Buscar

Pilares da Anestesia e Avaliação Pré-Operatória

Prévia do material em texto

Nathália Machado – MedFTC 21.1 
 
 
Avaliação Pré-Operatória 
Pilares da anestesia: 
 
1 – Analgesia adequada: é preciso 
que o paciente não sinta dor; 
2 – Hipnose: para que ele não 
recorde do procedimento; 
3 – Controle dos reflexos; 
4 – Relaxamento muscular. 
Anestesia é o estado de 
inconsciência reversível, imobilidade, 
analgesia e bloqueio dos reflexos 
autonômicos obtidos pela 
administração de fármacos 
específicos. Ela pode ser: 
 Anestesia geral 
 Anestesia local 
 Anestesia regional 
 
 
 
Antes da anestesia – Análise do 
paciente 
→ Anamnese: anestesias prévias, 
doenças prévias. 
→ Exame físico: avaliar abertura da 
boca do paciente, capacidade de 
extensão do pescoço. 
→ Exame de via aérea: 
 
O bougie é um guia pode auxiliar na 
hora de acessar a via aérea para 
intubação. Além dele, o 
videolaringoscópio também pode 
auxiliar na melhor visualização da via 
aérea. 
Fibroscópio e broncoscópio também 
podem auxiliar nesse momento. 
Além da classificação de Mallampati, 
temos a classificação de Cormack. 
 
Classificação com auxílio do 
videolaringoscópio. 
→ Teste de gravidez: não pede para 
todos os pacientes, paciente que não 
 
Nathália Machado – MedFTC 21.1 
lembra o DUM, não usa método 
contraceptivo, é bom pedir um b-
HCG. 
→ Avaliação pré-operatória 
- Investigar doenças cardiovasculares 
- Investigar doença pulmonar 
- Investigar doença hepática ou renal 
- Jejum: sólidos por 8h, e água até 2h 
do procedimento. 
Se necessário pedir um ECO, teste de 
esforço, cintilografia, CAT, 
espirometria, rx tórax, tc de tórax, 
investigação de doenças hepáticas e 
renais, ou demais sistemas se houver 
alguma alteração que justifique um 
risco cirúrgico aumentado. 
→ Classificar o paciente conforme a 
tabela ASA: 
 
→ Monitorização: 
Equipamento de anestesia: 
- Fornece oxigênio e 
gases anestésicos; 
- Suporte respiratório; 
Monitor: 
- Melhores condições 
intraoperatórias; 
- Detectar anormalidades 
precocemente; 
- Anestesista capacitado; 
- Oximetria de pulso, monitor de 
CO2, ECG, PA, FC e temperatura da 
sala. 
→ Pressão arterial: 
- Não invasiva: pelo manguito; 
- Invasiva: através de cateter (radial, 
femoral, braquial, axilar, ulnar, 
pediosa e tibial posterior); 
→ Eletrocardiograma 
- Arritmias, isquemias, bradicardia e 
PCR. 
Antes de cateterizar é necessário 
fazer o teste de Allen. 
Teste de Allen: para fazer a pressão 
invasiva, é preciso fazer o teste de 
Allen, a fim de verificar se existe 
oclusão da artéria ulnar. Inserir 
cateter em artéria obstruída favorece 
a isquemia e necrose do membro. 
Se uma artéria ulnar está obstruída, 
verificar a outra. Se as duas 
obstruídas, verificar outra artéria 
disponível. 
 
→ Ventilação 
- Monitores de pressão de VA e 
ventilação na VM; 
- Capnografia: conecta no tubo após 
intubar o paciente e saberemos que 
 
Nathália Machado – MedFTC 21.1 
a intubação está correta quando o 
capnógrafo estiver adequado 
exalando CO2; 
- O carrinho de anestesia controla as 
pressões na via aérea, então se tiver 
algum vazamento de oxigênio ou 
alguma desconexão do circuito ele 
apitará informando. 
→ Oxigenação: 
- FiO2 e oximetria de pulso para 
controlar a oxigenação do paciente. 
→ Temperatura 
- Esofágica, reto, pele, tímpano, 
bexiga, nasofaringe, artéria 
pulmonar. 
→ Bloqueio neuromuscular 
- Músculos ulnar e orbicular do olho; 
- Com bloqueio neuromuscular o 
paciente deixa de respirar, é preciso 
que se utilize um suporte 
ventilatório. 
→ Sistema nervoso central 
- BIS (matriz bispectral): é 
basicamente um EEG, acolha 
eletrodos na cabeça do paciente para 
ficar medindo a função cerebral 
durante o procedimento. 
- 0 a 100, sendo 100 completamente 
acordado e 0 quando o paciente está 
em coma ou morte encefálica. 
- Quando em uso do BIS, é possível 
ver o BIS regredir conforme 
administração de anestesia. 
Geralmente o anestesista deixa em 
torno de 40-50, que é considerado 
um plano anestésico bom. 
- Valores interiores a 40 por mais de 
5 min -> morbidade perioperatória 
aumentada 
Kit básico: 
 
Kit mais avançado: 
 
Quais medicações são usadas na 
anestesia? 
Agentes inalatórios 
Podem ser usados para indução da 
anestesia e manutenção dela. 
Características mais importantes de 
todos os gases: 
- Coeficiente de solubilidade sangue/gás 
(S/G) -> menor S/G, indução e despertar 
mais rápidos; o gás não se dissolve 
muito rápido. 
- Concentração alveolar mínima (CAM) -
> prevenir movimento em 50% dos 
pacientes. Qual a concentração 
circulando no sangue é necessário para 
prevenir o movimento em 50% dos 
pacientes no momento da incisão. - 
CAM alta, menor potência. CAM baixo, 
potência maior. 
- Pungência: odor. Pode ter um cheiro 
confortável, que não irrita e incomoda a 
 
Nathália Machado – MedFTC 21.1 
via aérea ou pode ter um odor forte que 
incomoda e será contraindicado como 
agente de indução. 
 
Óxido nitroso (gás hilariante) 
 Influencia minimamente 
respiração e hemodinâmica; 
 Costuma ser utilizado com 
outros agentes inalatórios; 
 Muito solúvel e volátil, portanto 
não deve ser usada em cirurgias 
em espaços fechados, pois o gás 
expande e acaba fazendo uma 
compressão de líquidos ou do 
próprio espaço. (cirurgia de 
tórax, otorrino, ..); 
 Pode ser usado em indução mas 
normalmente não se utiliza, 
justamente por ser bastante 
volátil. 
Isoflurano 
 Substitui halotano -> menor 
redução do DC, menos efeitos 
metabólicos; 
 Tem odor irritante, não será 
usado na indução; 
 Pode fazer taquicardia, deve ter 
cuidado para utilizar em 
pacientes com patologias 
coronarianas. 
 Muito usado no SUS devido ao 
baixo custo. 
Sevoflurano 
 Solubilidade baixa – rápida 
indução e rápido despertar; 
 Usado na indução; 
 Odor que não incomoda ou irrita 
o paciente; 
 Diminui resistência respiratória – 
bom para paciente com maior 
risco para broncoespasmo, como 
os pacientes asmáticos, com 
DPOC. 
Desflurano 
 Rápida indução e rápido 
despertar; 
 Odor irritante, não será usado na 
indução; 
 Pode causar taquicardia e 
hipertensão. 
Agentes intravenosos 
Existem os agentes indutores, usados na 
indução anestésicas e pode usar na 
manutenção em bomba de infusão 
contínua ou em boulos. 
Tiopental 
 Causa vasodilatação e depressão 
cardíaca, cuidado com pacientes 
com ICC ou paciente hipotenso 
ou chocado; 
 Rápido despertar, mas se usados 
por muito tempo pode causar 
uma demora ao despertar; 
 Não diminui reatividade 
brônquica, é pior para doenças 
respiratórias. 
Cetamina 
 Aumenta a pressão arterial e 
frequência cardíaca, evita DAC e 
hipertensão intracraniana; 
 Delírio e sonhos desagradáveis; 
 Diminui a reatividade brônquica, 
bom para asmáticos e pacientes 
com DPOC; 
 Não produz relaxamento 
muscular, não controla dor 
visceral. Ou seja, é bom para 
 
Nathália Machado – MedFTC 21.1 
indução, mas não é bom para 
manutenção. 
 Pode causar sialorreia. 
Propofol 
 Curta duração, indução rápida e 
despertar tranquilo; 
 Pode fazer hipotensão pois 
reduz a pressão arterial; 
 Excelente broncodilatador, 
ótimo para asmáticos e DPOC. 
 Dor a injeção. 
Etomitado 
 Mínimas alterações 
hemodinâmicas, usado em 
pacientes com DAC; 
 Muito usado na indução; 
 Dor e queimação na injeção; 
 Mioclonias. 
Dexmedetomidina (precedex) 
 Mínima depressão respiratória; 
 Muito usado na UTI, faz uma boa 
sedação, analgesia e anestésia; 
 Bradicardia e hipotensão em 
doses mais altas. 
*Midazolan também é bastante utilizado 
na indução e manutenção da anestesia. 
Causa depressão respiratória, então 
paciente deve ser imediatamente 
indubado. 
 
 
Opioides 
 Morfina, fentanil. 
 Medicações boas para 
analgesias. 
 Pode associar indutor 
intravenoso, gás e opioide. 
 Não se consegue uma boa 
hipnose e amnésia, énecessário 
compensar isso com outras 
medicações. 
 Depressão cardíaca mínica, 
anestesia profunda. 
 Desvantagem: depressão 
respiratória, hipnose e amnésia 
insatisfatórias. 
 Reduzem a dose de agentes 
inalatórios. 
 Limitam taquicardia associada a 
manipulações. 
 Analgesia no POI. 
Morfina, hidromorfona, meperidina 
 Ação intermediária – analgesia 
pós-operatória 
 Menor custo 
Fentanil 
 100 a 150 vezes mais potente 
que morfina 
 Início rápido e curta duração -> 
manutenção da anestesia 
Sufentanil, alfentanil 
 Rapidamente excretados e 
metabolizados 
Remifentanil 
 Anestesia venosa total – ação 
ultracurta 
Bloqueadores neuromusculares 
Mesmo o paciente sedado ele pode 
acabar se mexendo, o bloqueador é 
usado para relaxar os músculos e evitar 
movimentações. 
 
Nathália Machado – MedFTC 21.1 
Administrar o suficiente dos inalatórios e 
intravenosos para hipnose, amnesia e 
analgesia + condições cirúrgicas 
satisfatórias. 
Agentes despolarizantes (não 
competitivos): 
Succinilcolina 
 Atua como agonista nos 
receptores colinérgicos na 
junção neuromuscular. 
 Rápido início e curta duração (5 
min). 
 Hipercalemia e hipertermia 
maligna. 
 Fasciculações visíveis -> mais dor 
muscular pós-operatória. 
 Bom para IOT sequência rápida 
devido ao início rápido 
Não despolarizantes (competitivos): 
Normalmente tem uma meia-vida maior, 
competem com a acetilcolina pelos 
receptores e é uma alternativa à 
succinilcolina. 
Se for utilizar para indubar, é preciso que 
tenha certeza que conseguirá intubar o 
paciente rápido, uma vez que a sua meia 
vida é mais lenta (20min) e terá que ficar 
“ambuzando” o paciente antes de tentar 
a intubaçao novamente com um novo 
ciclo. 
 Impede o movimento em 
resposta ao estímulo; 
 Doses altas para relaxar antes da 
intubação, doses menores se já 
intubado; 
 Outras drogas anestésicas 
potencializam os efeitos; 
 Respostas individuais; 
complicações com a reversão 
inadequada; 
Exemplos: pancurônio, rocurônio, 
cisatracúrio, mivacúrio e vecurônio. 
Em caso de doença renal, dar 
preferência por cisatracúrio e atracúrio. 
Como a meia vida é mais longa, é 
preciso reverter ou esperar o fim dessa 
meia vida da dose a fim de evitar que 
ocorra uma depressão respiratória e 
uma parada respiratória. 
 
Anestesia regional 
Anestésicos locais 
 Amino ésteres (lidocaída, 
buvicaína) ou amino amidas 
(tetracaína, benzocaína); 
 Bloqueio dose-dependente dos 
fluxos de sódio nas fibras 
nervosas; 
 Toxicidade: dormência ou 
formigamento na língua e lábios, 
gosto metálico, cabeça leve, 
zumbido, -> fala empastada, 
desorientação e crises 
convulsivas -> PCR 
 Profilaxia: aspiração antes de 
realizar a anestesia, adição de 
epinefrina (diminui absorção); 
 Tratamento: oxigenioterapia e 
suporte ventilatório; 
benzodiazepínico se crise 
convulsiva. 
 
Nathália Machado – MedFTC 21.1 
Com vaso costuma sangrar menos, 
porém em extremidades tem maior 
risco de isquemias. 
 
Raquianestesia ou anestesia 
subaracnóidea 
- Fura a dura-máter 
 Injeção única, duração 
limitada; usada em 
procedimentos mais curtos; 
 Cesariana, raspagem de 
próstata; 
 Agente anestésico local; 
 O uso com vasoconstrictor 
aumenta a duração; 
 Uso com opioides aumenta a 
duração e tolerância da dor; 
 Existem misturas isobáricas, 
hiperbáricas e hipobaricas. 
 Não indicado para todos os 
pacientes, por exemplo, 
obesos, pacientes com 
deformidade na coluna. 
 
Complicações: 
Hipotensão, bradicardia, cefaleia 
pós-punção (sexo feminino, jovem, 
agulha calibrosa), neuropatia 
radicular transitória, dor lombar, 
retenção urinária, infecção, 
hematoma epidural, excessiva 
dispersão cefálica que leva a 
comprometimento 
cardiorrespiratório. 
Contra-indicações absolutas: sepse, 
bacteremia, infecção no local da 
punção, hipovolemia grave, 
coagulopatia, anticuagulação 
terapêutica, aumento da pressão 
intracraniana, recusa do paciente. 
Epidural ou peridural 
- Não ultrapassa a dura-máter 
 Um cateter epidural é 
inserido, a vantagem é que 
esse cateter pode ficar de um 
dia para o outro e é possível 
reaplicar os anestésicos. 
 Maior incidência de íleo 
paralítico e deambulação 
precoce -> cirurgias TGI; 
 Operações torácicas, 
vasculares periféricas, TGI e 
ortopédicas. 
Complicações: 
Abcesso epidural, dor lombar, 
hematoma espinal dorsal, alteração 
sensitiva ou motora de MMII e 
anormalidade urinária ou intestinal. 
Bloqueio de nervo periférico 
 É possível fazer o bloqueio 
exclusivo do nervo; 
 Menor estresse fisiológico; 
 Evita manipulação de via aérea e 
anestesia geral; 
 
Nathália Machado – MedFTC 21.1 
 Risco de anestesia geral, se não 
der tempo de realizar a cirurgia 
apenas com bloqueio do nervo. 
Complicações: toxicidade dos 
anestésicos, lesão nervosa, injeção 
intravascular. 
Cuidados pós-anestésicos 
Pós cirurgia o paciente vai para o centro 
de recuperação pós-anestésico. 
Será realizado a monitorização, 
reavaliação em 30-60 min e recebesse a 
alta/enfermaria. 
Complicações: 
- Agitação e delírio 
- Complicações respiratórias 
- Náuseas e vômitos 
- Hipotermia 
- Complicações circulatórias

Mais conteúdos dessa disciplina