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HISTOLOGIA DA MEDULA ESPINAL POR ISABELA PESSANHA DE MORAES (UFRJ) · A medula espinal apresenta neurônios motores na sua metade ventral · Os neurônios motores podem ser somáticos (controlando os movimentos voluntários) ou vegetativos (primeiros neurônios do sistema nervoso autônomo) · A medula recebe axônios da periferia a partir de neurônios sensitivos na sua metade dorsal, ou seja, os neurônios sensitivos que são periféricos (que tem corpo celular localizado na medula) enviam axônios da sua metade dorsal · Dentro da medula os circuitos medulares vão integrar esses sinais e vão produzir comportamentos automáticos, como reflexo e locomoção · Dentro da substância cinzenta da medula vai existir uma série de neurônios de associação que vão se comunicar e gerar um comportamento · Alguns desses neurônios de associação fazem projeções longas · Projeções medulares ascendentes (para cima) levam a informação sensitiva ao encéfalo, onde vai ocorrer a percepção, por exemplo; · Projeções medulares descendentes (para baixo) trazem os comandos do encéfalo, de forma a ativar contrações musculares e a secreção glandular, produzindo comportamentos. · A informação sensitiva é percebida por neurônios que têm seu corpo celular localizado no gânglio (localizada na raiz dorsal, estrutura fora a medula, no SNP). · Ela então envia seu axônio para dentro do corpo dorsal, faz sinapses com neurônios de associação, e esses por sua vez, fazem sinapses com neurônios motores, que farão a eferência da medula espinal e vão induzir a contração do músculo. ESTRUTURAS GERAIS DA MEDULA · A medula anatomicamente ela tem uma forma cilíndrica achatada no eixo Antero posterior (ou dorsodentral) · ela tem 2 intumescências, na região cervical na região lombar responsáveis pelos plexos que vão inervar os membros superiores e inferiores respectivamente · as colunas de neurônios da medula é contínua, apesar da sua organização segmentar de cada nervos sair por forames intervertebrais em intervalos regulares as colunas continuam, elas não se interrompem por substância branca no eixo crânio caudal · oq é organizado é o direcionamento desses axônios · ela vai ter uma série de conexões periféricas (8 cervicais, 12 torácicas, 5 lombares, 5 sacrais e um coccígeo) ESTRUTURA GERAL DA MEDULA ESPINAL · a substância cinzenta fica na parte central, formando o H medular · nessa sub. cinzenta vai ter os corpos celulares de neurônios, corpos celulares de células da glia, os dendritos dos neurônios, as sinapses · a sub branca fica na parte periférica · nela haverá os axônios desses neurônios mielínicos (alguns poucos são amielínicos), corpos celulares de células da glia · o H medular é dividido em 2 colunas (subdivididos em cornos ventral e dorsal) que são unidos pela comissura central, que contém o canal ependimário (ou canal central da medula) · essas linhas são axônios que estão saindo do corno ventral e estão indo em direção a raiz nervosa ventral (que contém axônios e neurônios motores) · entrando no corno dorsal tem a raiz nervosa dentral, por onde entra os axônios dos neurônios sensitivos · externamente às raízes vai ter a dura máter, que está protegendo a medula espinal · na substância branca observa-se uma estrutura menos corada visto que possui uma composição lipídica muito grande (devido as bainhas de mielina que envolvem os axônios) · Essas bainhas de mielina são removidas do processamento de rotina, pois elas são muito lipídicas; por isso ela fica com aspecto esponjoso. · Na substância branca: · A bolinha branca é a bainha de mielina; · A coloração no centro da bolinha branca é o axônio; · Em volta da bolinha branca, envolvendo ela, é o citoplasma da célula (ex. os oligodendrócitos) · Os pontinhos mais escuros são núcleos de células da glia (qualquer célula) · Na substância cinzenta: · Os pontinhos mais escuros também são núcleos de células da glia; · Os pontos maiores são corpos de neurônios típicos; · Observa-se também eventuais prolongamentos desses neurônios; · Entre um neurônio e outro, tem o neurópilo, uma região muito rica de prolongamentos; · Ao fundo, o citoplasma. · Abaixo uma microscopia bem detalhada da substância cinzenta: CANAL MEDULAR · Está no centro da medula,na haste do H medular; · É revestido por células ependimárias (células epiteliais colunares) · Essas células apresentam cílios voltados para o centro do canal e que são responsáveis pela movimentação do LCR; DIVISÃO DA SUBSTÂNCIA CINZENTA NA M.E. · 2 linhas tangenciando o aspecto horizontal da haste do H medular: coluna posterior, substância cinzenta intermediária, coluna anterior; · 2 linhas tangenciando o aspecto medial (vertical) do corno ventral: substância cinzenta intermédia lateral e substância cinzenta intermediária central. CLASSIFICAÇÃO DOS NEURÔNIOS MEDULARES · Neurônios radiculares: · Possuem axônio longo; · se relacionam, possuem prolongamentos que adentram as raízes nervosas; · Presentes no corno ventral ou na substância cinzenta intermédia; · SOMÁTICOS-> corno ventral-> motoneurônios alfa e gama; · VISCERAIS-> substância cinzenta intermediária lateral. · Neurônios internunciais (interneurônios): · Possuem axônio curto; · São neurônios de associação; · Formam circuitos intramedulares (nunca deixam a substância cinzenta); · É responsável por reflexos, por comportamentos de retirada e pelo gerador central de padrão (envolvido na locomoção) · OBS: o neurônio sensitivo não é considerado um neurônio reticular da medula, visto que o corpo celular dele está no gânglio – mesmo que ele se relacione com uma raiz nervosa (raiz dorsal). · Neurônio cordonal: · São neurônios de associação; · Possuem axônio longo; · Trafegam pela substância branca; · Ascendem para o encéfalo ou descendem para segmentos inferiores; · PROJEÇÃO-> terminam fora da medula espinal, termina no encéfalo; · ASSOCIAÇÃO-> o axônio de bifurca em ramos ascendentes e descendentes para fazer reflexos intersegmentares da medula espinal · Servem para que os comportamentos da medula espinal sejam integrados em diferentes segmentos; por exemplo quando você tropeça, que necessita ajustar várias partes do corpo (pé, quadril, coluna, braços...) ORGANIZAÇÃO DOS NEURÔNIOS MEDULARES · Foi inicialmente separada e núcleos (que são aglomerados de neurônios com funções relacionadas; · Na coluna anterior: · Possui núcleos mais bem definidos; · Núcleo medial: são corpos celulares de neurônios que vão controlar a musculatura axial (a musculatura mais proximal do corpo ex: abdominal, do tronco...) · Núcleo anterolateral: vai controlar a musculatura distal. Esses núcleos só vão estar presentes nas intumescências cervical e lombar (na medula espinal torácica, essa região do corno é muito mais fina) · Na coluna posterior e intermédia: · Núcleo torácico: propriocepção inconsciente; · Substância gelatinosa: recebe fibras sensitivas da raiz dorsal. ORGANIZAÇÃO DOS CORPOS CELULARES MEDULARES · Lâminas de Rexed · Os neurônios se aglomeram em camadas de funções relacionadas; · Lâminas I e II: possui neurônios de associação responsáveis pela transmissão de dor, coceira e temperatura; · Lâminas III e IV: possui neurônios de associação responsáveis pela transmissão da informação do tato protopático (grosseiro) e pressão; · Lâminas V e VI: possuem neurônios de associação responsáveis pela retransmissão da dor difusa e pela retransmissão proprioceptivas. · Grande parte dos neurônios do corno dorsal vão ser neurônios cordonais de projeção, que vão projetar informações sensitivas dessas lâminas acima. · Lâmina VII: são neurônios motores viscerais, que são neurônios radiculares · Lâminas VIII e IX: são neurônios motores somáticos (8: núcleos mediais/ 9: núcleos anterolaterais) · Lâmina X: Está ao redor do canal central da medula e vai formar os neurônios cordonais de associação que vão fazer os reflexos intersegmentares. ESTRUTURA GERAL DA MEDULA ESPINAL – CORTE TRANSVERSAL · A substância branca da medula é dividida em fascículos -> esses fascículos vão estar presentes em diferentes funículos da medula espinal-> esses funículos são divididos baseados em acidentes anatômicos da coluna; · Tratos ocorrem, preferencialmente longitudinais, em compartimentos definidos dentro da substância branca; · Acidentes anatômicos fornecem pista da localização dos tratos; · Entre um sulco ântero lateral e outro tem os funículos anteriores; · Entre o sulco ântero lateral e o posterolateral tem os funículos laterais; · Entre os sulcos posterolaterais vai ter os funículos posteriores; · Através desses funículos vão trafegar uma série de fascículos da medula espinal. VIAS ASCENDENTES DA MEDULA ESPINAL · Conduzem informações sensitivas para o encéfalo; · No funículo posterior: · Fascículo Grácil: medial; inicia-se na medula caudal (traz informações de membros inferiores) · Fascículo Cuneiforme: lateral; inicia-se na medula torácica alta (traz informações de membros superiores) · Trazem informações como propriocepção, tato discriminativo, sensibilidade vibratória, estereognosia · O que é mais relevante nestes fascículos do funículo posterior é que ele é a única região da subs branca da medula que vai trazer a informação do tato discriminativo (tato delicado) · O neurônio do gânglio periférico emite um axônio que vai trafegar a medula inteira, vai atravessar a medula, e vai chegar no encéfalo. Obs: o encéfalo contém axônios do snp? sim · Na substância branca da medula espinal vai ter também uma série de tratos ascendentes levando informações sensitivas passando por diferentes funículos. · Vias ascendentes do funículo lateral: · Trato espino cerebelar posterior: responsáveis por propriocepção; neurônios cordonais de projeção isolaterais (se mantém do mesmo lado) seguem pelo funículo lateral posterior; · Trato espinho cerebelar anterior: responsáveis por propriocepção; recebem informações de neurônios sensitivos que são adentrar o corno dorsal da medula, vão para a camada V e VI, podem decussar (cruzar para o outro lado) ou não e seguem pelo funículo lateral anterior; · Trato espino talâmico lateral: leva impulsos de temperatura, dor e coceira; recebem a informação através de neurônios sensitivos e esses vão se comunicar nas lâminas de Rexed, I e II, a informação vai decussar (vai para o lado contralateral) e vai levar a informação até o tálamo, onde será retransmitido para o córtex; · Trato espino-talâmico anterior: responsável pelos impulsos de tato protopáticos e pressão; os neurônios cordonais de projeção fazem sinapses nas lâminas III e IV, decussam e seguem para o encéfalo; · Todas as vias ascendentes aumentam em direção aos níveis cervicais pela adição de novas fibras. VIAS DESCENDENTES DA MEDULA ESPINAL · Vão conduzir informações motoras somáticas ou vegetativas para a medula espinal · Vias descendentes piramidais: passam pelas pirâmides bulbares; · Existem 2 tratos principais oriundos das vias piramidais: · Trato córtico epinal anterior: localizado no funículo anterior, controla principalmente os músculos axiais; · Trato córtico espinal lateral: localizado no funículo lateral, controla os músculos distais (relacionada aos músculos anterolaterais); · Vias descendentes extrapiramidais, que não trafegam pelas pirâmides bulbares: · Tecto espinal: reflexos oculares, trafegam pelo funículo anterior; · Vestíbulo espinal: controla o equilíbrio e a musculatura axial, trafegam no funículo anterior; · Rubro espinal: controlam a musculatura distal, trafegam pelo funículo lateral; · Retículo espinal: controlam a musculatura axial e proximal, trafegam pelo funículo anterior e lateral. MUDANÇA NA HISTOLOGIA DA MEDULA ESPINAL AO LONGO DO EIXO CRÂNIO-CAUDAL · Quanto mais se aproxima do encéfalo, maior a quantidade de substância branca, já que há mais fibras sensoriais e motoras nesse segmento; · As intumescências cervical e lombares apresentam corno ventral alargado por conta de mais neurônios motores para inervar os membros · As intumescências cervical e lombares apresentam corno dorsal mais alargado por conta de mais aferências referentes à sensibilidade dos membros MENINGES · São membranas de tecido conjuntivo que envolvem o SNC; · Envolve a medula espinal e o encéfalo; · Existem 3 meninges: · Dura-máter: tecido conjuntivo denso modelado; · Aracnóide-máter: tecido conjuntivo frouxo avascular, com a porção membranosa e a porção trabeculada(em meio ao espaço subaracnóideo) · Pia-máter: tecido conjuntivo frouxo muito vascularizado. DOENÇAS · A medula espinal pode ser sujeita a determinadas patologias: · ELA: degeneração dos neurônios motores GÂNGLIOS · É o acúmulo de corpos celulares de neurônios situados fora do snc; · São estruturas que possuem corpos celulares de neurônios que compõem os nervos raquidianos; · Os corpos celulares de neurônios motores (eferentes) estão localizados no SNC · E os dos neurônios sensitivos (aferentes) estão localizados em gânglios perto da medula -> gânglio espinhal ou gânglio da raiz dorsal ESTRUTURA DOS GÂNGLIOS · São envolvidos por uma cápsula de tecido conjuntivo -> epineuro · Região cortical: corpos celulares dos neurônios sensoriais e células satélite · Região medular: prolongamentos axonais envolvidos pela célula de Schwann NEURÔNIO SENSITIVO DO GÂNGLIO DA RAIZ DORSAL · Neurônios pseudounipolares: · Ramo central: penetra no SNC · Ramo periférico: porção sensorial - Núcleo da célula de Schwann 1- Tecido conjuntivo 2- Neurônio ganglionar: possui núcleo claro, com nucléolo evidentes, corpo celular grande (pois são neurônios de projeção que enviam seu axônio até a periferia do corpo, precisando ser eficiente ao sintetizar proteínas) e com muita substância de Nissl e núcleo com muita síntese de RNA mensageiro 3- Axônio e bainha de mielina GÂNGLIO AUTONÔMICO · São grandes e ricos em prolongamentos; · São multipolares (característica de neurônios que recebem sinapses) - Nota-se que já não são mais tão esféricos; - Os corpos celulares não estão mais na periferia do gânglio, eles estão espalhados - Ele é simpático porque há uma cápsula de tecido conjuntivo e do lado de fora um espaço vazio; se fosse parassimpático, a cápsula se confundiria com o espaço vazio Nervos · São cordões constituídos por feixes de fibras nervosas envoltas por tecido conjuntivo, que comunicam o SNC a órgãos periféricos NERVOS PERIFÉRICOS · 31 pares de nervos periféricos (1 correspondente a cada segmento medular) · 8 pares de nervos cervicais, 12 pares de nervos torácicos, 5 pares de nervos lombares,5 pares de nervos sacrais e 1 par de nervo coccígeo; · 12 pares de nervos cranianos; ESTRUTURA DOS NERVOS PERIFÉRICOS · Nervos: são feixes de fibras nervosas (axônio) envolvidas por uma camada de tecido conjuntivo; · Fibras nervosas: axônio, bainha de mielina e células de Schwann; · Fibras mielinizadas e amielinizadas; · Axônio + bainha de mielina = fibra nervosa · A fibra nervosa é envolvida por uma camada de tecido conjuntivo frouxo, que possua muito colágeno do tipo III, chamada de endoneuro; · Um conjunto de fibras nervosas envolvidas pelo endoneuro forma um fascículo; · O fascículo é envolvido por uma camada de tecido conjuntivo especializado chamada de perineuro; · Esse perineuro é vascularizado, tendo vários vasos passando por ele; · E então um tecido conjuntivo denso vai englobar tudo isso, e ele é chamado de epineuro; ele vai realizar a proteção; · O conjunto de feixes de fibras nervosas envolvidas por endoneuro, perineuro e epineuro é chamado de NERVO. EPINEURO · Tecido conjuntivo com poucas fibras de colágeno elásticas -> fibroblastos modificados dispostos em camadas (3-5 células); · O epineuro é um conjunto de células perineurais que vão fazer pinocitose para trazer nutrientes presentes na evasculatura para as fibras -> faz um transporte transcelular através das células · Há uma seleção do que é realmente necessário para as fibras ESTRUTURA DOS NERVOS PERIFÉRICOS · As fibras podem ser: · Mielínicas: as células de Schwann envolvem o axônio; · Amielínicas: uma única célula de Schwann envolve vários axônios -> não há produção de bainha de mielina · Nas fibras mielínicas:· observa-se o axônio, o núcleo da célula de Schwann e seu citoplasma envolvendo tudo. · A espessura da bainha de mielina é proporcional ao diâmetro do axônio; · Nas fibras amielínicas: · observa-se a célula de Schwann envolvendo vários axônios próximos com sua membrana plasmática; · tem axônios menores e mais arredondados · difícil visualização na microscopia ótica · Quanto maior o calibre (quanto mais espessa a bainha de mielina) mais rápida será a condução; · Quanto mais fino seu calibre, mais lento será a velocidade de condição. BAINHA DE MIELINA · Sua estrutura é composta por diversas voltas feitas pela membrana plasmática da célula de Schwann · Proteínas de adesão, presentes na membrana plasmática da célula de Schwann, fazem com que fique pouco citoplasma e pouco espaço extracelular durante essas voltas · Folheto externo (espaço extracelular): linha intraperiótica (é a aproximação das superfícies externas da membrana plasmática); mais clara · Folheto interno (citoplasma): linha densa principal (justaposição íntima das membranas internas); mais escura M- bainha de mielina -> as linhas escuras são as densas e as claras as intraperiódicas; LB- citoplasma da célula de Schwann; C- colágeno do endoneuro · O mesaxônio externo é a primeira camada de mielina que vai envolver o axônio e o mesaxônio interno é a última NERVO ÓPTICO · É envolto por meninges; (não por perineuro...) · Tem predomínio de fibras mielínicas; · As fibras amielínicas trafegam desnudas pelos nervos; NERVO OLFATÓRIO · Fibras amielínicas circundadas por citoplasma da glia embainhante olfatória; · Essa glia que envolve esses nervos permitem a regeneração dos neurônios olfatórios; · NÃO parece SNC nem SNP, mesmo que sua origem seja no telencéfalo, no tubo neural;
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