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15/07/2020 Identidades e Diversidades Étnico-Raciais
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IDENTIDADES E DIVERSIDADES
ÉTNICO-RACIAIS
CAPÍTULO 3 - COMO DESCONSTRUIR A
COLONIZAÇÃO NA PRÁTICA?
Rita de Cássia da Silva Leão
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INICIAR
Introdução
Você já parou para pensar a respeito da origem e do histórico dos direitos humanos? E
sobre o respeito à diversidade étnico-racial, com base nos direitos humanos?
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Neste capítulo, refletiremos juntos sobre as bases dos direitos humanos, sua relação com
o respeito à diversidade cultural e conheceremos as bases dos direitos civis.
Veremos que a experiência da escravidão na história do Brasil é a semente da
desigualdade que nos assola. Mesmo depois de aboli-la, observamos diversos aspectos
que levaram à continuidade de seu projeto, como a presença dos grandes latifúndios e do
sistema patriarcal, que levaram o negro a continuar sendo visto como inferior,
legitimando a exploração. A marginalização foi perpetrada pela falta de políticas públicas
para que os escravos libertos fossem inseridos na sociedade, além da imigração europeia
como forma de substituir sua mão de obra – na agricultura de café e na indústria.
Pensando nesse contexto social, você já refletiu sobre a necessidade de ações afirmativas
e políticas públicas de promoção da igualdade racial? Aqui você terá a oportunidade de
compreender o significado desses termos, além de conhecer quais ações foram
implantadas no Brasil.
Por fim, terá a oportunidade de pensar e recordar sobre as propostas da Legislação
10.639/2003, a qual altera as bases da educação nacional e inclui os conteúdos referentes
à História e Cultura Afro-brasileira no ensino básico nacional (BRASIL, 2003). Refletiremos
também sobre a lei 11.645/2008, a qual diz respeito à inclusão da História da África e
cultura afro-brasileira e indígena no currículo escolar (BRASIL, 2008).
Após estudar este capítulo, você será capaz de reconhecer a importância de educar
cidadãos conscientes sobre seu pertencimento étnico-racial.
Bom estudo!
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3.1 Direitos humanos, diversidade e
direitos civis
Neste item veremos os motivos que fomentaram as propostas de declaração dos direitos
humanos e quais as dificuldades de colocá-las em prática. Pensaremos sobre as principais
críticas a essa declaração e sobre como foi realizada no contexto de pós-Segunda Guerra
Mundial – um período em que não havia consenso quanto aos conceitos de direitos e de
humanos.
Vamos encarar alguns desafios juntos, ao analisar em que medida as convenções de
eliminação de todas as formas de discriminação racial, em 1965, e dos direitos dos povos
indígenas, aprovada em 2007, têm relação com as conquistas pelo direito de civil de forma
mais ampla em nosso país (BRASIL, 2007).
3.1.1 Os sentidos e as origens dos direitos humanos
Neste subtópico, o objetivo é levar você, estudante, a compreender os meandros da
Declaração Universal dos Direitos dos Humanos proclamada em 1948, após o término da
Segunda Guerra Mundial (1933 a 1945). O holocausto de judeus (e de populações
consideradas “inferiores” pelos nazistas) e o lançamento das bombas atômicas que
atingiram Hiroshima e Nagasaki, em 1945, foram evidências da possibilidade da
humanidade se autodestruir (FISCHMANN, 2001).
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A Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) – proclamada em 1948 pela Assembleia Geral da
Organização das Nações Unidas (ONU) – reconhece a necessidade impreterível de união entre os povos para a
proteção universal dos direitos. Para ler o documento na íntegra acesse o endereço:
<http://www.onu.org.br/img/2014/09/DUDH.pdf (http://www.onu.org.br/img/2014/09/DUDH.pdf)>.
Logo após o término da Segunda Guerra Mundial, em 1945, foi criada a Organização das
Nações Unidas (ONU) com o objetivo de mediar as relações entre todos os países. A DUDH
foi proclamada três anos depois, – em Assembleia Geral da ONU – abarcando, em seus 30
artigos, direitos civis, políticos, econômicos, sociais e culturais para todos os cidadãos do
mundo. Em suma, o documento aborda direitos indispensáveis ao ser humano.
De acordo com Fischmann (2001, p. 67), ao lermos os artigos da DUDH percebemos “o
reconhecimento do caráter insubstituível de cada indivíduo para a espécie humana”.
Contudo, sabemos que mesmo depois da declaração houve muitas atrocidades contra
seres humanos em todas as localidades do planeta (SANTOS, 1997).
Mesmo havendo muitos questionamentos a respeito do caráter universal proposto pela
DUDH, o tema da diversidade de povos e nações foi lentamente incutido nos debates
internacionais.
VOCÊ QUER LER?
http://www.onu.org.br/img/2014/09/DUDH.pdf
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Figura 1 - Promoção da igualdade econômica e respeito às diferenças étnicas são direitos indispensáveis ao ser
humano.
Fonte: Sadik Gulec, Shutterstock, 2018.
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Um dos estudiosos sobre o assunto, Santos (1997, p. 11), diz o seguinte: “os direitos
humanos só poderão desenvolver o seu potencial emancipatório se se libertarem do seu
falso universalismo e se tornarem verdadeiramente multiculturais”.
O que significa tornar-se multicultural?   De acordo com Santos (1997), basicamente
significa:
não subordinar outras formas de culturas a uma cultura dominante;
promover, além da igualdade econômica, o respeito às diferenças étnicas, à
orientação sexual, ao gênero e a faixa etária;
promover uma redistribuição socioeconômica e uma política da diferença, ou seja,
que proporcionem ações afirmativas para os grupos que sofreram discriminação;
reconhecer as diversidades culturais.
Boaventura de Sousa Santos é pesquisador e diretor do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra
(Portugal). Possui uma extensa lista de obras publicadas na área das ciências sociais e dos direitos humanos.
Mantém estreita relação com o Brasil e se preocupa com o melhor entendimento entre os povos.
Outra crítica de Santos (1997, p. 11) diz respeito ao fato de que:
VOCÊ O CONHECE?
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[...] após a Segunda Guerra Mundial, os direitos humanos foram parte integrante da política da Guerra
Fria, e como foram considerados pela esquerda. Duplos critérios ocorreram na avaliação das violações
dos direitos humanos: complacência para com ditadores amigos, defesa do sacrifício dos direitos
humanos em nomes dos objetivos do desenvolvimento – tudo isto tornou os direitos humanos
suspeitos enquanto guião emancipatório.
Em outras palavras, além da complacência com ditadores amigos, as políticas dos direitos
estavam atreladas aos “[...] interesses econômicos e geopolíticos dos Estados capitalistas
hegemônicos” (SANTOS, 1997, p. 20). O aspecto central dessa crítica reside no fato de os
direitos humanos terem sido concebidos como universais, mas operarem comouma
forma de globalização de-cima-para-baixo, ou seja, etnocêntrica. Os valores ditos como
universais na verdade são os valores dos países de capitalismo desenvolvido, portanto,
não haveria como os direitos humanos serem universais na sua aplicação (SANTOS, 1997).
Imagine se fôssemos consultar todos os povos do mundo sobre o assunto. Perceberíamos
que “[...] todas as culturas tendem a considerar os seus valores máximos como os mais
abrangentes, mas apenas a cultura ocidental tende a formulá-los como universais”
(SANTOS, 1997, p. 19). A própria Declaração Universal de 1948 foi elaborada sem a
participação da maioria dos povos do mundo, uma vez que a Assembleia Geral da ONU
reuniu 56 países e muitos povos não eram considerados como nação, portanto, não
participaram. Você concorda que há uma contradição? Para serem considerados
universais não deveria ter havido a participação da maioria dos povos?
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O documentário Unidos pelos direitos humanos traz um panorama histórico sobre os direitos do homem desde
539 a.C., na Antiga Pérsia, além da citação de diversos documentos que serviram como precursores dos direitos
humanos de 1948, tais como a Declaração Francesa dos Direitos do Homem e do Cidadão (1789) e a Declaração
dos Direitos dos Estados Unidos (1791). Para assisti-lo acesse o endereço: <http://br.humanrights.com/what-are-
human-rights.com.pt (http://br.humanrights.com/what-are-human-rights.com.pt)>.
Em 1948, conforme já dito anteriormente, muitos povos não eram reconhecidos como
Estados, portanto, não tiveram a oportunidade de participar da Convenção da ONU. Para
Chaui e Santos (2013), se considerarmos os conhecimentos e experiências do Brasil e de
outros povos colonizados, a declaração é colonialista.
E apesar de todas as lacunas e tendências hegemônicas, de acordo com Santos (1997, p.
20), em muitos lugares do mundo,
[...] milhões de pessoas e milhares de ONG’s têm vindo a lutar pelos direitos humanos, muitas vezes
correndo grandes riscos, em defesa de classes sociais e grupos oprimidos, em muitos casos vitimizados
por Estados capitalistas autoritários. Os objetivos políticos de tais lutas são frequentemente explícita ou
implicitamente anticapitalistas.
VOCÊ QUER VER?
http://br.humanrights.com/what-are-human-rights.com.pt
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Ainda conforme Santos (1997, p. 19), “[...] é como se os direitos humanos fossem
invocados para preencher o vazio deixado pelo socialismo”. Até o final dos anos 1980, a
esquerda sonhava com o socialismo e via com desconfiança os direitos humanos, pois
muitas vezes os representantes da ONU fecharam os olhos, por exemplo, para as torturas
e violências realizadas por parte do Estado durante as ditaduras militares no Brasil e em
outros países na América Latina.
Contudo, como atestam Chaui e Santos, (2013, p. 42): “A hegemonia dos direitos humanos
como linguagem de dignidade humana é hoje incontestável”, apesar disso, sabemos que o
que prepondera mundialmente é a ausência de direitos humanos na prática.
Para refletirmos juntos: como tornar esse documento mais que palavras em um papel e
incluir a maioria da população mundial como sujeitos de direitos humanos? Quem são as
pessoas que lutam pelos direitos humanos? Pessoas comuns e não necessariamente
militantes de partidos, que lutam pelos direitos humanos e pelo respeito. Onde
começam? Em pequenos lugares: perto de casa, no bairro, na escola, no elevador. Nesses
lugares procuramos por justiça e dignidade.
Leia um exemplo a seguir:
CASO
A Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania (SMDHC) – da Prefeitura de
São Paulo – e o Instituto Vladimir Herzog realizaram projeto intitulado Educação em
Direitos Humanos (EDH). Na primeira etapa, o objetivo é sensibilizar e refletir sobre
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os significados de educação em direitos humanos, sempre relacionando com os
problemas do cotidiano escolar que demonstram situações adversas. Todos os
educadores que trabalham na escola   são envolvidos. Na segunda etapa, é
destacado o envolvimento de cada um, e do coletivo da escola, com a EDH. Na
terceira etapa, as atividades são focadas em estimular um olhar atento para as
práticas, na identificação do que precisa ser transformado para a produção de um
mapeamento. Na última etapa, é proposta a elaboração de um plano para a
realização efetiva de ações em colaboração com os alunos e familiares. Para saber
mais sobre este projeto acesse: <http://respeitarepreciso.org.br/
(http://respeitarepreciso.org.br/)>. 
Em resumo, o que são os direitos humanos? São os direitos fundamentais que marcam a
trajetória de uma pessoa, o direito à vida, à liberdade, à educação, ao trabalho, direito de
ter voz, de ter vez e de ser diferente. Direito à dignidade, enfim.
O ponto de partida para a garantia desses direitos é priorizar e disseminar valores como a
igualdade, solidariedade, dignidade, justiça, amizade e respeito, no cotidiano. Mas afinal,
o que é respeito? De acordo com o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, respeitar
vem do latim respecto, que significa “olhar outra vez”; algo que seja digno de um segundo
olhar merece respeito, consideração, apreço e deferência (HOUAISS, 2009, s. p.).
3.1.2 Respeito à diversidade
É sempre bom lembrar que não somos únicos, precisamos uns dos outros, somos seres
sociais. Quando vivemos pautados pelos valores dos direitos humanos, esses nos
orientam para o posicionamento diante de problemas como a homofobia, a
discriminação étnica e de gênero, bem como a violência. Quando as relações passam a ser
http://respeitarepreciso.org.br/
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pautadas pelo respeito mútuo, contribuímos para o afastamento da violência na vida
dentro e fora das escolas.
Figura 2 - O direito à vida e à liberdade são alguns dos direitos humanos fundamentais.
Fonte: Chameleons Eye, Shutterstock, 2018.
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Você já havia pensado nisso? Conhecer os outros – que vivem de forma distinta daquela
que conhecemos – leva à superação do medo que gera preconceito e discriminação.
A partir dos anos 1960, as lutas pela autodeterminação dos povos tornaram-se pauta da
ONU. Nessa linha de raciocínio, foi organizada,em 1965, a Convenção Internacional sobre
a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial. Como apontam Chaui e Santos
(2013, p. 61): “[...] com o passar do tempo, também o sexismo, o colonialismo e outras
formas mais cruas de dominação de classe foram sendo reconhecidos como dando azo a
violações dos direitos humanos”.
Vimos que os direitos humanos não são incólumes às falhas. Vale ressaltar que, em uma
primeira versão da DUDH, nota-se uma inclinação pelo cuidado com a vida humana,
mesmo que abstrata, motivada pelas atrocidades cometidas durante a Segunda Guerra
Mundial, como o extermínio de seres humanos de determinados grupos. Contudo, ao
longo de três décadas após 1948, compreende-se que certos grupos não são vistos, não
são contemplados, por serem mais vulneráveis à discriminação – principalmente
mulheres, crianças, indígenas, afro-descendentes, homossexuais e transgêneros, entre
outros – quando a promessa de proteção é universal.
Nesse sentido, observamos que o fato de existirem populaçõesmais vulneráveis que
outras, é preciso focar ao oferecer políticas públicas. Sejamos mais específicos: as
populações mais vulneráveis – dentre as quais, as citadas no parágrafo anterior –
precisam ser vistas com particularidade devido a sua condição social de exploração e
dominação histórica. Para completar, “ao lado do direito à igualdade, surge, também,
como direito fundamental, o direito à diferença. Importa o respeito à diferença e à
diversidade, o que lhes assegura um tratamento especial” (PIOVESAN, 2007, p. 39).
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A questão da igualdade e da diferença recebe um tratamento sem reservas em Santos
(2003, p. 57):
[...] temos o direito a ser iguais quando a nossa diferença nos inferioriza; e temos o direito a
ser diferentes quando a nossa igualdade nos descaracteriza. Daí a necessidade de uma
igualdade que reconheça as diferenças e de uma diferença que não produza, alimente ou
reproduza as desigualdades.
Este pensamento de Santos (2003) é citado em muitas de suas palestras, e referenciado
em livros e artigos de diversos autores que trabalham com direitos humanos.
Com base no que você estudou até aqui, e a partir da análise sobre os direitos humanos
ao longo das últimas décadas, é possível perceber que a proibição da discriminação – por
meio de leis – não basta para assegurar a igualdade e o respeito à diferença. Chegou-se à
conclusão da necessidade de haver políticas compensatórias conjuminadas à legislação
contra a discriminação (PIOVESAN, 2007).
Além disso, muitos povos continuaram internamente na condição de colonizados, como é
o caso dos povos indígenas. O direito à autonomia desses povos foi reconhecido apenas
no século XXI, com a Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas,
aprovada na Assembleia Geral das Nações Unidas de 2007 (CHAUI; SANTOS, 2013). Mesmo
assim, os povos indígenas continuam sofrendo violência e persistem na luta pela
demarcação de suas terras – ou para não perder as terras já demarcadas.
3.1.3 As bases dos direitos civis
Os direitos humanos e o respeito à diversidade coadunam com a história dos direitos civis.
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Tornou-se uma prática entre os historiadores sobre a temática do direito desmembrar a
cidadania em direitos civis, políticos e sociais. Segundo Carvalho (2013, p. 9): “O cidadão
Figura 3 - Direitos humanos devem assegurar a igualdade e o respeito às diferenças.
Fonte: Anna Om, Shutterstock, 2018.
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pleno seria aquele que fosse titular dos três direitos”.
Essa maneira de desdobrar os direitos foi desenvolvida pelo sociólogo inglês Thomas
Humphrey Marshall (1893-1981), o qual nos ajuda a pensar sobre o tema da conquista da
cidadania. Na Inglaterra, “[...] primeiro vieram os direitos civis, no século XVIII. Depois, no
século XIX, surgiram os direitos políticos. Finalmente, os direitos sociais foram
conquistados no século XX” (CARVALHO, 2013, p. 10). Nesse país, a educação popular –
uma conquista importante – foi obtida no século XIX, o que proporcionou as
reivindicações sociais ocorridas no início do século XX.
Parafraseando Carvalho (2013), referem-se aos direitos civis aqueles indispensáveis à
vida, tal como os citados na Declaração dos Direitos Humanos. No entanto, a ênfase está
na relação civilizada entre as pessoas e sua referência é a liberdade individual. Vale
lembrar que o surgimento da sociedade civil – o primeiro direito a ser conquistado –
advém do capitalismo, algo que na Inglaterra ocorreu no século XVIII.
De maneira geral, os direitos políticos se referem à participação no governo pelo voto
direto e secreto, com valor igual para todos, mas também no direito de ser votado, de ser
candidato a um cargo de representante. Para completar, é imprescindível para existir os
direitos políticos ter como instituição principal um parlamento livre e representativo.
Os direitos sociais, em resumo, se referem ao acesso à educação de qualidade, ao
trabalho digno e outras benfeitorias relacionadas à riqueza coletiva. Outro aspecto
importante de sua concepção reside no fato de “[...] permitirem às sociedades
politicamente organizadas reduzir os excessos de desigualdade produzidos pelo
capitalismo e garantir um mínimo de bem-estar para todos. A ideia central em que se
baseiam é da justiça social” (CARVALHO, 2013, p. 10).
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Todavia, no Brasil, o modelo britânico não se aplica, embora nos ajude a entender os
fundamentos dos direitos, sobretudo o civil. Uma das diferenças diz respeito à alteração
na sequência da conquista dos direitos, e outra, nas características da nossa sociedade.
[...] a herança colonial pesou mais na área dos direitos civis. O novo país herdou a escravidão,
que negava a condição humana do escravo, herdou a grande propriedade rural, fechada à
ação da lei, e herdou um Estado comprometido com o poder privado. Esses três empecilhos
ao exercício da cidadania civil revelaram-se persistentes.
Em outras palavras, no Brasil, os direitos civis não coadunavam com uma sociedade
escravista. A situação agravou-se depois de 1964, quando a ditadura militar os suprimiu, e
aqui vale lembrar que foram retiradas as liberdades de expressão, de imprensa e da
organização em partidos políticos. Estes direitos foram retomados com a promulgação da
Constituição Federal de 1988 (BRASIL, 1988).
3.2 Abolição para os ingleses verem
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Você já deve ter ouvido a expressão “para inglês ver”, não é mesmo? Normalmente a
utilizamos quando algo é feito apenas para dissimular a verdadeira realidade. Veremos,
neste tópico, como foi realizada a abolição da escravatura no Brasil. Assim, refletiremos se
tratou-se de uma lei demagógica e apenas para os ingleses verem.
Após a abolição, quais as possibilidades de mudança social para os ex-escravos? Veremos
juntos se houve possibilidades de inserção desse contingente populacional na sociedade
e no mundo do trabalho de forma digna.
Por último, veremos qual relação podemos estabelecer entre a abolição da escravatura e a
imigração europeia no final do século XIX. Após a leitura deste tópico, você será capaz de
compreender esta relação.
3.2.1 Abolição e estratégias de continuidade
É possível afirmar que houve estratégias de continuidade da escravidão após a abolição
da escravatura de 1888, no Brasil? Você já havia refletido a respeito?
Os fundamentos para esta análise encontram-se em estudos de diversos historiadores e
sociólogos, dentre os quais Souza (2017), Carvalho (2013), Fernandes (2008) e muitos
outros.
A partir dessas leituras podemos afirmar que houve uma continuidade do sistema de
grandes latifúndios e de uma sociedade patriarcal, levando o negro a continuar sendo
tratado como inferior, de maneira a legitimar a exploração. Além disso, não houve
políticas públicas para que os negros fossem inseridos na sociedade, sendo parte da
estratégia trazer imigrantes europeus como forma de substituir a mão de obra na
agricultura de café e na indústria que estavam em expansão, principalmente, em São
Paulo e Rio deJaneiro.
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Vamos recordar alguns aspectos históricos? Segundo Carvalho (2013), de fato, o negro
trazido do continente africano para o Brasil – desde a segunda metade do século XVI,
continuamente até 1850 – não encontra perspectiva de inserção e nem apoio na
Constituição de 1891.
Até a concretização da abolição da escravatura, em 1888, muitas foram as transações e
interesses díspares entre Brasil e Inglaterra.
Figura 4 - Resquícios da escravidão permanecem no mundo contemporâneo.
Fonte: Marzolino, Shutterstock, 2018.
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A Inglaterra exigiu, como parte do preço do reconhecimento da independência, a assinatura
de um tratado que incluía a proibição do tráfico de escravos. O tratado foi ratificado em 1827.
Em obediência a suas exigências, foi votada, em 1831, uma lei que considerava o tráfico como
pirataria (CARVALHO, 2013, p. 45).
Dessa lei ficou o lema “para inglês ver”. Afinal, não houve nenhum efeito prático, apenas
manteve-se uma formalidade nas relações com o país europeu, que tinha intenções de
aumentar as possibilidades de consumo de produtos ingleses pelos brasileiros.
O Brasil voltou a ser pressionado pela Inglaterra em 1840, até que, em 1850, “[...] a
marinha inglesa invadiu portos brasileiros para afundar navios suspeitos de transportar
escravos. Só então o governo decidiu interromper o tráfico de maneira efetiva”
(CARVALHO, 2013, p. 46.)
Por fim, em 1888, a abolição é declarada, sendo que o Brasil foi o último país de tradição
cristã e ocidental a abolir a escravidão. A escravidão aqui era muito difundida. Além dos
escravizados pelos proprietários de terras, havia ex-escravos e pessoas pobres que
também possuíam escravos para alugar, como meio de sobrevivência. “Testamentos
examinados por Kátia Mattoso mostram que 78% dos libertos da Bahia possuíam
escravos.[...] Os valores da escravidão eram aceitos por quase toda a sociedade”
(CARVALHO, 2013, p. 48-49).
VOCÊ QUER VER?
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Quanto vale ou é por quilo?, filme produzido em 2005 e dirigido por Sérgio Bianchi, tem roteiro inspirado no conto
“Pai contra mãe”, de Machado de Assis (1997). A película faz uma analogia entre a mercadoria mais rentável do
século XVIII, o escravo, com a atual miséria, que é uma mercadoria lucrativa para o terceiro setor. A abordagem
proposta pelo filme nos faz pensar em uma continuidade das relações de trabalho forjadas na escravidão com a
atualidade. Para assistir, acesse o endereço: <https://www.youtube.com/watch?v=2NEcwzvbNOk
(https://www.youtube.com/watch?v=2NEcwzvbNOk)>.
Seguindo nesse raciocínio de continuidade da escravidão, vimos que quando houve a
abolição, não havia políticas que garantissem educação aos ex-escravos, muito menos
condição de trabalho, por isso, muitos deles retornam a trabalhar com os mesmos
senhores em péssimas condições. Enquanto isso, uma parcela foi para o Rio de Janeiro
aumentar a população sem emprego fixo. Em São Paulo, onde havia novos empregos
devido à expansão do café, os empresários preferiram contratar outros trabalhadores
advindos dos países europeus: “[...] os senhores criaram uma estratégia de dominação,
que se cristalizou no racismo, ao afirmarem que os escravos, por serem negros, eram
inferiores, e, por se serem inferiores, eram passíveis de serem escravizados” (MOURA,
1993, p. 10).
VOCÊ SABIA?
https://www.youtube.com/watch?v=2NEcwzvbNOk
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Qual o significado da expressão casa grande e senzala? Casa grande era o centro de
organização social, local onde os escravos serviam aos senhores, construída próxima ao
engenho de cana-de-açúcar. Senzala, o local de moradia coletiva dos escravos. Para saber
mais, leia o livro “Casa Grande e Senzala”, de Gilberto Freyre (2005).
Para Souza (2017), após a abolição, o sistema “casa grande e senzala” se espalhou. Esses
fragmentos disseminaram-se, ao longo do século XX e início do XXI, atualmente, por toda
a parte, acentuando conflitos e oposições. Da casa grande e senzala, depois sobrados e
mocambos, e, hoje em dia, bairros e condomínios burgueses e favelas, as acomodações e
complementaridades ficam cada vez mais raras.
3.2.2 Culturalismo e racismo cientí�co
Dando continuidade aos estudos sobre as estratégias de dominação, Souza (2017)
defende a tese de que o paradigma culturalista, que surge no início do século XX, repete o
mesmo esquema do racismo científico do século XIX.
VOCÊ SABIA?
O que significam os termos racismo científico e culturalismo racista? Racismo científico
advém da teoria racial, a qual defendia a existência de raças humanas distintas. Para tanto,
valia-se de aspectos da anatomia para comprovar a superioridade da raça branca sobre as
demais. Por sua vez, culturalismo racista advém do culturalismo, ramo da Antropologia que
defende a cultura como sendo o que diferencia os seres humanos, e não a raça (SOUZA,
2017).
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Nota
Continuar daqui
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Para Souza (2017, p. 18), o culturalismo:
cumpre assim exatamente as mesmas funções do racismo científico da cor da pele. Presta-se
a garantir uma sensação de superioridade e de distinção para os povos e países que estão em
situação de domínio e, desse modo, legitimar e tornar merecida a própria dominação.
O racismo implícito do culturalismo reside justamente na diferenciação entre seres
humanos que se sentem superiores, e aqueles que são vistos como inferiores.
Sendo assim, o racismo culturalista, para Souza (2017, p. 19-20):
[...] passa a ser uma dimensão não refletida do comportamento social, seja na relação entre
os povos, seja na relação entre as classes de um mesmo país. Um brasileiro de classe média
que não seja abertamente racista também se sente, em relação às camadas populares do
próprio país, como um alemão ou um americano se sente em relação a um brasileiro: ele se
esforça para tratar essas pessoas como se fossem gente igual a ele.
O que vem a ser, exatamente, essa dimensão não refletida de que fala Souza? O teórico
está dizendo, em outras palavras, que ainda estamos presos a uma ideia de separação da
raça humana, embora a neguemos, ou seja, ainda acreditamos em uma hierarquia, na
qual existem aqueles que possuem espírito e aqueles que não o possuem e, portanto, são
percebidos como corpo. Essa maneira de pensar foi impressa no espírito humano ao
longo da história, como explica Morin (2013), em sua obra “A via para o futuro da
humanidade”. Nessa passagem do livro, ao discorrer sobre a grande disjunção do
Ocidente, ressalta momentos importantes da história humana, resumidos abaixo:
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1. As sociedades arcaicas, depois as sociedades tradicionais, sentiam-se integradas à vida
do Cosmo, e a maior parte das religiões – entre elas o hinduísmo e o budismo – situavam o
ser humano no ciclo das reproduções do mundo vivo.
2. O monoteísmo judeu, depois cristão e islâmico, separou o ser humano do mundo
animal ao atribuir-lhe o privilégio supremo de ter sido criado à imagem divina.
3. No século XVII, vimos a separação entre os humanos possuidores de alma e outros
animais considerados como despossuídos dealma, legitimando a dominação e
exploração por parte dos primeiros.
4. Mesmo depois de Darwin apud Morin (2013) ter demonstrado que o homem é um
primata originado de uma longa evolução animal, as ciências na primeira metade do
século XX sustentam a separação homem/animal e cultura/natureza.
5. Somente após o surgimento da ciência ecológica (na segunda metade do século XX), a
abordagem sobre o tema passa por uma releitura. Nesta visão, todos os seres vivos têm a
mesma origem, inclusive o ser humano.
Da mesma forma que Morin (2013), Capra (2006), em “A teia da vida”, desenvolve uma
reflexão sobre a visão ecológica, necessária para garantir a nossa sobrevivência no
planeta. Nessas percepções, os seres humanos são apenas um fio particular na teia da
vida e não mais o centro do universo. A vida não-humana passa a ser reconhecida e
valorizada. Por isso, todos os seres vivos estão ligados como em uma rede de
interdependências. Ou seja, todos os fenômenos são interdependentes e estão
entrelaçados.
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Os pensamentos de Morin (2013) e de Capra (2006) vêm ao encontro das ideias
desenvolvidas por Souza (2017, p. 21).
Como nunca refletimos sobre essa ideia-força e suas consequências, ela se presta como
nenhuma outra a separar e hierarquizar o mundo de modo prático e muito diferente da regra
jurídica da igualdade formal. Ela é, inclusive e por conta disso, muito mais eficaz que todos os
códigos jurídicos juntos. Não só a separação entre povos e países, mas também entre as
classes sociais, entre os gêneros e entre as raças, é construída e passa a ter extraordinária
eficácia prática precisamente por seu conteúdo aparentemente óbvio e nunca refletido.
Essas ideias nos fazem pensar sobre as disjunções ocorridas ao longo da história da
humanidade, que nos levam a separar o homem do animal, cultura de natureza,
possuidor de alma e despossuído de alma. Tais classificações sugerem uma hierarquia,
que por sua vez justifica a dominação, a exploração e, portanto, o racismo. Contudo, por
não refletirmos sobre essa hierarquização do mundo em que vivemos, esquecemos que
tudo foi criado por nós e também pode ser recriado por nós.
3.2.3 Imigração europeia
No período pós-abolição da escravatura, São Paulo estava em plena expansão na
agricultura cafeeira e na indústria. Contudo, o espaço para a mão de obra foi ocupado por
imigrantes italianos, o que relegou os ex-escravos aos trabalhos mais pesados e mal-
remunerados.
Segundo Souza (2017, p. 74):
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As bases desse novo eixo de desenvolvimento são o trabalho livre, como base da cultura
cafeeira paulista, ou seja, não escravo, e a massiva imigração de contingentes estrangeiros
que passam a vir ao país – especialmente para o estado de São Paulo e o Sul do país – a partir
de 1880 aos milhões.
Segundo Fernandes apud Souza (2017), o negro é colocado em um mundo do trabalho
competitivo, para o qual não havia sido preparado.
“A integração do negro na sociedade de classes”, de Florestan Fernandes (2008), é uma obra em dois volumes,
reconstitui a tentativa de adaptação do ex-escravo à sociedade de trabalho livre após a abolição da escravatura
na cidade de São Paulo. Elaborado originalmente para tese de doutorado apresentada na USP em 1964, o
trabalho é composto por histórias de vida e de artigos de jornais, além de outras fontes importantes. Para ler,
acesse o endereço:  <http://www.revistas.usp.br/revhistoria/article/view/131955/128100
(http://www.revistas.usp.br/revhistoria/article/view/131955/128100)>.
Mesmo depois da abolição da escravatura, a sociedade se apresentava com a mesma
hierarquia social. O poder continuava com os antigos proprietários rurais (cafeicultores),
que agora preferiam a mão de obra europeia, com a alegação, inclusive, que era mais
barata que a escrava.
VOCÊ QUER LER?
http://www.revistas.usp.br/revhistoria/article/view/131955/128100
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Para o negro, sem a oportunidade de competir com chances reais na nova ordem, restavam
os interstícios do sistema social: a escória proletária, o ócio dissimulado ou a criminalidade
fortuita ou permanente como forma de preservar a dignidade de ‘homem livre’. [...] Ele foi
jogado em competição feroz com o italiano, para quem o trabalho sempre havia sido motivo
principal de orgulho e de autoestima (SOUZA, 2017, p. 77).
A competição nesse caso é cruel, pois para o italiano o trabalho era visto como razão de
orgulho. O negro, como escravo, sempre foi maltratado, e seu trabalho visto como
indigno.
Diversos fatores que perduram até hoje, conforme abordado neste subitem, comprovam
que há uma continuidade da escravidão. Para Souza (2017), Carvalho (2013) e Fernandes
(2008), a escravidão e seus efeitos são o aspecto central dos problemas do Brasil.
3.3 Descolonizar o legado histórico
Você já havia pensado na expressão “descolonizar o legado histórico”?
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A partir das pesquisas realizadas nos sites e artigos citados neste tópico, podemos concluir
que o caminho a seguir para ocorrer a descolonização do legado histórico é a implantação
de políticas públicas de promoção da igualdade racial e ações afirmativas.
Na sequência, você terá a oportunidade de compreender os sentidos de ações afirmativas,
como foi pensado em outros países, e relembrar o debate em torno desse assunto na
educação brasileira.
3.3.1 Políticas públicas e ações a�rmativas
O propósito, aqui, é levar você, estudante, a compreender os significados de políticas
públicas e ações afirmativas, e sua importância no Brasil, devido ao legado histórico
atrelado à escravidão.
Iniciaremos com uma citação do livro “Políticas públicas de promoção da igualdade
racial”, organizado pelo Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdade
(CEERT).
[...] política pública é um conceito originado da ciência política e da administração e designa
um conjunto de programas, ações, bens e recursos públicos destinados à garantia de direitos,
sejam eles a liberdade e a igualdade ou a satisfação de necessidades básicas como emprego,
educação, saúde, habitação, acesso à justiça ou à terra (SILVA JR. et al., 2010, p. 15).
Vale ressaltar que a definição conceitual é universalista, e na prática não contempla a
população negra e outras categorias da população que sofrem preconceito. Por isso,
considerando a Declaração das Nações Unidas sobre a Eliminação de Todas as Formas de
Discriminação Racial, de 20 de dezembro de 1963, Silva Jr. et al. (2010, p. 16) afirmam:
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Não serão consideradas discriminação racial as medidas especiais tomadas com o único
objetivo de assegurar progresso adequado de certos grupos raciais ou étnicos, ou de
indivíduos que necessitem da proteção, que possam ser necessárias para proporcionar a tais
grupos ou indivíduos igual gozo ou exercício de direitos humanos e liberdades fundamentais,
contanto que tais medidas não conduzam, em consequência, à manutenção de direitos
separados para diferentes grupos raciais e não prossigam após terem sido alcançados os seus
objetivos.
Neste sentido, as medidas especiais são as ações que servirão para assegurar a inclusão
de grupos que tiveram ao longo da história uma perda social e precisam de uma proteção
para que alcancem o exercício de direitos humanos. Um aspecto importante é que essas
ações não prossigam após terem sido alcançados os objetivos, porque, ao contrário,
ficariamcaracterizadas como discriminação e privilégio.
Contudo, como afirma (GOMES, 2005, p. 47):
O abismo racial entre negros e brancos no Brasil existe de fato. As pesquisas científicas e as
recentes estatísticas oficiais do Estado brasileiro que comparam as condições de vida,
emprego, saúde, escolaridade, entre outros índices de desenvolvimento humano, vividos por
negros e brancos, comprovam a existência de uma grande desigualdade racial em nosso país.
Essa desigualdade é fruto da estrutura racista, somada a exclusão social e a desigualdade
socioeconômica que atingem toda a população brasileira e, de um modo particular, o povo
negro.
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Figura 5 - Ações afirmativas asseguram a busca pela igualdade.
Deslize sobre a imagem para Zoom
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Considerando que o Brasil tem o histórico de mais de três séculos de escravidão, seguido
da falta de políticas públicas de inserção para o ex-escravo na sociedade, não é suficiente
que o Estado não pratique discriminação nas leis. O papel do Estado é criar ações
afirmativas para beneficiar e promover a igualdade de oportunidades para favorecer
grupos que tiveram perdas sociais ao longo da história.
As ações afirmativas podem ser definidas, segundo Gomes (2007, p. 55), como:
[...] um conjunto de políticas públicas e privadas de caráter compulsório, facultativo ou
voluntário, concebidas com vistas ao combate à discriminação racial, de gênero, por
deficiência física e de origem nacional, bem como para corrigir ou mitigar os efeitos
presentes da discriminação praticada no passado, tendo por objetivo a concretização do
ideal de efetiva igualdade de acesso a bens fundamentais como a educação e o emprego.
Vale lembrar que se tratam de instrumentos de inclusão, não são medidas apenas para
eliminar as desigualdades de oportunidades como educação e emprego, mas também
para assegurar a diversidade cultural.
O termo ação afirmativa foi utilizado pela primeira vez nos Estados Unidos, na década de
1960 do século XX, para se referir a políticas do governo para combater as diferenças entre
brancos e negros. Antes mesmo da expressão, as ações afirmativas já eram pauta de
reivindicação do movimento negro no mundo todo, além de diversos grupos
discriminados, como árabes, palestinos, curdos, entre outros oprimidos (GOMES, 2007).
Fonte: Alexander Limbach, Shutterstock, 2018.
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3.3.2 O debate sobre as ações a�rmativas na educação implantadas no
Brasil 
Sempre que pensamos em adoção de políticas públicas de ação afirmativa, precisamos
considerar as reivindicações dos movimentos negros e de outros grupos que batalham
pela inclusão de categorias discriminadas existentes no país. No entanto, devemos
lembrar e considerar a Constituição Federal de 1988, os tratados internacionais ligados à
ONU e, sobretudo, a Conferência das Nações Unidas Contra o Racismo, em Durban, na
África do Sul, realizada em 2001.
Vale ressaltar que o documento oficial brasileiro, apresentado à conferência para as
populações afro-descendentes, quanto ao acesso às universidades:
[...] propôs a adoção de ações afirmativas para garantir o maior acesso de afro-descendentes
às universidades públicas, bem como a utilização, em licitações públicas, de um critério de
desempate que considere a presença de afro-descendentes, homossexuais e mulheres, no
quadro funcional das empresas concorrentes. A Conferência de Durban, em suas
recomendações, pontualmente nos seus parágrafos 107 e 108, endossa a importância de os
Estados adotarem ações afirmativas, enquanto medidas especiais e compensatórias voltadas
a aliviar a carga de um passado discriminatório, daqueles que foram vítimas da discriminação
racial, da xenofobia e de outras formas de intolerância correlatas (PIOVESAN, 2007, p. 41).
No início da década de 2000, o debate na imprensa brasileira a respeito das cotas para
afro-descendentes em universidades públicas foi acirrado. No entanto, precisamos
destacar que a compreensão da necessidade de uma ação afirmativa está atrelada ao
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conhecimento que se tem da história e do contexto social do país. O que leva, muitas
vezes, ao preconceito, é observar a ação afirmativa sem ter o conhecimento crítico a
respeito da história do país e das perdas sociais dos sujeitos contemplados pelas cotas.
Figura 6 - As cotas raciais nas universidades públicas asseguram o direito à inclusão.
Fonte: Phovoir, Shutterstock, 2018.
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No caso do Brasil, para debater sobre as cotas raciais nas universidades, é imprescindível
estudar o período colonial e pós-colonial, com foco no processo de escravidão, para
compreender como foram geradas as desigualdades sociais que nos acometem até o
século XXI, mesmo após mais de um século de abolição, de acordo com texto no portal da
Secretaria Nacional de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR), a sugestão é a
seguinte:
É assim que nasce uma política de ação afirmativa. Após a leitura de um diagnóstico sócio-
cultural histórico, há a comprovação estatística das desigualdades existentes e da
necessidade de reparos. Após o diagnóstico e o planejamento de uma política de ação
afirmativa, os gestores governamentais encaminham a legislação, monitoram sua aprovação
e implementação (BRASIL, 2018, s. p.).
Segundo levantamento realizado por (SILVA JR. et al., 2010), esse mesmo princípio de
cotas havia sido aplicado para beneficiar outros segmentos da população e não tinha
gerado tantos desconfortos ou críticas, a saber:
Em 1968, o Congresso instituía cotas nas universidades, por meio da chamada Lei do Boi, a
candidatos agricultores ou filhos destes. [...] Na Constituição de 1988, o país adotou cotas
para portadores de deficiência nos setores público e privado, cotas para mulheres nas
candidaturas partidárias e instituiu uma modalidade de ação afirmativa em favor do
consumidor [...] (SILVA JR. et al., 2010, p. 18).
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Vale ressaltar que as cotas adotadas em outros setores não levaram a tanto desconforto
nos debates, amplamente divulgados pela imprensa, quanto à Lei 12.711/2012, a Lei de
Cotas no Ensino Superior (BRASIL, 2012).
3.4 Reparando 480 anos de dominação
Neste tópico serão abordadas as estratégias para a reparação de 480 anos de dominação
sofrida por algumas categorias da população, consideradas minorias por não terem
representatividade.
Considerando que o Brasil foi um dos últimos países a abolir a escravidão, torna-se
premente a necessidade de adotar uma intervenção para diminuir as desigualdades
sociais e a exclusão étnico-racial.
Ao concluir o estudo deste tópico, você será capaz de identificar as mais importantes
ações afirmativas implementadas no Brasil.
3.4.1 A implementação de ações a�rmativas no Brasil
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As ações afirmativas foram implantadas no Brasil a partir da Constituição Federal de 1988.
A primeira adotada no país foi a Lei 8.213, de 24 de julho de 1991, sobre a contratação de
deficientes nas empresas dos setores público e privado.
As regras para a implementaçãoda legislação são as seguintes (BRASIL, 1991, s. p.):
Art. 93 - a empresa com 100 ou mais funcionários está obrigada a preencher de dois a cinco
por cento dos seus cargos com beneficiários reabilitados, ou pessoas portadoras de
deficiência, na seguinte proporção:
- até 200 funcionários.................. 2%
- de 201 a 500 funcionários........... 3%
- de 501 a 1000 funcionários......... 4%
- de 1001 em diante funcionários... 5%.
A segunda ação afirmativa sancionada após 1988 foi a 9.504/1997 – Lei das Eleições, que
estabelece: “cada partido ou coligação preencherá o mínimo de 30% e o máximo de 70%
para candidaturas de cada sexo” (BRASIL, 1997, s. p.). Refere-se a uma ação afirmativa de
gênero, reforçada pela reforma eleitoral de 2009, Lei 12.034/2009, que substituiu a
expressão prevista na lei anterior – “deverá reservar” – para “preencherá” (BRASIL, 2009, s.
p.).
Na área da educação houve a implementação da Lei 10.639/2003 (Ensino de História e
Cultura Afro-Brasileira nas Escolas) e, na sequência, a alteração para a Lei 11.645/2008, a
qual passou a vigorar em 2008, inserindo o tema da cultura indígena. Esses temas tornam
obrigatório, nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, o ensino de história
(BRASIL, 2003; 2008).
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A principal ação afirmativa na área da educação é a Lei 12.711/2012, conhecida como a Lei
de Cotas, que estabelece cotas para afro-descendentes nos processos seletivos de
universidades e institutos federais. Vale ressaltar que, mesmo antes da lei ser aprovada,
algumas universidades públicas haviam aderido ao sistema de cotas (BRASIL, 2012).
Por último, temos a Lei 12.990/2014 (Cotas no Serviço Público), a qual reserva aos afro-
descendentes 20% das vagas nos concursos públicos da administração pública federal,
autarquias, fundações públicas, empresas públicas e sociedades de economia mista
controladas pela União (BRASIL, 2014).
3.4.2 As legislações 10.639/2003 e 11.645/2008 – e os seus efeitos
A Lei 10.639/2003, sancionada pelo governo federal em 9 de janeiro de 2003, instituiu a
obrigatoriedade do ensino da História da África e dos africanos no currículo escolar do
ensino fundamental e médio.
Essa aprovação figura como uma das mais importantes conquistas da luta antirracista na
história do Brasil. Com a experiência foi comprovado que não basta proibir a
discriminação ou aplicar a sanção penal, é imprescindível que se conheça a história da
África para que se estabeleça uma relação de respeito com as diversidades culturais
(BRASIL, 2003).
A Lei 10.639/2003 coaduna com o sentido de patrimônio cultural, que é todo e qualquer
testemunho do fazer humano que tenha caráter memorial e de pertencimento para uma
sociedade. De acordo com a Constituição Federal de 1988, Art. 216:
Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados
individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória
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dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem:
I - as formas de expressão;
II - os modos de criar, fazer e viver;
III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas;
IV - as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às
manifestações artístico - culturais;
V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico,
paleontológico, ecológico e científico (BRASIL, 1988, s. p.).
Na mesma linha de raciocínio, a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência
e Cultura (Unesco) deliberou a Declaração Universal Sobre a Diversidade Cultural. A
diversidade cultural não é simplesmente um bem a ser preservado, mas um recurso que é
preciso fomentar (UNESCO, 2002).
Considerando o artigo V da Constituição Federal, no inciso VIII que dispõe sobre a
igualdade racial, a Declaração da Unesco e, sobretudo, as reivindicações do movimento
negro, as conquistas alcançadas com a lei que obriga o ensino da história da África nas
escolas satisfazem dois objetivos fundamentais, segundo Malachias et al. (2010, p. 142):
Figura 7 - O ensino da história da África contribui para o respeito à diversidade.
Fonte: Rawpixel.com, Shutterstock, 2018.
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1) Assegurar o pleno desenvolvimento do alunado negro, contribuindo para diminuir a hostilidade
etnocêntrica estabelecida pelo espaço escolar em detrimento dos não brancos. E, consequentemente:
2) Melhorar a qualidade do serviço público denominado Educação. Deve-se levar em conta que o
currículo é uma construção sociocultural e histórica, entendido como a totalidade das relações que se
estabelecem na escola em interação com a sociedade.
Em 10 de março de 2008 foi sancionada a Lei 11.645, que modifica e inclui uma nova
temática, a cultura indígena. É importante ressaltar que a lei é conquista do movimento
negro por políticas educacionais afirmativas. Conforme Malachias et al. (2010, p. 142):
Há muito tempo essas proposições são feitas aos gestores públicos, mas um marco importante foi a
“Marcha Zumbi dos Palmares”, em 1995, movimento altamente articulado que deflagrou ações de
cunho afirmativo por parte, sobretudo, da União. Em seguida, houve a produção dos Parâmetros
Curriculares Nacionais – PCN, em 1997, que incluiu no caderno intitulado Pluralidade Cultural a questão
da diversidade étnico-racial e cultural.
Após as leis, houve muitas conquistas na prática, muitos avanços inclusive em relação ao
material desenvolvido pelo Ministério da Educação (MEC), que incluiu os conteúdos da
história da cultura afro-brasileira e indígena. Nesse sentido, o MEC formou a
coordenadoria na Secretaria do Ensino Fundamental (SEF), com o objetivo de criar ações
educacionais em parceria com comunidades quilombolas.
Malachias et al. (2010) ainda ressaltam que, a partir dessas ações, o preconceito racial
passa a ser considerado um aspecto negativo nos critérios de avaliação do livro didático,
ao mesmo tempo em que negros e indígenas conquistam seu lugar como membros do
Conselho Nacional de Educação (CNE).
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Além disso, tanto a superação do racismo quanto as ações afirmativas têm sido temas
frequentemente abordados em livros, artigos e em produções audiovisuais, disseminando
a ideia de que o pensamento colonizador deve ser desconstruído também na prática.
Síntese
Você concluiu o estudo que abordou as formas de desconstruir a colonização na prática.
Esperamos que você se sinta estimulado a refletir sobre o respeito às diversidades, com
base nos direitos humanos, independentemente de seu grupo étnico.
Neste capítulo, você teve a oportunidade de:
compreender as fortes influências do passado escravista nos problemas sociais
atuais;
identificar a relação entre o fim da escravidão e a imigração europeia;
analisar os conceitos de direito civil, social e político;
entender a importância das ações afirmativas para a promoção da igualdade racial.
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QUANTO vale ou é por quilo? Direção: Sérgio Bianchi. Produção: Agravo Produções
Cinematográficas. Brasil, 2005, DVD, 110 min. Disponível em:
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