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A StuDocu não é patrocinada ou endossada por nenhuma faculdade ou universidade Exame do Abdome - Semiologia medica Semiologia (Universidade Federal da Fronteira Sul) A StuDocu não é patrocinada ou endossada por nenhuma faculdade ou universidade Exame do Abdome - Semiologia medica Semiologia (Universidade Federal da Fronteira Sul) Baixado por Bruna Leão (brunalleao26@gmail.com) lOMoARcPSD|9208414 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=exame-do-abdome-semiologia-medica https://www.studocu.com/pt-br/document/universidade-federal-da-fronteira-sul/semiologia/exame-do-abdome-semiologia-medica/15155153?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=exame-do-abdome-semiologia-medica https://www.studocu.com/pt-br/course/universidade-federal-da-fronteira-sul/semiologia/4880457?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=exame-do-abdome-semiologia-medica https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=exame-do-abdome-semiologia-medica https://www.studocu.com/pt-br/document/universidade-federal-da-fronteira-sul/semiologia/exame-do-abdome-semiologia-medica/15155153?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=exame-do-abdome-semiologia-medica https://www.studocu.com/pt-br/course/universidade-federal-da-fronteira-sul/semiologia/4880457?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=exame-do-abdome-semiologia-medica Baixado por Bruna Leão (brunalleao26@gmail.com) lOMoARcPSD|9208414 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=exame-do-abdome-semiologia-medica CONTENTS 1. Introdução .................................................................... 3 2. Anatomia fisiológica do abdome ......................... 3 3. Anamnese e interrogatório sistemático ............ 8 4. Inspeção ......................................................................12 5. Percussão ...................................................................14 6. Palpação ......................................................................16 7. Ausculta .......................................................................21 8. Sinais e sintomas abdominais ............................23 9. Exames complementares e doenças associadas .................................................25 Referências bibliografia ..............................................30 Baixado por Bruna Leão (brunalleao26@gmail.com) lOMoARcPSD|9208414 3EXAME DO ABDOME 1. INTRODUÇÃO O abdome é a maior cavidade do cor- po humano e compreende a região do tronco que fica entre o tórax e a pelve. A divisão entre o tórax e o abdome é demarcada pelo diafragma, enquanto a abertura superior da pelve demar- ca os limites entre as cavidades ab- dominal e pélvica. Assim, o abdome comporta órgãos do sistema digestó- rio e algumas estruturas do sistema urinário. Anatomicamente, o abdome é divi- dido em 9 regiões e 4 quadrantes, o que auxilia na descrição de sinais, sintomas e anormalidades anatômi- cas que podem estar presentes no paciente para diagnóstico e registro no prontuário médico. Figura 1. Regiões anatômicas do abdome Fonte:https://unasus2.moodle.ufsc.br/pluginfile. php/16344/mod_resource/content/1/un01/img_content/ figura_regioes_abdomen.fw.png Figura 2. Quadrantes abdominais Fonte: https://ssl.adam.com/graphics/images/pt/19578. jpg A cavidade abdominal comporta os estômago, fígado, vesícula biliar, pân- creas e ductos biliares, baço, intesti- nos delgado e grosso, rins, glândulas suprarrenais e os vasos abdominais, que são ramificações da aorta abdo- minal. A bexiga urinária, útero, tuba uterina e ovários (em mulheres) são considerados órgãos abdominais e pélvicos. O exame físico abdominal, feito corre- tamente, é capaz de identificar mas- sas anormais (tumores), irritação peri- toneal, íleo paralítico, sopros arteriais e outros problemas de saúde. 2. ANATOMIA FISIOLÓGICA DO ABDOME O abdome, como já mencionado, fica entre o tórax e a pelve, e comporta Baixado por Bruna Leão (brunalleao26@gmail.com) lOMoARcPSD|9208414 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=exame-do-abdome-semiologia-medica 4EXAME DO ABDOME todo o sistema digestório e parte do sistema urogenital. Esses órgãos são contidos pelos músculos abdominais, diafragma e músculos da pelve, e a posição (entre tórax e pelve) torna o abdome capaz de proteger seu con- teúdo e ainda manter flexibilidade para respiração, postura e locomoção. Apesar da proximidade, o abdome é contínuo com a cavidade pélvica, e por isso não possui assoalho, sendo a abertura da pelve superior apenas uma demarcação arbitrária para sepa- rar didaticamente as duas cavidades. Com a contração voluntária ou refle- xa, os músculos abdominais aumen- tam a pressão intra-abdominal para promover tanto a expulsão de líqui- dos, flatos, fezes e fetos da cavidade abdominopélvica, quanto a expulsão de ar da cavidade torácica adjacente. Figura 3.: Órgãos abdominais Fonte: https://ssl.adam.com/graphics/images/pt/19574.jpg Baixado por Bruna Leão (brunalleao26@gmail.com) lOMoARcPSD|9208414 5EXAME DO ABDOME As paredes abdominais são formadas por diversas camadas, que além de se contrair, é capaz de se distender a fim de acomodar as expansões causadas pela ingestão alimentar, gravidez, de- posição de gordura e outras doenças. Os órgaos internos são revestidos pelo peritônio, uma membrana serosa que se dobra sobre as vísceras abdo- minais como uma bolsa, formando a cavidade peritoneal, cujas dobras dão passagem aos vasos sanguíneos, lin- fáticos e nervos. A parede abdominal tem três pares de músculos planos e dois pares de músculos verticais, são eles respec- tivamente: m. oblíquo externo do ab- dome, m. oblíquo interno do abdome, m. transverso do abdome (planos), m. reto do abdome e m. piramidal (verti- cais), esses dois últimos são contidos na bainha do músculo reto do abdome. Devido ao sua grande atividade, a cavidade abdominal requer boa vas- cularização. Com isso, o abdome é suprido pela aorta abdominal e suas ramificações, que são: artérias suprarrenais, renais, mesentéricas e ilíacas, que por sua vez irão se ramificar para suprir a pelve e membros inferiores, e o tronco celíaco, que dá origem às artérias he- pática comum, esplêni- ca e gástrica esquerda. Assim, o tronco celíaco irriga fígado, estrutu- ras biliares, estômago e parte do pâncreas, a artéria mesentérica su- perior irriga os intesti- nos delgado e grosso, até a porção proximal do colo transverso, a mesentérica inferior irriga o restante do in- testino grosso e porção proximal do reto. Figura 4. Vascularização do abdome Fonte: https://www.anatomiaonline.com/wp-content/uploads/2018/03/Aorta-Abdominal.jpg Baixado por Bruna Leão (brunalleao26@gmail.com) lOMoARcPSD|9208414 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=exame-do-abdome-semiologia-medica 6EXAME DO ABDOME As vísceras abdominais são respon- sáveis principalmente pela diges- tão dos alimentos, absorção dos nu- trientes ingeridos e eliminação dos resíduos. Assim, o alimento, que entra pela boca, chega pelo esôfago ao estôma- go, onde é triturado e misturado ao suco gástrico, graças aos movimentos peristálticos, a fim de reduzir o conte- údo alimentar às suas moléculas ab- sorvíveis. Daí, o bolo alimentar é en- caminhado para o intestino delgado. O intestino delgado é o principal local de absorção dos nutrientes ingeridos na alimentação, e fica situado entre o estômago e o intestino grosso. É no intestino grossoque ocorre a absor- ção da maior parte de água que está misturado ao bolo alimentar, que nes- sa porção do tubo gastrointestinal se torna bolo fecal. Do intestino grosso, o bolo fecal é transportado para o reto e expelido pelo canal anal. Os intesti- nos são supridos pelas artérias me- sentéricas inferior e supe- rior e suas ramificações, enquanto o estômago é suprido principalmente pelas artérias gástricas esquerda e direita, e dre- nado pelas veias gástricas direita e esquerda, que drenam para a veia porta. Além do tubo gastrointes- tinal, a digestão depen- de de glândulas anexas para acontecer, sendo elas o fígado e o pâncreas, que produzem secre- ções e hormônios que auxiliam nesse processo. O fígado é um órgão macio e alta- mente vascularizado, visto que re- cebe uma grande quantidade de sangue imediatamente antes de en- trar no coração. A maior parte da ir- rigação do fígado vem da veia porta hepática e uma porcentagem menor da artéria hepática, enquanto a dre- nagem é feita pela veia cava inferior (VCI) e pelas veias hepáticas, que não possuem válvulas. É um impor- tante órgão no metabolismo de dro- gas, síntese de proteínas sanguíne- as, armazenamento de nutrientes e secreção da bile, que é armazenada e expelida pela vesícula biliar. O pân- creas, por sua vez, é responsável por sintetizar principalmente a insulina e o glucagon, que regulam a glicemia, mas também produz o suco gástrico que participa da digestão de lipídios e proteínas. Baixado por Bruna Leão (brunalleao26@gmail.com) lOMoARcPSD|9208414 7EXAME DO ABDOME Além dos órgãos digestórios, o abdo- me engloba o baço e a bexiga uriná- ria. O baço é o maior órgão linfático do corpo, participando do sistema de de- fesa do corpo, e também contém uma grande quantidade de sangue, que é expelida para a circulação pela ação do músculo liso de sua cápsula. Com isso, os vasos esplênicos são mais ca- librosos, sendo que a irrigação deste órgão é feita principalmente pela arté- ria esplênica, ramo do tronco celíaco. Figura 5, Vascularização do fígado, baço e estômago Fonte: https://i.pinimg.com/originals/7c/85/31/7c85317a868c27e3f079a58865f8dbc3.jpg Baixado por Bruna Leão (brunalleao26@gmail.com) lOMoARcPSD|9208414 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=exame-do-abdome-semiologia-medica 8EXAME DO ABDOME 3. ANAMNESE E INTERROGATÓRIO SISTEMÁTICO Na anamnese, quando a queixa prin- cipal é relativa ao abdome, é impor- tante que se descreva todos os sinto- mas, especificando: 1. O local de incômodo e irradiação da dor, utilizando como referên- cia as 9 regiões e os 4 quadrantes abdominais. 2. Início, frequência, duração e ho- rário preferencial dos sintomas. (Ex: Refere dor abdominal 2 ve- zes ao dia, por cerca de 5 minu- tos, há uma semana, sem horário preferencial). 3. Intensidade dos sintomas, que deve ser graduada em cruzes. (Ex: +++/4+, ou seja, 3 cruzes em 4). 4. Tipo de dor: em pontada, em aper- to, latejante – é aconselhável colo- car entre parênteses as palavras que o paciente utilizar para des- crever a dor. 5. Quantidade de vezes de ocorrên- cia do evento. ANATOMIA FISIOLÓGICA DO ABDOME Comporta todo o sistema digestório e parte do sistema urogenital Tem três pares de músculos planos Está entre o tórax e a pelve Suprido pelas artérias suprarrenais, renais, mesentéricas, ilíacas e o tronco celíaco Tem dois pares de músculos verticais M. oblíquo externo do abdome, m. oblíquo interno do abdome, m. transverso do abdome M. reto do abdome e m. piramidal Baixado por Bruna Leão (brunalleao26@gmail.com) lOMoARcPSD|9208414 9EXAME DO ABDOME (Ex: Refere ter vomitado 3 vezes nas últimas 24h). 6. Fatores desencadeantes: são as causas da dor atribuídas pelo pa- ciente. (Ex: refere dor quando se senta). 7. Fatores de melhora e piora: farma- cológicos e não farmacológicos. (Ex: chás). Além disso, quando a queixa principal é abdominal, deve-se buscar fazer o interrogatório sistemático do abdome na anamnese, descrevendo os sinais positivos e relatando os sinais nega- tivos. Nessas casos, na parte do ab- dome no interrogatório sistemático é permitido colocar “vide HMA”, onde esse sistema foi explorado. O interrogatório sistemático do ab- dome inclui perguntas sobre os apa- relhos gastrointestinais e gênito-u- rinário, e ajuda a identificar sinais e sintomas menos graves que o pa- ciente não refere espontaneamente. É importante que se comece descre- vendo os sinais positivos, caracteri- zando da forma mais completa pos- sível as queixas do paciente, e em seguida descrever os sinais negati- vos. Além disso, recomenda-se evitar a repetição de palavras, utilizando “nega” para relatar todos os dados negativos (Ex: Nega tosse, dispneia e escarro.) Sobre o aparelho gastrointestinal é importante que o médico questio- ne se o paciente apresenta: apetite ou inapetência, intolerância alimen- tar, disfagia, dispepsia, regurgitação, ânsia de vômito, vômito, vômito em jato (não associado à náuseas), piro- se, constipação/obstipação, plenitude gástrica, hematêmese, diarreia, este- atorreia, melena, tenesmo, hemato- quezia, hemorroidas ou enterorragia. Nesse ponto também é fundamen- tal relatar o ritmo intestinal do pa- ciente, perguntando sobre número de evacuações e características das fezes (consistência, quantidade e odor), avaliando alterações no hábito intestinal. Sobre o aparelho gênito-urinário de- ve-se questionar se há disúria, poliú- ria, polaciúria, nictúria, oligúria, anúria, enurese, urgência ou incontinência urinária, hematúria e alterações de coloração e/ou odor da urina. Em pa- cientes homens, é importante per- guntar se houve redução do calibre ou força do jato urinário, hesitação e gotejamento pós-miccional. Baixado por Bruna Leão (brunalleao26@gmail.com) lOMoARcPSD|9208414 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=exame-do-abdome-semiologia-medica 10EXAME DO ABDOME Apetite, intolerância alimentar, disfagia, dispepsia, regurgitação, náuseas, vômito, pirose, constipação/ obstipação, plenitude gástrica, ritmo intestinal e características das fezes e possíveis alterações. ANANESE E INTERROGATÓRIO SISTEMÁTICO Intensidade, recorrência dos sintomas Perguntas sobre os aparelhos gastrointestinais e gênito-urinário Fatores desencadeantes, de melhora e piora Tipo de dor: em pontada, em aperto, latejante Local do incômodo e irradiação da dor Início, frequência, duração e horário preferencial Disúria, poliúria, polaciúria, nictúria, oligúria, anúria, enurese, urgência ou incontinência urinária, hematúria e alterações de coloração e/ou odor da urina Em pacientes homens, é importante perguntar se houve redução do calibre ou força do jato urinário, hesitação e gotejamento pós-miccional EXAME FÍSICO DO ABDOME AUSCULTA PERCUSSÃOINSPEÇÃO PALPAÇÃO Baixado por Bruna Leão (brunalleao26@gmail.com) lOMoARcPSD|9208414 11EXAME DO ABDOME CONCEITO! Inapetência: perda do apetite Disfagia: sensação de obstrução do esôfago (entalado) Dispepsia: desconforto abdominal caracterizado por plenitude, saciedade precoce, distensão e/ou náusea. Regurgitação: sensação de conteúdo gastroesofágico na boca, sem que ocorra vômito. Pirose: sinônimo de azia, sensação de queimação retroesternal. Constipação/obstipação: dificuldade ou esforço para evacuar, fezes endurecidas, menos de 3 evacuações semanais Plenitude gástrica: sensação de saciedade precoce (empachamento). Hematêmese: vômito com sangue proveniente do aparelho digestivo, podendo ser sangue vivo ou borráceo. Deve-se diferenciar de hemoptise, que é sangue proveniente do sistema respiratório Esteatorreia: fezes gorduras (boiam no vaso) Melena: fezes enegrecidas, tipo borra-de-café, sugestivo de sangramento digestivo alto (“sangue digerido”). Tenesmo: sensaçãode evacuação incompleta associado a esforço para defecar. Hematoquezia: presença de sangue vivo nas fezes, sugestivo de sangramento retal. Disúria: dor ao urinar Poliúria: aumento significativo no volume urinário em 24 horas, definido grosseiramente como 3 litros. Polaciúria: aumento na quantidade de micções Nictúria: aumento da frequência urinária durante a noite. Oligúria: diurese diminuída (inferior a 400 ml/24h) Anúria: diurese inferior a 100 ml/24h Enurese: incapacidade de reter a urina durante o sono Urgência urinária: desejo intenso e imediato de urinar, as vezes causando micção involuntária. Incontinência urinária: eliminação involuntária da urina. Hematúria: presença de sangue na urina Baixado por Bruna Leão (brunalleao26@gmail.com) lOMoARcPSD|9208414 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=exame-do-abdome-semiologia-medica 12EXAME DO ABDOME 4. INSPEÇÃO É importante pontuar que todo o exa- me físico é feito à direita do paciente, e o mesmo deve estar em decúbito dorsal e com os braços ao lado corpo. Além dis- so, é importante que se siga uma ordem no exame para evitar que alguma região deixe de ser devidamente examinada. A inspeção do abdome deve se iniciar observando a pele da região, à procura de manchas, lesões e cicatrizes, espe- cialmente cicatrizes cirúrgicas – a cica- triz umbilical também deve ser descrita, indicando se é centralizada ou descen- tralizada e protrusa ou intrusa. Com isso, deve-se observar a conformação do abdome, identificando se ele é plano, escavado ou globoso. Abdome escava- do normalmente é sinal de desnutrição, enquanto o abdome pode ser globoso às custas de panículo adiposo, ascite, gases, tumores, etc, sendo importante sinalizar quando é globoso às custas de panículo adiposo e ascite. E além da conformação, é importante sinalizar se o abdome é simétrico ou não e se apresenta deformidades, utilizando as regiões e quadrantes para descrever a localização das anormalidades. Na inspeção também deve se obser- var a presença de circulação colate- ral, peristalse e pulsações visíveis. A circulação colateral pode ser do tipo porta ou do tipo veia cava inferior, e indicam hipertensão portal. Figura 6. Circulação colateral tipo porta e tipo cava res- pectivamente. Fonte:http://www.hu.usp.br/wpcontent/ uploads/sites/176/2017/06/432_Gastro_Clinica_hiper- tensao_portal.pdf SAIBA MAIS! Hipertensão portal é uma condição em que o sistema porta apresenta aumento da resis- tência ao fluxo de sangue, o que pode ser causado por doenças dentro do fígado, obstrução da veia esplênica ou portal e fluxo venoso hepático insuficiente. A principal causa de hiper- tensão portal é a cirrose alcoólica, que é caracterizada por hepatomegalia e superfície com aspecto nodular. A cirrose é provocada pela destruição progressiva dos hepatócitos, que são substituídos por gordura e tecido fibroso, e por isso o aumento da resistência ao fluxo san- guíneo, visto que o tecido fibroso circundando os vasos hepáticos torna o fígado mais firme, impedindo a circulação. Sinais de Hipertensão Portal: • Ascite • Edema de membros inferiores • Hematêmese • Varizes esofágicas • Hemorroidas Baixado por Bruna Leão (brunalleao26@gmail.com) lOMoARcPSD|9208414 13EXAME DO ABDOME Na inspeção, também é preciso ava- liar a presença de hérnias, e para isso se realiza a manobra de Valsalva, que nada mais é do que solicitar ao paciente que sopre o punho fecha- do. Com isso, aumenta-se a pressão intra-abdominal, forçando o apareci- mento das hérnias que podem estar presentes. CONCEITO! Hérnia é definida como uma protrusão parcial ou total de um ou mais órgãos por um orifício que se abriu, o que pode ocorrer por enfraquecimento da parede abdominal ou por má forma- ção e a depender de sua localização, re- cebe diferentes nomenclaturas. Figura 7. Tipos hérnias abdominais Fonte:https://2.bp.blogspot.com/eLsp0TaMRgU/ WnyKaVyXG2I/AAAAAAAAO04/F60xGVSrmn- c77PSknYXBjNUJfuryWof3wCLcBGAs/s1600/unna- med.png PRESENTE LESÕES DE PELE CICATRIZES CIRÚRGICAS HÉRNIAS (Manobra de Valsalva) CIRCULAÇÃO COLATERAL PERISTALSE PULSAÇÕES CONFORMAÇÃO CICATRIZ UMBILICAL AUSENTE INTRUSA NÃO VISÍVEL PROTRUSA GLOBOSO VISÍVEL AUSENTE PRESENTE ESCAVADO PLANO SIMÉTRICO ASSIMÉTRICO INSPEÇÃO Baixado por Bruna Leão (brunalleao26@gmail.com) lOMoARcPSD|9208414 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=exame-do-abdome-semiologia-medica 14EXAME DO ABDOME 5. PERCUSSÃO Para essa parte do exame físico, é importante que o médico esteja com as unhas cortadas e aqueça as mãos. Antes de começar as manobras, é im- portante perguntar ao paciente se ele está sentindo alguma dor abdominal, se está com a bexiga cheia e se defe- cou no dia do exame (ou se estar com vontade de ir ao banheiro). Durante a percussão, especialmente naqueles pacientes que referirem dor, é necessário que o profissional pes- quise sinais de desconforto na ex- pressão do paciente. A percussão é usada para fazer a he- patimetria, ou seja, mensuração do tamanho do fígado, percussão do es- paço de Traube, a fim de identificar visceromegalia (VCM) e percussão geral para identificar se o som é tim- pânico (normal) ou maciço, indicando que há massas sólidas anormais na cavidade abdominal. A hepatimetria é feita utilizando os dedos como medida. Começando na região abaixo do umbigo, deve-se percurtir em direção ao fígado até que o som mude de timpânico (abdomi- nal normal) para maciço, indicando a margem inferior do fígado. Após isso, deve-se percurtir da região hemicla- vicular direita na altura dos pulmões em direção ao fígado, até o som mude de som claro pulmonar (atimpânico) para maciço, indicando o início do fí- gado. Com isso, mede-se a distância entre esses dois pontos (início e mar- gem inferior do fígado), considerando que cada dedo tenha 1 cm de largura. Vale pontuar que a percussão nor- malmente fornece estimativas infe- riores à realidade e o fígado pode ser deslocado para baixo pelo diafragma em pacientes com DPOC. Figura 8. Hepatimetria normal Fonte:https://image.slidesharecdn.com/propedeuticaab- dominal-130810193110phpapp02/95/propedeutica- -abdominal-31-638.jpg?cb=1376163191 A esplenomegalia pode ser identifi- cada através de duas técnicas: per- cussão da região inferior esquerda da parede torácica anterior (espaço de Traube) e verificação da presença do sinal de percussão esplênica. O espa- ço de Traube fica entre a área de atim- panismo pulmonar e o rebordo costal abaixo, e ao percurtir esse espaço, de- ve-se ouvir som timpânico, indicando que não há visceromegalia, ou seja, que o espaço de Traube está livre. Para verificar o sinal de percussão esplênica, deve percurtir o espaço Baixado por Bruna Leão (brunalleao26@gmail.com) lOMoARcPSD|9208414 15EXAME DO ABDOME intercostal mais abaixo da linha axi- lar anterior esquerda, região que cos- tuma ser timpânica. Em seguida, é importante solicitar ao paciente que respire fundo e percutir novamente esta região. Quando o tamanho do baço está normal, o som timpânico à percussão se mantém mesmo com a respiração funda. O baço cresce em direção ao umbigo (sentido ante- rior, inferior e medial), e muitas vezes substitui o timpanismo do estomago e do cólon pela macicez de órgão, que é sólido (assim como o fígado). Então deve-se percutir nesse sentido (direção do umbigo) para mensurar o tamanho deste órgão, lembrando que isso só é possível quando já há es- plenomegalia, pois o baço não deve ser palpado abaixo do rebordo costal esquerdo. Figura 9. Espaço de Traube (indicado pela seta) Fonte: https://semiologiasobral.files.wordpress. com/2015/04/traubes.jpg SAIBA MAIS! Visceromegalia (VCM) Devido à ausência de válvulas em suas veias, a elevação da pressão venosa central (HAS) é transmitida ao fígado, que aumenta de tamanho quandose enche de sangue, e o ingurgita- mento temporário acentuado distende a cápsula fibrosa do fígado, causando hepatomegalia. Esse ingurgitamento é causado frequentemente por insuficiência cardíaca congestiva. He- patomegalia também pode ser causada por doenças bacterianas, virais (hepatite) e tumores. Quando fígado está aumentado, sua margem inferior pode ser palpada abaixo do rebordo costal direito, e quando a massa é tumoral, normalmente é possível palpar nódulos endureci- dos e arredondados no parênquima hepático. Baixado por Bruna Leão (brunalleao26@gmail.com) lOMoARcPSD|9208414 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=exame-do-abdome-semiologia-medica 16EXAME DO ABDOME 6. PALPAÇÃO Antes de iniciar as manobras de pal- pação, é importante perguntar ao pa- ciente se ele sente alguma dor abdo- minal, se está com a bexiga cheia e se defecou no dia do exame (assim como na percussão). Essa parte do exame é realizada em dois momentos: palpação superficial e palpação profunda. Na palpação superficial, deve-se palpar todos os quadrantes, com apenas uma mão, sem excluir as regiões laterais, bus- cando áreas sensíveis e/ou alteração de consistência durante a palpação. Na palpação profunda são palpados as mesmas regiões, também bus- cando áreas sensíveis e alterações de consistência, mas nessa manobra devem se usar as duas mãos, uma apoiada sob a outra, pesquisando a presença de massas. HEPATIMETRIA PERGUNTAR ANTES • Dor abdominal • Bexiga cheia • Evacuação recente PERCUSSÃO ESPLÊNICA PESQUISA DE MACICEZ NORMAL (adultos): entre 9 cm LMC e 4 cm na LME TRAUBE LIVRE BAÇO PERCUTÍVEL Especificar a quantos centímetros abaixo do rebordo costal esquerdo é possível percutí-lo. MACIÇO TIMPÂNICO PERCUSSÃO Baixado por Bruna Leão (brunalleao26@gmail.com) lOMoARcPSD|9208414 17EXAME DO ABDOME Figura 10. Palpação superficial e profunda (respectivamente) Fonte: https://simbrazil.mediviewprojects.org/images/ stories/Abdomen/ab-fig-20.jpg É importante saber que algumas estru- turas podem ser palpadas mas que não indicam anormalidades patológicas, como a aorta, a borda do fígado, alguns linfonodos, bexiga distendida, polo in- ferior do rim direito, músculo reto abdo- minal e seus tendões, cólon e fezes. Além disso, algumas manobras bus- cando palpar algumas estruturas de- vem ser realizadas nesse parte do exame físico, como o fígado, o baço e o rim direito. A palpação do fígado pode ser feita utilizando duas técnicas. Na técnica habitual, deve-se posicionar a mão por debaixo do paciente, paralela às 11ª e 12ª costelas, apoiando-as. Com isso, faz-se a compressão da mão es- querda para frente, palpando o fígado com a outra mão. Deve-se posicionar a mão direita à direita do abdome do paciente, lateralmente ao músculo reto, com as pontas dos dedos bem abaixo da borda inferior hepática. Nessa parte, deve-se fazer uma com- pressão suave para dentro e para fora, solicitar ao paciente que respire fun- do, e na expiração deve sentir a borda do fígado, quando ela descer ao en- contro dos dedos do médico (Figura). Nesse momento, deve-se diminuir a pressão na mão que está palpando e deslizar a ponta dos dedos para pal- par a superfície anterior do fígado. É importante observar a presença de alguma hipersensibilidade ao toque e tentar delimitar as bordas medial e lateral do fígado. Figura 11. Palpação habitual do fígado Fonte:https://slideplayer.com.br/slide/5656909/6/ images/64/PALPA%C3%87%C3%83O+DO+- F%C3%8DGADO+APROFUNDAR+A+PALPA%- C3%87%C3%83O+DURANTE+A+FASE+INSPIRA- T%C3%93RIA..jpg A outra técnica para palpar o fígado é a mão em garra, que é muito útil em pacientes obesos. Nessa manobra, deve-se posicionar as duas mãos, lado a lado, do lado direito do abdo- me, logo abaixo da borda do fíga- do (Figura). Em seguida, faz-se uma pressão com os dedos, para dentro e para cima, em direção ao rebordo cos- tal, e nesse momento solicita-se ao paciente que respire fundo. Quando palpado, a borda do fígado saudável Baixado por Bruna Leão (brunalleao26@gmail.com) lOMoARcPSD|9208414 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=exame-do-abdome-semiologia-medica 18EXAME DO ABDOME é mole, nítida e regular, e a superfície é lisa. Figura 12. Palpação do fígado – técnica mão em garra Fonte: https://image.slidesharecdn.com/examefsicodo- abdome-150605062626-lva1-app6892/95/exame- -fsico-do-abdome-davyson-sampaio-braga-22-638. jpg?cb=1433485755 Quando o baço está aumentado, ele começa a ser palpado abaixo do re- bordo costal. O baço fiCa acoplado no diafragma, na altura da 9ª, 10ª e 11ª costelas, ocupando grande par- te da região posterior à linha axilar média esquerda. Porém, em alguns adultos é possível palpar a ponta do baço normal abaixo do rebordo costal esquerdo. A técnica para palpar o baço é seme- lhante à técnica habitual de palpa- ção do fígado: o médico deve segu- rar o paciente com a mão esquerda, apoiando e comprimindo para frente a região inferior da caixa torácica e dos tecidos moles adjacentes; com a mão direita, por baixo do rebordo costal esquerdo, faz-se pressão para dentro, na direção do baço. Então, inicia-se a palpação em um nível baixo suficiente que seja capaz de detectar um possí- vel aumento, e nesse momento deve se solicitar ao paciente que inspire profundamente; quando o baço des- cer de encontro aos dedos do exa- minador, este deve palpar a margem ou ponta do baço, pesquisar sensibi- lidade ao toque e avaliar o contorno esplênico e a distância entre o ponto mais baixo do baço e o rebordo costal esquerdo. Após isso, deve-se repetir a mesma manobra com o paciente em decúbito lateral direito (ou seja, de frente para o examinador), pois nessa posição, a gravidade desloca o baço para um local mais acessível para pal- pação. Essa posição também é cha- mada de posição de Schust. Figura 13. Palpação do baço em decúbito lateral direito (posição de Schuster) Fonte:https://image.slidesharecdn.com/abdomell- -150804180250-lva1-app6891/95/abdome- -ll-26-638.jpg?cb=1438711512 Os rins normalmente não são palpa- dos, mas é importante que se domine esta técnica também. Para palpar o rim Baixado por Bruna Leão (brunalleao26@gmail.com) lOMoARcPSD|9208414 19EXAME DO ABDOME direito, o médico deve posicionar a mão esquerda atrás do paciente, logo abaixo e paralela à 12ª costela, com as pontas dos dedos no ângulo costovertebral. Com isso, deve-se elevar a mão tentan- do deslocar o rim para a frente, e colocar a mão direita para devagar no quadran- te superior direito, lateral e paralelamen- te ao músculo reto. Nesse momento, é solicitado ao paciente que respire fundo, e no pico da inspiração, comprime-se a mão direita profundamente ao qua- drante superior direito, abaixo do rebor- do costal, tentando capturar o rim entre as mãos. Nesse momento, o paciente deve expirar e ficar em apneia em curto período, com isso, o médico deve liberar lentamente a compressão exercida pela mão direita simultaneamente, tentando sentir o deslizamento do rim e seu re- torno à posição que estava durante da expiração. Caso seja possível palpar o rim, é importante que se descreva seu tamanho, contorno e presença de sen- sibilidade ao toque. Figura 14. Palpação do rim direito Fonte:https://3.bp.blogspot.com/_P7DlgLzVFPo/SJI- Xh9DbVHI/AAAAAAAAAVo/rXONoCPWBO0/s320/ palp_rim.jpg Existem ainda algumas técnicas de palpação/percussão que auxiliam na pesquisa de ascite. As principais são as técnicas de macicez móvel, semi- -círculo de skoda e pesquisa do sinal de piparote. Figura 15. Manobras para pesquisa de ascite Fonte: https://semiologiabahiana.files.wordpress.com/2017/05/ascite-1.png?w=760 Baixado por Bruna Leão (brunalleao26@gmail.com) lOMoARcPSD|9208414 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=exame-do-abdome-semiologia-medica20EXAME DO ABDOME SAIBA MAIS! Ascite consiste no acúmulo anormal de líquido na cavidade abdominal, que além de cau- sar aumento do volume abdominal, pode gerar aumento de peso, desconforto abdominal e dispneia. Normalmente, a ascite está associada à doenças hepáticas graves associadas à hipertensão portal e déficit na síntese de albumina, que causam desequilíbrio entre as pres- sões osmótica e coloidosmótica, forçando o extravasamento de líquido para o terceiro espaço (vasos linfáticos) PALPAÇÃO PALPAÇÃO SUPERFICIAL PALPAÇÃO PROFUNDA PALPAÇÃO DO FÍGADO PALPAÇÃO DO BAÇO PESQUISA DE ASCITE PERGUNTAR ANTES • Dor abdominal • Bexiga cheia • Evacuação recente DOLORIDO OU INDOLOR FLÁCIDO OU RÍGIDO TÉCNICA HABITAL E POSIÇÃO DE SCHUST PALPÁVEL OU IMPALPÁVEL TÉCNICA HABITUAL OU MÃO EM GARRA PALPÁVEL OU IMPALPÁVEL SEMI-CÍRCULO DE SKODA SINAL DE PIPAROTE MACICEZ MÓVEL Baixado por Bruna Leão (brunalleao26@gmail.com) lOMoARcPSD|9208414 21EXAME DO ABDOME 7. AUSCULTA A ausculta abdominal visa identificar dois principais sinais: ruídos hidro- aéreos (RHA) e sopro nas artérias abdominais – aorta, artérias renais e artérias ilíacas. Para isso, é preciso po- sicionar o estetoscópio em 7 pontos (Figura). A ausência de sopros pode ser confirmada quando não se ouve nenhum ruído nos pontos abaixo. Para ouvir os RHA basta posicionar o estetoscópio em áreas difusas do ab- dome, permanecendo por cerca de 2 minutos – ouvir um ruído já exclui a possibilidade de íleo paralítico e não é necessário ficar os 2 minutos inteiros caso se ouça antes disso. Figura 16. Pontos para ausculta vascular do abdome Fonte: https://image.slidesharecdn.com/semiologia- vasp18-181029041247/95/propedutica-vascu- lar-36-638.jpg?cb=1540786470 SAIBA MAIS! Íleo paralítico é um doença causada por defeitos ou ausência da motilidade intestinal (peris- talse). Isso gera inapetência, obstipação grave, vômitos, obstrução intestinal, que causa muito desconforto para o paciente, além de muita flatulência e risco de peritonite e sepse, visto que o conteúdo intestinal fica paralisado, gerando aumento das microbiota residente.} Baixado por Bruna Leão (brunalleao26@gmail.com) lOMoARcPSD|9208414 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=exame-do-abdome-semiologia-medica 22EXAME DO ABDOME Modelo de descrição de exame físico normal do abdome de um adulto (Inspeção) Abdome plano, simétrico, ausência de lesões, cicatrizes, circu- lação colateral, peristalse e pulsações visíveis; cicatriz umbilical intrusa. (Ausculta) RHA presentes, ausência de sopros. (Percussão) Predomínio de som timpânico à percussão geral, hepatimetria 9 cm na linha média cla- vicular (LMC) e 4 cm na linha médio esternal (LME = nível do apêndice xi- foide), espaço de Traube livre. (Palpa- ção) Indolor à palpação superficial e profunda, ausência de VCM, Giorda- no negativo (em alguns casos é im- portante negar outros sinais). PRESENTES AUSENTES AORTA ARTÉRIAS RENAIS ARTÉRIAS ILÍACAS PRESENTE AUSENTE AUSCULTA RUÍDOS HIDROAÉREOS SOPROS Baixado por Bruna Leão (brunalleao26@gmail.com) lOMoARcPSD|9208414 23EXAME DO ABDOME 8. SINAIS E SINTOMAS ABDOMINAIS Alguns sintomas e sinais relaciona- dos com os órgãos abdominais po- dem indicar doenças e complicações. Assim, é importante conhecer alguns deles: Sinal de Cullen corresponde à colora- ção azulada ao redor do umbigo, su- gestivo de hemorragia retroperitoneal. SINAIS ABDOMINAIS SINAL DO OBTURADOR SINAL DE GREY TURNER SINAL DE MURPHY SINAL DE ROVSING SINAL DE BLUMBERG SINAL DE GIORDANO SINAL DE CULLEN Figura 17. Sinal de Cullen Fonte: https://bedsidetothebench.files.wordpress. com/2019/01/1469756934074.png?w=300&h=193 Sinal de Grey Turner é referente à equimoses não traumáticas nos flan- cos, que pode indicar pancreatite he- morrágica, estrangulamento intesti- nal ou abcessos com extravasamento de sangue. Figura 18. Sinal de Grey Tuner Fonte: https://slideplayer.com.br/slide/4117934/12/ima- ges/24/Sinal+de+Gray+Turner+Sinal+de+Cullen.jpg Sinal de Murphy corresponde à dor profunda à palpação da área subcos- tal direita, que sugere colecistite. Baixado por Bruna Leão (brunalleao26@gmail.com) lOMoARcPSD|9208414 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=exame-do-abdome-semiologia-medica 24EXAME DO ABDOME Figura 19. Sinal de Murphy Fonte: https://medpri.me/medprime/upload/editor/ dor%2012.png Sinal de Blumberg é referente à dor à compressão e principalmente à des- compressão súbita da fossa ilíaca direi- ta, no ponto de McBurney (ponto apen- dicular), sugestivo de apendicite aguda. Essa manobra também pode identificar peritonite, que também pode ser pes- quisada pinçando e puxando uma par- te do abdome, e caso o paciente sinta dor quando soltar rapidamente a pinça, é sugestivo de peritonite. Figura 20. Sinal de Blumberg e Ponto de McBurney Fonte:https://2.bp.blogspot.com/-dPKb4i9a9-0/WvY0o_ b84zI/AAAAAAAAID0/FwIFV3ULojwG-HnE2Ix-5NtN- 3zvbxA5nwCLcBGAs/s1600/IMG_1205.JPG Sinal de Rovsing refere-se à dor no quadrante inferior direito quando há compressão do quadrante inferior esquerdo, e esta manobra é utilizada para identificar apendicite. Sinal do Psoas é positivo quando o indivíduo sente dor ao realizar o mo- vimento de extensão do quadril, sen- do um indicativo de apendicite. Figura 21. Sinal do Psoas Fonte:https://encryptedtbn0.gstatic.com/images?q=tb- n:ANd9GcQktcAi5jnIvm_F3kPSiyFSPqXrQl2eGvlErbN- 4cyPa3BWzVfo3&s Sinal do Obturador também é inves- tigado para diagnóstico de apendicite e consiste na elevação da perna direita, flexionando-a até 90º. O sinal é positivo quando o indivíduo sente dor ao realizar esse movimento, visto que o músculo ob- turador fica próximo ao apêndice cecal. Figura 22. Sinal do obturador Fonte: https://cbcsp.org.br/wp-content/uploads/2016/ aulas/ApendiciteAguda.pdf Baixado por Bruna Leão (brunalleao26@gmail.com) lOMoARcPSD|9208414 25EXAME DO ABDOME Sinal de Giordano é positivo quando se tem dor à punho percussão das lo- jas renais, o que sugere pielonefrite. Figura 23. Punho-percussão do rins – Sinal de Gior- dano. Fonte: https://medpri.me/medprime/upload/editor/ dor%2013.png SAIBA MAIS! Apendicite é uma complicação na qual o apêndice cecal (intestino grosso) se torna inflamado, devido ao acúmulo de resíduos nessa região, quando ocorre uma obstrução. É uma emergên- cia cirúrgica, que deve ser rapidamente identificada para ser tratada, evitando que o apêndice rompa e extravase seu conteúdo para o peritônio, o que pode levar à sepse. A apendicite pode ser identificada por uma das quatro manobras mencionadas acima (rouvsing, psoas, obturador e blumberg) 9. EXAMES COMPLEMENTARES E DOENÇAS ASSOCIADAS USG de Abdome Total A USG de abdome total se refere à ul- trassonografia do abdome, que permi- te examinar fígado, vesícula biliar, baço, pâncreas, rins, bexiga, aorta, veia cava inferior, adrenais e intestino. Não utiliza radiação ionizante, e daí sua vantagem de poder ser realizado em gestantes. Esse exame sofre interferência de ga- ses na formação da imagem, sendo di- fícil o estudo do pâncreas e estruturas retroperitoneais na presença de hiper- meteorismo intestinal (acúmulo exces- sivo de gases), mas apresenta ótima resolução para órgão maciços e estru- turas contendo líquido. Além disso, a USG permite avaliação em tempo real, analisando a peristalse e fluxo vascular fetal, sendo indicada para exames de estruturas tubulares. Assim, as principais indicações para USG de abdome total é a identificação de tumores, cistos, nódulos ou massas abdominais, litíase (vesicular e renal), lesões das camadas e músculos ab- dominais, auxiliando na pesquisa de abscessos e hérnias, por exemplo. Baixado por Bruna Leão (brunalleao26@gmail.com) lOMoARcPSD|9208414 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=exame-do-abdome-semiologia-medica26EXAME DO ABDOME TC de Abdome TC de abdome se refere à tomografia computadorizada dessa cavidade, a qual permite analisar diretamente os órgãos abdominais maciços, diferen- ciar a composição das lesões e ainda identificar as lesões expansivas pro- venientes de estruturas ósseas. A TC pode se apresentar em planos sagital, coronal e axial (mais usado) e ser realizada utilizando ou não o contraste. O contraste pode ser ad- ministrado por via oral, venosa ou re- tal, sendo a venosa a mais utilizada. O contraste oral não é mais utilizado porque apenas a ingestão de água já produz o efeito desejado para o exa- me, que é a dilatação das alças intes- tinais, à medida que a água vai des- cendo pelo tubo digestório. A desvantagem da TC é que utiliza radiação ionizante em doses mais elevadas, sendo contraindicada para gestantes e tem restrições para os exames de estruturas tubulares, pois os planos de corte são axiais, não acompanhando o maior eixo dessas estruturas. SAIBA MAIS! O contraste venoso permite fazer um exame em diferentes tempos: fase arterial, venosa, equilíbrio (com o parênquima dos órgãos sólidos) e excretora (após cerca de 5 minutos). As fases representam por onde o contraste está passando no momento do exame. O exame do abdome normalmente é trifásico. As fases são importantes porque permitem o acompanha- mento do estado fisiológico das possíveis lesões e patologias que podem acometer os órgãos. Fase 1: fase sem contraste – identifica cálculos renais Fase 2: fase arterial – medula e córtex dos rins podem ser distinguidos Fase 3: fase portal – contraste mais forte na veia porta O uso de contraste possui algumas desvantagens, como a incapacidade de avaliar a exten- são da lesão parietal ou do mesentério, a dependência da aderência do contraste e risco de formação de granulomas na cavidade abdominal provocados pelo bário em casos de perfu- ração do tudo digestório, os quais devem ser removidos cirurgicamente. A TC de abdome pode auxiliar o diag- nóstico de diversas patologias, tais como apendicite, pielonefrite, colite ulcerosa, doença de Crohn, pancre- atite, cirrose, liítise vesicular ou renal, entre outras. Além disso, é o exame mais frequentemente solicitado em casos de trauma abdominal, a fim de avaliar o estado do paciente. Dissecção de Aorta Consiste em uma doença da cama- da íntima do vaso, caracterizada pela Baixado por Bruna Leão (brunalleao26@gmail.com) lOMoARcPSD|9208414 27EXAME DO ABDOME abertura dessa camada, formando uma “pseudoluz”, por onde o sangue passa. Ou seja, quando a camada ínti- ma é rompida, o sangue deixa de pas- sar pelo lúmen do vaso e passa entre as camadas média e íntima da pare- de do vaso. A principal causa dessa complicação é a hipertensão arterial, mas também pode ser causada por aterosclerose, hematoma intramural e aneurismas (apesar de nem sempre estarem associados). RM de Abdome Possibilita identificar a composição tecidual da lesão sem utilizar contras- te, nem radiação ionizante, permitin- do avaliar a presença de fluxo e a dis- secção de aorta sem contraste. A desvantagem da RM é que sofre muitas interferências pela peristalse e movimentos respiratórios, bem como pela presença de materiais metálicos. Assim, é contraindicada para pacien- tes com claustrofobia e em uso de marca-passo cardíaco. A RM de abdome pode ser prescrita para estadiamento de tumores abdo- minais, como carcinoma de cólon ou do colo do útero, e na avaliação de aneurismas da aorta abdominal. Aneurisma abdominal Embora a TC seja o exame que mais comumente identifica aneurismas da aorta abdominal (por ser mais frequentemente requisitado), a RM é o exame que melhor diagnostica essa complicação. Aneurisma consiste em uma dilatação anormal de uma artéria, o que pode ser causado pelo enfra- quecimento da túnica média do vaso, que por sua vez pode ser consequên- cia de muitos fatores como hiperten- são arterial, aterosclerose, tabagismo, infecções e até mesmo traumas. Essa dilatação anormal pode ter as- pecto fusiforme ou sacular (Figura), sendo o tipo sacular mais comum, o qual ocorre com maior frequência na eminência das artérias renais. Essa condição torna a artéria mais susce- tível à isquemia, tromboembolia, dis- secção espontânea e ruptura (rotu- ra). Normalmente, os aneurismas são assintomáticos e ocorrem com maior frequência entre homens, tabagistas, acima de 50 anos. Figura 24. Tipos de aneurismas Fonte: https://www.fernandocruzdecarvalho.com.br/ images/gallery/Aneurisma2.jpg Baixado por Bruna Leão (brunalleao26@gmail.com) lOMoARcPSD|9208414 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=exame-do-abdome-semiologia-medica 28EXAME DO ABDOME Raio-X de Abdome A radiografia abdominal permite: • Visualizar aumento do fígado, baço rins e órgãos pélvicos (bexiga). • Permite identificar pneumope- ritônio e retropneumoperitônio, calcificações e corpos estranhos metálicos • Evidencia a distensão das alças intestinais A desvantagem desse exame é que não pode ser realizado em gestantes, por conta dos riscos do uso de radia- ção, além de que as patologias dos órgãos maciços só são identificadas com o uso de contraste. O raio-X abdominal é indicado quan- do o paciente refere náuseas, vômitos, obstipação, flatulência, diarreia, mas- sas abdominais, hematúria, possibi- lidade de ingestão de corpos estra- nhos. Além disso, é o exame utilizado para checar a posição de drenos. O RX de abdome também pode ser mé- todo diagnóstico de algumas patolo- gias, como litíase renal ou vesicular, oclusão intestinal, pneumoperitônio, fecalomas, entre outros. SAIBA MAIS! Pneumoperitônio consiste na presença de ar na cavidade abdominal, que pode ser causado por uma perfuração das vísceras ocas (intestinos) por infecções bacterianas ou complicações de cirurgias abdominais. Baixado por Bruna Leão (brunalleao26@gmail.com) lOMoARcPSD|9208414 29EXAME DO ABDOME EXAMES COMPLEMENTARES E DOENÇAS ASSOCIADAS Tumores, cistos, nódulos ou massas abdominais, litíase, abscessos, hérnias, lesões das camadas e músculos abdominais USG de Abdome Total TC de Abdome Raio-X de Abdome RM de Abdome Apendicite, pielonefrite, colite ulcerosa, doença de Crohn, pancreatite, cirrose, liítise vesicular ou renal, trauma abdominal Aumento do fígado, baço rins e órgãos pélvicos; pneumoperitônio e retropneumoperitônio, calcificações e corpos estranhos metálicos, distensão das alças intestinais Estadiamento de tumores abdominais e na avaliação de aneurismas da aorta abdominal Baixado por Bruna Leão (brunalleao26@gmail.com) lOMoARcPSD|9208414 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=exame-do-abdome-semiologia-medica 30EXAME DO ABDOME REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFIA MOORE, et al. Anatomia orientada para Clínica. 7ªed Prando, A, Moreira, Fernando A. Fundamentos de Radiologia e Diagnóstico por Imagem. 1ª ed. Moreira, Fernando, Almeida, Lanamar, Bittencourt, Almir. Guia de Diagnóstico por Imagem. 1ª ed Porto & Porto. Semiologia Médica. 7ªed. Porto & Porto. Exame Clínico. 7ªed. Goldman-Cecil. Medicina. 24ªed. Baixado por Bruna Leão (brunalleao26@gmail.com) lOMoARcPSD|9208414 31EXAME DO ABDOME Baixado por Bruna Leão (brunalleao26@gmail.com) lOMoARcPSD|9208414 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=exame-do-abdome-semiologia-medica
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