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Intoxicações por praguicidas inibidores das colinesterases Aspectos clínicos INTOXICAÇÃO: • Exposição • Dose → suficiente para produzir um efeito tóxico • Via de absorção adequada NÍVEIS DE TOXICOLOGIA 1º NÍVEL → exposição a doses extremamente elevadas, de uma substância muito toxica, por um tempo muito curto → intoxicação aguda envolve um setor relativamente pequeno da população (ex: suicídios, acidentes) 2º NÍVEL → exposições a doses menores do que aquelas que causam intoxicações agudas, por um período de tempo maior e um número maior de pessoas envolvidas (toxicologia ocupacional – agricultor que não está usando EPIs) 3º NÍVEL → exposições a doses muito baixas, por um tempo muito longo (usualmente a vida toda) e atingindo grande parcela da população (ex: resíduos alimentares) HISTÓRIA 1930 – Era moderna dos agrotóxicos → desenvolvimento de moléculas neurotóxica, ao atuar nas enzimas colinesterases e outros locais do SN. • 2ª GM → organofosforados: arma química INSETICIDAS • Organofosforados • Carbamatos • Organoclorados → DDT (está banido) • Piretroides • Fenazopirazois • Neonicotinóides → nicotinas sintéticas • Spinosad • Abamectina (mesma família da Ivermectina) *todos são neurotóxicos (afetam o encéfalo) → mecanismo de ação • diflubenzuron → inibidor da síntese de quitina SN dos seres humanos é semelhante ao SN dos insetos → cérebro + gânglios + nervos + neurônios Sinapse utilizada → ACh como neurotransmissor nos insetos → visão, audição, olfato, tato e paladar → cérebro se preocupa na sobrevivência e reprodução. • Organoclorados e piretroides → atuam no neurônio pré- sináptico • Organofosforados e carbamatos → fenda sináptica INSETICIDAS INIBIDORES DAS COLINESTERASES CARBAMATOS • Mesmo mecanismo de ação dos organofosforados • Ligação carbamyl-acetilcolinesterase é a mais instável • São absorvidos por todas as vias. MECANISMO DE AÇÃO • Fosforilação da enzima AChE nas terminações nervosas para inibir sua atividade A ACHE É NECESSÁRIA PARA: • Controlar a transmissão do impulso nervoso das fibras nervosas para os músculos e células ganglionares. AÇÃO FISIOLÓGICA DA ACETILCOLINA: • É liberada nas sinapses para interagir com os receptores produzindo: - Estímulo e tônus dos músculos esqueléticos - Peristaltismo intestinal - Estímulo das secreções - Esvaziamento da bexiga • Transformação por hidrólise: Acetilcolina → colina + ácido acético. • Inibição da AChE → acúmulo de ACh → efeitos muscarínicos e efeitos nicotínicos (superestimulados) MUSCARÍNICOS • Náusea, vomito, dores abdominais, diarreia e defecação involuntária, diurese, transpiração excessiva, rinorreia e secreção brônquica, dispneia, edema pulmonar, miose, bradicardia e bloqueio atrioventricular. NICOTÍNICOS: • Fadiga muscular generalizada, contrações involuntárias • Câimbras • Fasciculações EFEITOS MAIS LEVES • Cefaleia • Náuseas • Tonturas • Ansiedade • Torpor Dificuldade em fechar o diagnóstico → dependendo muito da história clínica (anamnese deve ser muito bem feita) + exame físico adequado (com hipótese diagnóstica) + exame laboratorial. EFEITOS MAIS GRAVES (QUADRO COLINÉRGICO – EXCESSO DE ACH) • Fasciculações • Tremores • Incoordenação • Vômitos, diarreia • Sialorreia • Miose, edema pulmonar • Bradicardia, hipertensão • Coma, convulsões TRATAMENTO • Exposição inalatória → remover do local • Exposição cutânea → lavar a pele com água e sabão • Exposição oral → lavagem gástrica só se imediatamente após a ingestão (1 ou 2h antes) e não ter vomitado • Carvão ativado → 1g/kg (impede a absorção daquilo que ainda não foi absorvido) • Sulfato de sódio ou magnésio → 250 mg/kg (impede que o carvão forme uma concreção intestinal) TRATAMENTO DA SÍNDROME COLINÉRGICA AGUDA • Descontaminação gastrointestinal ou de outras vias de exposição • Cuidados de suporte intensivo • Atropina em altas doses • Reativação enzimática: oximas ( no Brasil, não temos, por isso usamos o sulfato de atropina) Atropina → 1 a 2 mg EV a cada 15 minutos (cada ampola, tem 0,25mg – 32 ampolas em 1h) Oximas: Contrathion: 1-2g EV à cada 6h. para crianças 25 a 50 mg/kg a cada 6h DOSE ADEQUADA: • Infusão continua • Doses: Adultos: de 200 a 500 mg/h Crianças: 20 a 50 mg/kg/peso *Início precoce CHUMBINHO • Casos eram atendidos pelos Centros, com história de ingestão de raticida granulado • Desenvolviam sintomatologia colinérgica franca e mortalidade era muito elevada • Pacientes apresentavam inibição das colinesterases plasmáticas • Análises demonstraram inicialmente tratar-se de carbamatos e posteriormente Aldicard • Número de casos atendidos aumentou progressivamente no BR de 1999 a 2000 → Aldicard foi proibido CHUMBINHO CLÍNICO • Quadro colinérgico típico • Grave • Paciente sudoreico, miótico, secreção pulmonar abundantemente, sialorreia franca, fasciulações e tremores TRATAMENTO • Descontaminação • Atropina em altas doses • Alcalinização → para evitar a acidose metabólica • Oximas ATROPINAS • Receptores muscarínicos (antagonista) • Dose elevada → 1 a 4 mg (4 a 16 ampolas) EV. Crianças 0,01 a 0,05 mg/kg/dose • Repetir em intervalos de 15 a 30 minutos, até melhora dos sinais colinérgicos • Apresentação → ampolas com 1 ml e 0,25 mg • Precaução: intoxicação atropínica CHUMBINHO – PROBLEMAS NO TRATAMENTO • Atropinização em dose insuficiente • Tratamento de suporte inadequado • Distúrbios hidroeletrolíticos → necessário fazer a reposição de líquidos. • Distúrbios metabólicos SÍNDROME NEUROTÓXICA: INTERMEDIARIA • Pode ocorrer entre 1-4d após cessarem os sintomas colinérgicos • Caracterizada por fraqueza muscular (músculos do pescoço, respiratórios e dos membros) • Mortalidade elevada e recuperação lenta • Causa desconhecida, mas surge depois de um quadro de intoxicação contida SÍNDROME NEUROTÓXICA TARDIA • Ocorre com alguns fosforados • Aparece após 18 a 21d da intoxicação • Causada pela inibição da esterase neuropática alvo NTE • Fraqueza ou paralisias e parestesias das pernas • Recuperação lenta ACOMPANHAMENTO • Funcionários expostos a inibidores das colinesterases → dosagem! COLINESTERASE PLASMÁTICA → primeira que desce e sobe (inibe e reativa rápido) → bom para diagnosticar uma intoxicação aguda grave. COLINESTERASE ERITROCITÁRIA → indicada para trabalhadores/ agricultores (exposição crônica) Não existe um valor de referência normal para todos os indivíduos → valor de referência: Dosagem da pré-exposição ou pré-ocupacional. Teste de valor basal (pré-exposição) • Determina o nível normal de colinesterase do índio • Deve ser avaliada antes da exposição FATORES QUE PODEM PRODUZIR UM VALOR BASAL MAIS BAIXO • Genética • Doenças hepáticas • Certos medicamentos – anticoncepcionais Estes interferem na sua atividade, inibindo-a.
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