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Autora: Profa. Denise Damas de Oliveira Morelli Colaboradores: Profa. Patrícia Scarabelli Prof. Mário Henrique de Castro Caldeira Design de Interiores (Representação) DI N T - Re vi sã o: A lin e - Di ag ra m aç ão : F ab io - 2 1/ 08 /2 01 8 Professora conteudista: Denise Damas de Oliveira Morelli Professora da Universidade Paulista (UNIP) do curso de Design de Interiores e Arquitetura e Urbanismo. Graduada em Arquitetura e Urbanismo pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas. Especialista em Design de Interiores pelo Istituto Europeo di Design em Milão, na Itália. Mestre e doutora em Arquitetura, Tecnologia e Cidade pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Possui vinte anos de experiência na área de projetos arquitetônicos e de interiores e sete anos de experiência na área acadêmica. © Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Universidade Paulista. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) M842d Morelli, Denise Damas de Oliveira. Design de Interiores (Representação) / Denise Damas de Oliveira Morelli. – São Paulo: Editora Sol, 2018. 112 p., il. Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e Pesquisas da UNIP, Série Didática, ano XXIV, n. 2-071/18, ISSN 1517-9230. 1. Design de interiores. 2. Residência. 3. Materiais de acabamento. I. Título. CDU 747 DI N T - Re vi sã o: A lin e - Di ag ra m aç ão : F ab io - 2 1/ 08 /2 01 8 Prof. Dr. João Carlos Di Genio Reitor Prof. Fábio Romeu de Carvalho Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças Profa. Melânia Dalla Torre Vice-Reitora de Unidades Universitárias Prof. Dr. Yugo Okida Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez Vice-Reitora de Graduação Unip Interativa – EaD Profa. Elisabete Brihy Prof. Marcelo Souza Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar Prof. Ivan Daliberto Frugoli Material Didático – EaD Comissão editorial: Dra. Angélica L. Carlini (UNIP) Dra. Divane Alves da Silva (UNIP) Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR) Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT) Dra. Valéria de Carvalho (UNIP) Apoio: Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos Projeto gráfico: Prof. Alexandre Ponzetto Revisão: Aline Ricciardi Ricardo Duarte DI N T - Re vi sã o: A lin e - Di ag ra m aç ão : F ab io - 2 1/ 08 /2 01 8 Sumário Design de Interiores (Representação) APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................7 INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................7 Unidade I 1 REPRESENTAÇÃO ................................................................................................................................................9 1.1 Representação gráfica ........................................................................................................................ 14 1.2 Proporção e dimensionamento ...................................................................................................... 15 1.3 Acessibilidade ......................................................................................................................................... 18 2 DESENHO TÉCNICO ......................................................................................................................................... 22 2.1 Representação gráfica de design de interiores – cor e textura ......................................... 24 2.2 Representação gráfica de design de interiores – perspectiva ............................................ 25 Unidade II 3 DESIGN DE INTERIOR – RESIDÊNCIA ..................................................................................................... 31 4 AMBIENTES DE UMA RESIDÊNCIA ........................................................................................................... 32 4.1 Área social ............................................................................................................................................... 33 4.1.1 Hall de entrada ........................................................................................................................................ 33 4.1.2 Lavabo ......................................................................................................................................................... 34 4.1.3 Sala de estar .............................................................................................................................................. 36 4.1.4 Sala de jantar............................................................................................................................................ 37 4.1.5 Escritório .................................................................................................................................................... 39 4.1.6 Sala de TV ou home theater .............................................................................................................. 41 4.1.7 Sala de jogos ............................................................................................................................................. 43 4.2 Área íntima ............................................................................................................................................. 44 4.2.1 Dormitórios ............................................................................................................................................... 44 4.2.2 Dormitório do casal ............................................................................................................................... 46 4.2.3 Dormitório de solteiro masculino .................................................................................................... 48 4.2.4 Dormitório de solteiro feminino ....................................................................................................... 49 4.2.5 Dormitório de hóspedes ....................................................................................................................... 51 4.2.6 Dormitório infantil ................................................................................................................................. 52 4.2.7 Sala íntima ................................................................................................................................................. 54 4.2.8 Banheiros ................................................................................................................................................... 54 4.3 Residência – serviço ............................................................................................................................ 57 4.3.1 Cozinha ....................................................................................................................................................... 57 4.3.2 Copa ............................................................................................................................................................. 60 DI N T - Re vi sã o: A lin e - Di ag ra m aç ão : F ab io - 2 1/ 08 /2 01 8 4.3.3 Lavanderia ..................................................................................................................................................62 4.4 Ambientes específicos da área residencial ................................................................................ 63 Unidade III 5 MATERIAIS DE ACABAMENTO .................................................................................................................... 70 5.1 Piso ............................................................................................................................................................. 72 5.2 Parede ........................................................................................................................................................ 73 5.3 Cor .............................................................................................................................................................. 75 5.4 Iluminação .............................................................................................................................................. 76 6 ELEMENTOS DE COMPOSIÇÃO ................................................................................................................... 78 6.1 Espelho ..................................................................................................................................................... 78 6.2 Anteparos e biombos .......................................................................................................................... 79 6.3 Tapetes e cortinas................................................................................................................................. 79 6.4 Quadros .................................................................................................................................................... 81 Unidade IV 7 PRINCÍPIO DE ORDEM ................................................................................................................................... 87 7.1 Elementos de projeto .......................................................................................................................... 88 7.1.1 Desenvolvimento de projeto .............................................................................................................. 89 7.1.2 Formulação de um conceito ............................................................................................................... 91 8 DESENHOS ......................................................................................................................................................... 94 8.1 Memorial descritivo ...........................................................................................................................101 7 DI N T - Re vi sã o: A lin e - Di ag ra m aç ão : F ab io - 2 1/ 08 /2 01 8 APRESENTAÇÃO Abordaremos o desenvolvimento da concepção e elaboração de um projeto de interiores a partir de um programa preestabelecido, enfatizando a criatividade e o conhecimento de layout, cor, textura, materiais utilizados e dimensionamento a fim de garantir conforto para executar as atividades humanas. O objetivo é desenvolver um projeto de interiores com os meios disponíveis de expressão gráfica e desenho técnico, referenciados por normas técnicas e de acessibilidade. Também será apresentado um método projetual e o repertório para conceituação dentro de parâmetros de equilíbrio e estilo. INTRODUÇÃO A disciplina Design de Interiores (Representação) tem como ênfase o processo de elaboração de um projeto e sua representação gráfica, em que o designer registra seu conceito, seu objetivo, através de representação bidimensional, capaz de materializar-se de forma técnica e tridimensional, construindo a perspectiva. O conhecimento técnico dos tipos de representação e das fases do projeto, do desenho feito à mão até o desenho digital, indica um plano de ação que reflete a pesquisa das necessidades do cliente, o ambiente em que será realizado o projeto e os elementos que compõem o espaço e sua função. Todo o processo de desenho é utilizado para representar e identificar uma ideia que será aceita pelo usuário e, depois, executada. De acordo com essa concepção, o designer, no processo de seu trabalho, descreve uma metodologia de realização por fases. A primeira fase corresponde a um documento gerado em conjunto com o cliente, que identifica suas necessidades e o ambiente ou a área construída que será trabalhada. O profissional, com o conhecimento teórico e técnico, representará suas ideias, croquis, para um projeto. A segunda fase considera o levantamento do designer, identificando estilo e preferências de cores, texturas, revestimentos, equipamentos eletroeletrônicos e mobiliário, juntamente com o estudo ergonômico e das medidas que irão compor os ambientes. Nesse processo de escolha de todos os elementos, é possível realizar o orçamento e o cronograma de execução. Na terceira fase, o processo é a representação gráfica, os desenhos técnicos e artísticos, que finalizarão todo o processo de ideias e soluções projetuais. Nesse módulo, o objeto será o tema, no caso, residência, para elaborar o processo do projeto e sua representação gráfica. Entenda que a representação de um projeto tem fases e tipos de representação, como desenho à mão livre e desenho digital. Hoje, existem vários programas computacionais que facilitam o processo de trabalho do designer e contribuem para a apresentação final ao cliente. 8 DI N T - Re vi sã o: A lin e - Di ag ra m aç ão : F ab io - 2 1/ 08 /2 01 8 A representação gráfica segue normas e padrões preestabelecidos, como escala, planta, corte, vista, detalhamento e perspectiva. É importante o conhecimento de antropometria, dimensionamento dos espaços, dimensionamento e distribuição do mobiliário no ambiente e sua função específica na área construída. Todas as etapas de projeto de interiores na área residencial são importantes para que o aluno compreenda os elementos que compõem um ambiente a fim de exercer sua função e representar o projeto de forma bidimensional e tridimensional. 9 DI N T - Re vi sã o: A lin e - Di ag ra m aç ão : F ab io - 2 1/ 08 /2 01 8 DESIGN DE INTERIORES (REPRESENTAÇÃO) Unidade I 1 REPRESENTAÇÃO O design de interior, ou a arquitetura de interior e decoração, será apresentado com suas características básicas a fim de o aluno compreender a construção do espaço e apropriar-se dele. Abordaremos a metodologia técnico-científica e cultural. A metodologia é a base teórica do processo de cada etapa do trabalho. Abrange desde a formação acadêmica, com seus conteúdos específicos, até as linhas de pesquisa, com questionamentos que provocam a curiosidade e que levam à investigação, ao conhecimento e à criatividade. Com a apreensão desse conteúdo, o designer terá a possibilidade de desenvolver o conceito, a organização e a criatividade nos seus projetos. O conhecimento técnico-científico resulta em recursos tecnológicos que proporcionam, ao projetar um espaço, transformá-lo, intervir nele, torná-lo funcional. Nesse processo, é importante conhecer o dimensionamento, a atividade exercida prevista, os dados de quem e quantos irão utilizar o espaço. Para a decoração de um espaço, é imprescindível o conhecimento das características do usuário a fim de garantir a sua compreensão e perfeita aceitação do ambiente. A cultura está presente desde o início da civilização, quando o homem modificou o meio natural para o construído. Por espaço construído, entende-se o habitat, inicialmente, usado como abrigo, moradia; depois, outras construções foram criadas – por exemplo, para executar o trabalho, para atividades de lazer. Ao conjugar todos os elementos, o homem constituiu a cidade. Na projeção de uma edificação,compreende-se a existência de elementos fundamentais na arquitetura: pilares e vigas (elementos lineares), paredes, coberturas e pisos (planos). A composição desses elementos define a construção e o espaço, com diferenças de disposição e dimensionamento. Para Ching e Binggeli (2013), os pilares determinam a área espacial, as vigas delineiam as bordas de um plano, a cobertura abriga o volume, o piso define o campo territorial e as paredes dimensionam e marcam o espaço (figura a seguir). 10 DI N T - Re vi sã o: A lin e - Di ag ra m aç ão : F ab io - 2 1/ 08 /2 01 8 Unidade I Figura 1 – Pilares alinhados Uma vez definida a área, seu dimensionamento e campo de atuação, é estabelecida uma relação visual com a introdução de elementos construtivos e mobiliários; forma-se a percepção de uso e de relacionamento do homem com a arquitetura de interiores. No interior de uma edificação, o homem cria a sensação de proteção, abrigo, um ambiente de conforto, com limites físicos entre a área interna e a externa. Mesmo o homem estando dentro da edificação, é necessária a existência de aberturas (portas e janelas) que imprimam características espaciais e demarquem as áreas de transição, seja de fora para dentro, de dentro para fora ou mesmo de dentro para dentro (figura a seguir). Figura 2 – Aberturas variadas 11 DI N T - Re vi sã o: A lin e - Di ag ra m aç ão : F ab io - 2 1/ 08 /2 01 8 DESIGN DE INTERIORES (REPRESENTAÇÃO) É importante o entendimento de todos os elementos que compõem ou que organizam a área interna de uma edificação, seus limites e funções. Observação O estudo correto das aberturas possibilita agregar valores à decoração, como luz natural, enquadramento de uma paisagem externa ou, ainda, hierarquia de planos visuais. O ambiente com determinada função torna-se possível devido à seleção, à organização dos elementos, de modo que as relações visuais desse recinto possam ter a configuração do espaço interno e estabelecer-se de forma diferenciada de acordo com o conjunto de móveis, o elemento dominante, a iluminação artificial ou natural, a cor, a textura, o dimensionamento, a escala e a proporção. A configuração ou organização do conjunto de móveis está relacionada com a forma, o dimensionamento físico do ambiente, a atividade que será exercida, a disposição do espaço interno. Todos esses itens influenciarão no planejamento do projeto de design de interiores (figura a seguir). Figura 3 – Elementos de composição 12 DI N T - Re vi sã o: A lin e - Di ag ra m aç ão : F ab io - 2 1/ 08 /2 01 8 Unidade I Ao criar um ambiente com um elemento dominante, é importante saber se a atividade ali desenvolvida será individual ou em grupo (figura a seguir). Figura 4 – Elemento dominante A iluminação artificial proporciona ambientes aconchegantes, vibrantes ou mesmo de trabalho. É possível, com a sua utilização, criar “cenários”, complementando a decoração do recinto (figura a seguir). Figura 5 – Iluminação artificial 13 DI N T - Re vi sã o: A lin e - Di ag ra m aç ão : F ab io - 2 1/ 08 /2 01 8 DESIGN DE INTERIORES (REPRESENTAÇÃO) A iluminação natural cria padrões de claro e escuro, dependendo da forma e do dimensionamento das aberturas (portas e janelas) em relação ao posicionamento solar (figura a seguir). Figura 6 – Iluminação natural A cor e a textura são elementos de decoração que permitem criar um padrão, um ritmo; que ajudam a definir limites e ênfase visual do ambiente (figura a seguir). Figura 7 – Cor e textura 14 DI N T - Re vi sã o: A lin e - Di ag ra m aç ão : F ab io - 2 1/ 08 /2 01 8 Unidade I O sistema estrutural define o dimensionamento interno, como forma, tamanho e altura. Esse dimensionamento determina a escala e a proporção do ambiente, que influenciam o planejamento do uso do espaço interno. O dimensionamento possui variações em largura, profundidade, forma e altura (pé-direito) (figura a seguir). Figura 8 – Proporção em ambiente Observação O dimensionamento entre largura, profundidade e altura do teto, pé-direito do ambiente, indica, de forma indireta, o uso de cores e texturas, que pode auxiliar o equilíbrio visual. 1.1 Representação gráfica A representação gráfica, para o designer de interiores, são os desenhos de apresentação de um processo de trabalho que resulta em um projeto. O desenho é uma linguagem universal, um elemento estruturador de comunicação de ideias, pensamentos e imaginário. O desenho não é só o entendimento da ideia, do projeto do designer, mas é o meio de comunicação entre todos os envolvidos. Os desenhos são importantes porque são a linguagem, a comunicação, entre o designer, o cliente, os fornecedores e os executores. Com o desenvolvimento tecnológico (programas e interfaces digitais através do computador), ocorreram grandes mudanças na representação de um projeto, o que se estabeleceu no final do século XX. O processo do desenho digital proporcionou inúmeros benefícios, mas o designer deve levar em conta a importância do desenho analógico, que expressa todo o processo do projeto (CASTRAL; VIZIOLI, 2011). Os programas de computador, que se renovam a cada dia, e as novas ferramentas, que auxiliam no processo de projetar, são chamados de maquetes eletrônicas ou modelos virtuais. A adoção desses 15 DI N T - Re vi sã o: A lin e - Di ag ra m aç ão : F ab io - 2 1/ 08 /2 01 8 DESIGN DE INTERIORES (REPRESENTAÇÃO) programas facilitou a representação bidimensional e tridimensional, possibilitando a visualização imediata da composição do ambiente. As perspectivas são geradas a partir do ponto de vista do observador ou de qualquer outro ponto de interesse. Elas proporcionam a visualização de todo o ambiente projetado (BASSO, 2005). O desenho à mão livre está retornando ao processo da produção (criação, concepção) do projeto. A valorização das características do desenho à mão livre se deve por ser um tipo de desenho que, durante a elaboração de um projeto de interiores, proporciona impressões, percepções e experimentações. Os desenhos de gestos rápidos, conhecidos como croquis, permitem a materialização do pensamento; são a ideia expressa no papel, que pode ser lida, entendida, analisada e modificada. Esse desenho pode ser definido como imagem mental, registros imediatos da elaboração de um projeto (GOUVEIA, 1998). O desenho digital ou feito com programa de computador, nos dias de hoje, se faz necessário para todo processo de elaboração e apresentação final do projeto de interiores. O designer de interior entende que é necessário aprender e praticar todas as técnicas de desenho que auxiliem no seu trabalho, no seu ofício. Desse modo, serão apresentadas várias formas de desenho e suas técnicas para que o aluno possa entender o processo da representação gráfica de um projeto de design de interiores. A forma de comunicação entre o designer de interiores e seus receptores é fundamental para o entendimento do projeto. Utilizar-se de técnicas visuais consiste em apresentar desenhos de forma clara, com informações precisas, para não haver dúvidas do seu conceito e proposta. O desenho técnico contribui para garantir essa apresentação e pode ser realizado tanto à mão como em programas de computador. 1.2 Proporção e dimensionamento O dimensionamento e a proporção entre os elementos que compõem um ambiente são fundamentais para o desenvolvimento de um projeto de design de interiores. Para Mancuso (2007), a proporção está ligada diretamentecom a escala (desenho) entre o ambiente, o mobiliário, a circulação e o homem. Gurgel (2013) afirma que proporção e dimensionamento estão presentes em projetos com espaços confortáveis e funcionais desde que o design de interiores compreenda as dimensões do homem, os diferentes tipos físicos dos indivíduos e a atividade exercida no ambiente. Para Iida e Buarque (2016), a ergonomia está associada às dimensões do corpo humano e à relação que existe entre os diversos segmentos corporais. As dimensões antropométricas estão diretamente envolvidas com os movimentos das articulações do corpo, com o alcance motor de um indivíduo e a postura por ele adotada (figura a seguir). 16 DI N T - Re vi sã o: A lin e - Di ag ra m aç ão : F ab io - 2 1/ 08 /2 01 8 Unidade I Figura 9 – Dimensionamento humano e seu alcance motor: medidas do corpo A proporção do homem, os seus movimentos e a interação com ambiente, móveis, objetos e suas funções são estudados desde o período do Renascimento, com Leonardo da Vinci; depois, no século XX, com Le Corbusier, que desenvolveu um sistema de medida métrico decimal e de unidades como pés e polegadas, usado no desenho modular. Mancuso (2007) afirma que o designer de interiores precisa ter o conhecimento prévio das proporções e medidas da figura humana, a proporção ergonômica, para desenvolver corretamente um projeto de arquitetura de interiores. O estudo de dimensionamento e proporção tem como objetivo estabelecer uma medida ideal de beleza e funcionalidade, um conjunto coerente de relações visuais, que proporcione equilíbrio e harmonia (figura a seguir). 17 DI N T - Re vi sã o: A lin e - Di ag ra m aç ão : F ab io - 2 1/ 08 /2 01 8 DESIGN DE INTERIORES (REPRESENTAÇÃO) Figura 10 – Dimensionamento humano e seu alcance motor e ergonomia Um ambiente agradável, funcional, está diretamente relacionado com o estudo do uso do ambiente, seja ele social, íntimo, de serviço ou lazer, e de seu dimensionamento a fim de elaborar um projeto de design de interior com proporção e beleza. A seguir, um exemplo de uma sala e de uma área de circulação, com dimensionamento mínimo de 0,60 cm para que uma pessoa possa circular entre os móveis – sofás, poltronas e mesa de centro. Figura 11 – Área de circulação No estudo antropométrico, o alcance horizontal e vertical também é importante para o correto desenvolvimento das atividades domésticas e para proporcionar funcionalidade e conforto (figura a seguir). 18 DI N T - Re vi sã o: A lin e - Di ag ra m aç ão : F ab io - 2 1/ 08 /2 01 8 Unidade I Figura 12 – Alcance horizontal e vertical Lembrete A disposição do mobiliário em um ambiente deve sempre se iniciar considerando o dimensionamento da área, a função do ambiente e o estudo da circulação, indicando corretamente o tamanho, a profundidade e a altura do mobiliário e o alcance e manuseio dele pelo homem. Saiba mais Consultar a obra a seguir: PANERO, J.; ZELNIK, M. Dimensionamento humano para espaços interiores: um livro de consulta e referência para projeto. São Paulo: Gustavo Gili, 2016. 1.3 Acessibilidade A NBR 9050 (ABNT, 2015) apresenta critérios e parâmetros técnicos a serem aplicados desde a etapa do projeto até a conclusão da obra em edifícios e áreas urbanas para pessoas com deficiência física ou com dificuldade de locomoção, como idosos, gestantes ou obesos, segundo o conceito do desenho universal. Nessa norma, foram adotadas as seguintes siglas em relação aos parâmetros antropométricos: M.R. – Módulo de referência; P.C.R. – Pessoa em cadeira de rodas; P.M.R. – Pessoa com mobilidade reduzida; P.O. – Pessoa obesa; L.H. – Linha do horizonte (ABNT, 2015, p. 6). 19 DI N T - Re vi sã o: A lin e - Di ag ra m aç ão : F ab io - 2 1/ 08 /2 01 8 DESIGN DE INTERIORES (REPRESENTAÇÃO) A indicação de acessibilidade das edificações, do mobiliário, dos espaços e dos equipamentos urbanos deve ser feita por meio do símbolo internacional de acesso, e as medidas preestabelecidas na norma devem ser utilizadas (figura a seguir). Figura 13 – Área de mobilidade com equipamento de apoio Para a mobilidade de uma cadeira de rodas, a norma estabelece corredores com 1 m de largura, devido ao módulo de referência, que é de 0,80 m x 1,20 m. Esse dimensionamento indica a área que a cadeira de rodas ocupa de forma estática. No dimensionamento para a mobilidade, a norma traz medidas mínimas (figura a seguir). Figura 14 – Área de mobilidade de uma cadeira de rodas 20 DI N T - Re vi sã o: A lin e - Di ag ra m aç ão : F ab io - 2 1/ 08 /2 01 8 Unidade I Na área de alcance frontal e lateral de um cadeirante em uma área de trabalho, como uma bancada, ou mesmo na realização de uma refeição sobre a mesa, a norma também estabelece medidas de largura e altura para que o cadeirante possa exercer suas funções de forma confortável (figura a seguir). A B Figura 15 – Alcance manual frontal e lateral A NBR 9050 (ABNT, 2015), no item 6.6.2, diz que a inclinação de rampa deve ser calculada segundo a seguinte equação: i = h x 100 c Em que: i é a inclinação, em porcentagem; h é a altura do desnível; c é o comprimento da projeção horizontal. Área de descanso Recomenda-se prever uma área de descanso, fora da faixa de circulação, a cada 50 m, para piso com até 3% de inclinação, ou a cada 30 m, para piso de 3% a 5% de inclinação. Recomenda-se a instalação de bancos com encosto e braços. Para inclinações superiores a 5%, deve ser atendido o descrito em 6.6. Estas áreas devem estar dimensionadas para permitir também a manobra de cadeiras de rodas (ABNT, 2015, p. 58). 21 DI N T - Re vi sã o: A lin e - Di ag ra m aç ão : F ab io - 2 1/ 08 /2 01 8 DESIGN DE INTERIORES (REPRESENTAÇÃO) Observe, na figura a seguir, as indicações anteriores: Figura 16 – Rampa com área de descanso Observação A NBR 9050 também traz diretrizes para projetos urbanos edificados para portadores de necessidades especiais, como cegos e surdos-mudos. Lembrete A mobilidade de um deficiente físico, ou daquele com pouca mobilidade, numa área de interiores deve ser estudada individualmente a fim de estabelecer os critérios e as necessidades específicas de cada cliente. Saiba mais Consulte a obra a seguir: CAMBIAGHI, S. Desenho universal. São Paulo: Senac, 2012. 22 DI N T - Re vi sã o: A lin e - Di ag ra m aç ão : F ab io - 2 1/ 08 /2 01 8 Unidade I 2 DESENHO TÉCNICO O desenho técnico é a representação, é o instrumento de trabalho que representa com precisão, no plano, na proporção, na forma e no dimensionamento correto, todos os elementos que compõem um projeto de design de interiores. Constitui-se no único meio exato de comunicação do projeto. A linguagem gráfica do desenho técnico é considerada universal. Apresenta-se de forma bidimensional (planta) para representar o ambiente decorado. O desenho técnico é um conjunto de metodologias e procedimentos sistemáticos, que se constituem de linhas, símbolos e números necessários para a comunicação do projeto e de todos os profissionais envolvidos. No Brasil, existe uma série de normas que regem a linguagem do desenho técnico em seus diversos parâmetros. São elas: • NBR 10647 (ABNT, 1989) – norma geral de desenho técnico. • NBR 13142 (ABNT, 1999)– dobramento da folha. • NBR 10582 (ABNT, 1988) – conteúdo da folha para desenho técnico. • NBR 8402 (ABNT, 1994) – definiçãoda caligrafia técnica em desenhos. • NBR 8403 (ABNT, 1984) – aplicação de linhas para a execução de desenho técnico. • NBR 8196 (ABNT, 1999) – emprego da escala em desenho técnico. • NBR 10068 (ABNT, 1987) – layout e dimensões da folha de desenho. • NBR 10126 (ABNT, 1987) – emprego de cotas em desenho técnico. • NBR 6492 (ABNT, 1994) – representação de projetos arquitetônicos. O desenho técnico pode ser utilizado em várias áreas da engenharia, da arquitetura e do design. A aplicação do desenho técnico, inclusive em áreas distintas, segue o mesmo padrão de referência exigido pelas normas técnicas brasileiras. Em todas as folhas de desenho técnico, o carimbo ou legenda deve conter o máximo de informação do projeto e do desenho da folha. Outro ponto importante no desenho técnico é a escolha da escala de acordo com o tamanho da folha, para que todos os detalhes do desenho fiquem claros e definidos. O desenho técnico arquitetônico de uma edificação consiste em um caderno de desenhos composto de: • planta de situação; • planta de implantação; 23 DI N T - Re vi sã o: A lin e - Di ag ra m aç ão : F ab io - 2 1/ 08 /2 01 8 DESIGN DE INTERIORES (REPRESENTAÇÃO) • planta; • planta de cobertura; • corte transversal; • corte longitudinal; • fachada frontal; • fachada posterior; • fachada lateral direita; • fachada lateral esquerda; • detalhes. O desenho técnico de design de interiores consiste em: • planta; • corte transversal; • corte longitudinal; • planta de circulação; • planta de layout; • planta de paginação de piso; • vista de paginação de revestimento; • planta de gesso; • planta de pontos de luminárias; • vistas internas de cada ambiente; • vistas ortogonais de mobiliário; • perspectivas. Observação Todo profissional da área de engenharia, arquitetura e design de interiores segue as normas técnicas de desenho técnico que regem a linguagem gráfica universal. 24 DI N T - Re vi sã o: A lin e - Di ag ra m aç ão : F ab io - 2 1/ 08 /2 01 8 Unidade I 2.1 Representação gráfica de design de interiores – cor e textura O design de interiores envolve a escolha de elementos de projeto e seu arranjo dentro de um ambiente, de modo a satisfazer as necessidades, a funcionalidade e a estética. Todos os elementos que compõem um ambiente incluem cor e textura. É preciso focar dois elementos que se relacionem e os contrastes estabelecidos entre eles. Em relação à escolha de um ou de outro elemento, atentar para a combinação, que pode promover harmonia e equilíbrio. A variação pode ocorrer na introdução de elementos de intensidade, medindo as quantidades com relação ao formato, à cor, ao dimensionamento e à textura. As cores que se relacionam são baseadas na série monocromática e análoga, promovendo ambientes alegres, serenos e aconchegantes. As cores de contraste são mais ricas e variadas. Trabalham com cores complementares e tríplices, porque incluem as cores quentes e frias. Os ambientes podem ficar exuberantes, alegres e, dependendo da tonalidade escolhida, chegar a ser espaços discretos e tranquilos. Outro ponto importante é a textura, presente em todos os materiais, no mobiliário, em equipamentos, entre outros. A textura deve considerar a escala e o dimensionamento do ambiente, além de ser empregada com sutileza. Entre as combinações de textura, encontram-se suas variações: regular e irregular; dura e macia; brilhante e fosca. Elas proporcionam características comuns ou de alto peso visual (figura a seguir). Figura 17 – Variações de texturas 25 DI N T - Re vi sã o: A lin e - Di ag ra m aç ão : F ab io - 2 1/ 08 /2 01 8 DESIGN DE INTERIORES (REPRESENTAÇÃO) 2.2 Representação gráfica de design de interiores – perspectiva O desenho tridimensional são linhas paralelas que representam em projeções uma forma, um volume. As projeções mais conhecidas são as axonométricas, subdividas em: isométrica, dimétrica e trimétrica. • Projeção isométrica: são três eixos principais em ângulos iguais com o plano do desenho. • Projeção dimétrica: são dois eixos principais em ângulos iguais com o plano do desenho. • Projeção trimétrica: são os três eixos principais em ângulos desiguais com o plano do desenho. A perspectiva axonométrica mais utilizada para ambientes é a isométrica, em que os três eixos estão a um ângulo de 120º ao plano do desenho (figura a seguir). Figura 18 – Projeção isométrica A projeção oblíqua pode ser desenhada na face vertical ou na face horizontal. • Projeção oblíqua na face vertical: uma elevação oblíqua está orientada paralelamente ao plano do desenho. 26 DI N T - Re vi sã o: A lin e - Di ag ra m aç ão : F ab io - 2 1/ 08 /2 01 8 Unidade I • Projeção oblíqua na face horizontal: uma planta oblíqua está orientada paralelamente ao plano do desenho (figura a seguir). Figura 19 – Planta oblíqua A perspectiva com um ponto central é muito utilizada na representação de ambientes internos, porque a apresentação permite a visualização em planos e profundidade (figura a seguir). Figura 20 – Perspectiva com um ponto de fuga 27 DI N T - Re vi sã o: A lin e - Di ag ra m aç ão : F ab io - 2 1/ 08 /2 01 8 DESIGN DE INTERIORES (REPRESENTAÇÃO) A perspectiva com dois pontos de fuga varia conforme o ângulo de visão do observador, mas a representação do ambiente de um design de interiores é mais eficiente quando o ponto do observador se aproxima, fornecendo uma clara sensação de fechamento e volume (figura a seguir). Figura 21 – Perspectiva com dois pontos de fuga Lembrete A perspectiva está relacionada com o ângulo de visão e a capacidade de expressar uma ideia ou propor uma solução de projeto que o observador possa compreender de forma imediata, por estar diretamente relacionada com a percepção do homem. Saiba mais Consulte a obra a seguir: SANMIGUEL, D. Desenho de perspectiva. Rio de Janeiro: Ambientes & Costumes, 2015. Resumo O desenho em perspectiva se constrói tendo como referência o ponto de vista do observador, a linha do horizonte, o ponto de fuga e o ângulo visual, que possibilitam a formação do objeto ou do projeto. Com o domínio da técnica, o designer desenvolve sua criatividade, expressa seu conceito e transmite suas ideias. 28 DI N T - Re vi sã o: A lin e - Di ag ra m aç ão : F ab io - 2 1/ 08 /2 01 8 Unidade I O desenho técnico representa o objeto de forma bidimensional, com linhas e informações que indicam precisamente todos os elementos que compõem um ambiente residencial e sua função, como área social, área íntima, área de serviço e área de lazer. Também indica todos os pontos com medidas (largura, altura e profundidade), que possibilitam a execução correta do espaço construído. Para a apresentação de um projeto, é necessário que exista um caderno de desenhos contendo uma linguagem universal, o desenho técnico e a perspectiva. Exercícios Questão 1. Em um projeto de design de interiores para um escritório, você foi solicitado a escolher o tamanho de folha de papel mais adequado para colocar o desenho de uma planta de layout. A escala do desenho é 1:100, ou seja, um centímetro linear no desenho corresponde a um metro (100 centímetros) no tamanho real. O espaço onde será implantado o layout do escritório é retangular e mede 15 x 20 metros, com um pé-direito de 2,80 metros. Qual o menor tamanho de folha, dentro da série “A”, incluindo margens e carimbo, que você indica para ser colocado o desenhodo espaço com layout? A) Tamanho A1. B) Tamanho A4. C) Tamanho A2. D) Tamanho A3. E) Tamanho A0. Resposta correta: alternativa B. Análise das alternativas A) Alternativa incorreta. Justificativa: a folha A1 é muito grande para o desenho, porque tem 59,4 x 84,1 cm. B) Alternativa correta. Justificativa: o desenho do espaço com layout tem 15 x 20 cm (convertido para escala 1:100), portanto a menor folha em que cabe esse desenho é a de tamanho A4. 29 DI N T - Re vi sã o: A lin e - Di ag ra m aç ão : F ab io - 2 1/ 08 /2 01 8 DESIGN DE INTERIORES (REPRESENTAÇÃO) C) Alternativa incorreta. Justificativa: a folha A2 é muito grande para o desenho, porque tem 42 x 59,4 cm. D) Alternativa incorreta. Justificativa: a folha A3 é muito grande para o desenho, porque tem 29,7 x 42 cm. E) Alternativa incorreta. Justificativa: a folha A0 é muito grande para o desenho, porque tem 84,1 x 118,9 cm. Questão 2. (Enade 2015) O sistema Modulor foi concebido como um instrumento regulador de medidas da escala humana universalmente aplicável, desenvolvido por Le Corbusier na década de 1940. Disponível em: <http://www.fondationlecorbusier.fr>. Acesso em: 17 jul. 2015. Relacionando a prática de design de interiores à imagem apresentada, avalie as asserções a seguir e a relação proposta entre elas. I – Ao projetar interiores baseando-se em instrumento ideal de referência de medidas antropométricas derivado da seção áurea, como o Modulor, no qual são relacionadas as medidas de um homem padrão com altura de 1,83 m, o designer de interiores facilita a implementação das propostas. PORQUE II – O Modulor otimiza os requisitos de estética e racionalidade, pois as equipes de trabalho atuarão dentro de uma mesma visão sistêmica de padronização, o que independe das características individuais dos usuários. A respeito dessas asserções, assinale a opção correta: A) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa correta da I. B) As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma justificativa correta da I. 30 DI N T - Re vi sã o: A lin e - Di ag ra m aç ão : F ab io - 2 1/ 08 /2 01 8 Unidade I C) A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa. D) A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira. E) As asserções I e II são proposições falsas. Resolução desta questão na plataforma.
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