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Aula - Direito Internacional Público e Privado

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D I R E I T O 
I N T E R N A C I O N A L
Público e Privado
Prof. João Gabriel Soares
Mestre em Direito na linha de pesquisa Constitucionalismo, Democracia e Direitos Humanos pelo PPGD/UFPA. Membro-pesquisador do Laboratório em Justiça Global e Direitos Humanos na Amazônia (LAJUSA). Membro e Diretor Científico da Liga Acadêmica de Direito do Estado (LADE). Professor da Faculdade Estácio de Castanhal. Advogado.
Direito Internacional:
Conjunto de regras e princípios que regulam as relações de coexistência e de cooperação na sociedade internacional composta por sujeitos dotados de diferentes graus de desenvolvimentos socioeconômico e de poder.
avanço do capitalismo e aprofundamento das desigualdades
economia mercantilista -> globalização econômica, economia de mercado global
rede global de produção e distribuição; facilidades de transporte e de acesso virtual
redução das fronteiras e aprimoramento das relações internacionais
internacionalização da produção e atuação de grandes corporações transnacionais
processos políticos desencadeados por forças transnacionais
direitos e obrigações, poderes e capacidades estatais alteradas
“centro de poder do estado para a economia”; controle e regulação além dos limites do Estado
desenvolvimento científico e tecnológico
mudanças climáticas
aumento de fluxos internacionais e crise humanitária
Direito internacional hoje: golpe de Estado em Mali; agendas climáticas globais e ; regimes autoritários; pandemia COVID-19.
Princípios que regem o Brasil nas relações internacionais
I - independência nacional e soberania interna;
II - prevalência dos direitos humanos; 
III - autodeterminação dos povos; 
IV - não-intervenção; 
V - igualdade entre os Estados;
VI - defesa da paz e proibição de guerras de conquista;
VII - solução pacífica dos conflitos (sem uso da coação);
VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;
IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade; 
X - concessão de asilo político e repúdio.
Competência Privativa do Presidente no âmbito internacional
manter relações com Estados estrangeiros e seus representantes diplomáticos;
celebrar tratados, convenções e atos internacionais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional;
declarar guerra, no caso de agressão estrangeira, autorizado pelo Congresso Nacional ou referendado por ele,;
celebrar a paz, autorizado ou com o referendo do Congresso Nacional;
decretar, total ou parcialmente, a mobilização nacional;
permitir, por lei complementar, que forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele permaneçam temporariamente.
Cabe ao Ministério das Relações Exteriores, segundo o Decreto n. 7.304/2010, auxiliar o Presidente na condução das relações internacionais.
Excepcionalmente, o art. 52, inciso V, CRFB, admite que Estados, Distrito Federal e Municípios realizem operações internacionais de cunho financeiro (ex.: empréstimo junto ao Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento – BIRD) - operações contratuais e não convencionais, que não dispensam atuação da União e que ficam sujeitas à autorização do Senado Federal.
Teoria Geral do Direito Internacional Público
Complexidade inerente: atores internacionais x transcendência do limite estatal e soberania.
Conflitos de poder político e econômico; transformações econômicas, políticas e científicas.
Sociedade internacional: reunião voluntária de diferentes sujeitos internacionais (ex.: Estados, Organizações internacionais) que se relacionam diplomaticamente para atingir objetivos compartilhados e intermediar e equilibrar interesses necessários ao desenvolvimento de cada Estado e do conjunto de Estados, através da cooperação; são considerados de forma igualitária e sem a presença de um poder central.
Universalidade (aplica-se a todos os sujeitos internacionais; até o Estado mais afastado terá relações internacionais).
Heterogeneidade (diferenças econômicas, culturais, sociais; influencia nas negociações e na aplicação das regras internacionais).
Descentralização de poder (a sociedade internacional não é hierarquizada por um poder central ou mundial, mas existem vários centros de poder).
Não subordinação (coordenação de interesses).
Objetivo: regulamentação da cooperação internacional em razão de assuntos comuns (problemas/interesses globais ou regionais: transcendem as fronteiras); relações interinstitucionais e temas de interesse global. Convivência global cooperativa entre os sujeitos internacionais (fatores econômicos, culturais, políticos, sociais e/ou humanos) e ausência de autoridade centralizada. Palavras-chave: cooperação e coordenação.
O Direito Internacional Público, então, implica em uma sociedade internacional complexa em razão da diversidade de sujeitos internacionais.
Alguns autores defendem que problemas globais (paz, direitos humanos, meio ambiente, segurança alimentar) seriam laços compartilhados no âmbito internacional, por isso formam uma comunidade internacional (identidade, cumplicidade e identificação harmônica e espontânea em laços culturais, emocionais, históricos, sociais, religiosos e familiares compartilhados).
Histórico
Antiguidade: 
Primeiros povos: acordos visando trocas de mercadorias, problemas nas transferências e qualidade dos produtos.
Escritura entre o Rei Ramsés II do Egito e Hattusili III dos Hititas, com objetivo de demarcar território e o poder; 
Tratado de Pérola entre império da Babilônia e do Egito (1292 a.C.), com objetivo de regular o tratamento a estrangeiros e a cooperação entre os reinados e a extradição.
Tratado das cidades lagash e Umma, que reconheciam ideia de igualdade entre as cidades, tratamento igualitário sobre fronteiras e troca de mercadoria.
Atenas e Esparta: acordos de guerra e paz.
Jus Gentium: 
Direito romano: aplicação das leis romanas aos povos conquistados (imposição cultural e política).
primeiras indicações do Direito Internacional de estrangeiros;
Direito internacional público era utilizado para justificar tratamentos diferenciados (escravidão, guerra, demarcação de território, evitar invasão externa, proibição dos casamentos com estrangeiros).
jus civile apenas ao cidadão romano e jus gentium (direito dos não cidadãos, não romanos com fundamento no direito natural).
Direito das gentes: 
Final do século XIV e início do século XV: expedições além-mar e grandes navegações com intuito de fortalecer o comércio.
Igreja como poder espiritual, humanização da guerra e guerra justa (reparar um mal) - justiças e virtudes eram estudadas pela teologia.
Direito internacional público baseado na interpretação cristã: “é mais importante obedecer a deus do que aos homens” e “bem aventurados os pacificadores porque eles serão chamados de filhos de Deus”.
Papa como dominus ornus (direcionamento de Deus) e chefe de dois gládios (gládio sacerdócio: chefe da Santa Sé; gládio secular: chefe de Estado do Vaticano).
Primeiros entendimentos da diplomacia e solução pacífica dos conflitos.
Francisco de Vitória confronta esses argumentos: o domínio não é dado pelo poder espiritual (o papa é apenas o vigário de Cristo, e não existe soberania que outorgue o domínio do mundo), mas pela natureza racional do homem (sujeito de direitos).
Direito internacional: surgiu antes dos Estados e para questionar a proteção de povos originários.
Idade moderna:
Reforma Protestante: concentração de poder (territórios, propriedades, conquista de povos). E desvincular o monarca da igreja Católica.
Guerra dos 30 anos: entre França (Luís XVI) e Espanha (Fernando III) com o objetivo de conquistar o sacro império romano germânico.
Paz de Vestfália: tratado de mediação entre os reinados francês e espanhol. Mais à frente, trouxe as ideias de soberania e de igualdade interestatal como bases do equilíbrio político e econômico europeu (empréstimo de dinheiro e investimentos), igualdade entre Estados e direito de voto em condições de igualdade; secularização do Direito internacional público; soberania interna e externa e cooperação internacional.
Consolidação do DIP e de sua codificação Liga das Nações: primeira formaçãoda ONU.
Humanização do direito internacional (Cançado Trindade): criação de vários órgãos internacionais, sistemas de proteção e cortes de direitos humanos.
Tribunal de Nuremberg pela Carta de Londres e criação de tratados internacionais de Direitos Humanos. 
Direito Internacional Público
Direito inter nações -> relação entre sujeitos com personalidade jurídica internacional.
Regulamenta as fontes, os fundamentos, os sujeitos, as relações diplomáticas, resoluções pacíficas de conflito, imunidades, responsabilidade internacional.
Valério Mazzuoli: O Direito Internacional pode ser conceituado como o conjunto de princípios e regras jurídicas (costumeiras e convencionais) que disciplinam e regem a atuação e a conduta da sociedade internacional (formada pelos Estados, pelas organizações internacionais e também pelos indivíduos), visando alcançar as metas comuns da humanidade e, em última análise, a paz, a segurança e a estabilidade das relações internacionais.
Paulo Henrique Gonçalves Portela: O Direito Internacional Público é o ramo da Ciência Jurídica que visa regular as relações internacionais com vistas a permitir a convivência entre os membros da sociedade internacional, assim como a realização de certos interesses e/ou valores importantes em um determinado momento histórico.
Jorge Bacelar: É o conjunto de normas de natureza jurídica que disciplinam os membros da sociedade internacional ao agirem numa posição jurídico-pública.
“Há quem pense que o direito internacional não seja senão um código de regras e máximas morais [...] as nações só prestarão obediência quando seus interesses o permitirem ou o exigirem”.
“Já que não se pode descobrir a natureza do Direito Internacional com base em uma definição de direito fundado em sanções [...], a ausência de um sistema central de sanções não invalida a existência de outros meios coercitivos e de persuasão na ordem internacional, tais como a reciprocidade mediante os Estados pares”.
“Está claro que nunca haverá uma completa separação entre o direito (internacional) e a política. Não importa a teoria do direito ou da filosofia política que seja professada, os laços inextricáveis entre direito (internacional) e política devem ser reconhecidos” [...] os Estados “são diretamente responsáveis pela elaboração das normas internacionais por meios convencionais”.
Fundamento do DIP
Doutrina voluntarista subjetivista:
O elemento central é a vontade dos sujeitos internacionais e os Estados têm a obrigação de observar normas internacionais quando livremente aceitarem (concordância expressa – tratados; concordância tácita – costume aceito).
Ex.: autolimitação da vontade (Jellinek): o Estado, por vontade própria, limita sua soberania ao submeter-se às normas internacionais; vontade coletiva (Triepel): há uma vontade coletiva porque a vontade estatal é insuficiente para fundamentar o Direito Internacional e busca normas aceitas por uma boa quantidade de Estados; consenso majoritário das nações (Hall e Oppenheim): pauta-se na vontade da maioria, que deve ser manifestada sem vícios e de forma livre, critério quantitativo, não se exige unanimidade; delegação do Direito Interno ou direito estatal externo (Wenzel): é o ordenamento nacional que indica o fundamento do Direito Internacional.
Doutrina objetivista:
O elemento central independente da vontade dos sujeitos, pois algumas estão acima do elemento volitivo e devem ser obrigatoriamente observadas – seriam razões objetivas acima da vontade estatal.
Ex.: Jusnaturalismo: normas internacionais são impostas de maneira natural, com origem divina ou racional; teorias sociológicas do direito: a origem da norma internacional é o fato social imposto aos indivíduos; norma fundamental de Kelsen: a norma hipotética fundamental é fundamento para todas as normas, inclusive de Direito Internacional.
Atualmente trabalha-se com a ideia de pacta sunt servanda + normas jus cogens:
Art. 26 da Convenção de Viena. Todo tratado em vigor obriga as partes e deve ser cumprido por elas de boa-fé + respeito pelas normas imperativas de Direito Internacional.
Fontes de DIP e DIDH
Fontes formais estatutárias: segundo o artigo 38 da Corte Internacional de Justiça, afirmam-se as seguintes fontes:
as convenções internacionais, quer gerais, quer especiais. que estabeleçam regras expressamente reconhecidas pelos Estados litigantes. Artigo 2.1 da Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados (1969): tratado é o acordo internacional concluído por escrito entre Estados e regido pelo Direito Internacional, quer conste de um instrumento único, quer de dois ou mais instrumentos conexos, qualquer que seja sua denominação.
o costume internacional, regras não escritas de uso continuado; prática constante, uniforme e generalizada aceita como direito (uso + convicção ou necessidade do direito), uma “equidade universalizável” (direito de passagem e cortesia não são costumes).
Corte Internacional de Justiça: o decurso do tempo não é critério definidor de uma norma costumeira.
Ex.: Resoluções da ONU, imunidade do imposto aduaneiro sobre os bens dos diplomatas; não escravização de cristãos, não utilização de veneno em conflitos armados.
os princípios gerais de direito reconhecidos pelas nações civilizadas. Ex.: constantes em declarações de consenso, em cúpulas globais e em Resoluções da ONU.
Em síntese: igualdade e reciprocidade internacional; boa-fé internacional; pacta sunt servanda; não-agressão; solução pacífica de controvérsias; autodeterminação dos povos; obrigação de reparar dano e responsabilidade dos Estados.
Art. 21 do Estatuto de Roma: o Tribunal aplicará:
O presente estatuto ou os tratados e os princípios e normas de direito internacional aplicáveis; os princípios gerais do direito; a aplicação e interpretação do direito deverá ser compatível com os direitos humanos internacionalmente reconhecidos.
Fontes auxiliares: 
A doutrina moderna expande o rol de fontes do DIP (extraestatutárias)
as decisões judiciárias e a doutrina dos publicistas mais qualificados das diferentes Nações, como meio auxiliar para a determinação das regras de direito (Anistia Internacional e Human Rights Watch).
princípios gerais de Direito Internacional; atos unilaterais dos Estados; decisões das organizações internacionais; soft law; os foros arbitrais, as decisões das Comissões e dos Comitês que monitoram a execução dos tratados (Comissão Interamericana DH).
equidade/princípio ex aequo et bono: mencionado expressamente pelo artigo 38 do Estatuto da Corte Internacional de Justiça (princípios de justiça e equilíbrio). Analogia e equidade – a doutrina majoritária indica que não são fontes, mas formas de integração.
Não há hierarquia de fontes. Mas há uma hierarquia de normas – as normas jus cogens prevalecem e são imperativas e inderrogáveis.
Exemplos de atos unilaterais: oponibilidade geral e pública, juridicidade e autonomia.
Protesto: manifestação de discordância em relação a determinada situação. Ex.: protesto em golpes de Estado, protesto contra violações de DH.
Notificação: notifica outro sujeito internacional sobre determinada situação. Ex.: notificação de estado de guerra.
Reconhecimento: ex.: reconhecer um Estado, governo.
Renúncia: desistência expressa de um direito. 
Denúncia: anuncia a intenção de desvincular-se de um tratado. Se o tratado for multilateral, chama-se retirada, operando efeitos ex nunc (não produz efeitos quanto às situações consolidadas) – ato privativo do Presidente da República.
Ruptura: suspensão de diálogos diplomáticos.
Promessa: Ex. Barack Obama prometeu estreitar relações com Cuba e fechar a prisão de Guantánamo.
Tratados
Direito Internacional contemporâneo: pretensão de sistematização. Convenção de Viena/1969: codificou o Direito Internacional consuetudinário em tratados
Acordo escrito firmado por Estados, organizações internacionais e alguns outros sujeitos de Direito Internacional (entes de direito público externo: ex. Santa Sé, blocos regionais), com o objetivo de gerar efeitos jurídicos a temas de interesse comum.
Art. 2.1 da Convençãode Viena de 1969: “significa um acordo internacional concluído por escrito entre Estados e regido pelo Direito Internacional, que conste de um instrumento único, quer de dois ou mais instrumentos conexos, qualquer que seja sua denominação específica”.
Convenção de Viena ratificada pelo Brasil: decreto legislativo n. 496 e decreto executivo n. 7030/09.
São elementos dos tratados: acordo de vontade; forma escrita; Estados e organizações internacionais são responsáveis pela elaboração; obrigatoriedade; regulamentação pelo Direito Internacional Público; regulação de temas de interesse comum nas relações internacionais.
Tornam-se juridicamente vinculantes a partir da anuência dos sujeitos pactuantes (após anuídos, são obrigatórios e vinculantes no âmbito internacional e no âmbito interno, se internalizados).
Princípio do pacta sunt servanda: art. 26 da Convenção de Viena. Sujeitos devem observar os termos dos tratados pactuados e não podem prejudicar terceiros.
CUIDADO: Anexos e protocolos adicionais, por exemplo, podem constar no tratado.
Ato internacional: Ministério das Relações Exteriores adota como sinônimo de tratado; 
Acordo: atos internacionais com número reduzido de participantes e menor relevância política; 
- Acordo por troca de notas: são assuntos de cunho administrativo ou servem para alterar ou interpretar tratados já concluídos; 
- Ajuste complementar: serve para detalhar ou executar tratado mais amplo; 
- Carta: serve para criar organizações internacionais, estabelecendo objetivos, órgãos e regras de funcionamento; 
- Compromisso: trata-se de um litígio submetido a um foro arbitral; 
- Concordata: tratado firmado apenas pela Santa Sé, em assuntos religiosos; 
- Convenção: são acordos multilaterais que visam estabelecer normas gerais sobre temas relevantes, como Direitos Humanos; 
- Convênio: regula a cooperação bilateral ou multilateral. Atua em campos mais específicos, tais como econômico, comercial, cultural, jurídica, científica e técnica; 
- Declaração: consagra princípios ou afirma a posição comum de determinados Estados; 
- Estatuto: criam Tribunais internacionais; 
- Memorando de entendimento: registra princípios gerais por uma redação simplificada; 
- Pacto: documento de relevância política; - Protocolo: é um documento complementar ou interpretativo (podem fixar metas e objetivos).
Requisitos para validade de um tratado
Capacidade (em regra, Estados, organizações internacionais e blocos econômicos).
Habilitação: art. 7 da Convenção de Viena: alguns agentes capazes têm habilitação para celebrar tratados INDEPENDENTEMENTE de comprovação: 
os Chefes de Estado, os Chefes de Governo e os Ministros das Relações Exteriores; b) agentes diplomáticos; c) os representantes acreditados pelos Estados/ delegatários (art. 84, VIII, CRFB – carta de plenos poderes assinada pelo Chefe do Executivo e referendada pelo Ministro das Relações Exteriores);
Secretário Geral de organização internacional.
Objeto lícito e possível: 
Não devem violar normas internacionais já existentes, salvo para substituí-las, assim como tratados regionais não podem violar normas internacionais, salvo para atender peculiaridades locais/regionais.
Consentimento: livre de vícios e de distorções, como erro, dolo, coação, corrupção do representante do Estado (art. 48 a 53 da Convenção de Viena).
Erro sobre o fato: clareza a respeito do objeto do tratado, ou quando as informações não corresponderem à realidade. Cuidado: o erro de direito é afastado e o de redação deve ser corrigido.
Dolo: informação distorcida que induz o signatário a concordar com o tratado.
Coação: uso da força ou ameaça, ou qualquer tipo de pressão ou imposição.
Corrupção de seu representante: art. 50 da Convenção de Viena.
Classificação dos tratados
QUANTO AO NÚMERO DE PARTES
1. Bilaterais: duas partes (Estado ou organização internacional);
2. Multilaterais/ plurilaterais: mais de duas partes pactuantes.
 
QUANTO AO PROCEDIMENTO DE CONCLUSÃO
1. Bifásicos/solene: existem várias fases para manifestação de vontade. A primeira fase é provisória (assinatura) e a segunda é definitiva (ratificação). 
No Brasil, é necessário haver Promulgação e Publicação (veremos).
2. Unifásicos/simplificado: há apenas uma fase para manifestação de vontade, são concluídos pela assinatura executiva.
QUANTO À EXECUÇÃO
1. Transitórios: apesar da situação poder ser prolongada, são executados imediatamente. Ex.: definição de fronteiras entre Estados.
2. Permanentes: a execução é consumada ao longo da vigência. Ex.: tratados de direitos humanos. 
QUANTO À NATUREZA
1. Tratados-contrato: conciliam interesses divergentes: estabelecem regras prestacionais, concessões e contrapartidas. Ex.: cessão onerosa de território, estabelecimento de fronteiras, Tratado da Amizade (Brasil e Portugal), Tratado de Extradição (Brasil e Itália).
2. Tratados-lei ou tratados-normativos: fixam normas gerais convergentes e uniformes sobre um determinado tema. Ex.: tratados de direitos humanos, declarações de direitos.
3. Tratados-estatuto: criam organizações internacionais. Ex.: Carta da OEA, Estatuto de Roma (TPI), Carta de São Francisco (ONU).
QUANTO AOS EFEITOS
1. Restrito às partes signatárias: vinculam somente os sujeitos que se submetem a elas
2. Consequências jurídicas para terceiros: tratados cujos efeitos alcançam não participantes do acordo. Ex.: Carta das Nações Unidas.
 
QUANTO À POSSIBILIDADE DE ADESÃO
1. Abertos: permitem a adesão por novos sujeitos de Direito Internacional. Podem ser limitados (abertos apenas para atores determinados) ou ilimitados (sem restrições).
2. Fechados: não permitem adesão posterior.
Elaboração dos Tratados:
primeiro momento: vigência internacional.
segundo momento: exigência no plano interno; ocorre com a incorporação do tratado.
Assinatura: 
Encerra as negociações com uma anuência preliminar dos termos do acordo. Assinado, o compromisso internacional já está consumado.
Em regra, firmados por 2/3 dos Estados presentes em conferências internacionais; e os signatários se obrigam a não comprometer o objeto do tratado.
Negociação em tratados bilaterais: nota diplomática; em tratados multilaterais: Congressos e Conferências internacionais. 
Tratados bilaterais: a concordância dos dois sujeitos
Tratados multilaterais: em regra, o texto fixará como se dará a adoção ou pactuado pela maioria de 2/3 dos signatários, salvo se as partes, pelo mesmo quantitativo, decidirem por regra diferente (ex.: Estatuto de Roma precisou da assinatura de 120 estados).
Na falta de assinatura, aplica-se o art. 10 da Convenção de Viena, que admite substituição pela rubrica dos negociadores, se houver acordo entre as partes, ou ainda pela assinatura ad referendum do Chefe de Estado ou de outra autoridade competente.
Depois da assinatura, veda-se alteração unilateral do texto. Eventuais alterações somente poderão ocorrer se reabertas as negociações.
Após a concordância e autenticação/registro, o texto é encaminhado para ratificação.
Adesão: é o ato pelo qual o Estado ou o organismo internacional manifesta sua vontade de se tornar parte de um tratado já assinado ou em vigor (somente será possível em tratados abertos). Para adesão, em regra, se observam os critérios postos no próprio tratado, porém pode ocorrer nos termos do “protocolo de adesão”, ou seja, firmar um acordo entre as partes (segundo a Convenção de Viena, art. 15).
Atualmente, se usa a assinatura diferida: deixar o tratado aberto a outros sujeitos.
Emenda ou revisão: alterações realizadas nos tratados para acrescentar, alterar ou suprir dispositivos. Tais alterações obrigam apenas os signatários que concordarem (art. 40, 4, da Convenção de Viena). Porém, o texto original vincula tanto quem aprovou a emenda quanto aqueles que não aprovaram.
Reservas: os sujeitos podem excluir ou modificar efeito jurídico de certas disposições do tratado - é possível aderir um tratado sem aderir o seu texto completo, excluindo uma parcela de suas obrigações.
Conceito: “declaração unilateral, qualquer que seja a sua redação ou denominação,feita por um Estado ao assinar, ratificar, aceitar ou aprovar um tratado, ou a ele aderir, com o objetivo de excluir ou modificar o efeito jurídico de certas disposições”.
Efeitos da reserva: art. 21 da Convenção de Viena: a) modifica as disposições do tratado; b) não modifica o tratado quanto às demais partes.
Tais reservas poderão ser formuladas em qualquer momento elaboração do tratado e podem ser excludentes de cláusula ou interpretativas.
Segundo a Convenção de Viena, não haverá reserva se o acordo proibir, ou se incompatível com o fim e o objeto do tratado.
Ex.: Brasil fez reservas aos artigos 25 e 66 da Convenção de Viena de 1969: aplicação provisória dos tratados (a aplicação é imediata após a ratificação) e cláusula prévia de arbitragem.
Ex.: Brasil fez uma reserva interpretativa aos artigos 42 e 48 da Convenção Americana: não há direito automático de visitas e inspeções in loco, pois dependem da anuência interna brasileira.
Segunda fase: Ratificação
É o ato internacional em que um Chefe de Estado confirma um tratado.
Formalização da ratificação: troca/depósito do instrumento de ratificação.
Após reexaminar o tratado assinado, o interesse é confirmado: ato de consentimento definitivo. No Brasil, esse ato depende de autorização parlamentar (por decreto legislativo firmado pelo Presidente do Senado) após a assinatura e, depois, é ato discricionário e privativo do Presidente da República (art. 84, VII e VIII).
o Congresso rejeita ou aprova o tratado no todo, ou seja, não tem competência para acrescentar ou excluir termos, já que o texto foi construído nas negociações. O que pode ocorrer é a propositura de mudanças e condicionamentos na aprovação, que poderá resultar em nova negociação.
Em regra, não há prazo para ratificar, mas os tratados podem estipular um prazo e, vencido, não poderá mais ser ratificado.
Terceira fase: Vigência
Segundo a Convenção de Viena (art. 24.1 e 24.2), o tratado entrará em vigor na data e na forma prevista no texto ou na forma acordada (ex.: vigência diferida – Convenções da OIT costumam produzir efeitos apenas a partir de doze meses depois de atingido o número mínimo de ratificações).
Se houver silêncio, a vigência terá início “tão logo o consentimento em obrigar-se pelo tratado seja manifestado por todos os Estados negociadores”.
Síntese: fixação de um prazo, concordância de um número mínimo de Estados ou por troca de documentos.
O tratado bilateral só gera efeitos se ambos ratificaram e após troca do instrumentos de ratificação; ou se alcançar o número mínimo de ratificações (tratado multilateral).
Registro do tratado na ONU
O art. 102 da Carta da ONU determina o registro e a publicação de todo tratado concluído (por qualquer de seus Estados-membros) - condição para uso da norma no âmbito da ONU;
Emitir um certificado de registro pelo Secretariado da ONU;
O art. 80 da Convenção de Viena estabelece que o registro, a classificação, a catal.gação e a publicação ocorrerá após a entrada em vigor do tratado. Portanto, o registro e a publicidade perante a ONU não interferem na vigência (pois “ocorrerá após a entrada em vigor”), e sequer dependem de aprovação da ONU.
1. Todo tratado e todo acordo internacional, concluídos por qualquer Membro das Nações Unidas depois da entrada em vigor da presente Carta, deverão, dentro do mais breve prazo possível, ser registrados e publicados pelo Secretariado.
2. Após sua entrada em vigor, os tratados serão remetidos ao Secretariado das Nações Unidas para fins de registro ou de classificação e catalogação, conforme o caso, bem como de publicação.
Extinção dos tratados: 
Vontade comum das partes (nos tratados multilaterais, é extinto por vontade da maioria ou quando não existir o mínimo de signatários); prazo determinado vencido; condição resolutiva ou objetivo cumprido; violação substancial ou impossibilidade de cumprimento; rompimento das relações diplomáticas, alteração radical das circunstâncias; caducidade por desuso; divergência a norma jus cogens.
Denúncia: pedido unilateral de saída, vontade de deixar de ser parte do tratado e extinguir os direitos e as obrigações decorrentes. 
Segundo a Convenção de Viena, está condicionada a aviso prévio e deve ser realizada por escrito.
Retirada: art. 56 da Convenção de Viena – notificar com antecedência e vinculação pelos próximos 12 meses.
Discussão se o Congresso Nacional precisa autorizar a retirada - ADI 1625/DF – pendente de julgamento.
Hierarquia dos tratados
Brasil adota uma teoria dualista moderada – não necessita de elaboração de lei formal
Internalização de tratados: duas etapas: no âmbito internacional e nacional.
Art. 84, inciso VII: compete ao Presidente da República celebrar tratados, convenções e atos internacionais.
Art. 49, I: compete ao Congresso resolver definitivamente sobre incorporação de tratados.
Negociações -> assinatura pelo Presidente da República -> ratificação (consentimento definitivo): 
Fase legislativa (aprovação pelas duas Casas e publicação de decreto legislativo pelo Presidente do Senado - art. 49, inciso I, CRFB) -> vigência internacional com depósito do instrumento de ratificação -> decreto executivo de ratificação: publicado no Diário Oficial da União -> vigência interna (Promulgação e Publicação).
Após assinatura do tratado, o Ministro das Relações Exteriores elabora uma exposição de motivos destinada ao Presidente da República, para que tenha ciência do teor do tratado. Recebida a Exposição de Motivos, na qual o tratado estará anexo, o Presidente, discricionariamente, encaminha o tratado ao Congresso Nacional, solicitando autorização para ratificação. O Congresso, ao receber, encaminhará o tratado para exame na Câmara Federal e, em seguida, para o Senado Federal. Observado o art. 27 da Constituição Federal, a matéria será discutida nas Comissões Parlamentares competentes e será votado no plenário de ambas as Casas. Por maioria de votos, presente a maioria absoluta dos membros, haverá aprovação e o Presidente do Senado Federal emitirá Decreto Legislativo, encaminhando o tratado para o Presidente, que decidirá sobre a ratificação em um documento chamado “Carta de Ratificação”, assinado pelo Chefe de Estado e referendado pelo Ministro das Relações Exteriores. A partir desse momento, o Estado passa a se vincular internacionalmente com o tratado. E, se o Congresso não aprovar, o Presidente não poderá ratificar, sob pena de crime de responsabilidade.
BRA: processo de aprovação do Congresso Nacional (decreto legislativo) + promulgação de decreto executivo e publicação no Diário Oficial da União.
Hierarquia no direito brasileiro: status de lei ordinária e sujeitos ao controle de constitucionalidade (tanto concentrado, quanto difuso).
Tratados de direitos humanos ocupam outro nível de escalonamento: posição constitucional ou supralegal.
Tratados sobre direitos humanos: EC 45/04.
Opinião Consultiva n. 2 da Corte Interamericana: os tratados sobre direitos humanos, em geral, e, em particular, a Convenção Americana, não são tratados multilaterais do tipo tradicional – status supralegal.
Art. 5º, § 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais.
Obediência a todos os limites formais, circunstanciais e materiais formais do artigo 60, par. 4º.
Tratado de Marrakesh para Facilitar o Acesso a Obras Publicadas às Pessoas Cegas, com Deficiência Visual ou com outras Dificuldades.
Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e de seu Protocolo Facultativo.
Convenção Interamericana contra o Racismo, a Discriminação Racial e Formas Correlatas de Intolerância.
Supralegalidade: Convenção Americana de Direitos Humanos.
Ex.: art. 98, CTN. Os tratados e as convenções internacionais revogam ou modificam a legislação tributária interna, e serão observados pela que lhes sobrevenha – caráter supralegal.
Demais tratados internacionais: status de lei ordinária federal.Em 09/12/2020: “Câmara aprova proposta que ratifica a Convenção Interamericana contra o Racismo”. Consta no Projeto de Decreto Legislativo 861/17.
Em 10/02/2021: “Senado aprova projeto que ratifica Convenção Interamericana contra o Racismo e terá status de emenda à Constituição”.
Relação entre direito interno e internacional
Dualismo: existem dois ordenamentos distintos e independentes (direito internacional e direito interno), por isso não se comportam conflitos, pois atuam em âmbitos diferentes: Direito Internacional - regulamenta a convivência voluntarista e cooperativo entre os Estados; Direito Interno - cuida da relação hierárquica entre indivíduos e o Estado. E não é preciso compatibilizar o Direito Interno com o Direito Internacional.
Com isso, o tratado ratificado só produz efeitos no âmbito internacional.
Pela teoria da incorporação, tratados só passam a viger no direito interno se expressamente incorporados.
Monismo: para essa abordagem, existe apenas uma ordem jurídica, na qual normas internacionais e normas internas são interdependentes e se superpõem em um só ordenamento. É dispensável a incorporação, pois a eficácia das normas internacionais estaria “condicionada à harmonia com o Direito interno, mesmo sem incorporação”. Ordenamento jurídico uno e superioridade da norma de direito internacional (superioridade dos tratados)
Artigo 27 da Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados, de 1969: adotou o monismo internacionalista - prevalência dos tratados.
Porém, os Estados podem definir como se comportarão para internalização do direito internacional.
Brasil: admite a existência de uma ordem internacional (dualista), mas não adota prevalência interna ou internacional.
Outros fundamentos: primazia das normas mais favoráveis à vítima/ao indivíduo (princípio pro homine). Há prevalência da ordem que garanta a dignidade humana.
Controle de convencionalidade
duplo controle vertical, ou seja, que as leis brasileiras têm que estar de acordo com a Constituição e com as convenções internacionais de direitos humanos.
Diálogo entre as Cortes: artigos convencionais, jurisprudência internacional.
concordância mútua, exame de conformidade e de fiscalização
Convencionalidade: direito internacional como um conjunto coerente de tratados e corpus juris interamericano controlado por parte das autoridades locais em diálogo prático.
- A responsabilidade internacional do Brasil como fundamento do dever dos juízes nacionais de realizar controle de convencionalidade: controle de convencionalidade: modelo de conformação material dos atos estatais com tratados internacionais.
Obrigação ex ofício
controle de convencionalidade por agentes estatais não-jurisdicionais (Ministério Público)
Controle de convencionalidade: deve ser realizada por todos os agentes estatais que tenham algum poder decisório (Almonacid Arellano vs. Chile)
Jus Cogens
“É nulo um tratado que, no momento de sua conclusão, conflite com uma norma imperativa de Direito Internacional geral. Para os fins da presente Convenção, uma norma imperativa de Direito Internacional geral é uma norma aceita e reconhecida pela comunidade internacional dos Estados como um todo, como norma da qual nenhuma derrogação é permitida e que só pode ser modificada por norma ulterior de Direito Internacional geral da mesma natureza”.
Segundo o art. 53 e art. 64 da Convenção de Viena sobre Direitos dos Tratados, “é nulo o tratado que em sua conclusão conflite com norma imperativa” e “na hipótese de conflito entre norma de tratado e a superveniência de jus cogens, o tratado (mais antigo) é nulo”.
Direito reconhecido por um número significativo de Estados; bem jurídico relevante e proteção de direitos coletivos ou coletivizados dos indivíduos.
São normas costumeiras ou principiológicas com status elevado a norma imperativa.
Características: origem consuetudinária; imperatividade e obrigatoriedade (não é possível confronto ou derrogação, salvo por outras normas cogentes); aplicabilidade geral (mesmo se não houver consentimento expresso ou ratificação); rigidez (dificuldade de alteração).
Igualdade e não discriminação; proibição do genocídio, da tortura, da escravidão e de tratamentos desumanos; crimes contra a humanidade; crimes de agressão; proibição do desaparecimento forçado; proibição de execuções extrajudiciais e acesso à justiça são normas jus cogens.
Corrente maximalista: toda norma de proteção a direitos humanos é imperativa.
Corrente minimalista: apenas violações de direitos humanos em crimes internacionais são normas imperativas.
Jonathas Machado: defende que a Carta da ONU é jus cogens (o Conselho de Segurança das Nações Unidas pode intervir em países que não fazem parte do Sistema ONU) – ou seja, não um direito imperativo, mas uma Carta imperativa.
Soft law
“é o conjunto de regras cujo valor normativo seria limitado, seja porque os instrumentos que as contêm não seriam juridicamente obrigatórios, seja porque as disposições em causa, ainda que figurando em um instrumento constringente, não criariam obrigações de direito positivo ou não criariam senão obrigações pouco constringentes”. Ou seja, são leis brandas, suaves, tem caráter de recomendação (função de orientação, modelo e até parâmetro interpretativo.
Conteúdo aberto e genérico (não é possível identificar regras claras e específicas); trazem mecanismo de solução de controvérsias (conciliação; mediação); trazem atos combinados que não são-obrigatórios, inclusive oriundos de organizações internacionais.
Uma soft law é formada por negociações entre os sujeitos de Direito Internacional ou no interior de órgão técnico das organizações internacionais (ex.: os acordos de cavalheiros; os acordos não vinculantes; comunicados e declarações conjuntas; atas de reuniões internacionais; códigos de conduta; declarações e resoluções não vinculantes de organismos internacionais e também as leis-modelo).
Ex.: Declaração Universal dos Direitos Humanos; recomendações da OIT; Lei de modelo sobre Arbitragem Internacional; Declaração de Viena; Declaração das Nações Unidas para os Direitos dos Povos Indígenas; Agenda 21; Declaração de Alma-Ata.
Sujeitos de Direito Internacional = sociedade internacional
Sujeitos de DI: Estados, Santa Fé, Cruz Vermelha, beligerantes e insurgentes, nações que lutam pela soberania, organizações governamentais internacionais, organizações não-governamentais, pessoas jurídicas (empresas), indivíduos e blocos regionais.
Conceito: destinatários de normas do direito internacional e capacidade de atuar diretamente na sociedade internacional: comporta o poder de criar as normas internacionais, adquirir e exercer direitos e obrigações e a faculdade de recorrer a mecanismos internacionais de solução de controvérsias.
Somente Estados, organizações internacionais, Santa Sé, beligerantes, insurgentes e determinados blocos regionais podem celebrar tratados.
Convenção de Viena/1986: reconhecimento das Organizações Internacionais como sujeitos do DIP e capacidade de outros sujeitos (além do Estado) para celebrar tratados internacionais.
Sujeitos fragmentários: os indivíduos, as empresas e as ONGs - não podem celebrar tratados, mas acessam mecanismos internacionais de modo restrito e as normas internacionais, diretamente, conferem direito e obrigações a eles.
E somente Estados, organizações internacionais e Santa Sé podem integrar organizações internacionais.
Sujeitos de direito público externo: Estados, organizações internacionais, blocos regionais, Santa Sé, beligerantes, insurgentes, nações em luta pela soberania.
Coletividades não estatais: beligerantes, insurgentes, movimentos de libertação nacional (nações que se encontram em luta por soberania).
Pessoas de direito privado (não possuem personalidade jurídica de direito internacional): indivíduos, empresas, Cruz Vermelha e ONGs.
Organizações internacionais
(organismos internacionais ou organizações intergovernamentais ou organizações internacionais intergovernamentais)
São associações voluntárias entre os sujeitos de Direito Internacional(em regra, os Estados, mas a OMC tem como um dos membros a União Europeia).
É constituída por ato internacional (tratado) - deliberação dos sujeitos internacionais pela estrutura, objetivos, forma de organização e funcionamento, competências.
Organizações internacionais: só podem celebrar tratados em relação aos seus objetivos presentes no tratado constitutivo.
Então, capacidade das organizações internacionais é derivada (resultante da decisão dos Estados que realizaram a sua criação) e parcial (deve atender ao objetivo).
Têm personalidade jurídica internacional própria e são dotadas de órgãos e institutos próprios (Assembleia Geral e Secretariado) e possuem ampla capacidade no âmbito internacional (podem celebrar tratados, recorrer a mecanismos internacionais de solução de conflitos e praticar atos internos de funcionamento) e têm direitos e obrigações distintas de seus membros.
Por não ter território, pactuará sua instalação em determinado território ou funcionará, simultaneamente, em diversos Estados (Exemplo: ONU).
Competências: coordenar e supervisionar a execução dos tratados, estabelecer mecanismos de solução de controvérsias internacionais; emitir regulamentações próprias; impor sanções por violações a normas e tratados internacionais.
Características: multilateralidade (no mínimo três membros); permanência: funcionam por prazo indeterminado; institucionalização: prevê uma estrutura própria; poder regulamentar: pautam temas da área de competência.
QUANTO AO ALCANCE:
Universais: membros de qualquer lugar do mundo, não há limitação regional ou local. Ex.: ONU – Organização das Nações Unidas; OMC – Organização Mundial de Comércio); OIT – Organização Internacional do Trabalho);
Regionais: ex.: OEA – Organização dos Estados Americanos; BID – Banco Interamericano de Desenvolvimento; o MERCOSUL – Mercado Comum do Sul.
 
QUANTO À PARTICIPAÇÃO DOS ESTADOS:
Abertas (de maneira ilimitada): qualquer Estado pode ingressar.
Abertas (de maneira limitada): apenas alguns Estados podem ingressar (preenchimento de requisitos ou condições especiais).
Fechadas: Estado nenhum poderá ingressar senão aqueles que participaram de sua constituição.
 
QUANTO À NATUREZA DOS PODERES:
Supranacionais: decisões vinculantes, de modo automático, entre os membros. Ex.: União Europeia.
Intergovernamentais: deve haver internalização das decisões. Ex.: MERCOSUL.
SANTA SÉ: é a entidade que comanda a Igreja Católica Romana, chefiada pelo Papa (possui prerrogativas de chefe de Estado) e composta pela Cúria Romana (conjunto de órgãos que assessoram o Papa).
Pessoa de direito internacional constituída pelo Tratado de Latrão (1929).
A Santa Sé pode: celebrar tratados, participar de organizações internacionais, além de exercer o direito de legação (envio e recebimento de agentes diplomáticos).
Chama-se de concordata os tratados celebrados pela Santa Sé quando versarem sobre interesses da Igreja Católica.
Não se confunde com o Vaticano, que é um Estado, composto por território, povo e governo soberano, com personalidade jurídica de direito internacional e missão de conferir suporte material para a Santa Sé.
ONGs: são entidades privadas sem fins lucrativos e atuam em áreas de interesse público; regidas pelo direito privado interno do Estado em que se constituírem.
Podem apresentar denúncias perante a Comissão Interamericana, porém não podem celebrar tratados. Ex.: Greenpeace; Human Rights Watch, Conectas Direitos Humanos.
São entes não estatais e que dependem do reconhecimento dos Estados.
A beligerância tem maior amplitude do que a insurgência.
BELIGERANTES: “são movimentos contrários ao governo de um Estado, que visam a conquistar o poder ou a criar um novo ente estatal, e cujo estado de beligerância é reconhecido por outros membros da sociedade internacional”.
O reconhecimento da beligerância é ato discricionário. Como consequências, os beligerantes ficam obrigados a observar normas internacionais de conflitos armados e podem firmar tratados com Estados neutros. Ex.: Confederados da Guerra de Secessão dos EUA (1861-1865).
INSURGENTES: “também são grupos que se revoltam contra governos, mas cujas ações não assumem a proporção da beligerância. É o caso de ações localizadas e de revoltas de guarnições militares, e cujo status de insurgência é reconhecido por outros Estados”. Exemplo: Revolta da Armada (1893). Esse reconhecimento também é ato discricionário. As obrigações humanitárias devem ser preservadas.
NAÇÕES EM LUTA PELA SOBERANIA: são os “movimentos de libertação nacional” ou “movimentos de independência nacional”. 
É necessário que sejam assim reconhecidas perante a sociedade internacional, por parte de Estados e Organizações Internacionais. Ex. : Palestina, mesmo sem soberania reconhecida, exerce prerrogativas próprias de Estado - pode celebrar tratados e exercer direito de legação.
Podem iniciar-se da beligerância ou da insurgência.
Deverão observar as regras internacionais humanistas, de direitos humanos e aquelas relativas aos conflitos armados
Estado
Estado: associação humana (povo), organizada em uma base espacial (território), que vive sob o comando de uma autoridade (poder) e não sujeita a qualquer outra autoridade (soberania).
Elementos constitutivos (essenciais) do Estado:
Convenção de Montevidéu (ou Convenção Interamericana) sobre Direitos e Deveres dos Estados (1933): “I. População permanente; II. Território determinado; III. Governo; IV. Capacidade de entrar em relações com os demais Estados.”
Soberania estatal: interna e internacional (independência política + interdependência internacional).
Território: princípio da territorialidade – jurisdição territorial exclusiva. Princípio do “uti possidetis”: ocupação efetiva do domínio.
Povo: é o elemento humano do Estado: conjunto de pessoas naturais, vinculadas juridicamente a um ente estatal por meio da nacionalidade. É um conceito qualitativo, que exige vínculo de nacionalidade ou de cidadania, se sujeita a legislação brasileira, jurisdição e governo brasileiro.
Não é sinônimo população (dado quantitativo, um conceito puramente demográfico e estatístico).
Direitos do Estado (inclusive quando não reconhecido): existência, defesa de sua integridade territorial e independência; direito de auto-organização (legislar sobre os interesses próprios; administrar serviços e bens; fixar competências jurisdicionais); direito de conservação e inviolabilidade do território (não intervenção e autodeterminação), soberania e imunidade de jurisdição.
Nascimento do Estado: desmembramento de um Estado, dissolução (desaparecimento de um Estado para surgimento de novos Estados); fusão/unificação (dois Estados se fundem para o surgimento de um Estado0; emancipação/separação; guerra (somente se ocorrer para defesa do ente estatal em caso de agressão ou pelo legítimo interesse da sociedade internacional de manter e promover a paz e a segurança no mundo)
Situações que não retiram a qualidade de Estado: a) território invadido em razão de agressão estrangeira; b) território objeto de conflito com outro Estado; c) número de nacionais inferior ao número ao número de estrangeiros; d) ausência provisória de governo.
Organização das Nações Unidas
Fundada em 24 de outubro de 1945. Contexto Histórico: pós 2º Guerra Mundial.
Art. 1º da Carta da ONU: objetiva conseguir uma cooperação internacional para resolver os problemas internacionais de caráter econômico, social, cultural ou humanitário, e promover e estimular o respeito aos direitos humanos e às liberdade fundamentais para todos.
Valores: segurança internacional, desenvolvimento econômico, respeito aos direitos humanos e progresso social
Artigo 13: promover cooperação internacional no terreno político e incentivar o desenvolvimento progressivo do direito internacional e a sua codificação.
Foram 51 países que assinaram a Declaração das Nações Unidas, conhecidos como membros-fundadores (ex.: Brasil). Hoje, são 193 estados-membros e alguns observadores (ex.: Santa Fé). Entrada de novos membros: aprovação por 2/3 da Assembleia Geral.Organismo internacional universal e aberto (todos os Estados do mundo podem participar) - ato constitutivo na Carta das Nações Unidas (1945).
Funções da ONU: supervisão, controle e tutela.
Art. 57 da Carta da ONU: permite que os Estados possam estabelecer organismos com competências específicas nas áreas econômicas, sociais, culturais, educacionais, sanitárias e temas conexos. Ex.: UNESCO, UNICEF, OMS, OIT (personalidade jurídica própria e vínculos de cooperação com a ONU).
Controle Político – CONVENCIONAL (Convenções e Tratados): feito pelo monitoramento e supervisão realizada pelos Comitês (órgãos instituídos para mandatos de 4 anos, permitida recondução).
Competência: controlar, fiscalizar e interpretar direitos contidos, verificar o compromisso dos Estados e até receber petições individuais (podem avaliar e até recomendar a casos individuais). Ex.: Caso Alyne Pimentel, candidatura do ex-Presidente Lula.
Pacto Internacional dos direitos civis e políticos (1966) -> Comitê de direitos humanos.
Pacto Internacional dos direitos econômicos, sociais e políticos (1966) -> Comitê de direitos econômicos, sociais e culturais.
Convenção contra tortura e outras penas ou tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes (1984) -> Comitê contra a tortura
Convenção sobre a eliminação de todas as formas de discriminação contra a mulher (1979) -> Comitê sobre a eliminação da discriminação contra a mulher
Convenção sobre os direitos da criança (1989) -> Comitê para os direitos das crianças 
Convenção internacional sobre os direitos das pessoas com deficiência (2007) -> Comitê sobre os direitos das pessoas com deficiência 
Convenção internacional sobre eliminação de todas as formas de discriminação racial (1965) -> Comitê para eliminação da discriminação racial
Convenção internacional para proteção de todas as pessoas contra o desaparecimento forçado (2007) -> Comitê contra o desaparecimento forçado.
Controle extraconvencional: relatórios, apreciação de denúncias pelo Conselho de DH, Conselho Econômico e Social, Assembleia Geral, Conselho de Segurança).
Ou seja, procedimentos especiais perante os órgãos da ONU (adoção de grupos de trabalho).
Não há previsão de retirada, apenas possibilidade de expulsão por reiteradas violações aos princípios da Carta.
Há previsão de suspensão do direito de voto em Assembleia Geral quando um Estado atrasar o pagamento de parcela da receita da organização.
Assembleia Geral (sede em Nova York): é o plenário da ONU e reúne representantes de todos os Estados uma vez ao ano. Pode reunir extraordinariamente a partir da convocação do Secretário-Geral, a pedido do Conselho de Segurança ou pela maioria de votos dos membros.
O Brasil tradicionalmente é o país responsável pela abertura das sessões.
Conselho de Segurança: responsável por discutir resoluções de paz e segurança internacional; criação e encerramento das missões de paz; evitar conflitos internacionais; recomendar métodos de diálogo; recomendar o ingresso de novos membros na ONU; recomendar a eleição de um novo Secretário-Geral.
Aprovação por, no mínimo, 9 votos favoráveis – único órgão com força decisória vinculante (capacidade de impor decisões).
Composto por 15 países-membros (5 fixos com poder de veto: FRA, RUS, EUA, GRB e CHN) e 10 membros temporários com mandato de 2 anos.
Crítica: Conselho de Segurança da ONU (vencedores das guerras mundiais e poder de veto).
2020-2021: Níger, Tunísia, Vietnã, São Vicente e Granadinas, Estônia. 2021-2022: Quênia, Índia, México, Noruega, Irlanda.
Competências: Discutir qualquer tema relacionado com as finalidades da Carta da ONU; Iniciar estudos e formular recomendações visando promover cooperação política internacional, o desenvolvimento do direito internacional e a sua codificação, o reconhecimento dos direitos humanos e das liberdades fundamentais; Fazer recomendações aos membros da ONU ou ao Conselho de Segurança; Receber e apreciar os relatórios do Conselho de Segurança e dos demais órgãos; Eleger os dez membros não-permanentes do Conselho de Segurança e os 54 membros do Conselho Econômico e Social; Nomear o Secretário-Geral por recomendação do Conselho de Segurança; Examinar e aprovar o orçamento das Nações Unidas.
Deliberações da Assembleia Geral: editam resoluções (recomendações). Aprovação por 2/3 em casos de segurança internacional e paz, funcionamento do sistema de tutela, eleição dos membros não permanentes do Conselho de Segurança, admissão de novos membros, suspensão e expulsão de Estados, orçamento.
Conselho Econômico e Social: 54 membros com competência de realizar estudos e relatórios a respeito de assuntos de caráter econômico, social, cultural, educacional, sanitário e conexos; realizar recomendações e apresentar projetos de tratados internacionais.
Conselho de Tutela: administrar territórios recém separados e auxiliar territórios que caminham para a independência.
Secretariado: principal órgão administrativo da ONU e administra os programas e políticas internacionais das Nações Unidas.
É chefiado por um Secretário-Geral (António Guterres, 2017/2021) eleito pela Assembleia Geral e mediante recomendação do Conselho de Segurança. Possui mandato de 5 anos, permitida única recondução.
Corte Internacional de Justiça: órgão jurisdicional da ONU criado pela Carta da ONU; competência - art. 36.2 do Estatuto da CIJ - resolver litígios entre Estados e competência consultiva (elaborar pareceres).
Condição jurídica do estrangeiro – Lei de Migração
Aumento dos fluxos migratórios.
Artigo 1º da Convenção de Havana sobre condição do estrangeiro: “os Estados têm o direito de estabelecer, por meio de leis, as condições de entrada e residência dos estrangeiros nos seus territórios”).
Brasil: competência federal legislar sobre a condição do estrangeiro (art. 22, inciso XV da CRFB)
Antes (Estatuto do Estrangeiro): estrangeiro como ameaça ao interesse e segurança nacional.
Lei n. 13.445/2017: direitos e deveres do migrante e do visitante estrangeiro em sua entrada, estadia e saída; princípios e diretrizes para as políticas públicas de migração.
Emigrante: brasileiro que se estabelece temporária ou definitivamente no exterior.
Imigrante: nacional de outro país ou apátrida que trabalha ou reside e se estabelece temporária ou definitivamente no Brasil.
Visitante: nacional de outro país ou apátrida que vem ao Brasil para estadias de curta duração, sem pretensão de se estabelecer temporária ou definitivamente.
Apátrida: pessoa que não é considerada como nacional por nenhum Estado.
Art. 3º: Princípios e as diretrizes da política migratória brasileira:
I – universalidade, indivisibilidade e interdependência dos direitos humanos; II – repúdio e prevenção à xenofobia, ao racismo e a quaisquer formas de discriminação; V – promoção de entrada regular e de regularização documental; VI – acolhida humanitária; VIII – garantia do direito à reunião familiar; IX – igualdade de tratamento e de oportunidade ao migrante e a seus familiares; X – inclusão social, laboral e produtiva do migrante por meio de políticas públicas; XI – acesso igualitário e livre a serviços, programas e benefícios sociais, bens públicos, educação, assistência jurídica integral pública, trabalho, moradia, serviço bancário e seguridade social; XII – promoção e difusão de direitos, liberdades, garantias e obrigações do migrante; XIII – diálogo social na formulação, na execução e na avaliação de políticas migratórias e promoção da participação cidadã do migrante; XIV – fortalecimento da integração econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, mediante livre circulação de pessoas; XV – cooperação internacional com Estados de origem, de trânsito e de destino de movimentos migratórios; XVII – proteção integral e atenção ao superior interesse da criança e do adolescente migrante; XX – migração como direito inalienável de todas as pessoas; XXII – repúdio a práticas de expulsão ou de deportação coletivas.
Art. 4: Direitos e garantias - ao migrante é garantido, em condição de igualdade com os nacionais,ser informado sobre as garantias que lhe são asseguradas para fins de regularização migratória.
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade; liberdade de circulação em território nacional; 
acesso a serviços públicos de saúde, de assistência e de previdência social; direito à educação pública; garantia de cumprimento de obrigações legais e contratuais trabalhistas e de aplicação das normas de proteção ao trabalhador (sem discriminação em razão da nacionalidade e da condição migratória); amplo acesso à justiça e à assistência jurídica integral gratuita.
direito à reunião familiar do migrante com seu cônjuge ou companheiro e seus filhos, familiares e dependentes; direito de reunião para fins pacíficos; direito de associação, inclusive sindical, para fins lícitos.
medidas de proteção a vítimas e testemunhas de crimes e de violações de direitos.
direito de sair, permanecer e reingressar em território nacional, mesmo enquanto pendente pedido de autorização de residência, de prorrogação de estada ou de transformação de visto em autorização de residência.
direito a abertura de conta bancária; direito de transferir recursos decorrentes de sua renda e economias pessoais a outro país; isenção de taxas, mediante declaração de hipossuficiência econômica
Entrada do estrangeiro
Cooperação internacional e reciprocidade: programas de isenção de visto ou passaporte
Ex.: Mercosul e associados: Brasil e Argentina, Uruguai, Paraguai, Venezuela e Chile - basta apresentação de um documento oficial de identidade.
Ex.: Estados integrantes da União Europeia – basta a apresentação do passaporte europeu.
- Art. 38: fiscalização pela polícia marítima, aeroportuária e de fronteira federal nos pontos de entrada e de saída do território nacional.
Art. 5º. Documentação de viagem:
Laissez-passer→ documento concedido a estrangeiros de países que não tenham relações diplomáticas com o Brasil.
Autorização de retorno → documento expedido pelos consulados quando os critérios para obter passaporte ou laissez-passer não forem preenchidos ou quando, se houver extraditando com destino ao Brasil, não possuir documento para viajar que tenha validade.
Salvo-conduto → documento de permissão para sair do Brasil quando for concedido asilo diplomático por governo do exterior.
Visto → documento emitido por embaixadas, consulados e escritórios comerciais e de representação do Brasil no exterior (quando habilitados pelo Poder Executivo) que dá expectativa de ingresso em território nacional.
Expectativa de direito -> triagem de concessão + verificação da regularidade no porto de entrada.
Casos impeditivos: não preencher os requisitos; ocultar condição impeditiva de concessão de visto ou de ingresso; menor de 18 anos desacompanhado ou sem autorização de viagem por escrito dos responsáveis legais ou de autoridade competente.
Consequência: será impedido de ingressar no País enquanto permanecerem as condições que ensejaram a denegação.
Modalidades de visto (exercício de soberania estatal)
Visto de visita (art. 13): estada de curta duração, sem intenção de estabelecer residência
Finalidades: I – turismo; II – negócios; III – trânsito; IV – atividades artísticas ou desportivas; V – outras hipóteses definidas em regulamento.
CUIDADO: o beneficiário não pode exercer atividade remunerada no Brasil, apenas pagamento de ajuda de custo, cachê, pró-labore, despesas de viagem, concorrer a prêmios em competições esportivas ou concursos artísticos ou culturais.
Visto temporário (art. 14): intuito de estabelecer residência por tempo determinado.
Finalidades: pesquisa, ensino ou extensão acadêmica (com ou sem vínculo empregatício); estudo (curso regular ou realizar estágio ou intercâmbio); tratamento de saúde (ao imigrante e seu acompanhante); acolhida humanitária (situação de grave ou iminente instabilidade institucional, conflito armado, calamidade de grande proporção, desastre ambiental ou grave violação de direitos humanos ou de direito internacional humanitário); trabalho (comprovar oferta de trabalho formalizada por pessoa jurídica em atividade no País); prática de atividade religiosa ou serviço voluntário; realização de investimento/aporte de recursos em projeto com potencial para geração de empregos ou de renda no País; exercício atividade com relevância econômica, social, científica, tecnológica ou cultural; reunião familiar; atividades artísticas ou desportivas com contrato por prazo determinado; o imigrante seja beneficiário de tratado em matéria de vistos; outras hipóteses definidas em regulamento.
Visto diplomático, oficial e de cortesia (art. 15): autoridades/funcionários que representem Estado estrangeiro ou organismo internacional reconhecido
O visto poderá ser estendido aos dependentes das autoridades: o dependente de titular de visto diplomático poderá exercer atividade remunerada no Brasil, sob o amparo da legislação trabalhista brasileira, e se houver reciprocidade de tratamento ao nacional brasileiro.
Cuidado: não se exigirá do marítimo que ingressar no Brasil em viagem de longo curso ou em cruzeiros marítimos pela costa brasileira o visto temporário para trabalho, bastando a apresentação da carteira internacional de marítimo.
Autorização de residência (artigo 30):
independe da situação migratória
Não se concederá a autorização de residência:
Pessoa condenada criminalmente no Brasil ou no exterior por sentença transitada em julgado, desde que a conduta esteja tipificada na legislação penal brasileira, exceto nos casos de infração de menor potencial ofensivo; se se tratar de tratamento de saúde, acolhida humanitária, reunião familiar ou beneficiária de tratado em matéria de residência e livre circulação.
A posse ou a propriedade de bem no Brasil não é motivo suficiente para obter visto ou autorização de residência.
Se concederá autorização de residência para:
Pesquisa, ensino ou extensão acadêmica; tratamento de saúde; acolhida humanitária; estudo; trabalho; férias-trabalho; prática de atividade religiosa ou serviço voluntário; realização de investimento ou de atividade com relevância econômica, social, científica, tecnológica ou cultural; reunião familiar;
Beneficiários de tratado em matéria de residência e livre circulação; quem tiver oferta de trabalho; quem já tenha possuído a nacionalidade brasileira e não deseje ou não reúna os requisitos para readquiri-la; beneficiários de refúgio, de asilo ou de proteção ao apátrida; menor desacompanhado ou abandonado, que se encontre nas fronteiras brasileiras ou em território nacional; quem tiver sido vítima de tráfico de pessoas, de trabalho escravo ou de violação de direito agravada por sua condição migratória; quem esteja em liberdade provisória ou em cumprimento de pena no Brasil;
Outras hipóteses definidas em regulamento.
A autorização de residência não obsta progressão de regime de cumprimento de pena (art. 30, parágrafo 2º).
É possível conceder nova autorização de residência.
O solicitante de refúgio, de asilo ou de proteção ao apátrida fará jus a autorização provisória de residência até a resposta do seu pedido (art. 30, parágrafo 4º).
Impedimento de ingresso e cancelamento de autorização de residência
Impedimento de ingresso (art. 45): após entrevista individual e mediante ato fundamentado, procedimento com ampla defesa e contraditório.
anteriormente expulsa do País, enquanto os efeitos da expulsão vigorarem
condenada ou respondendo a processo por ato de terrorismo ou por crime de genocídio, crime contra a humanidade, crime de guerra ou crime de agressão
condenada ou respondendo a processo em outro país por crime doloso passível de extradição
que tenha o nome incluído em lista de restrições por ordem judicial ou por compromisso assumido pelo Brasil perante organismo internacional;
documento de viagem não válido no Brasil, com prazo de validade vencido ou com rasura ou indício de falsificação; documento fraudado ou prestado informação falsa na solicitação de visto; praticado ato contrário aos princípios e objetivos da Constituição.
Ninguémserá impedido de ingressar no País por motivo de raça, religião, nacionalidade, pertinência a grupo social ou opinião política.
Refúgio
Refúgio: caráter internacional humanitário de proteção a acontecimentos coletivos; abrangência universal e direito de acolhida.. 
Deslocamento de pessoas com o término da Guerra Fria. Atualmente, as razões que levam ao deslocamento são mais complexas: conflitos armados, desastres naturais, crises políticas, econômicas e sociais.
“67% dos migrantes deixaram seu país por motivos econômicos e laborais, e 22% por falta de acesso a alimentos e serviços médicos” - Conselho Nacional de Imigração, 2018.
Carta da ONU; DUDH; Estatuto do Refugiado de 1951; Declaração de Cartagena sobre Refugiados de 1984
Criação do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) em 1947: dirigir e coordenar a ação internacional para proteger e ajudar as pessoas deslocadas em todo o mundo.
Brasil: signatário na Convenção de 1951 e aprovação do Estatuto dos Refugiados (lei n. 9474/97) – “documentos mais completos e garantistas”.
Criação do Comitê Nacional para os Refugiados (CONARE).
Art. 1º da lei brasileira: 
Refugiado: (a) pessoa que e encontra fora do país de nacionalidade ou fora do país onde tenha residência habitual; (b) devido a temor de perseguição por motivos de raça, religião, nacionalidade, grupo social ou opiniões políticas; (c) não pode ou não quer valer-se da proteção do seu país ou voltar a ele; (d) as pessoas que tenham fugido dos seus países porque a sua vida, segurança ou liberdade tenham sido ameaçadas pela violência generalizada, a agressão estrangeira, os conflitos internos, a violação maciça dos Direitos Humanos).
Quem, devido a grave e generalizada violação de direitos humanos, é obrigado a deixar seu país de nacionalidade para buscar refúgio em outro país.
Temores de perseguição por motivos de raça, religião, nacionalidade, grupo social ou opiniões políticas encontre-se fora de seu país de nacionalidade e não possa ou não queira acolher-se à proteção de tal país;
Acréscimo do indico III: grave e generalizada violação de direitos humanos, é obrigado a deixar seu país de nacionalidade para buscar refúgio em outro país. Ex.: solicitantes venezuelanos (2019).
Procedimento de refúgio
O Brasil tem quase 9 mil refugiados de 79 nacionalidades (ACNUR, 2016) e recebe cerca de 96 mil, de acordo com Organização Internacional para Migrações.
Segundo o Ministério da Justiça (2017), 39% dos refugiados no Brasil são sírios (no mundo, são 31%).
Venezuelanos representam 52,75% das solicitações de refúgio de 2017, mas apenas 3% dos refugiados atualmente no Brasil são venezuelanos (ACNUR, 2019; Ministério da Justiça, 2018).
Até abril de 2019, o total de solicitações de reconhecimento da condição de refúgio ativas, era de 171.880.
Critérios de “problema social” e impacto na “qualidade do ambiente social”.
Críticas: Portaria Interministerial n. 9/19: concessão e os procedimentos do visto temporário e autorização de residência para acolhida humanitária de sírios.
Refugiados deveriam comprovar (I) documento e viagem válido; (II) certificado internacional de imunização; (II) comprovação de meios de subsistência.
Manual do Solicitante de Refúgio 
CONARE: órgão multiministerial (por intermédio do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados) para decidir casos de refúgio.
Competência: analisar as concessões de refúgio, declarar o deferimento, decidir sobre a cessação da condição de refugiado e determinar a perda da condição de refugiado. Crítica: não há prazo positivado para que seja deliberada 
Art. 7º O estrangeiro que chegar ao território nacional poderá expressar sua vontade de solicitar reconhecimento como refugiado a qualquer autoridade migratória que se encontre na fronteira, a qual lhe proporcionará as informações necessárias quanto ao procedimento cabível.
§ 1º Em hipótese alguma será efetuada sua deportação para fronteira de território em que sua vida ou liberdade esteja ameaçada (non-refoulement).
Em regra, deve-se buscar a Polícia Federal. Na prática, buscam organizações não-governamentais (ex.: Clínicas de Direitos Humanos, Centros de Acolhimento).
Atualmente, existe o SISCONARE (otimiza a análise) e cooperações administrativas.
Termo de Declaração (motivos da solicitação do refúgio, circunstâncias da entrada e os dados pessoais básicos) -> Protocolo Provisório concedido pelo CONARE (documento de identificação temporário do solicitante de refúgio no Brasil até que termine o procedimento) -> realização de pesquisas e entrevistas -> decisão pelo plenário do CONARE
Cabe recurso da decisão negativa (em até 15 dias da data de recebimento da notificação de indeferimento do pedido) e destinada ao Ministro da Justiça.
Asilo político
Artigo 14 da DUDH: 1. Toda pessoa sujeita à perseguição tem o direito de procurar e de beneficiar de asilo em outros países. 2. Este direito não pode, porém, ser invocado no caso de processo realmente existente por crime de direito comum ou por atividades contrárias aos fins e aos princípios da ONU.
Art. 4º, inciso X, CRFB: asilo político como princípio nas relações internacionais.
Convenção sobre Asilo Diplomático e Territorial/1954 – ambas ratificadas pelo Brasil.
Conceito: acolhimento de estrangeiro perseguido por razões políticas. Se dá apenas em virtude de motivo político e não basta temor, precisa haver efetiva perseguição e tem caráter pessoal. Constitui ato discricionário do Estado
Critério: perseguição por motivo político e não contida por autoridades; urgência na proteção da vida ou liberdade.
Asilo territorial: para evitar punição ou perseguição baseada em crime de natureza política ou ideológica, concede asilo no próprio território.
Asilo diplomático: em casos de urgência, o asilo é concedido fora do seu território, ou seja, dentro do Estado em que o indivíduo é perseguido (ex.: embaixadas, acampamentos) e um salvo-conduto garante a saída do asilado. Não aceitação de asilos diplomáticos em repartições consulares.
Não se concederá asilo a quem tenha cometido crime de genocídio, crime contra a humanidade, crime de guerra ou crime de agressão.
O asilo é concedido pelo Ministério da Justiça, com posterior registro na Polícia Federal e emissão de documento de identidade de estrangeiro asilado.
Saída do estrangeiro: voluntária ou compulsória (critérios legais)
Princípio do non refoulement: veda-se a repatriação, deportação ou expulsão de estrangeiro para países onde sua vida e dignidade estejam em risco.
Exceção: potencial refugiado pode sair compulsoriamente quando for considerado um perigo à segurança do país ou constitua ameaça para a comunidade do referido país.
Repatriação (art. 49): medida administrativa de devolução de pessoa em situação de impedimento. Ocorre principalmente nos momentos de fiscalização fronteiriça e aeroportuária brasileira (Departamento de Polícia Federal).
Não será aplicada medida de repatriação: em situação de refúgio ou de apatridia, de fato ou de direito;, ao menor de 18 anos desacompanhado ou separado de sua família; quem necessite de acolhimento humanitário; se apresentar risco à vida, à integridade pessoal ou à liberdade da pessoa.
Deportação: retirada compulsória de pessoa que se encontre em situação migratória irregular em território nacional. 
Competência: Polícia Federal (acompanha a pessoa até o embarque).
É precedida de notificação pessoal ao deportando (essa notificação não impede a livre circulação em território nacional). Em regra, tem prazo não inferior a 60 dias para a regularização. E a saída voluntária de pessoa notificada para deixar o País equivale ao cumprimento da notificação de deportação.
A Defensoria Pública da União deverá ser notificada, preferencialmente por meio eletrônico, para prestação de assistência ao deportando em todos os procedimentos administrativos de deportação.
Art. 53. Não se procederá à deportação se a medida configurar extradição não admitida pela legislação brasileira.
A deportação não exclui eventuais direitos adquiridos em relaçõescontratuais ou decorrentes da lei brasileira.
Expulsão: retirada compulsória de migrante ou visitante do território nacional, conjugada com o impedimento de reingresso por prazo determinado.
Estatuto do Estrangeiro: expulsão em casos de segurança nacional, ordem política ou social, moralidade pública ou economia popular (preceitos genéricos).
Atualmente: condenação com sentença transitada em julgado relativa à prática de: I – crime de genocídio, crime contra a humanidade, crime de guerra ou crime de agressão; ou II – crime comum doloso passível de pena privativa de liberdade, considera gravidade e possibilidades de ressocialização em território nacional.
Não se procederá à expulsão quando: I - a medida configurar extradição inadmitida pela legislação brasileira; II - o expulsando: a) tiver filho brasileiro que esteja sob sua guarda ou dependência econômica ou socioafetiva ou pessoa brasileira sob sua tutela; b) tiver cônjuge ou companheiro residente no Brasil; c) tiver ingressado no Brasil até os 12 (doze) anos de idade, residindo desde então no País; d) for pessoa com mais de 70 anos que resida no País há mais de 10 anos.
Art. 36. Não será expulso do território nacional o refugiado que esteja regularmente registrado, salvo por motivos de segurança nacional ou de ordem pública.
Procedimento: Ministro da Justiça determinará a instauração de inquérito para a expulsão do estrangeiro (ampla defesa e contraditório).
Portaria Ministerial de Expulsão (assinada pelo Ministro da Justiça em exercício de competência delegada) e resolverá sobre a expulsão, a duração do impedimento de reingresso e a suspensão ou a revogação dos efeitos da expulsão.
E caberá ao Ministro da Justiça decidir sobre a revogação da medida de expulsão (Art. 206, §4º Dec. 9.199/2017)
O processamento da expulsão em caso de crime comum não prejudicará a progressão de regime, o cumprimento da pena, a suspensão condicional do processo, a comutação da pena ou a concessão de pena alternativa, de indulto coletivo ou individual, de anistia ou de quaisquer benefícios concedidos
Caberá pedido de reconsideração da decisão sobre a expulsão: prazo de 10 dias.
Art. 59. Será considerada regular a situação migratória do expulsando cujo processo esteja pendente de decisão.
Extradição
Competência: competência do Presidente da República, mediante a autorização prévia do Superior Tribunal Federal
Art. 90. Nenhuma extradição será concedida sem prévio pronunciamento do Supremo Tribunal Federal sobre sua legalidade e procedência, não cabendo recurso.
Art. 81. A extradição é a medida de cooperação internacional entre o Estado brasileiro e outro Estado pela qual se concede ou solicita a entrega de pessoa sobre quem recaia condenação criminal definitiva ou para fins de instrução de processo penal em curso.
Ou seja, um Estado entrega um indivíduo acusado ou condenado para a Justiça de outro Estado, competente para julgá-lo e puni-lo.
Em regra, princípio da territorialidade (onde cometeu o crime).
Art. 82. Não se concederá a extradição quando:
For brasileiro nato; for beneficiário de refúgio ou de asilo territorial; o Brasil for competente para julgar o crime; o extraditando já estiver respondendo processo ou condenado ou absolvido no Brasil pelo mesmo fato; o fato não for considerado crime no Brasil ou no Estado requerente; a lei brasileira impuser ao crime pena de prisão inferior a 2 anos; a punibilidade estiver prescrita pela lei brasileira ou do Estado requerente; o fato constituir crime político ou de opinião; o Estado estrangeiro processar o extraditando perante tribunal ou juízo de exceção.
Requisitos da extradição (art. 83): o crime ser comum e previsto nos dois ordenamentos jurídicos como grave(não pode crime político ou de opinião) ter sido cometido no território do Estado requerente ou aplicam-se as leis penais desse Estado + processo investigatório ou penal ou condenação pelas autoridades judiciárias do Estado requerente.
Informações importantes:
Art. 85: quando mais de um Estado requerer a extradição da mesma pessoa e pelo mesmo fato: preferência onde a infração foi cometida.
O Estado requerente pode pedir prisão cautelar com o objetivo de assegurar a executoriedade da medida de extradição (ouvido previamente o Ministério Público Federal).
Art. 92: se julgada procedente a extradição e autorizada a entrega, o Estado requerente tem 60 dias para retirar o extraditando do território nacional.
Art. 95: se o extraditando tiver sendo processado ou foi condenado por crime punível com pena privativa de liberdade no Brasil, a extradição só se efetivará após conclusão do processo ou do cumprimento da pena
Dos deveres do Estado Requente (art. 96): 
I – não submeter o extraditando a prisão ou processo por fato anterior ao pedido de extradição; II – computar o tempo da prisão no Brasil; III – não aplicar pena corporal, perpétua ou de morta e converter em pena privativa de liberdade, respeitado o limite máximo de cumprimento de 30 anos; IV – não entregar o extraditando, sem consentimento do Brasil, a outro Estado que o reclame; V – não considerar motivo político para agravar a pena; e VI – não submeter o extraditando a tortura ou a outros tratamentos ou penas cruéis, desumanos ou degradantes.
A CRFB autoriza a extradição de estrangeiros e de brasileiros naturalizados (crime anterior à naturalização ou por tráfico de drogas) – art. 5º, inciso LI, CRFB.
Registro e identificação civil é obrigatório a todo imigrante detentor de visto temporário ou de autorização de residência.
Enquanto não for expedida identificação civil, o documento comprobatório de que o imigrante a solicitou à autoridade competente garantirá o acesso aos direitos de migrante.
Art. 20. A identificação civil de solicitante de refúgio, de asilo, de reconhecimento de apatridia e de acolhimento humanitário poderá ser realizada com a apresentação dos documentos de que o imigrante dispuser.
Proteção do apátrida: compromisso internacional de erradicação da apatridia. 
Convenção sobre o Estatuto dos Apátridas (1954), promulgada pelo decreto executivo n. 4.246/02
Comunidade X pertencimento - causas: as políticas discriminatórias e os vazios legislativos oriundos de uma cidadania liberal, institucionalizar as idealizações sociopolíticas daquela comunidade.
Brasil: garantias e mecanismos protetivos e de facilitação da inclusão social; procedimento simplificado.
Reconhecimento da condição de apátrida (verificar se o solicitante é considerado nacional pela legislação de algum Estado) e processo simplificado de naturalização (órgão competente do Poder Executivo para publicação dos atos necessários à efetivação da naturalização).
Aplicam-se ao apátrida residente todos os direitos atribuídos ao migrante e é vedada a devolução do indivíduo para país onde sua vida, integridade pessoal ou liberdade estejam em risco.
Caso Maha Mamo e sua irmã: primeiras pessoas a serem identificadas como apátridas no Brasil. E existem 9 processos de reconhecimento de apátridas sob análise (AZEVEDO, 2019)
Direito Internacional Privado
Conceito: conflitos de leis no espaço em relações de caráter privado o que tenham conexão internacional~. 
Extraterritorialidade das leis, pluralidade de ordenamentos jurídicos, ordens jurídicas independentes, relatividade de valores.
“O direito não é como o fogo, que arde do mesmo modo na Pérsia e na Grécia” - Aristóteles. Soberania estatal.
DIPri: qual legislação e qual jurisdição aplicar? Conflito de leis e de jurisdição dependerão do “elementos de estraneidade”.
O direito internacional privado tem raiz nacionalista – regra, exigibilidade jurídica nacional. Principal fonte: leis dos Estados.
As normas de direito internacional privado são incorporadas como lei ordinária + eficácia horizontal dos direitos humanos nas relações privadas internacionais.
No Brasil: em regra, constam na Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro.
Objetos de conexão: capacidade civil, domicílio, famílias e sucessão, casamentos, contratos, compra de bens, direito empresarial.
Cooperação internacional

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