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Aula 4

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Fundamentos de Direito Empresarial - Unidade 4 - Ato Constitutivo da Sociedade e Agentes
Societários:
Unidade 4 – ATO CONSTITUTIVO DA SOCIEDADE E AGENTES SOCIETÁRIOS:
 
Nesta aula, você estudará os agentes econômicos atuantes na esfera do direito societário.
Além disso, verá que a importância e a necessidade do tema estão baseadas nas
atribuições distintas dos sócios e dos administradores da sociedade.
 
Ao final desta aula, você será capaz de:
enumerar os elementos de validade do contrato social;
identificar os agentes econômicos atuantes na sociedade;
diferenciar os pontos relevantes que diferenciam sócio do administrador;
definir o grau de responsabilidade do sócio e do administrador da sociedade.
 
 
1- INTRODUÇÃO:
 
Nesta aula, você estudará os agentes econômicos atuantes na esfera do direito societário.
Além disso, verá que a importância e a necessidade do tema estão baseadas nas
atribuições distintas dos sócios e dos administradores da sociedade. Este último,
designado até pouco tempo atrás como sócio gerente. Você poderá observar também o
nível de responsabilidade patrimonial assumido por cada um deles. Além disso, verificará
que identificar suas atribuições, poderes, responsabilidades ao agir são temas estruturais
para o entendimento do direito societário. 
 
Você observará que a relação sócio/sociedade está fundada em um misto de direitos e
deveres que se exteriorizam no contrato social. Por isso, a sua violação gera
desdobramentos jurídicos específicos, podendo, em alguns casos, ocasionar a exclusão
dos seus membros do quadro social. 
 
Poderá observar também que, dentre vários deveres, cabem aos sócios o principal deles: o
de integralizar suas parcelas do capital social. A não adimplência a tal obrigação poderá –
na pior das hipóteses – excluir do quadro social. A mesma importância se confere ao
administrador da sociedade que, ao corporificar a vontade da sociedade, assume
responsabilidade pessoal pelos atos realizados. 
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responsabilidade pessoal pelos atos realizados. 
 
 
2- DESENVOLVIMENTO:
 
Você sabe o significado de contrato social?
 
O contrato social é o elemento constitutivo das normas estabelecidas entre os sócios e o
documento que será levado ao Registro Público de Empresas Mercantis.
 
OBS: Sua elaboração deve obedecer as normas legais, contendo cláusulas que são
essenciais para seu arquivamento na Junta Comercial como, por exemplo, o nome da
sociedade, qualificação dos sócios, indicação da sede, dentre outros.
 
Art. 967. É obrigatória a inscrição do empresário no Registro Público de Empresas
Mercantis da respectiva sede, antes do início de sua atividade.
 
Art. 968. A inscrição do empresário far-se-á mediante requerimento que contenha:
I - o seu nome, nacionalidade, domicílio, estado civil e, se casado, o regime de
bens;
II - a firma, com a respectiva assinatura autógrafa;
III - o capital;
IV - o objeto e a sede da empresa.
 
Art. 985. A sociedade adquire personalidade jurídica com a inscrição, no registro
próprio e na forma da lei, dos seus atos constitutivos (arts. 45 e 1.150).
 
A doutrina estabelece elementos de validade para o contrato social e os classifica em
elementos gerais (comuns) e elementos específicos.
 
 
3- ELEMENTOS COMUNS:
 
Vamos conhecer os elementos comuns do contrato social? Art. 104 do CC:
 
Art. 104. A validade do negócio jurídico requer:
I - agente capaz;
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I - agente capaz;
II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável;
III - forma prescrita ou não defesa em lei.
 
Quanto ao quesito capacidade é importância sinalizar a possibilidade de o menor integrar uma sociedade desde que as seguintes
condições sejam respeitadas: a sociedade escolhida deve acarretar responsabilidade limitada para os sócios, o capital social deve
estar totalmente integralizado e o menor não poderá assumir atos de administração da sociedade.
 
As mesmas condições são aplicadas para o servidor público que integre uma sociedade na qualidade de sócio.
 
Assunto já examinado em aulas anteriores, vem agora – tão somente – para relembrar:
quanto o assunto é capacidade: sociedade marido e mulher, em que a lei civil admite
desde que não sejam casados sob o regime de comunhão universal ou de separação
obrigatória de bens.
 
Veja agora os elementos específicos do contrato social, que são chamados assim por
tratarem de questões próprias do Direito Societário.
 
 
ELEMENTOS ESPECÍFICOS:
 
4- PLURALIDADE DE SÓCIOS - ART. 981 DO CC:
5- PARTICIPAÇÃO NOS RESULTADOS:
6- AFFECTIO SOCIETATIS:
7- CAPITAL SOCIAL:
 
4- PLURALIDADE DE SÓCIOS- ART. 981 DO CC:
 
Art. 981. Celebram contrato de sociedade as pessoas que recíprocamente se
obrigam a contribuir, com bens ou serviços, para o exercício de atividade
econômica e a partilha, entre si, dos resultados.
 
O mínimo de integrantes para se constituir uma sociedade no Brasil é o mínimo de dois
sócios, em regra, não há exigência que sejam pessoas naturais ou jurídicas, salvo as
exceções das sociedades em nome coletivo e as subsidiárias integrais.
 
Dessa forma, tal requisito afasta a possibilidade da sociedade unipessoal no Brasil ser
uma regra.
 
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Na realidade a sociedade como um único sócio é admitida na sua constituição apenas na
modalidade subsidiária integral.
 
Quando a unipessoalidade ocorrer após a constituição da sociedade, como a morte de um
dos dois únicos sócios, a lei concede um prazo de 180 dias para a reposição da
pluralidade sob pena da abertura de dissolução da sociedade. A mesma regra se aplica às
sociedades anônimas, sendo que para elas o prazo aumenta para um ano a contar da
unipessoalidade superveniente.
 
 
5- PARTICIPAÇÃO NOS RESULTADOS:
 
Todos os sócios devem participar dos resultados, quer de ordem positiva, quer negativa, na
proporção de sua participação na sociedade.
 
Antes do Código Civil de 2002 se admitia que os sócios dispusessem de forma contrária,
ou seja, era permitido que um deles ficasse com os lucros e o outro sócio com as perdas.
Eram as conhecidas sociedades leoninas. O princípio que norteava tal liberalidade era o
principio da liberdade de contratar. Hoje, O Código Civil no artigo 1008CC estabelece a
nulidade da clausula que não fizer previsão proporcional entre as perdas e lucros.
 
Art. 1.008. É nula a estipulação contratual que exclua qualquer sócio de participar
dos lucros e das perdas.
 
6- AFFECTIO SOCIETATIS:
 
O elemento affectio societatis consiste na afeição de se associar estabelecida entre os
sócios, este requisito é próprio das sociedades de pessoas, onde a pessoalidade entre os
sócios pode impedir que um estranho ingresse na sociedade posteriormente a sua
formação inicial.
 
Nas sociedades de capitais a sua presença é quase imperceptível, uma vez que o que
impera nessas sociedades é a circulação de riquezas. As sociedades anônimas são
exemplos de sociedades de capitais.
 
 
7- CAPITAL SOCIAL:
 
Art. 981. Celebram contrato de sociedade as pessoas que recíprocamente se
obrigam a contribuir, com bens ou serviços, para o exercício de atividade
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obrigam a contribuir, com bens ou serviços, para o exercício de atividade
econômica e a partilha, entre si, dos resultados.
 
Elemento específico indispensável para a formação da sociedade. Consiste na
contribuição dos sócios para a formação de um contingente pecuniário pertencente à
pessoa jurídica. Esta contribuição pode se ocorrer em espécie, bens ou créditos.
 
Nos dois últimos casos, a responsabilidade por eventuais vícios redibitórios, evicção ou
não satisfação do crédito, recai sobre o sócio que apresentou o respectivo bem ou
crédito como forma de realização do capitalsocial.
 
Excepcionalmente, temos a contribuição em forma de serviços, caso único previsto no Novo
Código Civil, quando dispõe o legislador a respeito das sociedades simples.
 
A finalidade do capital social é oferecer garantia aos credores. Na realidade, apesar de
integrar o patrimônio da empresa, em conjunto com outros bens, o capital social não se
confunde com este. Isso ocorre porque o capital social é estático enquanto que o patrimônio
é dinâmico.
 
São três os princípios que regem o capital social: intangibilidade, veracidade e unicidade.
No primeiro deles, o capital social mostra-se intangível, ou seja, não é um capital para ser
utilizado como capital de giro. A veracidade determina que deve haver uma transparência
entre o montante declarado no contrato social e o valor real existente do capital social. O
último princípio norteia que cada sociedade apresenta um único capital social.
 
O capital social poderá ser modificado e, isso, não contraria o princípio da intangibilidade.
Com efeito, a alteração só ocorre por provocação dos sócios, por procedimento
assembleiar anterior.
 
A modificação poderá ser para o aumento da redução do capital social, neste último caso,
é necessário a notificação dos credores quirografários para que possam se manifestar a
respeito. A notificação é necessária porque sendo o capital social uma garantia para os
credores, devem esses tomar ciência que tal garantia está sendo reduzida.
 
A resistência de alguns deles ( ou todos) não inviabiliza o procedimento de redução do
capital , porém requer o pagamento dos credores contrários à diminuição ou, então, o
respectivo valor depositado e juízo. A não notificação aos credores acarreta a possibilidade
do seu pedido de falência (Lei 11.101/2005).
 
Lei n° 11.101, de 9 de fevereiro de 2005
Art. 1° Esta Lei disciplina a recuperação judicial, a recuperação extrajudicial e a
falência do empresário e da sociedade empresária, doravante referidos
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simplesmente como devedor.
 
8- ATO CONSTITUTIVO DA SOCIEDADE E AGENTES SOCIETÁRIOS:
 
A Natureza Jurídica dos sócios é discutida na doutrina e, sustentada por alguns como
sendo um direito de propriedade do sócio sobre a sociedade que ele integra. Outros
afirmam que ser sócio é um direito de crédito sobre a sociedade, por ter contribuído na
formação do capital social. A doutrina majoritária inclina-se para a formação de um regime
jurídico próprio entre sócio/sociedade com regras específicas que delimitam direitos e
deveres peculiares.
 
Veja agora os direitos e as obrigações dos agentes societários atuantes na sociedade.
 
Direitos:
Participação nos lucros.
Assumir a função de sócio administrador.
Fiscalizar os administradores das sociedades.
Ter acesso aos dados contábeis.
Ter direito de retirada.
 
Obrigações:
Integralizar o Capital Social.
Participar das perdas.
Respeitas as cláusulas pactuadas no Contrato Social.
Prestar contas quando assumir a função de sócio administrador.
 
Veremos agora como ocorre a desclassif icação da qualidade de sócio.
Quando um sócio deixa de ser sócio?
 
Você verif icou que a resolução do sócio perante a sociedade poderá ocorrer de quatro formas: pela morte do sócio; de forma
voluntária; cessão de suas quotas à terceiros ou exclusão (obrigatória).
 
Veja como pode ocorrer a exclusão:
sócio remisso;
sócio falido;
falta grave – via ação judicial;
incapacidade superveniente – via ação judicial;
justa causa – para sociedades limitadas - via administrativa (desde que haja previsão contrato social;
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penhora das quotas – Art. 655 do CPC.
 
Lei n° 5.869, de 11 de janeiro de 1973 –CPC (CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL):
Art. 655. A penhora observará, preferencialmente, a seguinte ordem:
(...)
VI - ações e quotas de sociedades empresárias;
 
A importância do estudo dos administradores das sociedades – até há pouco tempo, conhecidos como sócio – gerente ocorre pelo
fato de ser o agente responsável em corporif icar a vontade da sociedade assumindo assim pessoalmente a responsabilidade
pessoal pelos atos realizados.
 
Distinguir sua atuação como gestor norteada pela autonomia de vontade x submissão às
normas sociais compõe no contexto societário extrema relevância no sentido da
responsabilidade pessoal pelos atos do administrador da sociedade.
 
A terminologia técnica usada para a desclassificação é resolução de um sócio perante à
sociedade. (Já que o vocábulo “resolução” consiste na quebra do pacto estabelecido no
contrato social por um dos sócios).

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