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1 Dor abdominal, diarreia e icterícia • Condição inflamatória do pâncreas, devido a autodigestão tecidual, pelas próprias enzimas pancreáticas. • Responsável pelo quadro de abdome agudo inflamatório. • Incidência de pancreatite varia de 4,8 a 24,2 casos por 100.000 habitantes em países desenvolvidos; • No Brasil não há dados concretos sobre sua incidência; • A mortalidade respeita um padrão bimodal: o Duas primeiras semanas – devido a resposta inflamatória sistêmica e as disfunções orgânicas induzidas. o Após esse período – complicações infecciosas da doença. Litíase biliar (30 a 60%) • Cálculos biliares menores que se deslocam para os ductos, levando a obstrução do ducto pancreático principal. Álcool (15 a 30%) • Comum em homens jovens com relato de consumo abusivo de álcool. • O álcool tem efeito tóxico direto ao pâncreas; • O consumo de álcool leva ao aumento da pressão intra-pancreática, ocorrendo lesão e obstrução por estresse oxidativo. Pacientes que realizaram colangiopancreatografia retrógrada endoscópica: • Fatores de risco para sua realização: o História pregressa de pancreatite, dilatação biliar por balão, canulação, suspeita de disfunção do esfíncter de Oddi. Hipertrigliceridemia: • Triglicerídeos >1.000 mg/ml; • Liberação de ácidos graxos livres, ocorrendo lesão direta das células acinares pancreáticas. Medicações: • Causa incomum; • Ocorre por efeito tóxico direto da droga ou reações de hipersensibilidade; • Diuréticos, estrogênio, furosemida, cimetidina, anti-retrovirais, antimicrobianos e outros. • As etiologias da pancreatite que causam obstrução do fluxo, tendem a aumentar a pressão intra- pancreática, enquanto que, lesões tóxicas ao tecido, como o álcool e medicamentos, tendem a ser lesivos as células, causando danos. 2 Dor abdominal, diarreia e icterícia • Devido a esses fatores ocorre a ativação forçada das células acinares, com liberação de enzimas digestivas. como a tripsina, fosfolipase A2 e elastase. Obs. As células acinares estão conectadas aos ductos pancreáticos e são responsáveis pela liberação de enzimas digestivas no duodeno. • A liberação dessas enzimas na própria glândula, fará com que ocorra a autodigestão do pâncreas. Com isso, ocorre danificação do tecido e ativação da cascata inflamatória (isso ocorre principalmente pela transformação do tripsinogênio em tripsina). • São atraídos para o local, leucócitos, radicais livres e citocinas (TNF, interleucinas), que por fim, acarretam em lesão e morte celular. • Além disso, é importante ressaltar que, por ser um órgão que além de exócrino é também, endócrino, acaba sendo altamente vascularizado. • Por isso, as citocinas inflamatórias e as enzimas digestivas liberadas, rapidamente chegam a circulação, atingindo múltiplos órgãos e estimulando ainda mais a reação inflamatória, podendo causar a SÍNDROME DA RESPOSTA INFLAMATÓRIA SISTÊMICA (SIRS) • Dor epigástrica intensa, em faixa, no andar superior do abdome, de início súbito e que pode irradiar para a região dorsal. o Pode ser aliviada com paciente em flexão anterior do tórax com as coxas sobre o abdome. • Associado a náuseas, vômitos, sudorese e distensão abdominal. • Se associado a colestase → paciente pode apresentar icterícia e colúria. EM CASOS GRAVES: • Sinais de choque e insuficiência orgânica: o Taquicardia; o Taquipneia; o Hipotensão; o Febre. • Sinais de hemorragia retroperitoneal (sinal de mal prognóstico): o Sinal de Gray-Turner → equimose em flancos; o Sinal de Cullen → equimose periumbilical; o Sinal de Fox → equimose em base de pênis. 3 Dor abdominal, diarreia e icterícia ANAMNESE • Colher a história clínica do paciente, focando nas principais etiologias: o Litíase biliar; o Álcool; o Colangiopancreatografia; o Medicações. EXAME FÍSICO • Colher os sinais vitais → observar os sinais de choque; • Abdome: o Dor a palpação, difusa ou localizada; o Ruídos hidroaéreos reduzidos; o Distensão abdominal; o Irritação peritoneal. • Dermatológico: o Escleras amareladas (icterícia); o Equimoses nos flancos, periumbilical e base de pênis. LABORATORIAL AMILASE: • Eleva-se de 6 a 12h após o início da dor e se normaliza em 3 a 5 dias. LIPASE: • Eleva-se de 4 a 8h após a dor e permanece elevada por 7 a 14 dias. • Melhor marcador diagnóstico – mais acurado, mais específico e tem maior janela diagnóstica. Obs. Amilase e lipase não são fatores de prognóstico. Importante pedir: • Hemograma; • Eletrólitos; • Ureia e Creatinina; • Triglicerídeos; • TGO, TGP, fosfatase alcalina – elevados quando associado a hepatite alcoólica ou coledocolitíase; • Bilirrubina – aumentada em hepatopatias. EXAMES DE IMAGEM: • USG de abdome: o Obrigatório para todos paciente, com intuito de encontrar a etiologia – principalmente se pensar em causa biliar. • TC de abdome com contraste: o Não é obrigatório; o Quando solicitar: ▪ Dúvida diagnóstica; ▪ Avaliar prognóstico; ▪ Avaliar complicação. DIAGNÓSTICO DEFINITIVO Clínica + Laboratorial + Radiológico → C: dor abdominal + náuseas e vômitos; → L: aumento de lipase ou amilase 3x acima o limite superior da normalidade. → R: alterações nos exames de imagem, compatíveis com pancreatite aguda. (não é obrigatório o exame de imagem para a confirmação do diagnóstico) Critério prognósticos: • Fatores de risco independentes; • Critérios de Ranson; • Índice de severidade por TC; • APACHE 2; • Escore de Marshall; • BISAP; • Classificação de Atlanta. 4 Dor abdominal, diarreia e icterícia FATORES DE RISCO INDEPENDENTES • C – comorbidade; • A – alcoolismo; • I – idade > 60 anos; • O – obesidade (IMG > ou igual a 30) CRITÉRIOS DE RANSON Critérios admissionais: → A – AST/TGO > 250; → G – glicose >200 ou 220 na etiologia biliar; → I – idade > 55 anos ou >70 anos na EB; → L – leucócitos >16.000 ou >18.000 na EB; → L – LDH >350 ou > 400 na EB. Critérios de 48h: → Urgente – ureia > 10 ou > 4 na EB; → Hoje – queda de hematócrito >10%; → Li – perda de líquido >6 litros ou >4 litros na EB; → Belíssimo – BE < - 4 ou < -5 na EB; → Capítulo de – cálcio < 8; → Pancreatite – PaO2 < 60. Resultado: Pancreatite Grave, se > ou igual a 3 dos critérios de Ranson. CRITÉRIOS DE BALTHAZAR Cálculo: somar Balthazar + percentual de necrose; Resultado: jogar na tabela para saber o grau de severidade CLASSIFICAÇÃO DE ATLANTA 5 Dor abdominal, diarreia e icterícia • Apendicite aguda; • Perfuração de úlcera péptica; • Infarto mesentérico; • Obstrução intestinal; • Aneurisma da aorta; • Cólica biliar; • Diverticulite; • IAM de parede direita. INTERNAR O PACIENTE Internar todo o paciente, ao menos que seja uma pancreatite leve, que consiga manter alimentação oral; RESSUCITAÇÃO VOLÊMICA • Independente da instabilidade hemodinâmica; • Cristaloides – soro fisiológico ou ringer lactato. CONTROLE ÁLGICO • Analgesia nas primeiras 24h; • Opioides podem ser usados. MANEJO DIETÉTICO • Dieta zero; • Recomeçar a alimentação somente depois que a dor e a obstrução tiverem sido solucionadas; • Quando oferecer alimentos, escolher os hipolipídicos, hipoproteicos e em pequenas quantidades; • Utilizar sonda nasogástrica em casos de vômitos intensos. Obs. Antibioticoprofilaxia não tem indicação. UTI: paciente com hipotensão arterial e oligúria, devem ser internados em UTI.
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