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172 Fraturas, Luxações e Imobilizações Objetivo Geral: Como primeiro socorrista, você vai encontrar pacientes com trauma ósseo, muscular ou ambos. Apesar de estas lesões poderem ser muito dolorosas e de aparência dramática, elas raramente têm risco de vida. A sua capacidade de identificar rapidamente e tratar de forma eficaz as lesões músculo esqueléticas ajuda a reduzir a dor, prevenir novas lesões e minimizar o risco de sequência definitiva. Objetivos específicos: 1. Descrever a anatomia e a função do sistema músculo-esquelético. 2. Demonstrar a avaliação e o tratamento de um paciente com suspeita de lesão músculo-esquelética. 3. Diferenciar entre uma lesão músculo-esquelética exposta e fechada 4. Fazer a estabilização manual na suspeita de lesões de extremidades, superior e inferior, e de coluna. 5. Identificar os mecanismos de trauma com risco de lesão de coluna. 6. Descrever os sinais e sintomas do paciente com suspeita de lesão na coluna. 7. Demonstrar a avaliação e o tratamento do paciente com suspeita de trauma de crânio. 8. Descrever os sinais e sintomas do paciente com suspeita de trauma de crânio. 9. Avaliar e tratar o paciente com suspeita de lesão da coluna. O sistema Músculo-Esquelético O corpo do Adulto possui mais de 600 músculos (o sistema muscular) e 206 ossos (o sistema esquelético). Ao avaliar um paciente com lesão músculo-esquelético, você deve basear-se no conhecimento da estrutura e das funções normais. O sistema músculo- esquelético também envolve a intrincada rede de nervos e vasos sanguíneos do corpo 173 humano. Todos os ossos são tecidos vivos, e cada osso possui suprimentos sanguíneo e nervoso. Quando dois ou mais ossos do sistema esquelético se encontram, formam uma articulação. As articulações do sistema esquelético permitem que o corpo tenha movimento. O movimento é controlado pela atividade integrada do sistema nervoso e dos músculos. As articulações são mantidas na sua posição e estabilizadas pelos ligamentos. Os ligamentos são bandas fibrosas rígidas de tecido dispostas em ângulo estratégico que permitem torção, flexão, extensão ou rotação da articulação. Os ligamentos ligam osso com osso. Os músculos que controlam o movimento do sistema esquelético são presos aos ossos pelos tendões. Os tendões também são bandas de tecido fibroso. Mecanismo de Trauma A maioria das lesões músculo-esqueléticas resulta de algum tipo de trauma. O trauma é o resultado de uma força externa (direta, indireta ou de torção) que tem um impacto negativo sobre o corpo. Uma lesão direta é o resultado de uma força aplicada diretamente sobre a parte lesada do corpo. Por exemplo, o impacto de um bastão no braço de uma pessoa irá lesar a porção do braço atingida. Uma lesão indireta é causada por uma força aplicada a uma outra região do corpo que, então, é transmitida à parte lesada. Por exemplo, se o joelho sofrer impacto contra o painel em uma colisão automobilística, a força pode ser transmitida de volta e lesar a bacia. Uma lesão por torção resulta de rotação ou tração de uma extremidade. Ao chegar ao local onde pode ter ocorrido uma lesão músculo-esquelética, deve-se avaliar cuidadosamente o ambiente e considerar as forças envolvidas. Algumas lesões podem ser previstas com base no mecanismo de trauma (MT). Esta previsão pode ajudar a identificar possíveis lesões não só do sistema músculo-esquelético, mas também de parte moles e dos órgãos internos subjacentes. Sempre que possível, deve-se tentar identificar o mecanismo de trauma envolvido e passar essa informação para profissionais que continuarão o atendimento do paciente. Certas condições clínicas ou o processo de envelhecimento também podem desempenhar um papel nas lesões músculo-esqueléticas. Os ossos tornam-se mas frágeis e quebradiços com o passar dos anos. Algumas doenças, como a osteoporose, podem enfraquecer a estrutura óssea. Nestas condições, é necessária uma força muito menor para 174 causar lesão. A compreensão do mecanismo de trauma permite melhores avaliações e tratamento do paciente. Tipos de Lesão músculo-esquelética As lesões músculo-esqueléticas podem ser classificadas em muitos tipos diferentes. Entretanto, o tratamento pré-hospitalar é o mesmo, qualquer que seja o tipo. Como Primeiro-Socorrista, você não é responsável por distinguir entre os tipos de lesão. Uma forma de classificar uma lesão músculo-esquelética é em exposta ou fechada. Uma lesão na qual a pele está lesada é chamada Exposta ou Fechada. Uma lesão na qual a pele está lesada é chamada exposta. Se a pele estiver íntegra, ela é chamada de fechada. Outras classificações das lesões músculo-esqueléticas são fraturas, entorses, distensões e luxações. • Fratura: Fratura é um outro nome para osso que quebrado. As fraturas geralmente envolvem lesão de partes moles, nervos e vasos sanguíneos adjacentes, levando o sangramento e possível lesão nervosa. • Entorse: Entorse é uma lesão na qual os ligamentos (que conectam um osso ao outro) sofrem distensão ou ruptura. No entorse, não ocorre lesão de osso em si, mas ele pode causar muita dor e edema. • Distensão: É o estiramento muscular ao redor de uma articulação. Ao contrário da entorse, a distensão não envolve o ligamento e caracteriza-se por dor à imobilização. Há pouco ou nenhum edema articular. • Luxação: É o deslocamento de um osso de sua posição normal na articulação. A luxação lesa vasos sanguíneos, nervos, partes moles e ligamentos. As luxações também podem estar associadas a fraturas. No pré-hospitalar, é difícil distinguir entre estes diferentes tipos de lesão. Todas as lesões músculo-esqueléticas são tratadas como possíveis fraturas. 175 Avaliação Geral das Lesões Músculo Esquelética Antes de tentar fazer uma avaliação detalhada da lesão do sistema músculo esquelética, você deve ter certeza de que o local é seguro e que todas as lesões com risco de vida já foram identificadas e tratadas. As lesões músculo-esqueléticas muitas vezes são dolorosas e de aparência dramática, mas raramente ocasionam risco de vida. Alguns pacientes podem querer que você se concentre na lesão mais evidente e não compreende que pode haver outra lesão com maior risco de vida. Você não deve permitir que uma lesão músculo- esquelética evidente desvie sua atenção. Lembre-se sempre de completar a avaliação inicial, assegurando a permeabilidade das vias aéreas, a ventilação adequada, a circulação e o controle do sangramento, antes de partir para exame físico mais detalhado. Deve ser utilizado o equipamento de proteção individual (EPI) apropriado para a situação. Após a avaliação inicial e o tratamento das condições com riso de vida, pode ser feita uma avaliação mais detalhada da lesão. É importante comparar sempre o lado lesionado do corpo com o não lesionado, para avaliar a extensão da lesão. Você deve expor completamente a região lesada do corpo enquanto faz a avaliação. Assim, como em qualquer avaliação detalhada, você deve avaliar: • Deformidades • Feridas abertas • Sensibilidade ou dor à palpação • Edema Durante a história S-AMPLA, você deve avaliar a localização e a extensão da dor e determinar o mecanismo de trauma. Os três principais sinais e sintomas das lesões musculares e ósseas são dor, deformidade e edema. A avaliação deve incluir também a verificação de perfusão, sensibilidade e movimentação em toda a extremidade lesada, para identificar qualquer possível lesão de vasos sanguíneos ou nervos. Circulação: A perfusão de uma extremidade é avaliada através da palpação de um pulso distal ao local da lesão. Por exemplo, se a lesão se localiza na extremidade superior, deve 176 ser palpado o pulso radial. Se a lesão for na extremidade inferior, deve ser palpado o pulso pedioso. A ausência de pulso significa que o sangue não está circulando por aquela extremidade, sendo necessáriotratamento imediato no hospital. Sensibilidade: A sensibilidade é avaliada tocando-se de leve os dedos das mãos e/ou pés. Se o paciente sentir o toque, provavelmente a inervação está intacta. Movimentação: Se houver lesão da extremidade superior ou inferior (excluindo-se a mão ou pé), deve ser avaliada a movimentação da mão ou do pé. Isto pode ser feito pedindo ao paciente que aperte sua mão ou mova o pé contra a sua mão. A movimentação indica que, provavelmente, o suprimento nervoso para a musculatura está intacto. Sinais e Sintomas de Lesão Músculo Esquelética • O paciente segura a extremidade (auto-imobilização) • Edema • Deformidade (aparência anormal) • Alteração da cor (contusão) • Ferida aberta • Exposição de extremidade óssea • Dor e/ou aumento de sensibilidade no local da lesão • Som de atrito das extremidades ósseas raspando uma na outra (crepitação) • Perda de movimento normal (paralisia) • Limitação ou diminuição de força no movimento de uma extremidade • Dor à movimentação • Perda da sensibilidade ou alteração da perfusão distalmente ao local lesado 177 Tratamento das Lesões Músculo-Esqueléticas O objetivo do tratamento de qualquer lesão músculo-esquelética, qualquer que seja o seu tipo ou causa, é controlar a dor do paciente, evitar mais lesão e minimizar o risco de seqüela permanente. Dependendo da situação, você pode ter ou não equipamentos especializados (como imobilizadores) para aborda completamente uma lesão músculo-esquelética. Entretanto, existem regras gerais de tratamento se houver suspeita de qualquer lesão músculo-esquelética. As etapas de tratamento são as seguintes: • Estabilização Manual da lesão (pode ser controlada pelo paciente). A lesão deve ser estabilizada cuidadosamente com as suas mãos ou com as mãos do paciente, na articulação acima e na articulação abaixo. Isto ajuda a minimizar a dor causada pelo excesso de movimento. Além de segurar a articulação ou o osso acima e abaixo da lesão, você também pode ter que segurar dos lados ou por baixo do local da lesão. Isto ajuda a evitar que o local da lesão se dobre. • Deixe o paciente ficar em uma posição confortável, se possível, mas evite movimentá-lo você mesmo. • Controle todo o sangramento, a menos que esteja saindo pelos ouvidos do paciente • Cheque e compare a perfusão, a sensibilidade e a movimentação, tanto acima quando abaixo do local da lesão e continue a monitorar durante o tempo em que estiver com o paciente. Qualquer alteração na perfusão, sensibilidade ou movimentação deve ser relatada imediatamente para a equipe médica que chegar. • Cubra todas as feridas abertas. • Não movimente o paciente até que a lesão músculo-esquelética suspeita esteja apropriadamente imobilizada, a menos que seja absolutamente necessário. • Pense em colocar gelo(pedras de gelo ou bolsas de gelo) no local da lesão, para ajudar a controlar o edema e a dor. • Se as extremidade óssea estiverem aparecendo não tente colocá-las para dentro. Você apenas cobre a fratura exposta para evitar maior contaminação. • Acalme, conforte e tranquilize o paciente. • Imobilize a lesão conforme o caso. Como primeiro socorrista, você pode imobilizar a lesão você mesmo ou auxiliar outros socorristas na imobilização. 178 Imobilização das Lesões Músculo-Esqueléticas Se possível, as lesões músculo-esquelética devem ser imobilizadas. O imobilizador (uma tala) é um equipamento utilizado para imobilizar ou evitar o movimento dos ossos ou da articulação e prevenir mais lesão. O quadro 11-3 mostra os motivos para fazer a imobilização. Os princípios gerais de imobilização de uma lesão músculo esqueléticas são: 1. Estabilize manualmente a lesão como discute na seção de tratamento geral. 2. Remova ou corte as roupas sobre o local da lesão e cubra todas as feridas abertas. 3. Avalie a perfusão, a sensibilidade e a movimentação distalmente à lesão. 4. Imobilize a articulação acima e abaixo do local lesado. Se a lesão for na articulação, imobilize o osso acima e o osso abaixo da articulação. 5. Imobilize a lesão na posição em que se encontra. 6. A mão ou o pé devem ser colocados na posição funcional. 7. Após a imobilização, reavalie a perfusão, a sensibilidade e a movimentação distalmente à lesão. 8. Coloque coxins na região imobilizada para prevenir pontos de pressão. (Úlceras de pressão) Motivos para Imobilizar • Impede a movimentação dos ossos ou articulações lesadas. • Minimiza a lesão de músculos, nervos e vasos sanguíneos. • Ajuda a evitar que uma lesão fechada se transforme em exposta. • Minimiza a restrição ao fluxo sanguíneo decorrente da compressão dos vasos sanguíneos pela extremidade óssea. • Minimiza o sangramento decorrente da lesão tecidual associada a fratura. • Minimiza a dor, por reduzir a movimentação do osso e da articulação. 179 * Na dúvida quanto à presença ou não da lesão músculo esquelética, deve-se imobilizar. Equipamento e Técnicas de Imobilização. Existem muitos tipos diferentes de equipamentos e técnicas de imobilização. Existem talas de imobilização disponíveis no comércio, embora as imobilizações possam ser improvisadas como uso de toalhas, travesseiros, revistas enroladas, madeira ou papelão. • Tala rígida: A tala rígida é feita de matéria firme, não deformável, que pode ser utilizado para imobilizar uma lesão. • Tala flexível: As tala flexíveis são imobilizadores flexíveis e moldáveis, que proporciona apoio suave de uma lesão. • Tipóia e faixa: As lesões de ombro, clavícula ou úmero são mais bem imobilizadas com o uso de tipóia e faixa. As tipóias podem ser feitas de qualquer material, como uma faixa de pano ou pode ser utilizada uma tipóia disponível no comércio. A faixa é um material separado, utilizado para prender a extremidade. Considerações Especiais Todo o paciente com suspeita de lesão de coluna, cabeça ou tórax precisa de considerações especiais na avaliação e no tratamento. A avaliação inicial é sempre a mesma: identificar e tratar todas as condições com risco de vida. Suspeita de Lesão de Coluna Todo paciente com suspeita de lesão de coluna deve ser tratado com muito cuidado. As lesões de coluna podem resultar em paralisia permanente se não forem reconhecidas e tratadas. Como Primeiro-Socorrista, você deve ser capaz de identificar uma suspeita de lesão de coluna e fazer o tratamento apropriado e rápido. 180 Mecanismo de Trauma Um paciente com lesão de coluna pode ter sinais e sintomas ou não. Um aspecto importante da avaliação, portanto, é a avaliação do mecanismo de trauma. De acordo com o comitê do Atendimento pré-Hispitalar ao Traumatizado ( Prehospital Trauma Life Support. PHTLS), os mecanismo de trauma que devem levar à suspeita de lesão de coluna são: • Qualquer mecanismo que produza um impacto violento sobre a cabeça, pescoço, o tronco ou a pelve (por exemplo, agressão ou soterramento em desabamento de prédio). • Incidentes que produzem forças súbitas na região do pescoço ou do tronco (por exemplo, colisão automobilística em velocidade moderada a alta, atropelamento ou explosão) • Qualquer queda, especialmente no idoso. • Ejeção ou queda de meio de transporte motorizado ou movido por outro tipo de energia (por exemplo, scooters, skates, bicicletas e motocicletas) • Incidentes de mergulho em águas rasas (por exemplo, mergulho ou surfe). Avaliação e Tratamento A avaliação inicial do paciente com suspeita de lesão de coluna é a mesma de qualquer outro paciente. Você deve utilizar o EPI apropriado, conforme a situação, assegurar a segurança da cena e identificar e tratar todas as condições com risco de vida. Entretanto, deve ser prestada atenção especial em controle das vias aéreas. A tração da mandíbula, sem inclinar a cabeça, deve ser utilizada em todos os pacientes com suspeita de lesão de coluna. Esta manobra é utilizada para abrire manter pérvias em vias aéreas do paciente, enquanto se faz a estabilização manual da cabeça e do pescoço. O paciente não deve ser removido até que tenha sido feita a imobilização da coluna. Se for necessário movimentar o paciente, por exemplo, um paciente traumatizado inconsciente encontrado em decúbito ventral, faça-o com a proteção máxima possível da coluna. Se um paciente inconsciente tiver dificuldade para respirar, auxilie nas respirações. Após a avaliação inicial, você deve checar a perfusão, a sensibilidade e a movimentação nas quatro extremidades, quando possível e fazer uma avaliação detalhada, quando necessário. 181 Sinais e Sintomas de Lesão Músculo Esquelética • Mecanismo de trauma preocupante • Alteração do nível de consciência ou paciente inconsciente • Perda de sensibilidade e/ou movimento em qualquer extremidade • Sensação de “agulhadas e espetadas” em uma extremidade • Dor e/ou aumento da sensibilidade no pescoço ou no tronco ou próximo deles. • Perda de respiração diafragmática e aumento do uso da musculatura acessória da respiração (paciente tem dificuldade para respirar) • Perda de controle esfincteriano do intestino e da bexiga Estabilização Manual da Cabeça e do Pescoço Quando você reconhece que pode haver lesão de coluna, a primeira coisa que você faz é estabilizar a cabeça e o pescoço do paciente em posição neutra. A posição neutra pode ser bem descrita como uma posição que mantém a curvatura normal da coluna cervical, com os olhos voltados para frente e paralelos ao chão se o paciente estiver de pé. A melhor maneira de fazer está manobra é colocando as mãos nas regiões laterais da cabeça do paciente e segurar sem se mexer. Você não deve colocar as mãos em volta do pescoço do paciente, pois pode atrapalhar a respiração. A estabilização manual da cabeça e do pescoço pode ser feita com o paciente deitado no chão, sentado ou de pé. Se o paciente se queixar de piora da dor ou você sentir resistência ao tentar posicionar a cabeça do paciente em posição neutra, você deve PARAR imediatamente e manter a cabeça e o pescoço do paciente na posição que foi encontrada. Pacientes encontrados deitados virados para baixo (decúbito ventral ou pronação) devem ser rolados para decúbito dorsal, mantendo a estabilização da coluna, sempre que possível. 182 Estabilização Manual da Cabeça e do Pescoço do Paciente • Posicione-se de modo que possa colocar as mãos uma de cada lado da cabeça do paciente, posicionando-as sobre as orelhas. • Mova a cabeça do paciente para a posição neutra (olhos voltados para frente e paralelos ao chão), mantendo a curvatura natural da coluna cervical. • Apóie seus antebraços no chão ou nas costas ou no tórax do paciente. • Se o paciente se queixar de dor ou se você sentir resistência durante a movimentação da cabeça e do pescoço em direção a posição neutra, PARE e mantenha a cabeça e o pescoço na posição encontrada • Os pacientes encontrados em decúbito ventral (com a barriga para baixo ou posição de pronação), devem ser rolados para posição de decúbito dorsal (barriga para cima ou posição supina), mantendo a estabilização manual. • Mantenha a estabilização manual até que o paciente esteja completamente imobilizada Suspeita de Trauma de Crânio Do mesmo modo que os pacientes com suspeita de trauma na coluna, os pacientes com trauma de crânio também precisam de atenção e tratamento especiais. As lesões de crânio também podem ser abertas ou fechadas. As lesões abertas podem ter sangramento. Os ferimentos abertos na cabeça e da face, particularmente, sangram profusamente, devido ao grande número de vasos sanguíneos dessa região. Lesões fechadas na cabeça podem causar sangramento interno, causando lesão cerebral leve ou grave. É fundamental reconhecer, tratar e transportar precocemente os pacientes com suspeita de lesão de crânio para uma umidade hospitalar apropriada. 183 Avaliação e Tratamento Qualquer paciente que tenha alteração no nível de consciência ou esteja inconsciente deve ser considerado como tendo trauma de crânio e ser tratado como tal. Durante a avaliação inicial, além de identificar e tratar qualquer condição com risco de vida, também é importante calcular o escore na Escala de Coma de Glasgow (GCS) e repetir esta avaliação continuamente durante todo o atendimento inicial. Ao examinar o paciente com suspeita de trauma de crânio, deve-se tomar cuidado para evitar o movimento da cabeça e da coluna durante a palpação do crânio. Qualquer dor, edema ou deformidade no crânio deve ser observada e não deve explorar feridas abertas ou depressão no crânio. Em geral, o tratamento de um paciente com lesão craniana inclui: • Não movimentar o paciente, a menos que seja absolutamente necessário. Se for necessário movimentar o paciente, proteger sempre a coluna e o máximo possível. • Estabilizar manualmente a cabeça e o pescoço do paciente. • Usar a tração da mandíbula para abrir e manter pérvias as vias aéreas do paciente • Auxiliar a ventilação do paciente, se necessário. • Oferecer Oxigênio suplementar, se possível. • Controlar o sangramento externo. • Cobrir todas as feridas abertas • Não interromper sangramento nem saída de líquidos pelos ouvidos do paciente. Cobrir apenas com gazes estéreis, para evitar a contaminação. • Monitorar continuamente os sinais vitais do paciente, ficando atento a qualquer alteração. ATENÇÃO! Todo o paciente com suspeita de trauma de crânio também deve ser considerado como portador de lesão de coluna. 184 Sinais e Sintomas de Possível Trauma de Crânio • Dor, edema, deformidade ou feridas abertas na cabeça • Alteração do nível de consciência ou perda de consciência após o trauma • Padrão irregular de respiração • Pupilas anisocóricas (desiguais), reação à luz (reflexo fotomotor) lenta ou ausente • Perda de fala normal • Fraqueza ou paralisia de uma ou de ambas as extremidades em um lado do corpo • Sangramento e/ou saída de líquido pelos ouvidos • Exposição de tecido cerebral • Equimose ou alteração da cor abaixo ou à volta de ambos os olhos • Equimose ou alteração da cor atrás de uma ou de ambas orelhas 185 Suspeita de Lesão Torácica Os pacientes com traumatismo torácico podem apresentar sérias lesões internas. As lesões torácicas mais comuns são as fraturas de costelas. Estes pacientes quase sempre tem dor torácica e podem ter muita dificuldade para respirar. Nestes casos, podem necessitar de suporte ventilatório. O quadro 11-8 lista os sinais e sintomas que indicam uma possível lesão torácica. O tratamento do paciente com suspeita de lesão torácica consta de suporte ventilatório, quando necessário e oxigênio suplementar, se disponível. O paciente com lesão torácica deve ser colocado em uma posição confortável e deve-se permitir que ele mesmo imobilize o lado da lesão, se necessário. Pressão Intracraniana Um problema associado à lesão de crânio ou cérebro é o aumento da pressão intracraniana (PIC). O cérebro é composto de tecido mole, que é muito susceptível à lesão. O cérebro e o líquido cefalorraquidiano (LCR) que o protege preenche quase completamente o espaço dentro do crânio. Quando o cérebro começa a inchar após o trauma ou se existe algum sangramento interno no crânio, o espaço diminui. Com a diminuição do espaço, o cérebro, por ser mole, é comprimido e pode sofrer uma lesão permanente. Algumas vezes, o crânio pode está quebrado, o que pode levar à saída de sangue ou de líquido pelos ouvidos do paciente. Tentar parar a saída de sangue ou líquido pelos ouvidos pode aumentar a pressão dentro do crânio e piorar a lesão. Um paciente com saída de sangue ou líquido pelos ouvidos deve ter estas regiões cobertas, para evitar contaminação, mas não se deve comprimir com firmeza suficiente para parar. 186 Sinais e Sintomas de Possível Lesão Torácica • Trauma fechado detórax (mecanismo de Trauma do tipo colisão automobilística com o volante deformado • Dificuldade para respirar • Aumento da frequência respiratória com diminuição da profundidade da respiração • Escarro tingido de sangue • Dor durante a inspiração e/ou expiração • Dor e/ou aumento da sensibilidade à palpação do tórax • Equimose ou alteração da cor do tórax • O próprio paciente imobiliza o tórax • (geralmente inclinando-se para frente e para o lado da lesão, segurando firmemente o local machucado com braço) Trabalho em Equipe Como primeiro socorrista, você pode ser solicitado a continuar a ajudar no tratamento de um paciente com suspeita de lesão músculo-esquelética. Esta ajuda pode incluir a aplicação de uma tala de tração, medir e aplicar um colar cervical ou fazer a imobilização de coluna. Ter uma compreensão básica dos procedimentos e equipamentos mais comuns é essencial para trabalhar de forma efetiva como parte da equipe. 187 Colares Cervicais Os colares cervicais são materiais rígidos que ajudam a segurar a cabeça e o pescoço, impedindo que se movimentem. O colar cervical propriamente dito não imobiliza completamente a cabeça e o pescoço do paciente, Como primeiro socorrista, você pode ter que auxiliar na colocação do colar cervical no paciente com suspeita de lesão da coluna. A colocação do colar cervical necessita de dois socorristas. Um mantém a estabilização manual da cabeça e do pescoço enquanto o outro mede e coloca cervical. Imobilização de coluna Todo paciente com suspeita de lesão de coluna deve ser totalmente imobilizado. A imobilização total da coluna, assim como a imobilização de qualquer outra articulação ou osso, requer a estabilização da articulação acima e abaixo do local da lesão. Para a imobilização da coluna, a articulação acima é a cabeça, e a articulação abaixo é a pelve. A imobilização completa geralmente é feita colocando-se o paciente sobre uma prancha longa. Isto pode obrigar a rolar o paciente para a prancha ou, se o paciente estiver sentado em um carro, pode ser necessário uma prancha curta ou um equipamento tipo colete. A prancha curta ou equipamento tipo colete são utilizados para imobilizar um paciente sentado, de modo que ele possa ser girado e retirado do veículo sem mover a coluna. Depois de retirado do veículo, o paciente é imobilizado em prancha longa. Como Primeiro Socorrista, você provavelmente será solicitado a auxiliar na imobilização de um paciente com suspeita de lesão da coluna, porque este procedimento requer pelo menos três a quatro socorrista. É importante que você reconheça a necessidade de imobilização da coluna e se sinta confortável para ajudar outros socorristas. As etapas da imobilização do paciente em prancha longa são: 1. Mantenha a estabilização manual da cabeça e do pescoço do paciente em posição neutra alinhada. 2. Meça e coloque um colar cervical 188 3. Coloque a prancha longa ao lado do paciente com a extremidade distal da prancha na altura dos joelhos do paciente. 4. Mantendo a estabilização manual, posicione dois ou três outros socorristas do lado do paciente em que não está a prancha longa. 5. Os socorristas que estão ao lado do paciente colocam as mãos no lado oposto do paciente, debaixo do ombro e do quadril (e nas pernas, se forem três socorrista) 6. Ao comando do socorrista que mantém a estabilização manual da cabeça e do pescoço, o paciente é rolado o suficiente para permitir que a prancha longa seja deslizada para debaixo dele. 7. Agora, os socorristas colocam as mãos entre os braços e o tórax do paciente e na sua bacia. 8. Ao comando do socorrista que está mantendo a estabilização manual da cabeça e do pescoço, o paciente é movido para cima em linha reta e colocado no centro da prancha. 9. O paciente agora pode ser imobilizado na prancha com os tirantes. O tronco e as pernas são imobilizados primeiro, cabeça imobilizada por último. 10. Depois que a cabeça do paciente estiver fixada na prancha e tiver sido completada a imobilização, pode ser suspensa a estabilização manual. 11. Podem ser utilizados acolchoamentos para preencher os espaços vazios como por baixo do pescoço do paciente ou entre as suas pernas.
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