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unidade 3 etnico raciais

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24/11/2019 Identidades e Diversidades Étnico-Raciais
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IDENTIDADES E DIVERSIDADES
ÉTNICO-RACIAIS
CAPÍTULO 3 - COMO DESCONSTRUIR A
COLONIZAÇÃO NA PRÁTICA?
Rita de Cássia da Silva Leão
INICIAR
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Introdução
Você já parou para pensar a respeito da origem e do histórico dos direitos humanos?
E sobre o respeito à diversidade étnico-racial, com base nos direitos humanos?
Neste capítulo, refletiremos juntos sobre as bases dos direitos humanos, sua relação
com o respeito à diversidade cultural e conheceremos as bases dos direitos civis.
Veremos que a experiência da escravidão na história do Brasil é a semente da
desigualdade que nos assola. Mesmo depois de aboli-la, observamos diversos
aspectos que levaram à continuidade de seu projeto, como a presença dos grandes
latifúndios e do sistema patriarcal, que levaram o negro a continuar sendo visto como
inferior, legitimando a exploração. A marginalização foi perpetrada pela falta de
políticas públicas para que os escravos libertos fossem inseridos na sociedade, além
da imigração europeia como forma de substituir sua mão de obra – na agricultura de
café e na indústria.
Pensando nesse contexto social, você já refletiu sobre a necessidade de ações
afirmativas e políticas públicas de promoção da igualdade racial? Aqui você terá a
oportunidade de compreender o significado desses termos, além de conhecer quais
ações foram implantadas no Brasil.
Por fim, terá a oportunidade de pensar e recordar sobre as propostas da Legislação
10.639/2003, a qual altera as bases da educação nacional e inclui os conteúdos
referentes à História e Cultura Afro-brasileira no ensino básico nacional (BRASIL,
2003). Refletiremos também sobre a lei 11.645/2008, a qual diz respeito à inclusão da
História da África e cultura afro-brasileira e indígena no currículo escolar (BRASIL,
2008).
Após estudar este capítulo, você será capaz de reconhecer a importância de educar
cidadãos conscientes sobre seu pertencimento étnico-racial.
Bom estudo!
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3.1 Direitos humanos, diversidade e
direitos civis
Neste item veremos os motivos que fomentaram as propostas de declaração dos
direitos humanos e quais as dificuldades de colocá-las em prática. Pensaremos sobre
as principais críticas a essa declaração e sobre como foi realizada no contexto de pós-
Segunda Guerra Mundial – um período em que não havia consenso quanto aos
conceitos de direitos e de humanos.
Vamos encarar alguns desafios juntos, ao analisar em que medida as convenções de
eliminação de todas as formas de discriminação racial, em 1965, e dos direitos dos
povos indígenas, aprovada em 2007, têm relação com as conquistas pelo direito de
civil de forma mais ampla em nosso país (BRASIL, 2007).
3.1.1 Os sentidos e as origens dos direitos humanos
Neste subtópico, o objetivo é levar você, estudante, a compreender os meandros da
Declaração Universal dos Direitos dos Humanos proclamada em 1948, após o
término da Segunda Guerra Mundial (1933 a 1945). O holocausto de judeus (e de
populações consideradas “inferiores” pelos nazistas) e o lançamento das bombas
atômicas que atingiram Hiroshima e Nagasaki, em 1945, foram evidências da
possibilidade da humanidade se autodestruir (FISCHMANN, 2001).
A Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) – proclamada em 1948 pela Assembleia Geral da
Organização das Nações Unidas (ONU) – reconhece a necessidade impreterível de união entre os povos
para a proteção universal dos direitos. Para ler o documento na íntegra acesse o endereço:
<http://www.onu.org.br/img/2014/09/DUDH.pdf (http://www.onu.org.br/img/2014/09/DUDH.pdf)>.
VOCÊ QUER LER?
http://www.onu.org.br/img/2014/09/DUDH.pdf
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Logo após o término da Segunda Guerra Mundial, em 1945, foi criada a Organização
das Nações Unidas (ONU) com o objetivo de mediar as relações entre todos os países.
A DUDH foi proclamada três anos depois, – em Assembleia Geral da ONU –
abarcando, em seus 30 artigos, direitos civis, políticos, econômicos, sociais e
culturais para todos os cidadãos do mundo. Em suma, o documento aborda direitos
indispensáveis ao ser humano.
De acordo com Fischmann (2001, p. 67), ao lermos os artigos da DUDH percebemos
“o reconhecimento do caráter insubstituível de cada indivíduo para a espécie
humana”. Contudo, sabemos que mesmo depois da declaração houve muitas
atrocidades contra seres humanos em todas as localidades do planeta (SANTOS,
1997).
Mesmo havendo muitos questionamentos a respeito do caráter universal proposto
pela DUDH, o tema da diversidade de povos e nações foi lentamente incutido nos
debates internacionais.
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Um dos estudiosos sobre o assunto, Santos (1997, p. 11), diz o seguinte: “os direitos
humanos só poderão desenvolver o seu potencial emancipatório se se libertarem do
seu falso universalismo e se tornarem verdadeiramente multiculturais”.
O que significa tornar-se multicultural?  De acordo com Santos (1997), basicamente
significa:
não subordinar outras formas de culturas a uma cultura dominante;
promover, além da igualdade econômica, o respeito às diferenças étnicas, à
orientação sexual, ao gênero e a faixa etária;
promover uma redistribuição socioeconômica e uma política da diferença, ou
seja, que proporcionem ações afirmativas para os grupos que sofreram
discriminação;
Figura 1 - Promoção da igualdade econômica e respeito às diferenças étnicas são direitos indispensáveis
ao ser humano. Fonte: Sadik Gulec, Shutterstock, 2018.
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reconhecer as diversidades culturais.
Boaventura de Sousa Santos é pesquisador e diretor do Centro de Estudos Sociais da Universidade de
Coimbra (Portugal). Possui uma extensa lista de obras publicadas na área das ciências sociais e dos
direitos humanos. Mantém estreita relação com o Brasil e se preocupa com o melhor entendimento entre
os povos.
Outra crítica de Santos (1997, p. 11) diz respeito ao fato de que:
[...] após a Segunda Guerra Mundial, os direitos humanos foram parte integrante da política da
Guerra Fria, e como foram considerados pela esquerda. Duplos critérios ocorreram na avaliação
das violações dos direitos humanos: complacência para com ditadores amigos, defesa do
sacrifício dos direitos humanos em nomes dos objetivos do desenvolvimento – tudo isto tornou
os direitos humanos suspeitos enquanto guião emancipatório.
Em outras palavras, além da complacência com ditadores amigos, as políticas dos
direitos estavam atreladas aos “[...] interesses econômicos e geopolíticos dos Estados
capitalistas hegemônicos” (SANTOS, 1997, p. 20). O aspecto central dessa crítica
reside no fato de os direitos humanos terem sido concebidos como universais, mas
operarem como uma forma de globalização de-cima-para-baixo, ou seja,
etnocêntrica. Os valores ditos como universais na verdade são os valores dos países
de capitalismo desenvolvido, portanto, não haveria como os direitos humanos serem
universais na sua aplicação (SANTOS, 1997).
Imagine se fôssemos consultar todos os povos do mundo sobre o assunto.
Perceberíamos que “[...] todas as culturas tendem a considerar os seus valores
máximos como os mais abrangentes, mas apenas a cultura ocidental tende a
formulá-los como universais” (SANTOS, 1997, p. 19).A própria Declaração Universal
VOCÊ O CONHECE?
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de 1948 foi elaborada sem a participação da maioria dos povos do mundo, uma vez
que a Assembleia Geral da ONU reuniu 56 países e muitos povos não eram
considerados como nação, portanto, não participaram. Você concorda que há uma
contradição? Para serem considerados universais não deveria ter havido a
participação da maioria dos povos?
O documentário Unidos pelos direitos humanos traz um panorama histórico sobre os direitos do homem
desde 539 a.C., na Antiga Pérsia, além da citação de diversos documentos que serviram como precursores
dos direitos humanos de 1948, tais como a Declaração Francesa dos Direitos do Homem e do Cidadão
(1789) e a Declaração dos Direitos dos Estados Unidos (1791). Para assisti-lo acesse o endereço:
<http://br.humanrights.com/what-are-human-rights.com.pt (http://br.humanrights.com/what-are-human-
rights.com.pt)>.
Em 1948, conforme já dito anteriormente, muitos povos não eram reconhecidos
como Estados, portanto, não tiveram a oportunidade de participar da Convenção da
ONU. Para Chaui e Santos (2013), se considerarmos os conhecimentos e experiências
do Brasil e de outros povos colonizados, a declaração é colonialista.
E apesar de todas as lacunas e tendências hegemônicas, de acordo com Santos
(1997, p. 20), em muitos lugares do mundo,
[...] milhões de pessoas e milhares de ONG’s têm vindo a lutar pelos direitos humanos, muitas
vezes correndo grandes riscos, em defesa de classes sociais e grupos oprimidos, em muitos casos
vitimizados por Estados capitalistas autoritários. Os objetivos políticos de tais lutas são
frequentemente explícita ou implicitamente anticapitalistas.
VOCÊ QUER VER?
http://br.humanrights.com/what-are-human-rights.com.pt
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Ainda conforme Santos (1997, p. 19), “[...] é como se os direitos humanos fossem
invocados para preencher o vazio deixado pelo socialismo”. Até o final dos anos 1980,
a esquerda sonhava com o socialismo e via com desconfiança os direitos humanos,
pois muitas vezes os representantes da ONU fecharam os olhos, por exemplo, para as
torturas e violências realizadas por parte do Estado durante as ditaduras militares no
Brasil e em outros países na América Latina.
Contudo, como atestam Chaui e Santos, (2013, p. 42): “A hegemonia dos direitos
humanos como linguagem de dignidade humana é hoje incontestável”, apesar disso,
sabemos que o que prepondera mundialmente é a ausência de direitos humanos na
prática.
Para refletirmos juntos: como tornar esse documento mais que palavras em um papel
e incluir a maioria da população mundial como sujeitos de direitos humanos? Quem
são as pessoas que lutam pelos direitos humanos? Pessoas comuns e não
necessariamente militantes de partidos, que lutam pelos direitos humanos e pelo
respeito. Onde começam? Em pequenos lugares: perto de casa, no bairro, na escola,
no elevador. Nesses lugares procuramos por justiça e dignidade.
Leia um exemplo a seguir:
CASO
A Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania (SMDHC) – da
Prefeitura de São Paulo – e o Instituto Vladimir Herzog realizaram projeto
intitulado Educação em Direitos Humanos (EDH). Na primeira etapa, o
objetivo é sensibilizar e refletir sobre os significados de educação em direitos
humanos, sempre relacionando com os problemas do cotidiano escolar que
demonstram situações adversas. Todos os educadores que trabalham na
escola   são envolvidos. Na segunda etapa, é destacado o envolvimento de
cada um, e do coletivo da escola, com a EDH. Na terceira etapa, as atividades
são focadas em estimular um olhar atento para as práticas, na identificação do
que precisa ser transformado para a produção de um mapeamento. Na última
etapa, é proposta a elaboração de um plano para a realização efetiva de ações
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em colaboração com os alunos e familiares. Para saber mais sobre este projeto
acesse: <http://respeitarepreciso.org.br/
(http://respeitarepreciso.org.br/)>. 
Em resumo, o que são os direitos humanos? São os direitos fundamentais que
marcam a trajetória de uma pessoa, o direito à vida, à liberdade, à educação, ao
trabalho, direito de ter voz, de ter vez e de ser diferente. Direito à dignidade, enfim.
O ponto de partida para a garantia desses direitos é priorizar e disseminar valores
como a igualdade, solidariedade, dignidade, justiça, amizade e respeito, no
cotidiano. Mas afinal, o que é respeito? De acordo com o Dicionário Houaiss da
Figura 2 - O direito à vida e à liberdade são alguns dos direitos humanos fundamentais. Fonte:
Chameleons Eye, Shutterstock, 2018.
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http://respeitarepreciso.org.br/
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Língua Portuguesa, respeitar vem do latim respecto, que significa “olhar outra vez”;
algo que seja digno de um segundo olhar merece respeito, consideração, apreço e
deferência (HOUAISS, 2009, s. p.).
3.1.2 Respeito à diversidade
É sempre bom lembrar que não somos únicos, precisamos uns dos outros, somos
seres sociais. Quando vivemos pautados pelos valores dos direitos humanos, esses
nos orientam para o posicionamento diante de problemas como a homofobia, a
discriminação étnica e de gênero, bem como a violência. Quando as relações passam
a ser pautadas pelo respeito mútuo, contribuímos para o afastamento da violência na
vida dentro e fora das escolas.
Você já havia pensado nisso? Conhecer os outros – que vivem de forma distinta
daquela que conhecemos – leva à superação do medo que gera preconceito e
discriminação.
A partir dos anos 1960, as lutas pela autodeterminação dos povos tornaram-se pauta
da ONU. Nessa linha de raciocínio, foi organizada,em 1965, a Convenção
Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial. Como
apontam Chaui e Santos (2013, p. 61): “[...] com o passar do tempo, também o
sexismo, o colonialismo e outras formas mais cruas de dominação de classe foram
sendo reconhecidos como dando azo a violações dos direitos humanos”.
Vimos que os direitos humanos não são incólumes às falhas. Vale ressaltar que, em
uma primeira versão da DUDH, nota-se uma inclinação pelo cuidado com a vida
humana, mesmo que abstrata, motivada pelas atrocidades cometidas durante a
Segunda Guerra Mundial, como o extermínio de seres humanos de determinados
grupos. Contudo, ao longo de três décadas após 1948, compreende-se que certos
grupos não são vistos, não são contemplados, por serem mais vulneráveis à
discriminação – principalmente mulheres, crianças, indígenas, afro-descendentes,
homossexuais e transgêneros, entre outros – quando a promessa de proteção é
universal.
Nesse sentido, observamos que o fato de existirem populações mais vulneráveis que
outras, é preciso focar ao oferecer políticas públicas. Sejamos mais específicos: as
populações mais vulneráveis – dentre as quais, as citadas no parágrafo anterior –
precisam ser vistas com particularidade devido a sua condição social de exploração e
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dominação histórica. Para completar, “ao lado do direito à igualdade, surge, também,
como direito fundamental, o direito à diferença. Importa o respeito à diferença e à
diversidade, o que lhes assegura um tratamento especial” (PIOVESAN, 2007, p. 39).
A questão da igualdade e da diferença recebe um tratamento sem reservas em
Santos (2003, p. 57):
[...] temos o direito a ser iguais quando a nossa diferençanos inferioriza; e temos o
direito a ser diferentes quando a nossa igualdade nos descaracteriza. Daí a necessidade
de uma igualdade que reconheça as diferenças e de uma diferença que não produza,
alimente ou reproduza as desigualdades.
Este pensamento de Santos (2003) é citado em muitas de suas palestras, e
referenciado em livros e artigos de diversos autores que trabalham com direitos
humanos.
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Com base no que você estudou até aqui, e a partir da análise sobre os direitos
humanos ao longo das últimas décadas, é possível perceber que a proibição da
discriminação – por meio de leis – não basta para assegurar a igualdade e o respeito à
diferença. Chegou-se à conclusão da necessidade de haver políticas compensatórias
conjuminadas à legislação contra a discriminação (PIOVESAN, 2007).
Além disso, muitos povos continuaram internamente na condição de colonizados,
como é o caso dos povos indígenas. O direito à autonomia desses povos foi
reconhecido apenas no século XXI, com a Declaração das Nações Unidas sobre os
Direitos dos Povos Indígenas, aprovada na Assembleia Geral das Nações Unidas de
2007 (CHAUI; SANTOS, 2013). Mesmo assim, os povos indígenas continuam sofrendo
violência e persistem na luta pela demarcação de suas terras – ou para não perder as
terras já demarcadas.
Figura 3 - Direitos humanos devem assegurar a igualdade e o respeito às diferenças. Fonte: Anna Om,
Shutterstock, 2018.
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3.1.3 As bases dos direitos civis
Os direitos humanos e o respeito à diversidade coadunam com a história dos direitos
civis. Tornou-se uma prática entre os historiadores sobre a temática do direito
desmembrar a cidadania em direitos civis, políticos e sociais. Segundo Carvalho
(2013, p. 9): “O cidadão pleno seria aquele que fosse titular dos três direitos”.
Essa maneira de desdobrar os direitos foi desenvolvida pelo sociólogo inglês Thomas
Humphrey Marshall (1893-1981), o qual nos ajuda a pensar sobre o tema da
conquista da cidadania. Na Inglaterra, “[...] primeiro vieram os direitos civis, no
século XVIII. Depois, no século XIX, surgiram os direitos políticos. Finalmente, os
direitos sociais foram conquistados no século XX” (CARVALHO, 2013, p. 10). Nesse
país, a educação popular – uma conquista importante – foi obtida no século XIX, o
que proporcionou as reivindicações sociais ocorridas no início do século XX.
Parafraseando Carvalho (2013), referem-se aos direitos civis aqueles indispensáveis à
vida, tal como os citados na Declaração dos Direitos Humanos. No entanto, a ênfase
está na relação civilizada entre as pessoas e sua referência é a liberdade individual.
Vale lembrar que o surgimento da sociedade civil – o primeiro direito a ser
conquistado – advém do capitalismo, algo que na Inglaterra ocorreu no século XVIII.
De maneira geral, os direitos políticos se referem à participação no governo pelo voto
direto e secreto, com valor igual para todos, mas também no direito de ser votado, de
ser candidato a um cargo de representante. Para completar, é imprescindível para
existir os direitos políticos ter como instituição principal um parlamento livre e
representativo.
Os direitos sociais, em resumo, se referem ao acesso à educação de qualidade, ao
trabalho digno e outras benfeitorias relacionadas à riqueza coletiva. Outro aspecto
importante de sua concepção reside no fato de “[...] permitirem às sociedades
politicamente organizadas reduzir os excessos de desigualdade produzidos pelo
capitalismo e garantir um mínimo de bem-estar para todos. A ideia central em que se
baseiam é da justiça social” (CARVALHO, 2013, p. 10).
Todavia, no Brasil, o modelo britânico não se aplica, embora nos ajude a entender os
fundamentos dos direitos, sobretudo o civil. Uma das diferenças diz respeito à
alteração na sequência da conquista dos direitos, e outra, nas características da
nossa sociedade.
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[...] a herança colonial pesou mais na área dos direitos civis. O novo país herdou a
escravidão, que negava a condição humana do escravo, herdou a grande propriedade
rural, fechada à ação da lei, e herdou um Estado comprometido com o poder privado.
Esses três empecilhos ao exercício da cidadania civil revelaram-se persistentes.
Em outras palavras, no Brasil, os direitos civis não coadunavam com uma sociedade
escravista. A situação agravou-se depois de 1964, quando a ditadura militar os
suprimiu, e aqui vale lembrar que foram retiradas as liberdades de expressão, de
imprensa e da organização em partidos políticos. Estes direitos foram retomados
com a promulgação da Constituição Federal de 1988 (BRASIL, 1988).
3.2 Abolição para os ingleses verem
Você já deve ter ouvido a expressão “para inglês ver”, não é mesmo? Normalmente a
utilizamos quando algo é feito apenas para dissimular a verdadeira realidade.
Veremos, neste tópico, como foi realizada a abolição da escravatura no Brasil. Assim,
refletiremos se tratou-se de uma lei demagógica e apenas para os ingleses verem.
Após a abolição, quais as possibilidades de mudança social para os ex-escravos?
Veremos juntos se houve possibilidades de inserção desse contingente populacional
na sociedade e no mundo do trabalho de forma digna.
Por último, veremos qual relação podemos estabelecer entre a abolição da
escravatura e a imigração europeia no final do século XIX. Após a leitura deste tópico,
você será capaz de compreender esta relação.
3.2.1 Abolição e estratégias de continuidade
É possível afirmar que houve estratégias de continuidade da escravidão após a
abolição da escravatura de 1888, no Brasil? Você já havia refletido a respeito?
Os fundamentos para esta análise encontram-se em estudos de diversos
historiadores e sociólogos, dentre os quais Souza (2017), Carvalho (2013), Fernandes
(2008) e muitos outros.
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A partir dessas leituras podemos afirmar que houve uma continuidade do sistema de
grandes latifúndios e de uma sociedade patriarcal, levando o negro a continuar
sendo tratado como inferior, de maneira a legitimar a exploração. Além disso, não
houve políticas públicas para que os negros fossem inseridos na sociedade, sendo
parte da estratégia trazer imigrantes europeus como forma de substituir a mão de
obra na agricultura de café e na indústria que estavam em expansão, principalmente,
em São Paulo e Rio de Janeiro.
Vamos recordar alguns aspectos históricos? Segundo Carvalho (2013), de fato, o
negro trazido do continente africano para o Brasil – desde a segunda metade do
século XVI, continuamente até 1850 – não encontra perspectiva de inserção e nem
apoio na Constituição de 1891.
Até a concretização da abolição da escravatura, em 1888, muitas foram as transações
e interesses díspares entre Brasil e Inglaterra.
A Inglaterra exigiu, como parte do preço do reconhecimento da independência, a
assinatura de um tratado que incluía a proibição do tráfico de escravos. O tratado foi
ratificado em 1827. Em obediência a suas exigências, foi votada, em 1831, uma lei que
considerava o tráfico como pirataria (CARVALHO, 2013, p. 45).
Figura 4 - Resquícios da escravidão permanecem no mundo contemporâneo. Fonte: Marzolino,
Shutterstock, 2018.
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Dessa lei ficou o lema “para inglês ver”. Afinal, não houve nenhum efeito prático,
apenas manteve-se uma formalidade nasrelações com o país europeu, que tinha
intenções de aumentar as possibilidades de consumo de produtos ingleses pelos
brasileiros.
O Brasil voltou a ser pressionado pela Inglaterra em 1840, até que, em 1850, “[...] a
marinha inglesa invadiu portos brasileiros para afundar navios suspeitos de
transportar escravos. Só então o governo decidiu interromper o tráfico de maneira
efetiva” (CARVALHO, 2013, p. 46.)
Por fim, em 1888, a abolição é declarada, sendo que o Brasil foi o último país de
tradição cristã e ocidental a abolir a escravidão. A escravidão aqui era muito
difundida. Além dos escravizados pelos proprietários de terras, havia ex-escravos e
pessoas pobres que também possuíam escravos para alugar, como meio de
sobrevivência. “Testamentos examinados por Kátia Mattoso mostram que 78% dos
libertos da Bahia possuíam escravos.[...] Os valores da escravidão eram aceitos por
quase toda a sociedade” (CARVALHO, 2013, p. 48-49).
Quanto vale ou é por quilo?, filme produzido em 2005 e dirigido por Sérgio Bianchi, tem roteiro inspirado no
conto “Pai contra mãe”, de Machado de Assis (1997). A película faz uma analogia entre a mercadoria mais
rentável do século XVIII, o escravo, com a atual miséria, que é uma mercadoria lucrativa para o terceiro
setor. A abordagem proposta pelo filme nos faz pensar em uma continuidade das relações de trabalho
forjadas na escravidão com a atualidade. Para assistir, acesse o endereço:
<https://www.youtube.com/watch?v=2NEcwzvbNOk (https://www.youtube.com/watch?
v=2NEcwzvbNOk)>.
Seguindo nesse raciocínio de continuidade da escravidão, vimos que quando houve a
abolição, não havia políticas que garantissem educação aos ex-escravos, muito
menos condição de trabalho, por isso, muitos deles retornam a trabalhar com os
VOCÊ QUER VER?
https://www.youtube.com/watch?v=2NEcwzvbNOk
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mesmos senhores em péssimas condições. Enquanto isso, uma parcela foi para o Rio
de Janeiro aumentar a população sem emprego fixo. Em São Paulo, onde havia
novos empregos devido à expansão do café, os empresários preferiram contratar
outros trabalhadores advindos dos países europeus: “[...] os senhores criaram uma
estratégia de dominação, que se cristalizou no racismo, ao afirmarem que os
escravos, por serem negros, eram inferiores, e, por se serem inferiores, eram
passíveis de serem escravizados” (MOURA, 1993, p. 10).
VOCÊ SABIA?
Qual o significado da expressão casa grande e senzala? Casa grande era o centro de
organização social, local onde os escravos serviam aos senhores, construída próxima
ao engenho de cana-de-açúcar. Senzala, o local de moradia coletiva dos escravos. Para
saber mais, leia o livro “Casa Grande e Senzala”, de Gilberto Freyre (2005).
Para Souza (2017), após a abolição, o sistema “casa grande e senzala” se espalhou.
Esses fragmentos disseminaram-se, ao longo do século XX e início do XXI,
atualmente, por toda a parte, acentuando conflitos e oposições. Da casa grande e
senzala, depois sobrados e mocambos, e, hoje em dia, bairros e condomínios
burgueses e favelas, as acomodações e complementaridades ficam cada vez mais
raras.
3.2.2 Culturalismo e racismo científico
Dando continuidade aos estudos sobre as estratégias de dominação, Souza (2017)
defende a tese de que o paradigma culturalista, que surge no início do século XX,
repete o mesmo esquema do racismo científico do século XIX.
VOCÊ SABIA?
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O que significam os termos racismo científico e culturalismo racista? Racismo
científico advém da teoria racial, a qual defendia a existência de raças humanas
distintas. Para tanto, valia-se de aspectos da anatomia para comprovar a superioridade
da raça branca sobre as demais. Por sua vez, culturalismo racista advém do
culturalismo, ramo da Antropologia que defende a cultura como sendo o que
diferencia os seres humanos, e não a raça (SOUZA, 2017).
Para Souza (2017, p. 18), o culturalismo:
cumpre assim exatamente as mesmas funções do racismo científico da cor da pele.
Presta-se a garantir uma sensação de superioridade e de distinção para os povos e
países que estão em situação de domínio e, desse modo, legitimar e tornar merecida a
própria dominação.
O racismo implícito do culturalismo reside justamente na diferenciação entre seres
humanos que se sentem superiores, e aqueles que são vistos como inferiores.
Sendo assim, o racismo culturalista, para Souza (2017, p. 19-20):
[...] passa a ser uma dimensão não refletida do comportamento social, seja na relação
entre os povos, seja na relação entre as classes de um mesmo país. Um brasileiro de
classe média que não seja abertamente racista também se sente, em relação às
camadas populares do próprio país, como um alemão ou um americano se sente em
relação a um brasileiro: ele se esforça para tratar essas pessoas como se fossem gente
igual a ele.
O que vem a ser, exatamente, essa dimensão não refletida de que fala Souza? O
teórico está dizendo, em outras palavras, que ainda estamos presos a uma ideia de
separação da raça humana, embora a neguemos, ou seja, ainda acreditamos em uma
hierarquia, na qual existem aqueles que possuem espírito e aqueles que não o
possuem e, portanto, são percebidos como corpo. Essa maneira de pensar foi
impressa no espírito humano ao longo da história, como explica Morin (2013), em sua
obra “A via para o futuro da humanidade”. Nessa passagem do livro, ao discorrer
sobre a grande disjunção do Ocidente, ressalta momentos importantes da história
humana, resumidos abaixo:
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1. As sociedades arcaicas, depois as sociedades tradicionais, sentiam-se integradas à
vida do Cosmo, e a maior parte das religiões – entre elas o hinduísmo e o budismo –
situavam o ser humano no ciclo das reproduções do mundo vivo.
2. O monoteísmo judeu, depois cristão e islâmico, separou o ser humano do mundo
animal ao atribuir-lhe o privilégio supremo de ter sido criado à imagem divina.
3. No século XVII, vimos a separação entre os humanos possuidores de alma e outros
animais considerados como despossuídos de alma, legitimando a dominação e
exploração por parte dos primeiros.
4. Mesmo depois de Darwin apud Morin (2013) ter demonstrado que o homem é um
primata originado de uma longa evolução animal, as ciências na primeira metade do
século XX sustentam a separação homem/animal e cultura/natureza.
5. Somente após o surgimento da ciência ecológica (na segunda metade do século
XX), a abordagem sobre o tema passa por uma releitura. Nesta visão, todos os seres
vivos têm a mesma origem, inclusive o ser humano.
Da mesma forma que Morin (2013), Capra (2006), em “A teia da vida”, desenvolve uma
reflexão sobre a visão ecológica, necessária para garantir a nossa sobrevivência no
planeta. Nessas percepções, os seres humanos são apenas um fio particular na teia
da vida e não mais o centro do universo. A vida não-humana passa a ser reconhecida
e valorizada. Por isso, todos os seres vivos estão ligados como em uma rede de
interdependências. Ou seja, todos os fenômenos são interdependentes e estão
entrelaçados.
Os pensamentos de Morin (2013) e de Capra (2006) vêm ao encontro das ideias
desenvolvidas por Souza (2017, p. 21).
Como nunca refletimos sobre essa ideia-força e suas consequências, ela se presta como
nenhuma outra a separar e hierarquizar o mundo de modo prático e muito diferente da
regra jurídica da igualdade formal. Ela é, inclusive e por conta disso, muito mais eficaz
que todos os códigos jurídicos juntos. Não só a separação entre povos e países, mas
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também entre as classes sociais, entre os gêneros e entre as raças, é construída e passa
a ter extraordinária eficácia prática precisamente por seu conteúdo aparentemente
óbvio e nunca refletido.
Essas ideias nos fazem pensar sobre as disjunções ocorridas ao longo da história da
humanidade, que nos levam a separar o homem do animal, cultura de natureza,
possuidor de alma e despossuído de alma. Tais classificações sugerem uma
hierarquia, que por sua vez justifica a dominação, a exploração e, portanto, o
racismo. Contudo, por não refletirmos sobre essa hierarquização do mundo em que
vivemos, esquecemos que tudo foi criado por nós e também pode ser recriado por
nós.
3.2.3 Imigração europeia
No período pós-abolição da escravatura, São Paulo estava em plena expansão na
agricultura cafeeira e na indústria. Contudo, o espaço para a mão de obra foi
ocupado por imigrantes italianos, o que relegou os ex-escravos aos trabalhos mais
pesados e mal-remunerados.
Segundo Souza (2017, p. 74):
As bases desse novo eixo de desenvolvimento são o trabalho livre, como base da
cultura cafeeira paulista, ou seja, não escravo, e a massiva imigração de contingentes
estrangeiros que passam a vir ao país – especialmente para o estado de São Paulo e o
Sul do país – a partir de 1880 aos milhões.
Segundo Fernandes apud Souza (2017), o negro é colocado em um mundo do
trabalho competitivo, para o qual não havia sido preparado.
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“A integração do negro na sociedade de classes”, de Florestan Fernandes (2008), é uma obra em dois
volumes, reconstitui a tentativa de adaptação do ex-escravo à sociedade de trabalho livre após a abolição
da escravatura na cidade de São Paulo. Elaborado originalmente para tese de doutorado apresentada na
USP em 1964, o trabalho é composto por histórias de vida e de artigos de jornais, além de outras fontes
importantes. Para ler, acesse o endereço: 
<http://www.revistas.usp.br/revhistoria/article/view/131955/128100
(http://www.revistas.usp.br/revhistoria/article/view/131955/128100)>.
Mesmo depois da abolição da escravatura, a sociedade se apresentava com a mesma
hierarquia social. O poder continuava com os antigos proprietários rurais
(cafeicultores), que agora preferiam a mão de obra europeia, com a alegação,
inclusive, que era mais barata que a escrava.
Para o negro, sem a oportunidade de competir com chances reais na nova ordem,
restavam os interstícios do sistema social: a escória proletária, o ócio dissimulado ou a
criminalidade fortuita ou permanente como forma de preservar a dignidade de
‘homem livre’. [...] Ele foi jogado em competição feroz com o italiano, para quem o
trabalho sempre havia sido motivo principal de orgulho e de autoestima (SOUZA, 2017,
p. 77).
A competição nesse caso é cruel, pois para o italiano o trabalho era visto como razão
de orgulho. O negro, como escravo, sempre foi maltratado, e seu trabalho visto como
indigno.
Diversos fatores que perduram até hoje, conforme abordado neste subitem,
comprovam que há uma continuidade da escravidão. Para Souza (2017), Carvalho
(2013) e Fernandes (2008), a escravidão e seus efeitos são o aspecto central dos
problemas do Brasil.
3.3 Descolonizar o legado histórico
Você já havia pensado na expressão “descolonizar o legado histórico”?
http://www.revistas.usp.br/revhistoria/article/view/131955/128100
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A partir das pesquisas realizadas nos sites e artigos citados neste tópico, podemos
concluir que o caminho a seguir para ocorrer a descolonização do legado histórico é a
implantação de políticas públicas de promoção da igualdade racial e ações
afirmativas.
Na sequência, você terá a oportunidade de compreender os sentidos de ações
afirmativas, como foi pensado em outros países, e relembrar o debate em torno
desse assunto na educação brasileira.
3.3.1 Políticas públicas e ações afirmativas
O propósito, aqui, é levar você, estudante, a compreender os significados de políticas
públicas e ações afirmativas, e sua importância no Brasil, devido ao legado histórico
atrelado à escravidão.
Iniciaremos com uma citação do livro “Políticas públicas de promoção da igualdade
racial”, organizado pelo Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdade
(CEERT).
[...] política pública é um conceito originado da ciência política e da administração e
designa um conjunto de programas, ações, bens e recursos públicos destinados à
garantia de direitos, sejam eles a liberdade e a igualdade ou a satisfação de
necessidades básicas como emprego, educação, saúde, habitação, acesso à justiça ou à
terra (SILVA JR. et al., 2010, p. 15).
Vale ressaltar que a definição conceitual é universalista, e na prática não contempla a
população negra e outras categorias da população que sofrem preconceito. Por isso,
considerando a Declaração das Nações Unidas sobre a Eliminação de Todas as
Formas de Discriminação Racial, de 20 de dezembro de 1963, Silva Jr. et al. (2010, p.
16) afirmam:
Não serão consideradas discriminação racial as medidas especiais tomadas com o
único objetivo de assegurar progresso adequado de certos grupos raciais ou étnicos, ou
de indivíduos que necessitem da proteção, que possam ser necessárias para
proporcionar a tais grupos ou indivíduos igual gozo ou exercício de direitos humanos e
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liberdades fundamentais, contanto que tais medidas não conduzam, em consequência,
à manutenção de direitos separados para diferentes grupos raciais e não prossigam
após terem sido alcançados os seus objetivos.
Neste sentido, as medidas especiais são as ações que servirão para assegurar a
inclusão de grupos que tiveram ao longo da história uma perda social e precisam de
uma proteção para que alcancem o exercício de direitos humanos. Um aspecto
importante é que essas ações não prossigam após terem sido alcançados os
objetivos, porque, ao contrário, ficariam caracterizadas como discriminação e
privilégio.
Contudo, como afirma (GOMES, 2005, p. 47):
O abismo racial entre negros e brancos no Brasil existe de fato. As pesquisas científicas
e as recentes estatísticas oficiais do Estado brasileiro que comparam as condições de
vida, emprego, saúde, escolaridade, entre outros índices de desenvolvimento humano,
vividos por negros e brancos, comprovam a existência de uma grande desigualdade
racial em nosso país. Essa desigualdade é fruto da estrutura racista, somada a exclusão
social e a desigualdade socioeconômica que atingem toda a população brasileira e, de
um modo particular, o povo negro.
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Considerando que o Brasil tem o histórico de mais de três séculos de escravidão,
seguido da falta de políticas públicas de inserção para o ex-escravo na sociedade,
não é suficiente que o Estado não pratique discriminação nas leis. O papel do Estado
é criar ações afirmativas para beneficiar e promover a igualdade de oportunidades
para favorecer grupos que tiveram perdas sociais ao longo da história.
Figura 5 - Ações afirmativas asseguram a busca pela igualdade. Fonte: Alexander Limbach, Shutterstock,
2018.
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As ações afirmativas podem ser definidas, segundo Gomes (2007, p. 55), como:
[...] um conjunto de políticas públicas e privadas de caráter compulsório, facultativo ou
voluntário, concebidas com vistas ao combate à discriminação racial, de gênero, por
deficiênciafísica e de origem nacional, bem como para corrigir ou mitigar os efeitos
presentes da discriminação praticada no passado, tendo por objetivo a concretização
do ideal de efetiva igualdade de acesso a bens fundamentais como a educação e o
emprego.
Vale lembrar que se tratam de instrumentos de inclusão, não são medidas apenas
para eliminar as desigualdades de oportunidades como educação e emprego, mas
também para assegurar a diversidade cultural.
O termo ação afirmativa foi utilizado pela primeira vez nos Estados Unidos, na
década de 1960 do século XX, para se referir a políticas do governo para combater as
diferenças entre brancos e negros. Antes mesmo da expressão, as ações afirmativas
já eram pauta de reivindicação do movimento negro no mundo todo, além de
diversos grupos discriminados, como árabes, palestinos, curdos, entre outros
oprimidos (GOMES, 2007).
3.3.2 O debate sobre as ações afirmativas na educação implantadas
no Brasil 
Sempre que pensamos em adoção de políticas públicas de ação afirmativa,
precisamos considerar as reivindicações dos movimentos negros e de outros grupos
que batalham pela inclusão de categorias discriminadas existentes no país. No
entanto, devemos lembrar e considerar a Constituição Federal de 1988, os tratados
internacionais ligados à ONU e, sobretudo, a Conferência das Nações Unidas Contra o
Racismo, em Durban, na África do Sul, realizada em 2001.
Vale ressaltar que o documento oficial brasileiro, apresentado à conferência para as
populações afro-descendentes, quanto ao acesso às universidades:
[...] propôs a adoção de ações afirmativas para garantir o maior acesso de afro-
descendentes às universidades públicas, bem como a utilização, em licitações públicas,
de um critério de desempate que considere a presença de afro-descendentes,
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homossexuais e mulheres, no quadro funcional das empresas concorrentes. A
Conferência de Durban, em suas recomendações, pontualmente nos seus parágrafos
107 e 108, endossa a importância de os Estados adotarem ações afirmativas, enquanto
medidas especiais e compensatórias voltadas a aliviar a carga de um passado
discriminatório, daqueles que foram vítimas da discriminação racial, da xenofobia e de
outras formas de intolerância correlatas (PIOVESAN, 2007, p. 41).
No início da década de 2000, o debate na imprensa brasileira a respeito das cotas
para afro-descendentes em universidades públicas foi acirrado. No entanto,
precisamos destacar que a compreensão da necessidade de uma ação afirmativa está
atrelada ao conhecimento que se tem da história e do contexto social do país. O que
leva, muitas vezes, ao preconceito, é observar a ação afirmativa sem ter o
conhecimento crítico a respeito da história do país e das perdas sociais dos sujeitos
contemplados pelas cotas.
Figura 6 - As cotas raciais nas universidades públicas asseguram o direito à inclusão. Fonte: Phovoir,
Shutterstock, 2018.
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No caso do Brasil, para debater sobre as cotas raciais nas universidades, é
imprescindível estudar o período colonial e pós-colonial, com foco no processo de
escravidão, para compreender como foram geradas as desigualdades sociais que nos
acometem até o século XXI, mesmo após mais de um século de abolição, de acordo
com texto no portal da Secretaria Nacional de Políticas de Promoção da Igualdade
Racial (SEPPIR), a sugestão é a seguinte:
É assim que nasce uma política de ação afirmativa. Após a leitura de um diagnóstico
sócio-cultural histórico, há a comprovação estatística das desigualdades existentes e da
necessidade de reparos. Após o diagnóstico e o planejamento de uma política de ação
afirmativa, os gestores governamentais encaminham a legislação, monitoram sua
aprovação e implementação (BRASIL, 2018, s. p.).
Segundo levantamento realizado por (SILVA JR. et al., 2010), esse mesmo princípio de
cotas havia sido aplicado para beneficiar outros segmentos da população e não tinha
gerado tantos desconfortos ou críticas, a saber:
Em 1968, o Congresso instituía cotas nas universidades, por meio da chamada Lei do
Boi, a candidatos agricultores ou filhos destes. [...] Na Constituição de 1988, o país
adotou cotas para portadores de deficiência nos setores público e privado, cotas para
mulheres nas candidaturas partidárias e instituiu uma modalidade de ação afirmativa
em favor do consumidor [...] (SILVA JR. et al., 2010, p. 18).
Vale ressaltar que as cotas adotadas em outros setores não levaram a tanto
desconforto nos debates, amplamente divulgados pela imprensa, quanto à Lei
12.711/2012, a Lei de Cotas no Ensino Superior (BRASIL, 2012).
3.4 Reparando 480 anos de dominação
Neste tópico serão abordadas as estratégias para a reparação de 480 anos de
dominação sofrida por algumas categorias da população, consideradas minorias por
não terem representatividade.
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Considerando que o Brasil foi um dos últimos países a abolir a escravidão, torna-se
premente a necessidade de adotar uma intervenção para diminuir as desigualdades
sociais e a exclusão étnico-racial.
Ao concluir o estudo deste tópico, você será capaz de identificar as mais importantes
ações afirmativas implementadas no Brasil.
3.4.1 A implementação de ações afirmativas no Brasil
As ações afirmativas foram implantadas no Brasil a partir da Constituição Federal de
1988. A primeira adotada no país foi a Lei 8.213, de 24 de julho de 1991, sobre a
contratação de deficientes nas empresas dos setores público e privado.
As regras para a implementação da legislação são as seguintes (BRASIL, 1991, s. p.):
Art. 93 - a empresa com 100 ou mais funcionários está obrigada a preencher de dois a
cinco por cento dos seus cargos com beneficiários reabilitados, ou pessoas portadoras
de deficiência, na seguinte proporção:
- até 200 funcionários.................. 2%
- de 201 a 500 funcionários........... 3%
- de 501 a 1000 funcionários......... 4%
- de 1001 em diante funcionários... 5%.
A segunda ação afirmativa sancionada após 1988 foi a 9.504/1997 – Lei das Eleições,
que estabelece: “cada partido ou coligação preencherá o mínimo de 30% e o máximo
de 70% para candidaturas de cada sexo” (BRASIL, 1997, s. p.). Refere-se a uma ação
afirmativa de gênero, reforçada pela reforma eleitoral de 2009, Lei 12.034/2009, que
substituiu a expressão prevista na lei anterior – “deverá reservar” – para
“preencherá” (BRASIL, 2009, s. p.).
Na área da educação houve a implementação da Lei 10.639/2003 (Ensino de História
e Cultura Afro-Brasileira nas Escolas) e, na sequência, a alteração para a Lei
11.645/2008, a qual passou a vigorar em 2008, inserindo o tema da cultura indígena.
Esses temas tornam obrigatório, nos estabelecimentos de ensino fundamental e
médio, o ensino de história (BRASIL, 2003; 2008).
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A principal ação afirmativa na área da educação é a Lei 12.711/2012, conhecida como
a Lei de Cotas, que estabelece cotas para afro-descendentes nos processos seletivos
de universidades e institutos federais. Vale ressaltar que, mesmo antes da lei ser
aprovada, algumas universidades públicas haviam aderido ao sistema de cotas
(BRASIL, 2012).
Por último, temos a Lei 12.990/2014 (Cotas no Serviço Público), a qual reserva aos
afro-descendentes 20% das vagas nos concursos públicos da administração pública
federal, autarquias, fundações públicas, empresas públicas e sociedades de
economia mista controladas pela União (BRASIL, 2014).
3.4.2 As legislações 10.639/2003 e 11.645/2008 – e osseus efeitos
A Lei 10.639/2003, sancionada pelo governo federal em 9 de janeiro de 2003, instituiu
a obrigatoriedade do ensino da História da África e dos africanos no currículo escolar
do ensino fundamental e médio.
Essa aprovação figura como uma das mais importantes conquistas da luta
antirracista na história do Brasil. Com a experiência foi comprovado que não basta
proibir a discriminação ou aplicar a sanção penal, é imprescindível que se conheça a
história da África para que se estabeleça uma relação de respeito com as diversidades
culturais (BRASIL, 2003).
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A Lei 10.639/2003 coaduna com o sentido de patrimônio cultural, que é todo e
qualquer testemunho do fazer humano que tenha caráter memorial e de
pertencimento para uma sociedade. De acordo com a Constituição Federal de 1988,
Art. 216:
Figura 7 - O ensino da história da África contribui para o respeito à diversidade. Fonte: Rawpixel.com,
Shutterstock, 2018.
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Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial,
tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à
ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais
se incluem:
I - as formas de expressão;
II - os modos de criar, fazer e viver;
III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas;
IV - as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às
manifestações artístico - culturais;
V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico,
paleontológico, ecológico e científico (BRASIL, 1988, s. p.).
Na mesma linha de raciocínio, a Organização das Nações Unidas para a Educação,
Ciência e Cultura (Unesco) deliberou a Declaração Universal Sobre a Diversidade
Cultural. A diversidade cultural não é simplesmente um bem a ser preservado, mas
um recurso que é preciso fomentar (UNESCO, 2002).
Considerando o artigo V da Constituição Federal, no inciso VIII que dispõe sobre a
igualdade racial, a Declaração da Unesco e, sobretudo, as reivindicações do
movimento negro, as conquistas alcançadas com a lei que obriga o ensino da história
da África nas escolas satisfazem dois objetivos fundamentais, segundo Malachias et
al. (2010, p. 142):
1) Assegurar o pleno desenvolvimento do alunado negro, contribuindo para diminuir a
hostilidade etnocêntrica estabelecida pelo espaço escolar em detrimento dos não brancos. E,
consequentemente: 2) Melhorar a qualidade do serviço público denominado Educação. Deve-se
levar em conta que o currículo é uma construção sociocultural e histórica, entendido como a
totalidade das relações que se estabelecem na escola em interação com a sociedade.
Em 10 de março de 2008 foi sancionada a Lei 11.645, que modifica e inclui uma nova
temática, a cultura indígena. É importante ressaltar que a lei é conquista do
movimento negro por políticas educacionais afirmativas. Conforme Malachias et al.
(2010, p. 142):
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Há muito tempo essas proposições são feitas aos gestores públicos, mas um marco importante
foi a “Marcha Zumbi dos Palmares”, em 1995, movimento altamente articulado que deflagrou
ações de cunho afirmativo por parte, sobretudo, da União. Em seguida, houve a produção dos
Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN, em 1997, que incluiu no caderno intitulado Pluralidade
Cultural a questão da diversidade étnico-racial e cultural.
Após as leis, houve muitas conquistas na prática, muitos avanços inclusive em
relação ao material desenvolvido pelo Ministério da Educação (MEC), que incluiu os
conteúdos da história da cultura afro-brasileira e indígena. Nesse sentido, o MEC
formou a coordenadoria na Secretaria do Ensino Fundamental (SEF), com o objetivo
de criar ações educacionais em parceria com comunidades quilombolas.
Malachias et al. (2010) ainda ressaltam que, a partir dessas ações, o preconceito racial
passa a ser considerado um aspecto negativo nos critérios de avaliação do livro
didático, ao mesmo tempo em que negros e indígenas conquistam seu lugar como
membros do Conselho Nacional de Educação (CNE).
Além disso, tanto a superação do racismo quanto as ações afirmativas têm sido
temas frequentemente abordados em livros, artigos e em produções audiovisuais,
disseminando a ideia de que o pensamento colonizador deve ser desconstruído
também na prática.
Síntese
Você concluiu o estudo que abordou as formas de desconstruir a colonização na
prática. Esperamos que você se sinta estimulado a refletir sobre o respeito às
diversidades, com base nos direitos humanos, independentemente de seu grupo
étnico.
Neste capítulo, você teve a oportunidade de:
compreender as fortes influências do passado escravista nos problemas sociais
atuais;
identificar a relação entre o fim da escravidão e a imigração europeia;
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analisar os conceitos de direito civil, social e político;
entender a importância das ações afirmativas para a promoção da igualdade
racial.
Referências bibliográficas
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______. Presidência da República. Casa Civil. Lei n. 10.639, de 9 de janeiro de 2003.
Altera a Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases
da educação nacional, para incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a
obrigatoriedade da temática História e Cultura Afro-Brasileira, e dá outras
providências. Disponível em: <
(http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.639.htm)http://www.planalto.go
v.br/ccivil_03/leis/2003/l10.639.htm
(http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.639.htm)>. Acesso em:
01/03/2018.
______. Presidência da República. Casa Civil. Lei n. 11.645, de 10 de março de 2008.
Altera a Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996, modificada pela Lei n. 10.639, de 9
de janeiro de 2003, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para
incluir no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática História e
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm
http://www.seppir.gov.br/assuntos/o-que-sao-acoes-afirmativas
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.639.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.639.htm
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Cultura Afro-Brasileira e Indígena. Disponível em: <
(http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.639.htm)http://www.planalto.go
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