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A geração de 30:
Carlos Drummond de Andrade
A poesia de 30
Os poetas da geração de 1930, assim como os romancistas, viveram o período
de tensão dos anos 1930-40, marcados por fatos como a Revolução de
1930, o início do Estado Novo (1937-45), a eclosão da Segunda Guerra Mundial,
o acirramento ideológico, entre outros. Apesar disso, a poesia buscou
caminhos próprios, diferenciando-se da prosa, que explorou fortemente o
veio regionalista.
O traço preponderante da poesia dessa geração é a reflexão sobre o “estar
no mundo”, voltada muitas vezes para questões sociais, mas também
para questões filosóficas, existenciais, espirituais e amorosas.
Do ponto de vista formal, os poetas da geração de 1930 mantiveram as
conquistas da geração de 22 − como o verso livre, as palavras em liberdade,
a busca de uma linguagem brasileira, mais próxima do oral e do coloquial,
etc. −, mas retomaram alguns dos procedimentos formais antes combatidos
pelos modernistas, como o verso regular, o soneto e outras formas tradicionais
da poesia. Aliás, alguns escritores dessa geração, como Vinícius
de Morais, destacaram-se como grandes sonetistas.
Os principais poetas dessa geração foram Carlos Drummond de Andrade,
Cecília Meireles, Vinícius de Morais, Jorge de Lima, Murilo Mendes e Mário
Quintana. A poesia de Drummond será estudada neste capítulo; a de
Cecília Meireles e Vinícius de Morais, no capítulo 1 da unidade seguinte.
Carlos Drummond de Andrade
A primeira obra de poesia de Carlos Drummond de Andrade, Alguma poesia,
foi publicada em 1930. Ao longo dos mais de cinquenta anos de produção
literária do poeta, sua a obra foi se modificando, refletindo os fatos
histórico-sociais, porém nunca deixou de apresentar certos traços que lhe
foram essenciais, como a reflexão existencial e a ironia.
Da vasta produção em prosa e verso do autor, daremos destaque à poesia,
que contou com várias fases. Os poemas das duas primeiras obras, Alguma
poesiae Brejo das almas (1934), foram criados sob a influência dos
modernistas de 22 e, por isso, ainda são marcados pelo experimentalismo
estético, pelo poema-piada, pela síntese, pela ironia e pelo humor. Apesar
disso, apresentam uma profunda reflexão sobre o “estar no mundo”, em
uma perspectiva mais individualista e pessimista, revelando um claro sentimento
de mal-estar, desagregação e inadequação.
A partir de 1940, entretanto, com a publicação de Sentimento do mundo,
nota-se uma clara mudança de perspectiva do poeta. Seus poemas se direcionam,
então, para temas sociais e universais, como a guerra, e passam a
expressar um sentimento de esperança e de união entre os homens. Essa
fase se estende nos livros subsequentes, José (1942) e Rosa do povo (1945). A
publicação deste último livro coincide com o fim da Segunda Guerra Mundial
e do Estado Novo, no Brasil.
Nas obras posteriores, o poeta retoma a postura reflexiva e filosófica das
obras iniciais, marcada por acentuados traços de desilusão e pessimismo
em relação à humanidade. São dessa fase as obras Claro enigma (1951), Fazendeiro
do ar (1954) e A vida passada a limpo (1959).
Na fase final de sua produção, em obras como Boitempo(1968), Corpo
(1982), Amar se aprende amando (1984), entre outras, Drummond se volta
para temas universais como a memória, o tempo, o amor e o erotismo.
FOCO NO TEXTO
Você vai ler, a seguir, dois poemas de Carlos Drummond de Andrade. O primeiro pertence
à obra Alguma poesia, e o segundo, à obra Sentimento do mundo.
Texto 1
Coração numeroso
Foi no Rio.
Eu passeava na Avenida quase meia-noite.
Bicos de seio batiam nos bicos de luz estrelas inumeráveis.
Havia a promessa do mar
e bondes tilintavam,
abafando o calor
que soprava no vento
e o vento vinha de Minas.
Meus paralíticos sonhos desgosto de viver
(a vida para mim é vontade de morrer)
faziam de mim homem-realejo imperturbavelmente
na Galeria Cruzeiro quente quente
e como não conhecia ninguém a não ser o doce vento mineiro,
nenhuma vontade de beber, eu disse: Acabemos com isso.
Mas tremia na cidade uma fascinação casas compridas
autos abertos correndo caminho do mar
voluptuosidade errante do calor
mil presentes da vida aos homens indiferentes,
que meu coração bateu forte, meus olhos inúteis choraram
O mar batia em meu peito, já não batia no cais.
A rua acabou, quede as árvores? a cidade sou eu
a cidade sou eu
sou eu a cidade
meu amor.
(Reuni‹o. 10. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1980. p. 15-6.)
Texto 2
A noite dissolve os homens
A Portinari
A noite desceu. Que noite!
Já não enxergo meus irmãos.
E nem tampouco os rumores
que outrora me perturbavam.
A noite desceu. Nas casas,
nas ruas onde se combate,
nos campos desfalecidos,
a noite espalhou o medo
e a total incompreensão.
A noite caiu. Tremenda,
sem esperança... os suspiros
acusam a presença negra
que paralisa os guerreiros.
E o amor não abre caminho
na noite. A noite é mortal,
completa, sem reticências,
a noite dissolve os homens,
diz que é inútil sofrer,
a noite dissolve as pátrias,
apagou os almirantes
cintilantes! nas suas fardas.
A noite anoiteceu tudo...
O mundo não tem remédio...
Os suicidas tinham razão.
Aurora,
entretanto eu te diviso, ainda tímida,
inexperiente das luzes que vais acender
e dos bens que repartirás com todos os homens.
Sob o úmido véu de raivas, queixas e humilhações,
adivinho-te que sobes, vapor róseo, expulsando a treva noturna.
O triste mundo fascista se decompõe ao contato de teus dedos,
teus dedos frios, que ainda se não modelaram
mas que avançam na escuridão como um sinal verde e peremptório.
Minha fadiga encontrará em ti o seu termo,
minha carne estremece na certeza de tua vinda.
O suor é um óleo suave, as mãos dos sobreviventes se enlaçam,
os corpos hirtos adquirem uma fluidez,
uma inocência, um perdão simples e macio...
Havemos de amanhecer. O mundo
se tinge com as tintas da antemanhã
e o sangue que escorre é doce, de tão necessário
para colorir tuas pálidas faces, aurora.
1. O poema “Coração numeroso” é organizado em duas partes e mostra impressões
do eu lírico na cidade do Rio de Janeiro. Considerando essa estrutura do poema e as
ideias que ele apresenta, responda:
a. Que versos compõem a primeira e a segunda partes? Justifique sua resposta.
b. Que palavra introduz a segunda parte?
c. Logo, entre as duas partes, que tipo de relação há: de causa e consequência, de
oposição ou de condição?
2. A respeito da relação do eu lírico com a cidade do Rio de Janeiro, responda, justificando
com elementos do texto:
a. O eu lírico é dessa cidade? Releia os dois versos da primeira estrofe e infira: Qual é a
origem dele?
b. Como o eu lírico se sente no Rio de Janeiro?
c. O modo como o eu lírico se sente resulta apenas de ele estar na cidade do Rio de
Janeiro ou ele já se sentia assim antes?
3. Na segunda parte do poema, algo de novo começa a acontecer,
dando início a uma gradação de emoções e sentimentos.
a. Como o eu lírico começa a ver e sentir a cidade? Justifique sua resposta
com palavras ou expressões do texto.
b. Que versos dessa parte exprimem a mudança de sentimentos
do eu lírico em relação à cidade? Justifique sua resposta.
c. Considerando a gradação, levante hipóteses e responda: A que
ou a quem se refere a expressão meu amor, que finaliza o poema?
O que essa expressão representa nas transformações que
o eu lírico estava vivendo?
5 .O poema “A noite dissolve os homens” também é, como “Coração numeroso”,
organizado em duas partes.
a. Identifique essas duas partes.
b. Que palavras do poema constituem uma antítese entre as partes?
6. Observe estes versos do poema:
• “acusam a presença negra”
• “A noite anoiteceu tudo...”
• “inexperiente das luzes que vai acender”
• “adivinho-te que sobes, vapor róseo, expulsando
a treva noturna.”
• “se tinge com as tintas da antemanhã”
• “e o sangue que escorre é doce, de tão necessário
/ para colorir tuas pálidas faces,
aurora.”
a. Que alterações cromáticas, observadas na sequência dos versos acima, ocorrem ao
longo do poema?
b. Que figura de linguagem se verifica nas transformação das cores?
7. O poema se inicia com o verso “A noite desceu. Que noite!”.
a.Que tipo de efeito a noite tem sobre os homens? Que sentimentos desperta nas
pessoas? Justifique sua resposta com trechos do poema.
b. A ação da noite se restringe a alguns homens ou tem um alcance geral? Justifique
sua resposta com elementos do poema.
c. O poema foi publicado em 1940. Que elementos do contexto são mencionados nele?
d. Levando em conta sua resposta no item anterior, interprete: O que representa a
metáfora a noite?
8. Na segunda estrofe, o eu lírico avista o nascimento da aurora.
a. No confronto com a noite, como a aurora se mostra inicialmente?
b. O que a aurora traz para os seres humanos? Justifique sua resposta com elementos
do texto.
c. Considerando o contexto, interprete: O que representa a metáfora aurora?

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