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1 Patologia Hanna Briza – NECROSE Morte celular em organismo vivo e seguida de autólise. 1. Quando a agressão interrompe a produção de energia 2. Os lisossomos perdem a capacidade de conter as hidrolases 3. Estas saem para o citosol e iniciam a autólise 4. As hidrolases lisossômicas digerem todos os substratos celulares. 5. Com a necrose, são liberadas alarminas (hmgb1, uratos e fosfatos) 6. Induzem reação inflamatória. A digestão dos componentes celulares pelas enzimas liberadas resulta nos achados morfológicos. → Alterações macroscópicas → Alterações microscópicas Macroscopicamente, a necrose tem aspectos variados. Alterações microscópicas são: 1. Alterações nucleares 2. Alterações citoplasmáticas ALTERAÇÕES NUCLEARES: 1. Picnose nuclear: ✓ Contração e condensação da cromatina, tornando o núcleo mais basófilo, homogêneo e menor do que o normal 2. Cariólise: ✓ Digestão da cromatina e desaparecimento dos núcleos 3. Cariorrexe: ✓ Fragmentação do núcleo. Picnose, cariólise e cariorrexe resultam: 1. Do abaixamento do pH na célula morta (que condensa a cromatina) 2. Da ação de desoxirribonucleases e outras proteases que digerem a cromatina e fragmentam a membrana nuclear •Observadas apenas algum tempo após a morte celular. Alterações morfológicas •Pode não haver sinais morfológicos Se a necrose ocorre rapidamente e o tecido é fixado logo em seguida •O exame morfológico do coração ao microscópico eletrôico não mostra alterações de necrose. Se uma pessoa sofre infarto agudo do miocárdio e morre minutos depois NECROSE ISQUÊMICA: coloração esbranquiçada e tumefeita NECROSE ANÓXICA: Há extravasamento de sangue, e área tem aspecto hemorrágico (avermelhado). NECROSE CASEOSADA TUBERCULOSE: Aspecto de massa de queijo, esbranquiçada e quebradiça (necrose caseosa). NECROSE GOMOSA: Lesões têm aspecto de goma (necrose gomosa da sífilis). NECROSE POR LIQUEFAÇÃO OU COLIQUATIVA: Tecido é digerido até a liquefação, com aspecto semifluido, comum no encéfalo 2 Patologia Hanna Briza Alterações citoplasmáticas: → No início, há aumento da acidofilia → Mais tarde, o citoplasma torna-se granuloso e forma massas amorfas. Agentes lesivos produzem necrose pelos seguintes mecanismos: 1. Redução de energia: ✓ Por obstrução vascular (isquemia, anóxia) ✓ Por inibição dos processos respiratórios da célula 2. Geração de radicais livres 3. Ação de enzimas líticas 4. Ação direta sobre enzimas, inibindo processos vitais da célula (agentes químicos e toxinas) 5. Agressão direta à membrana citoplasmática NECROSE POR COAGULAÇÃO → Causa mais frequente: isquemia. ✓ Macroscopicamente a área atingida: → Esbranquiçada → Fica circundada por um halo avermelhado (hiperemia que tenta compensar a isquemia). Microscopicamente, as células necrosadas: → Alterações nucleares, especialmente cariólise → Citoplasma com aspecto de substância coagulada ✓ Citoplasma torna-se acidófilo e granuloso, gelificado 3 Patologia Hanna Briza NECROSE DE LIQUEFAÇÃO Região necrosada adquire consistência mole, semifluida ou liquefeita. → Liquefação: causada por enzimas lisossômicas. → Comum no tecido nervoso, na suprarrenal e na mucosa gástrica. Em inflamações purulentas: → Liquefação deve-se à ação de enzimas lisossômicas liberadas por leucócitos exsudados. → Abscessos: áreas de infecção bacteriana purulenta que produzem uma nova cavidade no tecido. → Nova cavidade resulta de necrose liquefativa, por ação de enzimas proteolíticas das bactérias, e dos neutrófilos atraídos para combatê-las. 4 Patologia Hanna Briza NECROSE LÍTÍCA É a necrose de hepatócitos em hepatites virais, os quais sofrem lise ou esfacelo (necrose por esfacelo). NECROSE CASEOSA Macroscopicamente: → Área necrosada tem aspecto de massa de queijo (do latim caseum). Microscopicamente: → Células necróticas formam massa homogênea e acidófila → Núcleos picnóticose, principalmente na periferia, núcleos fragmentados (cariorrexe) → Na parte central da lesão, encontra-se carióliseextensa. → Células perdem totalmente seus contornos e os detalhes estruturais. 5 Patologia Hanna Briza → É comum na tuberculose. → A lesão parece resultar de agressão imunitária e hipóxia → Na doença, há também apoptose maciça de células inflamatórias → Na tuberculose, muitas células iniciam a apoptose e a concluem, enquanto outras iniciam a apoptose, mas evoluem para necrose, evidenciada por cariólise. NECROSE GOMOSA → Variedade de necrose por coagulação → O tecido necrosado assume aspecto compacto e elástico como borracha (goma), ou fluido e viscoso como a goma-arábica → Ocorre na sífilis tardia (goma sifilítica). ESTEATOSENECROSE → Também chamada de necrose enzimática do tecido adiposo → Encontrada tipicamente na pancreatite aguda necrohemorrágica Pancreatite aguda necrohemorrágica: → Que resulta do extravasamento de enzimas pancreáticas 6 Patologia Hanna Briza Por ação de lipases sobre os triglicerídeos, os ácidos graxos liberados sofrem saponificação → E originam depósitos esbranquiçados ou manchas com aspecto macroscópico de pingo de vela. EVOLUÇÃO Células mortas e autolisadassão um corpo estranho 1. Desencadeiam resposta do organismo para reabsorção e reparo 2. Restos celulares são fagocitadospelas células inflamatórias 3. No local, surgem os processos de reparo REGENRAÇÃO Se o tecido tem capacidade regenerativa: → Fatores de crescimento liberados por células vizinhas e por leucócitos induzem multiplicação das células parenquimatosas. → Se a destruição é pequena e o estroma é pouco alterado, há regeneração completa. Ex: fígado após hepatites discretas → Se a necrose é extensa, a trama reticular sofre colapso, os hepatócitos não conseguem organizar-se no lóbulo hepático e formam nódulos. CICATRIZAÇÃO Processo em que o tecido necrosado é substituído por tecido conjuntivo cicatricial 1. Ocorre tipicamente quando a lesão é extensa. 2. e, sobretudo, se as células afetadas não têm capacidade regenerativa 3. leucócitos migrados digerem os restos teciduais e liberam fatores de crescimento 4. que induzem 5. proliferação de vasos e de tecido conjuntivo para formar a cicatriz. 6. Em poucos dias, a área de necrose fica cicatrizada (3 semanas no miocárdio) 7. Cicatriz se retrai por contração dos miofibroblastos, reduzindo o volume da área comprometida Encistamento → Quando o material necrótico não é absorvido, por ser volumoso ou por falta de migração de leucócitos. → a reação inflamatória desenvolve-se somente na periferia da lesão → o que forma uma cápsula conjuntiva que encista o material necrótico → Com o tempo, restos teciduais destruídos são reabsorvidos, ficando somente conteúdo líquido ELIMINÇÃO → Se a área de necrose alcança um canal que se comunica com o meio externo → O material necrosado é eliminado, originando uma cavidade → Na tuberculose pulmonar, o material caseoso é eliminado pelos brônquios, e forma as cavernas tuberculosas CALCIFICAÇÃO → A área de necrose, especialmente a caseosa, pode também calcificar-se. 7 Patologia Hanna Briza GANGRENA A gangrena é uma forma de evolução de necrose secundária à ação de agentes externos. GANGRENA SECA → Ocorre por desidratação da região atingida quando em contato com o ar → Aspecto de pergaminho e tecidos de múmias (mumificação). → Cor escura, azulada ou negra, por impregnação por pigmentos de hemoglobina → Linha nítida delimitando tecido morto e não lesado. → Ocorre, sobretudo, nas extremidades de dedos, artelhos e ponta do nariz,geralmente por lesões vasculares do diabetes melito. GANGRENA ÚMIDA OU PÚTRIDA Resulta de invasão por microrganismos anaeróbios: → Que produzem de enzimas que liquefazem os tecidos mortos → Produzem gases fétidos que se acumulam em bolhas juntamente com o material liquefeito. → Comum em necroses do trato digestivo, pulmões e pele, nos quais a umidade a favorece. → Absorção de produtos tóxicos da gangrena pode provocar reações sistêmicas fatais e choque séptico. GANGRENA GASOSA → Secundária à contaminação com microrganismos do gênero Clostridium: ✓ Que liberam enzimas proteolíticas e lipolíticas e grande quantidade de gás, formando bolhas. → Comum em feridas infectadas → Foi muito frequente na 1ª guerra mundial, quando, geralmente, era fatal.
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