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1 5º SEMESTRE 2021.2 – UNIFTC TUTORIA JULIANA OLIVEIRA CASO 2 DOR ABDOMINAL AGUDA NA INFÂNCIA ➔ Definição: É uma dor de início súbito e que pode apresentar características diversas quanto à localização, intensidade e aos demais sintomas associados. Inúmeras doenças podem cursar com dor abdominal súbita e são, em sua maioria, benignas e autolimitadas, mas algumas necessitam de intervenção cirúrgica. O diagnóstico e a conduta terapêutica imediata, cirúrgica ou não, são importantes para minimizar a morbidade desses pacientes, principalmente quando recebidos na emergência. Na pediatria o desafio dessa dor é ainda maior, devido a reduzida capacidade de cooperação dos pacientes e a variedade de etiologias que acabam dificultando o diagnóstico. ➔ Epidemiologia: Os dados sobre a prevalência da dor abdominal aguda são escassos. Estudos mostram resultados conflitantes entre a prevalência das principais etiologias, de forma geral, correlacionam a dor a doenças respiratórias, gastroenterite aguda e constipação intestinal, das patologias cirúrgicas a apendicite aguda apresenta maior frequência. ➔ Etiologia: A dor abdominal pode ser sintoma de uma infinidade de diagnósticos na infância, as diversas etiologias incluem patologias clínicas e cirúrgicas. As patologias clínicas podem ser divididas entre causas intra e extra abdominais ou ainda entre causas gastrointestinais e outras causas. ➔ Principais causas por faixa etária: ➔ Fisiopatologia: A dor abdominal pode ser classificada em três grupos: Dor visceral, dor parietal e dor referida. Os receptores viscerais podem ser estimulados por isquemia, distensão, congestão, inflamação e tensão nas fibras nervosas viscerais, e estão localizados na superfície serosa, no mesentério, dentro das fibras musculares e na mucosa dos órgãos ocos. Dor visceral: Geralmente é mal localizada e percebida na linha media ou periumbilical, pois as fibras nervosas não são mielinizadas e adentram a medula espinal bilateralmente em múltiplos níveis. As afecções no ID → dor periumbilical. Dores no baixo ventre → reflexo do intestino grosso. Dor parietal: Tem seus receptores localizados na parede do peritônio, nos músculos e na pele. É decorrente de estímulo doloroso no peritônio parietal e pode ser secundária à isquemia, inflamação ou distensão. O estímulo é transmitido pelas fibras aferentes mielinizadas ao gânglio dorsal. Caracteristicamente a dor é em pontada, intensa, localizada e pode ser agravada com movimento ou tosse. Dor referida: Características semelhantes à parietal, mas a sensação de dor ocorre em uma área distante ao órgão afetado, porém, geralmente no mesmo dermátomo (área da pele, em que todos os nervos sensoriais vêm de uma única raiz nervosa.) P.ex. pneumonia → se apresenta com dor abdominal, pois a distribuição do dermátomo T9 é a mesma no pulmão e abdome. ➔ Abordagem diagnóstica: Na fase inicial do quadro, é frequente encontrar uma certa dificuldade para definir sua causa precisa, mas nessas situações a faixa etária do paciente pode auxiliar no estabelecimento diagnóstico, pois, a prevalência de cada etiologia pode variar de acordo com a faixa etária. 2 5º SEMESTRE 2021.2 – UNIFTC TUTORIA JULIANA OLIVEIRA Além disso, a sistematização da abordagem do paciente também pode facilitar o diagnóstico, assim: 1. Primeiro passo: Afastar emergências cirúrgicas. Logo, é importante enfatizar o padrão de dor, o que desencadeia essa dor, se ela é gradual, onde se localiza, o que melhora e piora e quais são os sintomas associados. Durante o exame físico é preciso ser bem detalhista, observando se há alteração dos sinais vitais, fácies de dor associada a palidez, sudorese, prostração, hipotermia, náuseas e vômitos. A dor visceral provoca inquietude e o paciente muda de posição a todo momento, sentindo muita dor. - Sinais de peritonite: Rigidez da parede abdominal, movimentos de defesa involuntários causados pela dor, hiperestesia cutânea, descompressão brusca do abdome dolorosa e ausência dos RHA. - Apendicite aguda: A dor se inicia de forma súbita na região epigástrica ou periumbilical, seguida de vômitos e febre. A dor pode se manter na fossa ilíaca direita e está frequentemente associada à náuseas, vômitos, febre e parada da eliminação de gases. O sinal de Blumberg e Rovising geralmente são positivos. Exames complementares: Nesse caso, tem-se alguns exames complementares que poderiam auxiliar como p.ex. - Hemograma completo: Auxilia na suspeita de quadros hemorrágicos. - Coagulograma: Deve ser solicitado mediante a necessidade de preparo para intervenção cirúrgica. - RX de abdome. - USG de abdome total. - TC de abdome: Necessária para afastar enfermidades cirúrgicas, principalmente quando os demais exames de imagem forem inconclusivos. 2. Segundo passo: Descartar causas obstrutivas. É importante descartar obstrução intestinal aguda pois, não há relato de febre, a dor visceral se apresenta em surtos (cólica) e a presença de vômitos biliosos sugere obstrução alta. No exame físico observa-se peristaltismo visível, ausência de RHA. Nesse momento os exames de imagem são extremamente úteis. A radiografia simples de abdome evidencia alças de intestino delgado dilatadas com níveis líquidos e diminuição ou ausência de gás no colo. O principal diagnóstico diferencial das obstruções intestinais é o íleo paralítico, onde o paciente pode apresentar distensão abdominal, dor abdominal leve, náuseas, aumento da eliminação de gases e fezes, os vômitos são raros. À radiografia são visualizados vários níveis hidroaéreos, sem evolução radiológica de piora do quadro. A TC evidencia distenção gasosa e líquida de alças de intestino delglado e colo. 3. Terceiro passo: Avaliar a a possibilidade de afecções infecciosas. É importante ressaltar que qualquer síndrome viral com sintomas variados p.ex. febre, náuseas, vômitos, diarreia podem estar associados a cólicas e dor abdominal difusa, geralmente autolimitada, que pode se intensificar durante ou logo após a alimentação e ser referida em região epigástrica ou periumbilical. Nesses casos ao exame físico o abdome está flácido ou normotenso, com RHA aumentados, pouco doloroso à palpação, mas sem sinais localizatórios ou de peritonite. Em casos de intoxicação alimentar, além da dor difusa e de vômitos frequentes, a diarreia é caracteristicamente aquosa e profusa. Exames complementares: - Hemograma completo: Auxilia na avaliação infecciosa. - Sumário de urina: Avalia a possibilidade de litíase. - RX de tórax: Pode evidenciar quadros pulmonares e pleurite diafragmática que podem mimetizar a dor do abdome agudo. - USG do abdome; 4. Quarto passo: Investigar doenças hepatobiliares. Caso a dor seja referida na região epigástrica ou em hipocôndrio direito, é importante descartar doenças hepatobiliares e pancreatite aguda. Logo, deve-se questionar sobre acolia, colúria, história de icterícia e antecedentes pessoal e familiar de doenças hepáticas. Exames complementares: - Hemograma: Solicitar amilase, lipase, TGO, TGP, Gama-GT, fosfatasealcalina e bilirrubinas. - USG de abdome total: Fornece informações sobre fígado, vias biliares e pâncreas. 5. Quinto passo: Identificar possíveis doenças funcionais. Algumas doenças funcionais podem apresentar episódio de dor intensa a ponto de motivar a ida ao médico. Entre elas tem-se: - Constipação intestinal que pode se iniciar de forma súbita, em decorrência de alterações da motilidade e dieta obstipante. A dor se localiza na fossa ilíada direita ou suprapúbica associada a diminuição da frequência evacuatória. Ao exame pode-se encontrar um fecaloma palpável. Para o sucesso da avaliação do paciente com dor abdominal aguda a história clínica detalhada + exame físico minucioso são fundamentais. 3 5º SEMESTRE 2021.2 – UNIFTC TUTORIA JULIANA OLIVEIRA Atenção! Nas adolescentes a história ginecológica deve ser abordada na anamnese, pois, nessa faixa etária a dor aguda pode se tratar de dismenorreia com localização clássica em baixo- ventre e caracteristicamente em cólicas. ➔ Tratamento: Como se tem muitas etiologias para dor abdominal aguda, o tratamento tem que ser avaliado caso a caso. O seguimento clínico desses pacientes é muito importante para evitar complicações. A frequência de pacientes com dor abdominal aguda que necessitam de intervenção cirúrgica é baixa. No entanto, deve ser feita uma avaliação cuidadosa que busca sinais e sintomas do paciente que são fundamentais para prevenir significativamente a morbimortalidade desses pacientes. ABDOME AGUDO ➔ Conceito: É uma condição clínica em que o paciente apresenta afecção abdominal caracterizada por dor aguda e súbita, que o leva a procurar imediatamente um serviço de emergência, requerendo um tratamento clínico ou cirúrgico de urgência ou emergência. A precisão e a rapidez do diagnóstico são imprescindíveis, pois, o quadro traduz de forma geral uma situação grave e muitas vezes com risco de morte, exigindo tratamento imediato, o qual será mais efetivo quanto mais cedo for instituído. ➔ Etiologia: ▪ Inflamatório: Apendicite aguda, colecistite, diverticulite, pancreatite. ▪ Perfurativo: Úlcera perfurada, diverticulite perfurada e outras perfurações. ▪ Vascular: Obstrução arterial e venosa de artérias mesentéricas superior ou inferior. ▪ Hemorrágico: Gravidez ectópica rota, traumas hepáticos, esplênico e intestinal. ▪ Obstrutivo: Obstrução intestinal sec a tumores benignos e malignos, aderências intestinais. ➔ Principais causas na infância (por faixa etária): A idade deve orientar os diagnósticos diferenciais p.ex. Lactentes: Há um predomínio de condições clínicas como gastroenterite aguda e infeçcão urinária. Nos quadros cirúrgicos dessa idade a apresentação clínica é de irritabilidade, letargia, recusa alimentar, distensão abdominal, êmese biliosa e contínua e fezes com sangue. A USG abdominal pode confirmar a suspeita sendo ou uma intrussuscepção intestinal ou má rotação intestinal com volvo, os quais são diagnósticos cirúrgicos comuns nessa faixa etária. Adolescentes: Os diagnósticos mais comuns são apendicite e as doenças da pelve. Nessa faixa etária, a anamnese em meninas deve incluir o padrão de ciclos menstruais e atividade sexual. A USG tem papel diagnóstico fundamental, embora a indicação cirúrgica seja imediata na presença de dor localizada e sinais evidentes de irritação peritoneal. ➔ Principais etiologias: ▪ Apendicite aguda: É a causa mais comum de dor abdominal de origem cirúrgica em crianças e adolescentes. A clássica apresentação clínica da apendicite aguda com dor periumbilical que migra para o quadrante inferior direito do abdome, associada a vômitos e febre, é bem menos comum em crianças que em adultos. Nos pacientes menores de 4 anos, costuma apresentar-se com sintomas de gastroenterite aguda, com predomínio de vômitos e dor abdominal difusa. Pela dificuldade diagnóstica, as taxas de perfuração são altas nessa faixa etária, alcançando até 80%. Os exames laboratoriais podem auxiliar o diagnóstico, mas nenhum tem alta sensibilidade e especificidade. Leucograma, PCR e urina podem mostrar-se alterados ou normais sem excluir ou confirmar o diagnóstico. Os principais achados radiológicos são: Alça sentinela, presença de níveis hidroaéreos e de massa em quadrante inferior direito, apagamento do músculo psoas à direita e fecálito. A USG de abdome vem sendo usada mais comumente para confirmação do diagnóstico da doença. ▪ Estenose hipertrófica de piloro: Condição em que há espessamento anormal da musculatura pilórica, tem causa desconhecida e predomina em lactentes jovens (<12 semanas de vida). Êmese volumosa, não biliosa, pós alimentar, com manutenção do apetite e boa sucção são as principais características clínicas. Na evolução pode ocorrer desidratação e alcalose metabólica hipoclorêmica. O diagnóstico diferencial principal é DRGE e a atresia duodenal. USG de abdome superior é o exame indicado para a confirmação diagnóstica com elevada sensibilidade e especificidade. Hidratação e correção dos distúrbios eletrolíticos devem preceder o tratamento cirúrgico definitivo (piloromiotomia). ▪ Má rotação intestinal com volvo: Ocorre quando o intestino tem uma orientação anormal dentro da cavidade peritoneal durante o desenvolvimento embrionário. Os sintomas de má rotação podem se apresentar em qualquer idade, sendo a constipação intestinal crônica uma de suas manifestações na faixa etária dos escolares. Quando associada a volvo é uma situação de urgência mais comum nos lactentes (1º ano de vida). A indicação de cirurgia é imediata. ▪ Intussuscepção intestinal: 4 5º SEMESTRE 2021.2 – UNIFTC TUTORIA JULIANA OLIVEIRA É a principal causa de obstrução intestinal na faixa etária de 3 meses a 6 anos. Consiste em uma invaginação de porção proximal do intestino em um segmento adjacente distal, através da válvula ileocecal. Pode ser idiopática ou associada a alguma lesão anatômica. Sua apresentação clínica se caracteriza por cólica intermitente/contínua, vômitos persistentes, letargia e evacuações com sangue. A cirurgia está indicada nos casos de insucesso na redução por enema, presença de sinais de perfuração intertinal, peritonite e choque. ▪ Divertículo de Meckel: Mais comum malformação congênita no TGI, é causado por involução incompleta do ducto onfalomesentérico, presente no íleo terminal. A principal manifestação é o sangramento indolor causado por mucosa gástrica ectópica. O tratamento é ressecção cirúrgica. ▪ Torção de ovário: Os distúrbios ovários, como ruptura de cisto ou torção devem ser considerados na avaliação de meninas com dor abdominal súbita, mesmo naquelas em fase pré-puberal. O padrão da dor pode ser intermitente e recorrente, quase sempre acompanhada de náuseas e vômitos. A USG é o exame com maior sensibilidade diagnóstica. A associação com doppler é importante pois fornece informações sobre o fluxo sanguíneo, podendo auxiliar no diagnóstico. ▪ Hérnia encarcerada: É uma emergência. O risco de encarceramento é maior nos primeiros 6 meses de vida, e raramente ocorreapós 8 anos de idade. A apresentação clínica é de inchaço na região inguinal com eritema e dor à manipulação. Pode estar associada a sinais de obstrução intestinal como vômito e distensão. Diagnóstico é clínico e em alguns casos ultrassonográficos. ▪ Trauma abdominal: É a 3ª causa de morte traumática na infância e a principal causa de não reconhecimento de lesão no politraumatismo. No exame físico, sinais de resistência à palpação abdominal, equimoses e escoriações na parede do abdome, hematúria e baixa pressão sistólica são sinais preditores de lesão intra- abdominal. Os sinais clínicos localizados podem estar ausentes nas situações de agitação, choque, distensão abdominal e alterações de sensório. A pressão arterial pode apresentar-se normal na fase inicial, mesmo com a presença de sangramento em evolução. Deve-se promover a descompressão gástrica, realizar toque retal e repetir o exame físico em pequenos intervalos no paciente em observação clínica. É importante solicitar exames laboratoriais sendo os mais indicados o hematológico global, coagulograma, amilase, lipase, aminotransferase e sumário de urina. ➔ Abordagem terapêutica: GASTROENTERITE AGUDA ➔ Ag etiológico: A gastroenterite aguda é causada pela presença de agentes infeccioso que podem ser vírus, protozoários, fungos ou bactérias no TGI. Possui transmissão fecal oral e por vezes através de secreções respiratórias, provocando alteração na função intestinal e causando lesão através de diversos mecanismos. Os vírus são os agentes etiológicos mais comuns da gastroenterite aguda. ➔ Fisiopatologia: Os vírus agem ao infectar o enterócito no epitélio do intestino delgado, promovendo aumento da liberação de sais e água na luz do intestino, sendo os principais rotavírus, coronavírus, adenovírus, norovírus e astrovírus. O norovírus é o principal causador de gastroenterite em todas as faixas etárias, atingindo prioritariamente lactentes entre 6 e 18 meses. As gastroenterites bacterianas são menos comuns que as virais, elas podem provocar liberação de enterotoxinas que se fixam à mucosa sem invasão e bloqueiam as trocas de sódio e potássio, proporcionando secreção ativa de Cl, sódio e água na luz intestinal. Algumas bactérias como Shigella, Salmonella e Campylovacter jejuni podem invadir a mucosa intestinal e promover a formação de úlceras microscópicas, que levam a diarreia com a presença de leucócitos e eritrócitos. A gastroenterite por fungos é menos comum e ocorre quando o paciente apresenta algum grau de comprometimento do sistema imunológico, sendo a cândida albicans o principal agente. 5 5º SEMESTRE 2021.2 – UNIFTC TUTORIA JULIANA OLIVEIRA ➔ Quadro clínico: As principais manifestações clínicas da gastroenterite aguda é a presença de diarreia aquosa de início súbito, geralmente com anorexia e cólicas abdominais. Comum a ocorrência de vômitos que são precedidos por náusea. Pode haver mialgia, mal estar inespecífico, prostração, febre e presença de sangue nas fezes. Ao fazer o exame físico, pode-se observar abdome distendido por gases, doloroso difusamente à palpação. À ausculta percebe-se RHA aumentados. Uma das possíveis complicações é a desnutrição, porém, na maioria dos casos, as funções digesto-absortivas encontram-se pouco alteradas nos pacientes. Assim, garantindo um aporte calórico suficiente para idade minimiza-se a chance de desnutrição. Episódios repetidos de gastroenterite aguda contribuem para desnutrição por atrapalhar a absorção completa de nutrientes, por diminui a ingesta calórica devido aos vômitos e pelo aumento do catabolismo pela infecção. ➔ Exames complementares: Exames laboratoriais e coprocultura não são indicados para a investigação de etiologia da gastroenterite aguda. Esses exames devem ser realizados em casos específicos, em pacientes graves, imunocomprometidos. Nos casos rotineiros, a determinação do agente causador da infecção não auxilia na decisão terapêutica para a criança. Em casos complexos, quando o paciente evolui com desidratação grave ou necessitam de hidratação endovenosa, alguns exames estão indicados para avaliar o grau de desidratação p.ex. hemograma, eletrólitos, ureia, creatinina e bicarbonato sérico. ➔ Tratamento: O tratamento da gastroenterite visa principalmente tratar ou evitar a desidratação. Além da terapia de reidratação, algumas drogas podem ser utilizadas com o objetivo de diminuir o tempo de diarreia. O zinco tem esse papel, ele diminui a probabilidade da diarreia durar mais que 7 dias e evita o surgimento de novo episódio de gastroenterite aguda por 3 meses. É indicado para menores de 5 anos por um período de 10 a 14 dias, com dose de 10 mg/dia para menores de 6 meses e 20mg/dia para maiores de 6 meses. O uso de antieméticos está contraindicado pela OMS e pelo ministério da saúde, porém a SBP orienta o uso de ondansetrona em pacientes que apresentem vômitos, por diminuir a necessidade de hidratação parenteral. A dose oferecida deve ser de 0,1 mg/kg até a dose máxima de 4mg por via oral ou endovenosa. Apesar de não haver comprovação de que probióticos diminuem as perdas por diarreia, estudos comprovam que algumas cepas são capazes de diminuir em 24h a duração da diarreia. Logo, alguns probióticos podem ser utilizados como coadjuvantes no tratamento da gastroenterite aguda. As cepas que possuem recomendação são lactobacillus GG com posologia de > 1010 CFU/dia, Saccharomyces boulardii 250 – 750 mg/dia e lactobacillus reuteri > 108 todos por 5 a 7 dias. A vitamina A não deve ser receitada para todos, apenas para os pacientes inseridos em populações que apresentam deficiência dessa vitamina. O uso de atb não é necessário na maioria dos casos, pois, a diarreia costuma ter etiologia viral, mesmo quando a infecção é de origem bacteriana, costuma ter um curso autolimitado e benigno. A sua prescrição é restrita para pacientes que apresentem quadro de disenteria, pctes imunossuprimidos, nesses casos, opta-se por antibioticoterapia com ciprofloxacino na dose de 15mg/kg, 2x ao dia por 3 dias consecutivos. ÊMESE ➔ Fisiologia: O vômito, ou êmese, a expulsão forçada de conteúdo gástrico e duodenal pela boca, é um reflexo protetor que remove materiais tóxicos do trato GI antes que eles possam ser absorvidos. Contudo, o vômito excessivo ou prolongado com perda de ácido gástrico pode causar alcalose metabólica. O reflexo do vômito é coordenado por um centro do vômito no bulbo. O reflexo inicia com a estimulação de receptores sensoriais e é muitas vezes (mas não sempre) acompanhado por náusea. Uma variedade de estímulos de todo o corpo pode desencadear o vômito. Eles incluem substâncias químicas no sangue, como citocinas e certos fármacos, dor, equilíbrio perturbado, como o que ocorre em um carro em movimento ou em um barco balançando, e estresse emocional. A estimulação da parede posterior da faringe também pode induzir o vômito. Os sinais eferentes do centro do vômito iniciam uma onda peristáltica retrógrada que inicia no intestino delgado e se move para cima. Essa onda é ajudada pela contração abdominal que aumenta a pressão intra-abdominal. O estômago relaxa de modo que a 6 5º SEMESTRE 2021.2 – UNIFTC TUTORIA JULIANA OLIVEIRApressão aumentada force o conteúdo gástrico e intestinal de volta para o esôfago e para fora da boca. Durante o vômito, a respiração é inibida. A epiglote e o palato mole fecham a traqueia e a nasofaringe para prevenir que o vômito seja inalado (aspirado). Se o ácido ou as partículas pequenas de alimento entram nas vias aéreas, podem lesar o sistema respiratório e causar pneumonia de aspiração. ➔ Farmacologia dos antieméticos: EM ANEXO.
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