SANGUÍNEOS EM GATOS ➔ TIPOS A, B, AB Os gatos possuem tipo sanguíneo A, B e o AB, sem relação com o sistema ABO humano. A maior prevalência é do tipo sanguíneo A em nossa região, onde mais de 95% dos gatos o Brasil são tipo A, com raros B e raríssimos AB. Os gatos podem apresentar anticorpos naturais, tendo então um maior risco de reação transfusional se comparado com os cães que não possuem esses aloanticorpos naturais. • Tipo A Possuem aloanticorpos contra tipo B; é o tipo predominante. • Tipo B Possuem aloanticorpos contra tipo A; a proporção varia conforme região geográfica e raça, sendo raro encontrar gatos com esse tipo sanguíneo. • Tipo AB Não produz aloanticorpos, sendo, portanto, o receptor universal, podendo receber tanto de A quanto de B; gatos com essa tipagem sanguínea são raríssimos. • Tipo MIK Tipo sanguíneo “Mik” recentemente descoberto nos EUA, ainda estudado para saber a frequência que ocorre na população de gatos. TIPAGEM SANGUÍNEA – TESTE DE AGLUTINAÇÃO Teste 1: Negativo para DEA 1.x. Teste 2: Positivo para DEA 1.x. ➔ CÃES A tipagem é realizado por aglutinação, onde se tem esse kit que possui um antígeno, então se coloca a hemácia do paciente nesse kit, observando por aglutinação o resultado, onde em cima se tem o controle da reação – que é apenas o sangue em reação salina, em baixo se tem o controle positivo que aglutina – parece leite coalhado, e em baixo, o ultimo quadrante é o teste em si, onde quando aglutina é positivo e quando não aglutina é negativo. 16 PROFESSOR: MÁRCIO A. B. MOREIRA – UAM ALUNA: THAÍS RIBEIRO MOLINA – 2019 ➔ GATOS Se tem um teste tipo A e um tipo B, se formar grumos é positivo para aquele tipo sanguíneo, se aglutinar é negativo, e se aglutinar tanto o A quanto o B o animal é tipo AB. TESTE DE COMPATIBILIDADE O ideal é realizar tanto o teste de tipagem sanguínea quanto o teste de compatibilidade, porém se tiver que escolher um dos dois, melhor realizar o teste de compatibilidade, pois a tipagem só se tem para um tipo sanguíneo que é a família do DEA 1.x, pegando o DEA 1.1, 1.2 e 1.3, não pegando os outros tipos sanguíneos, pois o DEA 1 causa reação que pode levar a morte. Já o teste de compatibilidade pega todos os outros tipos sanguíneos, não se sabe o tipo sanguíneo, mas se sabe que ele está reagindo contra o tipo sanguíneo. Um resultado compatível não significa necessariamente que o doador e o receptor possuem o mesmo tipo sanguíneo, mas indica que não foram detectados anticorpos no soro do receptor contra as hemácias do doador, e não detecta anticorpos contra plaquetas e leucócitos, prevenindo apenas a ocorrência de reação transfusional hemolítica aguda e não as demais reações imunológicas. O teste de compatibilidade deve ser realizado antes da transfusão, mesmoque tenha sido feita a tipagem sanguínea. ➔ TESTE MAIOR Realizado quando se quer transfundir sangue total ou concentrado de hemácias, se pega o soro do receptor para testar com as hemácias do doador, sendo a reação que dá maior reação, por isso se chama teste maior. • Soro do Receptor X Hemácias do Doador No teste de compatibilidade maior, as células do doador são incubadas junto ao soro do receptor, e vão detectar a formação ou não de anticorpos contra as hemácias do doador – detecta a presença de anticorpos do receptor contra antígenos eritrocitários do doador. Quando incompatíveis, ocorre a aglutinação. Por estes motivos, o melhor seria sempre realizar a transfusão autóloga, onde o receptor e o doador são os mesmos, eliminando a incompatibilidade imunológica. Porém este tipo de transfusão não é possível, e o paciente deve então receber o sangue de um doador. • Realizar em Três Temperaturas Deve ser realizada a três temperaturas, pois a cada temperatura as reações nessas dadas temperaturas indicam a um grupo DEA diferente. ✓ Ambiente – anti-DEA3, 4, 5, 6 ✓ 4ºC – anti-DEA7 ✓ 37ºC – anti-DEA1.1 e 1.2 17 PROFESSOR: MÁRCIO A. B. MOREIRA – UAM ALUNA: THAÍS RIBEIRO MOLINA – 2019 • Análise Macroscópica e Microscópica O teste de compatibilidade maior avalia a aglutinação macroscópica e microscópica com solução salina, realizado na maioria dos laboratórios veterinários. ✓ Análise Macroscópica Imagem 1: Teste realizado no tubo, sendo o tubo de teste compatível, pois ele fica homogêneo – solução entre a hemácia do doador e o soro do receptor fica homogêneo. Imagem 2: Teste não compatível, pois se observa formação de grumos. ✓ Análise Microscópica Imagem 1: Teste compatível, se analisa todas as hemácias separadas. Imagem 2: Blocos de hemácias, evidenciando um teste incompatível, não podendo transfundir esse sangue de jeito algum, pois se não isso acontecerá dentro da circulação do receptor, podendo levar a uma ascite, tromboembolismo e à óbito, pois pode-se levar a uma reação inflamatória sistêmica, podendo entrar em CID rapidamente. ➔ TESTE MENOR Esse teste menor é realizado quando se tem problema com o sangue do doador, porque então se pega o soro do doador com o sangue do receptor. • Soro do Doador x Hemácias do Receptor Detecta presença de anticorpos do doador contra antígenos eritrocitários do receptor, porém se tem pouco plasma do receptor, podendo causar um dano mensurável, sendo uma reação mais sutil. • Multitransfusões Realizado esse teste menor em casos de transfusão de sangue total, em casos de transfundir grandes volumes de plasma, concentrado de plaquetas e sangue total ou então em casos que se recebe muitas bolsas, precisando fazer o teste maior e o teste menor, já que o doador está sendo estimulado a todo momento. 18 PROFESSOR: MÁRCIO A. B. MOREIRA – UAM ALUNA: THAÍS RIBEIRO MOLINA – 2019 REAÇÕES TRANSFUSIONAIS Pode ocorrer as reações transfusionais, tendo vários tipos de reações transfusionais, por isso o banco de sangue monitora essas reações. Uma reação transfusional é qualquer efeito que ocorre durante ou após a transfusão, por isso se faz toda uma ficha de acompanhamento da transfusão, aferindo temperatura, frequência cardíaca, frequência respiratória e a coloração da urina – sendo então o ideal o paciente que vai ser transfundido ser sondado para ser monitorado constantemente a urina, pois quando se tem a reação hemolítica ele quebra a hemácia liberando a hemoglobina, essa hemoglobina é filtrada pelo rim, logo, uma das primeiras coisas que começam a acontecer é a urina começar a ficar avermelhada pela hemoglobinúria. Nos primeiro 45 minutos se avalia esses parâmetros de 15 em 15 minutos, pois esse é o tempo em que se tem as maiores chances de apresentar as reações transfusionais, após esse tempo pode-se avaliar esses parâmetros de meia em meia hora até o final da transfusão. EXEMPLOS: Aumento da temperatura corpórea em mais de 1°C, tremores, êmese, salivação e alteração do estado de consciência. ➔ CLASSIFICAÇÃO DAS REAÇÕES TRANSFUSIONAIS • Reações Imediatas X Reações Tardias ✓ Reações Imediatas Geralmente até 12 horas, mas tem autores que citam até 48 horas após o início da transfusão. ✓ Reações Tardias Após 48 horas se classifica como tardia, podendo demorar dias, meses ou até anos após a transfusão. EXEMPLO: Uma púrpura após transfusão demora cerca de 4 a 8 dias para se instalar, petéquias e equimoses, edema em face tendo um prurido muito forte em face deixando a face muito inchada – angioedema podendo levar ao edema de glote, tendo que tratar rapidamente a reação, fazendo um anti-histamínico, se não tiver resultado se administra corticoide. Devido a transmissão de doenças. FREQUENCIA DE REAÇÕES TRANSFUSIONAIS 3 a 5% DOS ANIMAIS DESENVOLVEM REAÇÕES LEVES SEVERAS Febre 41 - Êmese 13 - Edema Facial 6 - Hemólise 3 - Taquipneia Dispnéia 2 1 Hemólise Aguda 1 1 Tremores 1 - Choque - 1 • Reações Imunológicas X Reações Não Imunológicas ✓ Reações Imunológicas ▪ Aguda Reações que ocorrem de meia hora a 45 minutos depois da transfusão. ➢ Reação Hemolítica Aguda 19 PROFESSOR: MÁRCIO A. B. MOREIRA – UAM ALUNA: THAÍS RIBEIRO MOLINA – 2019 Reação que pode levar a óbito, sendo causada pelo tipo sanguíneo DEA da família 1.1, 1.2 e 1.3. ➢ Reação não Hemolítica Febril Se realiza a transfusão o receptor depois de algum tempo começa a ter febre, não sendo pela hemólise e sim porque os leucócitos e as plaquetas do doador estão ativados, provavelmente o doador tinha algum processo inflamatório com grande produção de citocinas, logo quando se transfunde se libera no sangue do receptor que começa a ter uma febre, como não é por hemólise – analisando a urina que continua amarelo clarinha, então se administra um antitérmico como a dipirona para diminuir a febre e depois continuar a transfusão. ➢ Urticária Como por angioedema, pápulas etc., que são devido as degranulações dos mastócitos pelas proteínas plasmáticas. Se realiza um anti-histamínico, se não resolver se administra corticoide, continuando a transfusão apenas após se ter remissão desses sintomas. ➢ Injúria Pulmonar Aguda pela Transfusão – TRALI Acontece muito em gato, onde do nada o indivíduo começa com uma distrição respiratória severa, pensando no edema pulmonar, então no raio-x não se tem edema, evidenciando ser um é um processo inflamatório que é causado pela transfusão, com isso se para a transfusão na hora, colocando o paciente no oxigênio e trata sintomaticamente, deixando o animal melhor, que depois de 4 horas estará normal, se deve procurar outro doador. ▪ Tardia ➢ Reação Hemolítica Tardia A transfusão da bolsa de sangue deve durar de 20 a 25 dias, porem essa bolsa de sangue é destruída mais rápida, de 5 a 7 dias, dependendo da velocidade. Mas essa reação hemolítica tardia não preocupa tanto pois ela será destruída com um tempo que permita que se procure uma outra bolsa compatível para transfundir. ➢ Púrpura Pós Transfusão Com cerca de 4 dias se começa a fazer anticorpos, por isso quando se transfunde plaquetas o receptor começa a produzir anticorpos contra a plaqueta do doador, muitas vezes formando anticorpos contra sua própria plaqueta também, começando a destruir e diminuir as plaquetas, onde por volta do quarto dia que é quando começa a se ter essa reação, o animal começa a se ter petéquias, equimoses, sufusões, hematúria, melena, hematoquesia, sendo o que chamamos de purpura pós transfusão. Por isso que o animal apresenta trombocitopenia 5 a 8 dias pós- transfusão, pois primeiro o receptor precisa formar os anticorpos que demoram no mínimo 4 dias, devendo então imunossuprimir esse indivíduo para que ele não consiga mais destruir essas plaquetas, conseguindo reverter o quadro. ➢ Imunossupressão Como o indivíduoque recebe uma bolsa de sangue se tem infusão de antígenos diferentes, nesse momento ele faz uma imunossupressão, sendo muito comum de acontecer logo em seguida a transfusão. ➢ Aloimunização São os anticorpos formados de uma transfusão incompatível. ✓ Reações Não Imunológicas ▪ Aguda ➢ Distúrbios Eletrolíticos 20 PROFESSOR: MÁRCIO A. B. MOREIRA – UAM ALUNA: THAÍS RIBEIRO MOLINA – 2019 Deve-se coletar no mínimo 300mL de sangue, fora o que se tem de volume de anticoagulante que são 63mL na bolsa, pois esse anticoagulante é para 400mL de sangue, se coletar menos do que 300mL vai sobrar anticoagulante que não foi utilizado, logo esse anticoagulante na hora que é infundindo no receptor funciona dentro do receptor – pois está ativo, como o anticoagulante atua retirando o cálcio da hemácia para não deixar coagular – já que o cálcio é importante para ativar os fatores de coagulação, se tem uma hipocalcemia. Por isso não se pode usar uma bolsa com menos de 300mL de sangue coletado. ➢ Embolia Deve-se realizar a transfusão com equipo próprio da bolsa de sangue – que possui uma redinha, pois pode-se ter microcoágulos na bolsa e ar que podem ir para a veia do paciente, podendo causar um embolo ou um trombo, sendo uma reação da transfusão mas que nada tem a ver com o imunológico. ➢ Contaminação Bacteriana do Sangue A coleta da bolsa do doador deve ser muito precisa, não podendo sair a agulha do subcutâneo, pois pode-se contaminar a bolsa com bactérias, tendo uma reação como se fosse uma reação hemolítica aguda onde o paciente vem a óbito, pois além do sangue se está injetando bactérias na veia dele. ➢ Hipotermia Se transfundir a bolsa gelada no paciente pode causar uma hipotermia, não tendo problema, sempre esquentar o paciente e nunca a bolsa. ➢ Sobrecarga Circulatória Pode ser uma reação da transfusão também, tendo nada a ver com resposta imunomediada, por isso é muito melhor usar um hemocomponente do que o sangue total, pois a chance de se ter uma sobrecarga circulatória com sangue total é muito maior. ➢ Transfusão de Sangue Hemolisado Bolsa muito tempo armazenada se aumenta a fragilidade da hemácia, e quando se transfunde essa hemácia se rompe, liberando hemoglobina onde a urina fica avermelhada, fazendo com que a gente desconfie do receptor estar hemolisando, mas na verdade a hemácia que estava na bolsa estava hemolisada, por isso já liberou hemoglobina que quando cai na circulação do individuo ele começa a eliminar, por isso se tem problema em transfundir um sangue hemolisado. ➢ Coagulopatia Pode-se ter coagulopatias por excesso de anticoagulante – como a heparina, ocorrendo principalmente em pequenos animais onde a coleta é realizada na seringa, pois se coloca muito mais anticoagulante do que era necessário na seringa, e na hora que se infunde esse sangue o anticoagulante vai para a circulação causando alguma alteração na coagulação, podendo levar a quadros de hemorragia. ▪ Tardia ➢ Transmissão de Enfermidades Reações tardias não imunológicas se tem como principal causa a transmissão de doenças infecciosas como a leishmaniose, erliquiose, brucelose, babesiose, entre outras. Por isso a triagem sorológica é importante, realizando PCR quando for possível, para minimizar a chance de disseminação de doenças infecciosas. ➢ Hemossiderose Acúmulo de pigmento do ferro, por isso deve-se tomar cuidado quando se suplementa o ferro, pois por exemplo, em casos de anemia hemolítica, pois tem 21 PROFESSOR: MÁRCIO A. B. MOREIRA – UAM ALUNA: THAÍS RIBEIRO MOLINA – 2019 muito ferro já que está quebrando hemácias liberando muito ferro que estava dentro das hemácias para formar a hemoglobina. Esse excesso de ferro se acumula principalmente no fígado, sendo esse processo chamado de hemossiderose, podendo também se acumular em outros tecidos. CUIDADOS GERAIS COM SEU ANIMAL APÓS A TRANSFUSÃO ➔ AVISOS PARA O TUTOR APÓS A TRANSFUSÃO SANGUÍNEA DO SEU PET Apesar da realização e da positividade do teste de compatibilidade as reações transfusionais agudas podem ocorrer em até 48 horas após o procedimento, e as reações transfusionais tardias após 72 horas. Portanto, recomendamos a máxima atenção em qualquer alteração que seu animal apresente, como: • Melena e Hematoquezia – fezes escuras ou com sangue. • Hematúria – urina avermelhada. • Hematêmese – vomito com sangue. • Prurido – coceira. • Icterícia – pele e mucosas amareladas. • Edema de Face – Inchaço da face. • Taquipneia – respiração ofegante. • Apatia. Em casos de percepção dos sintomas citados acima procurar assistência médica veterinária. AULA PRÁTICA DE HEMOTERAPIA TESTE DE COMPATIBILIDADE MAIOR 1. AMOSTRAS Obter uma amostra de sangue com EDTA e de soro do receptor e uma amostra de sangue com EDTA do doador ou da bolsa sanguínea. 2. LAVAGEM DAS HEMÁCIAS DO DOADOR COM O SORO DO RECEPTOR Colocar 0,2ml de sangue do doador em um tubo de ensaio. Acrescentar 10ml de solução salina (NACL a 0,9%) e centrifugar em 3.400rpm durante 1 minuto. Após a centrifugação, desprezar o sobrenadante e repetir esse procedimento por mais duas vezes. Após a última lavagem, desprezar o sobrenadante e acrescentar 10ml de solução salina nas hemácias. 3. TUBOS DE ENSAIO EMDIFERENTES TEMPERATURAS Realizar as seguintes misturas em três tubos de ensaio diferentes: uma gota do soro do receptor para uma gota da solução de hemácias lavadas do doador. Esses três tubos serão armazenados em temperaturas diferente durante 15 minutos. • Tubo 1: Deixar em temperatura ambiente – 20 a 25ºC. • Tubo 2: Incubar e banho maria a 37ºC. • Tubo 3: Deixar em refrigeração de 5ºC. 4. ANÁLISE MACROSCÓPICA Observar após os 15 minutos se houve a formação de grumos em algum dos tubos de ensaio. A ausência de grumos indica que o teste é compatível, ou seja, o sangue do doador é compatível com o do receptor. Realizar também a avaliação microscópica. 5. ANÁLISE MICROSCÓPICA Colocar uma gota de cada tubo em uma lâmina identificada com nome e temperatura de armazenamento para avaliação microscópica. Confirma-se um resultado positivo, ou seja, 22 PROFESSOR: MÁRCIO A. B. MOREIRA – UAM ALUNA: THAÍS RIBEIRO MOLINA – 2019 compatível, com a visualização das hemácias separadamente, isto é, sem a formação de grumos. Quando há formação de grumos microscópicos, significa resultado incompatível. COLETA DA BOLSA DE SANGUE CÃES 1. BOLSA DE SANGUE A bolsa de colheita deve ser posicionada na balança digital e realizada a pesagem. 2. ANTISSEPSIA 3. LOCAL DA PUNÇÃO O local de preferência de colheita é a veia jugular, na qual o fluxo de sangue é maior e há menor risco de formação de coágulos durante o procedimento, porém em cães de maior porte a colheita pode ser feita por punção da veia cefálica. 4. COLETA A coleta deve ser feita com agulha de grosso calibre – 40x16, conectada a um equipo e ao frasco coletor ou bolsa plástica à vácuo, alguns cuidados devem ser tomados durante o procedimento, como manter a agulha no subcutâneo do doador. • Fechar a Válvula do Backed Bag Assim que se realiza a punção se deixa o primeiro jato de sangue entrar na backed bag, então se fecha essa válvula abrindo então a válvula da bolsa. • Peso A coleta deve continuar até que a bolsa atinja entre 400, 450mL. 5. FINAL DA COLETA Após o término da coleta o equipo deve ser novamente fechado antes que a agulha seja retirada da veia jugular. Deve-se então comprimir o local de punção evitando que o animal se mexa muito logo após o término da coleta para acelerar o processo de coagulação, podendo utilizar uma pomada cicatrizante após o processo. ➔ O circuito de colheita deve ser então fechado definitivamente com seladora própria para banco de sangue. COLETA DA BOLSA DE SANGUE GATOS 1. PREPARO DA BOLSA O sangue total de gatos não pode ser colhido em bolsas de coleta de sangueconvencionais, pois o volume de sangue colhido é menor, bem como o fluxo de sangue durante a colheita, sendo assim a colheita é feita em um sistema aberto, e por isso o armazenamento não deve ultrapassar 24h devido ao risco de contaminação bacteriana. • Materiais O método convencional de colheita de sangue de gatos é constituído por um escalpe 19G conectado a uma seringa de 60mL e a uma bolsa de sangue através de uma torneira de três vias, a bolsa de sangue é pediátrica e é esterilizada por oxido etileno. • Anticoagulante O anticoagulante é colocado no momento da coleta, devendo ser manipulado com luvas estéreis, a seringa deve conter sete mililitros de anticoagulante, preferencialmente CPDA- 1, devendo lavar todo o escalpe com o anticoagulante. 23 PROFESSOR: MÁRCIO A. B. MOREIRA – UAM ALUNA: THAÍS RIBEIRO MOLINA – 2019 2. SEDAÇÃO Diferentemente dos cães, os gatos devem ser sedados para doar sangue, visto que qualquer movimento durante a colheita pode inutilizar a bolsa de sangue. 3. ANTISSEPSIA 4. PUNÇÃO Em gatos o local de punção para colheita de sangue deve ser a veia jugular porque nas veias periféricas o fluxo sanguíneo é muito baixo. 5. COLETA A coleta é realizada após a punção da veia jugular, aspirando o sangue da veia com a seringa vagarosamente, aspirando e soltando deixando que o sangue entre na seringa de forma lenta até que complete os 60mL. 6. FINAL DA COLETA Ao término da coleta a torneira de três vias deve ser fechada para o escalpe antes de retirá- lo do local de punção e, após homogeneização, a torneira de três vias é aberta para a bolsa e o sangue é transferido da seringa para a bolsa, evitando permitir a passagem de ar, se lacra a bolsa no final desse procedimento. • Após a retirada do escalpe do local de punção, deve ser feita compressão no local. FRACIONAMENTO DO SANGUE TOTAL 1. CENTRIFUGAÇÃO LEVE – 1ª FASE Separa as hemácias e leucócitos do PRP, sedimentando células de maior densidade. 2. EXTRAÇÃO MANUAL OU AUTOMÁTICA Extração do plasma rico em proteínas para a primeira bolsa satélite, deixando apenas o concentrado de hemácias na bolsa de sangue que possuía o sangue total – primeiro hemocomponente. Utiliza-se o selador para selar o espaguete ao final do procedimento. 3. CENTRIFUGAÇÃO PESADA – 2ª FASE Separa as plaquetas do plasma, sedimentando as células mais leves. 24 PROFESSOR: MÁRCIO A. B. MOREIRA – UAM ALUNA: THAÍS RIBEIRO MOLINA – 2019 4. EXTRAÇÃO MANUAL OU AUTOMÁTICA Extração do plasma para a segunda bolsa satélite, onde o concentrado de plaquetas permanece da primeira bolsa satélite – dois hemocomponentes. Utiliza-se o selador para selar o espaguete ao final do procedimento.
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