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Fundamentos de Direito Empresarial - Relação de Consumo

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30/07/12 Marcelo Camara
1/10www.marcelocamara.adv.br/veraula.php?id=17
Fundamentos de Direito Empresarial - Unidade 7 - Empresa e Relação com Consumidor:
Unidade 7 - Empresa e Relação com Consumidor:
 
7.1.Introdução:
 
Ao final desta aula, você será capaz de:
 
-identificar os conceitos de fornecedor e consumidor no ordenamento jurídico brasileiro;
-definir a relação de consumo, mercadoria e prestação de serviços;
-identificar o agente responsável pelos danos ao consumidor;
-explicitar as técnicas de oferta e publicidade e cláusulas abusivas nos contratos de consumo.
 
Estudaremos o novo perfil da empresa contemporânea diante das adaptações necessárias impostas pela lei consumerista.
 
7.2.Consumidor e Fornecedor:
 
Consumidor – É toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário f inal.
 
Consumidor por Equiparação – A lei o equipara ao conceito de consumidor, podendo com isso o agente se valer das proteções das
regras consumeristas.
 
Art. 2º Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário
final.
 
Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja
intervindo nas relações de consumo.
 
Fornecedor – É toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira e os entes despersonalizados, que
desenvolvem atividades (a palavra atividade do art.3º traduz o signif icado de que todo produto ou serviço prestado deverá ser
efetivado de forma habitual, de forma profissional ou comercial) de produção, montagem, criação, construção, transformação,
importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.
 
Art. 3º Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os
entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção,
transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de
serviços.
 
Produto – É qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial.
 
30/07/12 Marcelo Camara
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Art. 3º (...)
 
§ 1º Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial.
 
Serviço – É qualquer atividade fornecida (salvo as relações trabalhistas, previdenciária pública e tributárias)no mercado de
consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, f inanceira, de crédito e securitária.
 
Art. 3º (...)
 
§ 2º Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de
natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter
trabalhista.
 
A relação de consumo é constituída pela relação jurídica composta pelos dois agentes atuantes nas relações de consumo: de um
lado o consumidor e do outro a f igura do fornecedor.
 
Não haverá relação de consumo e, por via indireta, não haverá proteção do Código de Defesa do Consumidor, se não houver a
formação da ponte jurídica entre o consumidor e o fornecedor, quer na aquisição de um produto, quer na prestação de um serviço.
 
7.3. Empresa e Relação com Consumidor
 
Se um grande fornecedor no mercado demite o seu funcionário e não honra o pagamento das obrigações trabalhistas, temos uma
relação jurídica entre os dois agentes (entendam: uma relação protegida pelo direito), mas as normas jurídicas aplicadas nesta
questão não são de proteção ao consumidor, e sim da CLT que disciplina as relações trabalhistas.
 
Dessa forma, até se tem na presença de um dos pólos a f igura do fornecedor, mas falta – para ser uma relação de consumo – a
sua interação com o consumidor.
 
7.4. Princípios da Relação de Consumo
 
Decerto que não há previsão legal para todas as hipóteses jurídicas acerca do dano e as suas conseqüências.
 
Para tanto, no sentido de se evitar (prevenção) ou de se responsabilizar (indenizar / ressarcir / compensar) é que existem os
princípios.
 
Notem que mesmo ante a existência de lei que preveja determinada hipótese até mesmo a própria em se conflitando com os
princípios este preponderará.
 
Para tanto vamos estudar os princípios consumeristas mais relevantes.
 
7.4.1. Vulnerabilidade do consumidor:
 
É a espinha dorsal da proteção ao consumidor, sobre o qual se assenta toda a linha f ilosófica do movimento. É induvidoso que o
consumidor é a parte mais fraca das relações de consumo; apresenta ele sinais de fragilidade e impotência diante do poder
econômico. Há reconhecimento universal no que tange a essa vulnerabilidade.
 
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Nesse sentido já se manifestou a ONU e sob esse enfoque o tema é tratado em todos os países ocidentais.
No Brasil, a Constituição Federal reconhece claramente essa situação de hipossuficiência, ao declarar que o Estado promoverá a
defesa do consumidor, de um lado assumindo a postura de garantidor, e, de outro, outorgando tutela a quem, f ilosoficamente,
reconhece carecedor de proteção.
 
7.4.2. Boa –fé:
 
Espera-se das duas partes envolvidas na relação de consumo a boa fé no pacto f irmado entre elas, ou seja, que não se negocie
utilizando de torpeza e engano consciente em relação à outra parte.
 
A má-fé vicia o negócio realizado e acarreta as indenizações pertinentes pelos danos causados as partes prejudicadas.
 
7.4.3. Informação ou Transparência.
 
Os contratos devem ser f irmados entre o consumidor e o fornecedor de forma mais clara e direta possível, sem entrelinhas que
conduzam à confusão de uma das partes. O Código de Defesa do Consumidor estabelece, nesses casos, a condução de
entendimentos sempre favorável ao consumidor.
 
7.4.4. Presença do Estado.
 
O princípio da presença do Estado nas relações de consumo é, de certa forma, corolário do princípio da vulnerabilidade do
consumidor, pois, se há reconhecimento da situação de hipossuficiência, de fragilidade e desigualdade de uma parte em relação à
outra, está claro que o Estado deve ser chamado para proteger a parte mais fraca, por meio legislativo e administrativo, de sorte a
garantir o respeito aos seus interesses.
 
7.4.5. Harmonização de interesses.
 
Interessa às partes, ou seja, aos consumidores e fornecedores, o implemento das relações de consumo, com o atendimento das
necessidades dos primeiros e o cumprimento do objeto principal que justif ica a existência do fornecedor: fornecer bens e serviços.
Colima-se, assim, o equilíbrio entre as partes. Por outro lado, a proteção ao consumidor deve ser compatibilizada com a
necessidade de desenvolvimento econômico e tecnológico, em face da dinâmica própria das relações de consumo, que não podem
ficar obsoletas e entravadas, em nome da defesa do consumidor. Novos produtos e novas tecnologias são bem-vindos, desde que
seguros e eficientes.
 
7.4.6. Coibição de abusos.
 
Deve-se garantir não só a repressão aos atos abusivos, como a punição de seus autores e o respectivo ressarcimento, mas
também a atuação preventiva tendente a evitar a ocorrência de novas práticas abusivas, afastando-se aquelas que podem causar
prejuízos aos consumidores, como a concorrência desleal e a utilização indevida de inventos e criações industriais. A coibição
preventiva e eficiente dessas práticas representará o desestímulo dos potenciais fraudadores. A contrario sensu, a ausência de
repressão, ou mesmo o afrouxamento, representará impunidade, e, pois, estímulo.
 
7.4.7. Incentivo ao autocontrole.
 
Apesar do Estado interpor-se como mediador nas relações de consumo, procurando evitar e solucionar os conflitos de consumo,
não deve, por outro lado, deixar de incentivar que tais providências sejam tomadas pelos próprios fornecedores, mediante a
utilização de mecanismos alternativos por eles próprios criados e custeados. Essa é a solução ideal e signif ica modernizaçãodas
relações de consumo.
 
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De três maneiras pode-se dar o autocontrole.
 
Em primeiro lugar, pelo eficiente controle da qualidade e segurança de produtos defeituosos no mercado, o que refletirá na
diminuição ou eliminação de atritos com o consumidor.
 
Em segundo lugar, a prática de recall, ou seja, a convocação dos consumidores de bens produzidos em série e que contenham
defeitos de fabricação que possam atentar contra a vida e a segurança dos usuários, arcando o fornecedor com as despesas de
substituição das peças defeituosas. Há o reconhecimento do defeito, mas ao mesmo tempo ele é sanado pelo próprio fabricante,
sem prejuízo ou custo para o consumidor.
 
OBS: Utilizou-se largamente do recall, notando-se que a partir de 1991, cresceu enormemente no País o número de convocações
dirigidas aos consumidores, por montadoras nacionais e estrangeiras, o que pode ter ocorrido tanto pela conscientização do
fabricante como pelo efeito da vigência do CDC.).
 
E, em terceiro lugar, pela criação, pelas empresas, de centros ou serviços de atendimento ao consumidor, resolvendo diretamente a
reclamação ou queixa xz`11apresentada contra seu produto ou serviço.
 
7.4.7. Conscientização do consumidor e do fornecedor.
 
Se o que se busca é o equilíbrio nas relações de consumo, para que se atendam às necessidades do consumidor e o interesse do
fornecedor, sem grande conflituosidade, é natural que a maior conscientização das partes no que toca aos seus direitos e deveres
conduzirá fatalmente a esse objetivo. Pode-se adiantar que, quanto maior for o grau de conscientização das partes envolvidas,
menor será o índice de conflito nas relações de consumo.
 
Por conscientização entende-se a educação, formal e informal, para o consumo, bem como a informação do consumidor e do
fornecedor.
 
Tudo devidamente previsto no art. 4 da Lei 7.078/90, qual seja:
 
Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento das necessidades dos
consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a
melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia das relações de consumo,
atendidos os seguintes princípios: (“Caput” do artigo com redação dada pela Lei nº 9.008, de 21/3/1995)
 
I - reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo;
 
II - ação governamental no sentido de proteger efetivamente o consumidor:
a) por iniciativa direta; 
b) por incentivos à criação e desenvolvimento de associações representativas; 
c) pela presença do Estado no mercado de consumo; 
d) pela garantia dos produtos e serviços com padrões adequados de qualidade, segurança, durabilidade e
desempenho. 
 
III - harmonização dos interesses dos participantes das relações de consumo e compatibilização da proteção
do consumidor com a necessidade de desenvolvimento econômico e tecnológico, de modo a viabilizar os
princípios nos quais se funda a ordem econômica (art. 170, da Constituição Federal), sempre com base na
boa-fé e equilíbrio nas relações entre consumidores e fornecedores;
 
IV - educação e informação de fornecedores e consumidores, quanto aos seus direitos e deveres, com vistas
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IV - educação e informação de fornecedores e consumidores, quanto aos seus direitos e deveres, com vistas
à melhoria do mercado de consumo;
 
V - incentivo à criação pelos fornecedores de meios eficientes de controle de qualidade e segurança de
produtos e serviços, assim como de mecanismos alternativos de solução de conflitos de consumo;
 
VI - coibição e repressão eficientes de todos os abusos praticados no mercado de consumo, inclusive a
concorrência desleal e utilização indevida de inventos e criações industriais das marcas e nomes comerciais
e signos distintivos, que possam causar prejuízos aos consumidores;
 
VII - racionalização e melhoria dos serviços públicos;
 
VIII - estudo constante das modificações do mercado de consumo.
 
 
7.5. Responsabilidade Civil Objetiva e Subjetiva do Fornecedor
 
Em toda relação jurídica no que concerne à responsabilidade devemos, inicialmente, diferenciar a obrigação da responsabilidade,
quais sejam:
 
Obrigação – é o denominado dever jurídico originário – Ex.: não causar dano;
 
Responsabilidade – é o denominado dever jurídico sucessivo. É a conseqüência da ofensa à obrigação – Ex.: 
Inadimplir um contrato.
 
Leciona Sérgio Cavalieri f ilho a respeito da distinção entre obrigação e responsabilidade, afirmando que a “Obrigação é sempre um
dever jurídico originário; responsabilidade é um dever jurídico sucessivo, consequência à violação do primeiro”.
 
 
 
Ilustra o jurista Cavalieri, que:
 
“Se alguém se compromete a prestar serviços profissionais a outrem, assume uma obrigação, um dever jurídico
originário. Se não cumprir a obrigação (deixar de prestar os serviços), violará o dever jurídico originário, surgindo daí a
responsabilidade, o dever de compor o prejuízo causado pelo não cumprimento da obrigação”.
 
O Código do Consumidor chegou a elencar causas de exclusão de responsabilidades em numerus clausus (art.12,§ 3º e art. 14 §
3º), buscando assim não permitir que a parte obrigada ao dever jurídico, pudesse eximir da sua responsabilidade, aventurando
outras causas de exclusão.
 
Consigna o CDC a responsabilidade civil objetiva do fornecedor pelo fato do produto/ serviço, no qual o fabricante, contrutor, o
produtor, importador e os prestadores de serviços respondem independentemente da existência de culpa pela reparação dos
danos causados ao consumidores por defeitos nos produtos/serviços ofertados ao mercado de consumo (art.12, art. 14 do CDC).
 
É a chamada responsabilidade objetiva, que o art.12 e art.14 do CDC. expressam o dever do fornecedor em indenizar
“independentemente da existência de culpa”.
 
Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador respondem,
independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por
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independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por
defeitos decorrentes de projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou
acondicionamento de seus produtos, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua
utilização e riscos.
 
§ 1º O produto é defeituoso quando não oferece a segurança que dele legitimamente se espera, levando-se
em consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais:
I - sua apresentação;
II - o uso e os riscos que razoavelmente dele se esperam;
III - a época em que foi colocado em circulação.
 
Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos
danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por
informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.
 
§ 1º O serviço é defeituoso quando não fornece a segurança que o consumidor dele pode esperar, levando-se
em consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais:
 
I - o modo de seu fornecimento;
II - o resultado e os riscos que razoavelmente dele se esperam;
III - a época em que foi fornecido.
 
Na responsabilidade objetiva não é necessário a demonstração subjetiva da culpa, em outras palavras: mesmo não tendo agido com
culpa, o fornecedor deve indenizar os danos que seus produtos e serviços venham causar ao consumidor.
 
Destarte, a responsabilidade do fornecedor do produto e do serviço é objetiva, signif icando que o fornecedor será responsabilizado
pelo dano provocado pelo produto ou serviço, mesmo que não tenha agido com negligência ou imprudência (culpa).
 
É relevante consignar, que a responsabilidade dosprofissionais liberais o Código do Consumidor não atribuiu a responsabilidade
objetiva e sim a responsabilidade subjetiva, ou seja: a responsabilidade com culpa, expressando a norma jurídica do consumidor no
art. 14, § 4 do CDC:
 
Art. 14. A responsabilidade pessoal do profissionais liberais será apurada mediante a verificação de culpa.”
 
7.6. Responsabilidade Fato e Vício do Produto ou Serviço:
 
O CDC distingue as responsabilidades por danos causados aos consumidores pelo fato do produto ou serviço, denominados
acidentes de consumo da responsabilidade pelos vícios de qualidade ou quantidade dos produtos ou serviços.
 
A responsabilidade pelo fato do produto acarreta um dano ao consumidor ou terceiros como, por exemplo, o refrigerante que
explode nas mãos de consumidor, ocasionando uma lesão nas mãos.
 
Neste caso a responsabilidade é daquele fabricante, o produtor, o construtor, nacional / estrangeiro ou importador do produto será
direita e independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados ao consumidor por defeitos decorrentes
de projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou acondicionamento de seus produtos, bem
como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos.
 
O fabricante, o construtor, o produtor ou importador, no entanto, não será responsabilizado quando provar:
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Art. 12 (...)
§ 3º O fabricante, o construtor, o produtor ou importador só não será responsabilizado quando provar:
I - que não colocou o produto no mercado;
II - que, embora haja colocado o produto no mercado, o defeito inexiste;
III - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.
 
Art. 14 (...)
§ 3º O fornecedor de serviços só não será responsabilizado quando provar:
I - que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste;
II - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.
 
O intermediador do produto, ou seja, o empresário que atua no ramo do varejo, agindo com o repasse da mercadoria, a princípio não
será responsável pelo dano causado ao consumidor, isso porque a responsabilidade sobre o fato do produto/serviço atua no
campo da produção do bem.
 
No entanto, há casos em que o intermediador apresentará responsabilidade pelos danos causados ao consumidor, dispõe o artigo
13 do CDC:
 
Art. 13. O comerciante é igualmente responsável, nos termos do artigo anterior, quando:
I - o fabricante, o construtor, o produtor ou o importador não puderem ser identificados;
II - o produto for fornecido sem identificação clara do seu fabricante, produtor, construtor ou importador;
III - não conservar adequadamente os produtos perecíveis.
 
Já as hipóteses de responsabilidade pelo vício de qualidade produto e serviço bem como do vício de quantidade estão previstas nos
art. 18 usque 20 do CDC, considerados vícios de qualidade por inadequação do produto/serviço.
 
Não se pode deixar de considerar que os vícios de adequação, previstos nos arts. 18 e seguintes do Código de Defesa do
Consumidor, suscitam uma desvantagem econômica para o consumidor, mas a perda patrimonial não ultrapassa os limites
valorativos do produto ou serviço defeituoso, na exata medida da sua inversibilidade ou imprestabilidade.
 
Nas duas modalidades – responsabilidade sobre o fato/vício do produto - basta o consumidor provar a existência do fato(produto
ou serviço com vício) e do nexo causal(que o dano foi provocado em decorrência do produto ou serviço
 
 
7.7. Contratos nas Relações de Consumo
 
Em regra, os pactos estão consubstanciados num contrato escrito, mas a rotina do dia-a-dia, por vezes, banaliza contratos
realizados entre os consumidores e fornecedores sem a devida formalização, como por exemplo, a compra de um pão na padaria
pela manhã, ou então, a locação de um vídeo na locadora do bairro, são da mesma forma que ou contratos escritos, protegidos
pelas leis consumeristas.
 
O grande vilão, no entanto, desses instrumentos de acordo, chama-se clausula abusiva, onde pelo poderio econômico, f inanceiro e
jurídico de muitos fornecedores, os contratos incluem nos seus textos cláusulas que violam a igualdade de tratamento entre as
partes, causando com isso, um desequilíbrio econômico a ponto de causar um dano patrimonial ao bolso do consumidor.
 
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Já se foi a época de que o jargão “contrato é lei entre as partes” era absoluto e sinônimo da assinatura da sentença de morte de um
dos contratantes, a f igura da função social dos contratos , operante no século XIX, nos traz a possibilidade da sua revisão quando
um fato inesperado , irreversível e imprevisível causar onerosidade extrema a uma das partes. É a conhecida teoria da imprevisão
aplicada nas relações contratuais.
 
O Código do Consumidor prevê no art. 6, IV, como direito básico do consumidor, a proteção contra cláusulas contratuais abusivas,
assegurando assim o equilíbrio entre as partes num determinado contrato de consumo.
 
Art. 6º São direitos básicos do consumidor:
IV - a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos comerciais coercitivos ou desleais, bem
como contra práticas e cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento de produtos e serviços;
 
Verif ica-se assim, a necessidade de tutelar a parte mais fraca na relação de consumo, em decorrência dos inúmeros abusos
praticados em detrimento do consumidor.
 
Dentro do contexto de sempre clarear as convenções entre o consumidor e o fornecedor, recentemente o Código de Defesa do
Consumidor foi alterado pela lei 11.785 de 20 de setembro de 2008, do sentido de conferir o tamanho 12, no mínimo, das letras
digitadas nos contratos escritos.
 
Art. 54. Contrato de adesão é aquele cujas cláusulas tenham sido aprovadas pela autoridade competente ou
estabelecidas unilateralmente pelo fornecedor de produtos ou serviços, sem que o consumidor possa discutir ou
modificar substancialmente seu conteúdo.
 
(...)
 
§ 3º Os contratos de adesão escritos serão redigidos em termos claros e com caracteres ostensivos e legíveis, cujo
tamanho da fonte não será inferior ao corpo doze, de modo a facilitar sua compreensão pelo consumidor. (Parágrafo
com redação dada pela Lei nº 11.785, de 22/9/2008)
 
 
Outra novidade , f ica por conta a nova lei que disciplina os serviços de call centers, em vigor desde 1º de Dezembro de 2008 o
Decreto de nº 6.523/08, que regulamenta a Nova Lei dos call centers, que dentre outras mudanças disciplina que as empresas
de telefonia, planos de saúde e até as televisões por assinatura terão - no máximo - 1 minuto para atender um cliente. As
instituições bancárias, porém, terão limite de 45 segundos de espera.
 
7.7. Contrato de Adesão:
 
Verif icamos no conceito de contrato de adesão, que o consumidor não possui o direito de liberdade de escolha das cláusulas
contratuais, sendo estas pré-redigidas e impostas pelo fornecedor de produtos ou serviços. Nessa linha de entendimento é correta
a premissa que nos contratos de adesão há a liberdade de contratar, todavia inexiste a liberdade contratual, razão da tutela da
norma consumerista, buscando mitigar cláusulas abusivas.
 
O contrato de adesão, por exemplo, é definido expressamente na lei do consumidor, no art. 54 in verbis:
 
“Contrato de adesão é aquele cujas cláusulas tenham sido aprovadas pela autoridade competente ou estabelecidas
unilateralmente pelo fornecedor de produtos ou serviços, sem que o consumidor possa discutir ou modificar
substancialmente seu conteúdo.”
 
7.7.1. O Direito do Consumidor de Proteção contra Cláusulas Abusivas:
 
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Na relação de consumo, limitações vão surgir no tocante ao contrato f irmado entre as partes. Obrigatoriamente deverão observar,
sob pena de nulidade da cláusula, os princípios mencionados e, principalmente,o da transparência que permite ao consumidor,
inclusive, amplo e pleno conhecimento das condições reguladoras do negócio.
 
Diante dos conflitos de consumo, que surgem a cada dia entre o fornecedor e o consumidor, verif ica-se o desequilíbrio entre as
partes, em face da submissão, por exemplo, a uma cláusula abusiva (dado o princípio da imutabilidade do contrato); ou mesmo a
uma prática comercial abusiva ditada pela parte mais forte, demonstrando a manifesta vantagem excessiva. Surge assim a
necessidade do intervencionismo estatal, permitindo inclusive a revisão das cláusulas contratuais pactuadas em razão do abuso,
que implica lesão ao direito do consumidor.
 
Os contratos de adesão são muitas vezes contratos de consumo, nos quais os fornecedores impõem cláusulas abusivas aos
consumidores
 
7.9. Práticas Empresariais:
 
7.9.1. Oferta:
 
A escassa regulamentação pressupunha a igualdade das partes e tinha presente o entendimento de que a oferta se dava entre
pessoas determinadas: proponente e aceitante.
 
Fruto dessa insuficiência normativa e da constatação de que a oferta nas relações de consumo poderia dar-se entre pessoas
indeterminadas, alcançando tanto o consumidor efetivo (aquele que atua adquirindo produtos ou serviços), como o potencial
(aquele que está propenso a consumir ou exposto às práticas de consumo, como oferta, publicidade e práticas abusivas),
verif icou-se que este último também merecia proteção especial da lei.
 
7.9.2. Requisitos da Oferta:
 
As informações devem ser verdadeiras e corretas, guardando correlação fática com as características do produto ou serviço,
redigidas em linguagem clara, lançadas em lugar e forma visíveis. Além disso, devem ser escritas em língua portuguesa.
 
Os requisitos da oferta estão elencados no art. 31. Sendo a oferta o momento antecedente da conclusão do ato de consumo, deve
ser precisa e transparente o suficiente para que o consumidor, devidamente informado, possa exercer o seu direito de livre
escolha.
 
Art. 31. A oferta e apresentação de produtos ou serviços devem assegurar informações corretas, claras,
precisas, ostensivas e em língua portuguesa sobre suas características, qualidades, quantidade,
composição, preço, garantia, prazos de validade e origem, entre outros dados, bem como sobre os riscos que
apresentam à saúde e segurança dos consumidores.
 
Parágrafo único. As informações de que trata este artigo, nos produtos refrigerados oferecidos ao consumidor,
serão gravadas de forma indelével. (Parágrafo único acrescido pela Lei nº 11. 989, de 27/7/2009, publicada no
DOU de 28/7/2009, em vigor 180 (cento e oitenta) dias após a sua publicação)
 
Em caso de oferta por telefone ou reembolso postal há um requisito extra: para possibilitar a responsabilização, o nome do
fabricante e seu endereço deverão constar obrigatoriamente da embalagem, publicidade e impressos utilizados na transação
comercial (art. 33).
 
Art. 33. Em caso de oferta ou venda por telefone ou reembolso postal, deve constar o nome do fabricante e
endereço na embalagem, publicidade e em todos os impressos utilizados na transação comercial.
 
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Parágrafo único. É proibida a publicidade de bens e serviços por telefone, quando a chamada for onerosa ao
consumidor que a origina. (Parágrafo único acrescido pela Lei nº 11.800, de 29/10/2008)
 
OBS: Direito de desistência pelo arrependimento:
 
Art. 49. O consumidor pode desistir do contrato, no prazo de 7 dias a contar de sua assinatura ou do ato de
recebimento do produto ou serviço, sempre que a contratação de fornecimento de produtos e serviços ocorrer
fora do estabelecimento comercial, especialmente por telefone ou a domicílio.
 
Parágrafo único. Se o consumidor exercitar o direito de arrependimento previsto neste artigo, os valores
eventualmente pagos, a qualquer título, durante o prazo de reflexão, serão devolvidos, de imediato,
monetariamente atualizados.
 
7.7.3. Publicidade Enganosa e Abusiva
 
Os Publicitários diferenciam a propaganda da publicidade, estabelecendo que a propaganda possui caráter ideológico e a
publicidade o caráter negocial-comercial, sendo que a publicidade possui sentido mais estreito (mais comercial).
 
As regras que proíbem a propaganda enganosa estão previstas no art. 36, p. único e art. 37 §§ ambos do CDC.
 
O conceito de publicidade enganosa ou abusiva está expresso na lei , nos §§ 1º e 2º do art. 37 do CDC.
 
Como abaixo se vê:
 
Art. 36. A publicidade deve ser veiculada de tal forma que o consumidor, fácil e imediatamente, a identifique como tal.
 
Parágrafo único. O fornecedor, na publicidade de seus produtos ou serviços, manterá, em seu poder, para informação
dos legítimos interessados, os dados fáticos, técnicos e científicos que dão sustentação à mensagem.
 
Art. 37. É proibida toda publicidade enganosa ou abusiva.
 
§ 1º É enganosa qualquer modalidade de informação ou comunicação de caráter publicitário, inteira ou parcialmente
falsa, ou, por qualquer outro modo, mesmo por omissão, capaz de induzir em erro o consumidor a respeito da natureza,
características, qualidade, quantidade, propriedades, origem, preço e quaisquer outros dados sobre produtos e
serviços.
 
§ 2º É abusiva, dentre outras a publicidade discriminatória de qualquer natureza, a que incite à violência, explore o
medo ou a superstição, se aproveite da deficiência de julgamento e experiência da criança, desrespeita valores
ambientais, ou que seja capaz de induzir o consumidor a se comportar de forma prejudicial ou perigosa à sua saúde ou
segurança.
 
§ 3º Para os efeitos deste código, a publicidade é enganosa por omissão quando deixar de informar sobre dado
essencial do produto ou serviço.

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