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Urticária: Causas e Sintomas

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urticária
Introdução
Afecção cutânea, aguda ou crônica, caracterizada por áreas ou placas eritematosas, elevadas, com bordas serpiginosas, bem demarcadas, em geral acompanhadas de prurido intenso (Figura 77.1).
Os principais achados histopatológicos são edema e perivasculite, que comprometem apenas a derme. No angioedema, o edema atinge o tecido subcutâneo.
Para saber mais
Angioedema ou edema angioneurótico
Geralmente se associa à urticária, mas pode ocorrer isoladamente. O edema, por vezes acompanhado de prurido, localiza-se, sobretudo, nas regiões periorbitais, perioral, lábios, língua, couro cabeludo, bolsa escrotal, dorso das mãos e dos pés. O comprometimento das vias respiratórias superiores produz estridor, rouquidão, dispneia, com risco de asfixia. Há uma forma hereditária de angioedema, transmitida como caráter autossômico dominante e caracterizada por deficiência parcial de alfa-2-neuroaminoglicoproteína, que inibe a ativação do primeiro componente do complemento. Para comprovar o diagnóstico nestes casos, é necessário dosar C4 e C1-INH durante as crises.
Figura 77.1 Urticária, observando-se lesões eritematosas em placas com bordas bem demarcadas.
Causas
•Medicamentos: analgésicos, AINEs, antibióticos
•Alimentos: leite de vaca, ovo, cacau, peixe, camarão, amendoim, trigo
•Aditivos alimentares: antioxidantes, aromatizantes (glutamato monossódico), edulcorantes (aspartame, ciclamatos), conservantes (ácido benzoico, sulfitos), corantes (eritrozina, tartrazina)
•Venenos de insetos: abelhas, marimbondos, formigas
•Infecções virais: vírus das hepatites B e C, herpes-vírus humano, HIV
•Infecções bacterianas: Streptococcus, Helicobacter pylori
•Infecções fúngicas: Candida albicans, Trichophyton rubrum
•Parasitos intestinais: Giardia lamblia, Ascaris lumbricoides, Ancylostoma duodenale, Strongyloides stercoralis, Enterobius vermicularis, Necator americanus, Taenia solium, Taenia saginata
•Agentes físicos: frio, calor, luz solar, estímulo vibratório da pele ou pressão mecânica
•Doenças sistêmicas: lúpus eritematoso sistêmico, doenças hematológicas linfoproliferativas, câncer visceral, hipertireoidismo
•Fatores psicogênicos podem ser importantes em alguns pacientes.
Formas e manifestações clínicas
•Lesões eritematosas, em placas, com bordas serpiginosas, bem demarcadas, pruriginosas
•Outras características dependem da forma clínica
•Urticária aguda: as lesões desaparecem no decorrer de algumas horas ou em poucos dias. Resposta a múltiplos estímulos, mediada por IgE, com liberação de histamina dos mastócitos. Pode ser provocada por medicamentos e alimentos
•Urticária crônica: as lesões persistem por mais de 6 semanas. Não é mediada pela IgE
•Urticária do frio: exposição ao frio e reaquecimento
•Urticária colinérgica: vergões na parte superior do tronco provocados por calor durante banho muito quente
•Urticária induzida por exercício: manifesta-se sob a forma de angioedema, sibilos e hipotensão arterial
•Dermografismo: vergões lineares em consequência de coçadura ou compressão da pele
•Urticária tardia por pressão mecânica: surge 4 ou 6 horas após pressão sobre a pele (elástico, calçados)
•Urticária solar: decorrente da exposição à luz solar. Inicia-se poucos minutos após exposição, desaparecendo em 1 ou 2 horas
•Urticária idiopática (aguda ou crônica): ocorre em todas as idades. A forma aguda é observada principalmente em crianças e adultos jovens. (A forma crônica é mais frequente em mulheres de idade mais avançada.)
Exames complementares
•Urticária do frio: teste da pedra de gelo sobre a pele durante 5 minutos. Observar a região por um período de 10 a 15 minutos. Aparecimento de placa eritematosa indica urticária do frio
•Urticária colinérgica ou induzida por exercício: teste provocativo com exercício. Teste cutâneo com metacolina (reação local à administração intradérmica de 0,01 mg de metacolina em 0,05 mℓ de soro fisiológico; 50% de resultados falso-negativos)
•Dermografismo: roçar a pele com objeto rombo
•Urticária solar: exposição à luz de comprimento de onda definido (necessário excluir protoporfiria eritropoética) 
•Urticária tardia por pressão mecânica: aplica-se um peso de cerca de 2,5 a 5 kg durante 3 horas sobre a pele e observa-se a região comprimida
•Testes cutâneos: somente na intercrise (indicados para diagnóstico de alergia ao veneno de abelhas, marimbondos e formigas) 
•Cultura de amostra da faringe, dosagem de antiestreptolisina (ASO), provas de função hepática, teste para mononucleose
•Anticorpo antinuclear (FAN), fator reumatoide (FR), complemento, crioglobulina, eletroforese das proteínas do soro
•Biopsia de pele (em casos especiais).
Diagnóstico diferencial
•Picada de insetos
•Eritema multiforme
•Vasculites
•Lúpus eritematoso sistêmico
•Exantemas virais
•Urticária pigmentosa (mastocitose)
•Dermatite herpetiforme (estágio de urticária)
•Alergia a alimentos e medicamentos
•Reação hansênica
•Sífilis secundária 
Comprovação diagnóstica
•Dados clínicos + testes especiais ou dosagem de IgE.
Complicações
•Choque anafilático
•Síndrome de Cushing por uso prolongado de corticoides
•Acidente com veículos e máquinas após uso de anti-histamínicos que alteram os reflexos e produzem sonolência.
Tratamento
•Afastar ou evitar os agentes sensibilizantes.
 Tratamento medicamentoso
•Cloridrato de hidroxizina, VO, adultos e crianças acima de 12 anos, 25 a 50 mg, 6/6 h. Crianças abaixo de 12 anos, 0,5 a 1 mg/kg; ou cloridrato de difenidramina, VO – adultos, 25 a 50 mg, 6/6 h; crianças: 5 mg/kg/dia, 6/6 h; ou cloridrato de prometazina, VO – adultos: comprimidos de 25 mg, 6/6 h; crianças: xarope, 0,125 mg/kg, 6/6 h, via parenteral; adultos: 25 a 50 mg, IM, repetir após 2 h, se necessário; crianças: 0,125 mg/kg, repetir após 2 h, se necessário; ou loratadina, VO, adultos e crianças acima de 12 anos, 10 mg/dia; crianças de 2 a 12 anos com peso abaixo de 30 kg, 5 mg/dia; acima de 30 kg, 10 mg/dia; ou desloratadina, VO, adultos e crianças acima de 12 anos, 5 mg/dia; ou dicloridrato de cetirizina, VO – adultos e crianças acima de 12 anos: 1 comprimido ou 10 mℓ, 1 vez/dia; crianças de 6 a 12 anos: 1/2 comprimido ou 5 mℓ, 12/12 h; crianças de 2 a 6 anos: 2,5 mℓ, 12/12 h; ou cloridrato de fexofenadina, VO, adultos e crianças acima de 12 anos, 180 mg/dia; ou crianças de 6 a 11 anos, 30 mg, 12/12 h; ou dexclorfeniramina 6 a 8 mg/dia; levocetirizina 5 mg, VO, 1 vez/dia
Atenção 
•Urticária e angioedema são afecções semelhantes do ponto de vista etiopatogênico, mas com manifestações clínicas diferentes
•O angioedema hereditário é uma doença autossômica dominante. Em geral, surge na infância com episódios de angioedema afetando a laringe e o trato gastrintestinal
•Urticária pode ser indicativa de doença sistêmica (linfomas, colagenoses)
•Tratamento da urticária crônica inclui uma combinação de medidas: dieta com eliminação de alimentos suspeitos, exclusão de produtos de higiene pessoal, exceto aqueles que não contenham metilparabeno, como cosméticos e perfumes, afastamento de medicamentos, uso de anti-histamínicos. Os corticoides devem ser reservados para casos selecionados.
•Anti-histamínicos H2: cimetidina, VO, 400 mg/dia
•Casos graves: prednisona, VO, adultos e crianças, 1 mg/kg/dia; ou hidrocortisona, IV, adultos, 100 a 500 mg, 6/6 h; crianças, 4 mg/kg/dia
•Casos graves com reação sistêmica: epinefrina milesimal, SC ou IV – adultos: 0,2 a 0,3 mℓ; crianças: 0,01 mℓ/kg.
Prevenção
•Se as causas forem conhecidas, tomar todas as medidas para evitá-las.
Evolução e prognóstico
•Em 70% dos casos, há melhora em menos de 72 horas
•Em 20% dos pacientes, as crises se repetem por mais de 20 anos
•Cronificação em 75% dos pacientes
•Pode ocorrer reação sistêmica grave, com broncospasmo e anafilaxia em alguns pacientes.
FONTE: Clínica médica na Prática diária. Porto.

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