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Acad. Pedro Paulo Brito 19.1 SEMIO CARDIOVASCULAR Exame Cardiovascular – inspeção, palpação e bulhas (exploração da dor torácica) Introdução • O paciente deve estar em decúbito dorsal, com elevação de 30º do tronco • O examinador sempre à direita do paciente • Expor tórax e epigástrio (exposição gradual das mulheres) Inspeção Pescoço • Buscar estase de jugular • Observar pulsações arteriais das carótidas e auscultar presença de sopros • Pulsos ▪ Venoso jugular o Suave, mais visível. Mais nítidas na posição deitada o Desaparece com compressão da veia o Mais visíveis na região inferior do pescoço ▪ Carotídeo Acad. Pedro Paulo Brito 19.1 SEMIO CARDIOVASCULAR o Pulso vigoroso, bastante palpável o Intensidade constante (independe da posição) o Pulso mantém com a compressão Estimativa da pressão venosa jugular (PVJ) Assemelha-se à pressão no AD, ou PVC ▪ Paciente deitado, cabeça virada para esquerda ▪ Elevar cabeceira entre 30º e 45º (menos para hipovolêmicos, mais para hiper) ▪ Iluminar e identificar a veia jugular externa (VJE) e a pulsação venosa jugular interna (VJI) ▪ Régua vertical entre ângulo do esterno ▪ Objeto horizontal sobre o ponto mais alto da pulsação da VJI (forma ângulo reto) ▪ Medir distância do ângulo até o objeto e somar 5 cm (esses 5 é a distância do ângulo até o AD) ▪ Essa soma é a PJV. Quando aferia >3cm acima do ângulo ou >8cm acima do átrio pode estar elevada ▪ A diminuição está relacionada com o Perda sanguínea, diminuição do tônus ▪ O aumento está relacionado com o ICC, hipertensão pulmonar crônica, obstrução de VCS e tamponamento Tórax e precórdio • Buscar cicatrizes, abaulamentos, retrações, lesões de pele • Buscar por pulsações visíveis • Precórdio calmo ou dinâmico • Visibilidade do ictus cordis: ver ou não, não significa que será patológico ou normal. Mas pode ser indicativo de cardiomegalia. • Conformação do tórax ▪ Normal ▪ plano ou chato ▪ Tonel ou barril ▪ Pectus excavatum ▪ Pectus carinatum ▪ Cifótico, Escoliótico ou cifoescoliótico Palpação Acad. Pedro Paulo Brito 19.1 SEMIO CARDIOVASCULAR Ictus Cordis • Coloca-se a mão na região do ápice do coração, posicionando os dedos no local da impulsão • Amplitude: hipocinético, normal, hipercinético • Localização: 5EIC, linha hemiclavicular E • Diâmetro: 1 a 3 cm (2 polpas digitais) • Duração: normal (<2/3 da sístole) ou persistente • Pode não ser palpável: idosos, pacientes com aumento anteroposterior do tórax (ICC, tórax em barril) • Decúbito lateral esquerdo pode facilitar a palpação do ictus. Pode ainda pedir para o paciente realizar uma expiração forçada e segurar a respiração • Solicitar o deslocamento da mama Bulhas palpáveis • Bulhas hiperfonéticas podem ser palpáveis no tórax. Nem todas são patológicas, mas se for hiperfonéticas é patológica • Técnica ▪ Com a mão direita, comprimir a parede anterior do tórax nos focos de ausculta ▪ Enquanto isso, palpar a carótida com o dedo indicador e médio esquerdo para identificar o impulso ascendente. ▪ Exercer leve pressão nos focos de ápice para palpar B3 e B4, se presentes • B1: ocorre imediatamente antes do impulso ascendente (fechamento da AV) • B2: ocorre imediatamente após impulso ascendente (fechamento da SL) Frêmitos • Sensação tátil gerada pela vibração no coração e vasos que correspondem aos sopros • Em casos de frêmitos, auscultar em busca de sopros • Pode ser facilitada na posição que acentua o sopro • Técnica: comprimir a palma da mão contra a superfície torácica nos focos de ausculta • Localização: referente aos focos • Situação no ciclo cardíaco • Intensidade (+ a ++++) Impulsão sistólica paraexternal esquerda (ISPEE) • Impulso sistólico de VD (ISVD) que movimenta uma área da parede e reflete hipertrofia do ventrículo direito Acad. Pedro Paulo Brito 19.1 SEMIO CARDIOVASCULAR • Técnica ▪ Palpar do 3º ao 5º EIC na borda paraexternal E com a ponta dos dedos em posição plana ou oblíqua em relação ao tórax • Localização no esterno: baixa, média, alta • amplitude Ausculta Focos de ausculta • Aórtico: 2º EIC linha paraesternal D • Pulmonar: 2º EIC linha paraesternal E • Aórtico Acessório: 3º EIC linha paraesternal E (melhor escuta de sopro • Tricúspide: 4º/5 EIC linha paraesternal E • Mitral: 5º EIC linha hemiclavicular E, ápice do coração, ictus) Bulhas • B1: fechamento das valvas atrioventriculares (TUM). Precede a sístole ▪ De modo geral, audível em todos os focos ▪ Hipofonese: derrame pericárdico, obesidade, ICC, estenose mitral grave, DPOC ▪ Hiperfonese: estenose mitral inicial, aumento do débito cardíaco, exercício, ansiedade, anemia • B2: fechamento das valvas semilunares (TÁ). Logo após a sístole ▪ Lembrar que ela apresenta um componente A2 e P2, o que pode gerar o desdobramento fisiológico na inspiração (vamos ver ali embaixo) ▪ Hipofonese: fibrose, calcificação, estenose aórtica/pulmonar ▪ Hiperfonese: hipertensão pulmonar (P2) ou hipertensão arterial (A2) • Ritmo: regular ou irregular, presenças de extrassístoles • Intensidade: hipofonese (derrame pericárdico, obesidade, ICC, estenose mitral grave, DPOC), normofonese, hiperfonese (estenose mitral inicial, aumento do débito cardíaco) • Desdobramentos ▪ B1 o Comum em crianças e jovens o Localizada na área mitral e ou tricúspide Acad. Pedro Paulo Brito 19.1 SEMIO CARDIOVASCULAR o Se o desdobramento for amplo, suspeita-se de bloqueio de ramo direito, um padrão elétrico anormal (atrasa fechamento da tricúspide) o Assincronismo na contração ventricular o TRUM TA TRUM TA TRUM TA ▪ B2 o Área pulmonar (componentes aórticos e pulmonar) o Assincronismo no fechamento das valvas semilunares o TUM TARA TUM TARA TUM TARA TUM TARA ▪ Fisiológico de B2 o Ocorre um aumento do retorno venoso para o coração direito durante a inspiração o Atraso no componente pulmonar (retarda o fechamento da valva pulmonar) da B2 o Diminuição da passagem de sangue do átrio esquerdo para o lado direito o TUM TA TUM TA TUM TARA TUM TARA TUM TA TUM TA ▪ Desdobramento amplo o Presenta na expiração e inspiração o Se intensifica na inspiração o Geralmente bloqueio do ramo direito OBS: o desdobramento fixo ocorre na expiração e inspiração, não sofre variação ▪ Paradoxal ou invertido da B2 o Aparece na expiração e desaparece na inspiração o Fechamento da vala aórtica se encontra retardado o Causa comum é o bloqueio do ramo esquerdo Acad. Pedro Paulo Brito 19.1 SEMIO CARDIOVASCULAR • Bulhas extras (ocorrem entre B2 e B1, vulgo durante a diástole – enchimento rápido e lento do ventrículo) ▪ Conhecidos como ritmos de galope ▪ B3 o Originado das vibrações da parede ventricular durante o enchimento rápido (aquele antes da contração do átrio, lá de fisio) o É um som protodiastólico o É um som fisiológico (principalmente em crianças e adolescentes o Pode ocorrer em corações dilatados, , ou com aumento de complacência (condições patológicas). Pode estar relacionado com a redução da contratilidade. o Se eu não me engano pode ser confundido com o desdobramento fisiológico de B2 ▪ B4 o Originado da brusca desaceleração do fluxo na contração atrial o Geralmente patológica o É um som telediastólico o Bulha é ausente na fibrilação atrial (já que o átrio não contrai legal o Pode ocorrer em corações hipertrofiados ou com baixa complacência o Se eu não me engano, pode ser confundida com o desdobramento de B1 OBS: campanula é mais utilizada para ouvir sons de baixa frequência (graves), como B3 e B4. São mais bem auscultados em focos de ápice Outros sons • Sons sistólicos (clique mesossistólico) • Clique metálico (prótesemetálica) • Atrito pericárdico Exame normal • PVJ: a 3 cm do ângulo esternal (a 30º) • Precórdio calmo • Ictus não visível e palpável no 5º EIC, linha hemiclavicular E com 2 cm, amplitude e duração normais Acad. Pedro Paulo Brito 19.1 SEMIO CARDIOVASCULAR • Bulhas rítmicas e normofonéticas, sem desdobramentos • Ausência de bulhas extras ou sopros • AC: RCR, BN2 2T (aparelho cardiovascular, ritmo cardíaco regular, bulhas normofonéticas em 2 tempos) Fatores de risco cardiovascular • Modificáveis: tabagismo, obesidade, dislipidemia, diabetes, sedentarismo, hipertensão, alimentação) • Não modificáveis: idade, sexo, hereditariedade Dor torácica • Sintoma mais comum de doença coronariana • Alguns diagnósticos são potencialmente fatais ▪ Angina ▪ IAM ▪ Aneurisma dissecante de aorta ▪ Embolia • Causas cardíacas de dor torácica: aneurisma, pericardite, angina e IAM • Causas não cardíacas: pleurite, DRGE, espasmo esofágico difuso, pneumonia, costocondrite, transtorno do pânico • Localização e irradiação • Intensidade • Tipo da dor • Relação com esforço físico • Fator de melhora ou piora • Se chega a despertar o paciente à noite • Sintoma associado: sudorese, palpitação, náusea, dispneia • OPQRST: origem, paliativo, qualidade, irradiação, sintomas associados, tempo (frequência e duração) Outros sintomas palpitações • Percepção consciente e desconfortável das contrações cardíacas • Podem ser irregulares, aumento ou redução brusca da FC, contração vigorosa • Pacientes ansiosos, hipertireoidismo, anêmicos • Números/min e duração • Início, qualidade (regular ou irregular, rápido ou lento) • Relação com esforço e sintomas (síncope, dor, tontura) Dispneia Acad. Pedro Paulo Brito 19.1 SEMIO CARDIOVASCULAR • Percepção consciente e desconfortável da respiração, incompatível com esforço • Duração, evolução, relação com o esforço, posição (ortopneia, dispneia paroxística noturna – característicos de ICC) • Causas ▪ Deformidade torácica, lesões traumáticas, obstrução de vias aéreas, laringite, bronquites e bronquiolites ▪ Asma, enfisema pulmonar, pneumonia, fibrose, embolia, infarto pulmonar ▪ Obesidade, anemia, transtorno de ansiedade desmaio • Perda transitória da consciência, seguida de recuperação • Causas neuro cardiogênicas e arritmias são as causas comuns Referências: • Bates - Propedêutica Médica, 12ª edição (cap 1,2 e 9) • Porto - Semiologia Médica, 8ª edição (cap 7) • Semiologia Swartz • https://youracademic.org/docs/44j
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