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Gestão Ambiental e Responsabilidade Social Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Profa. Ms. Nilza Maria Coradi de Araújo Revisão Textual: Prof. Ms. Luciano Vieira Francisco Desenvolvimento Sustentável • Introdução • Desenvolvimento Sustentável no Mundo Empresarial • Sustentabilidade Econômica, Social e Ambiental • Considerações Finais · Discorrer sobre o conceito de desenvolvimento sustentável. · Apresentar como se aplica o desenvolvimento sustentável no meio empresarial. · Apresentar o protocolo verde e o Princípio do Poluidor-Pagador (PPP). OBJETIVO DE APRENDIZADO Desenvolvimento Sustentável Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas: Assim: Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário fixos como o seu “momento do estudo”. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo. No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas: artigos científicos, livros, vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados. Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem. Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Determine um horário fixo para estudar. Aproveite as indicações de Material Complementar. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma Não se esqueça de se alimentar e se manter hidratado. Aproveite as Conserve seu material e local de estudos sempre organizados. Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias! Isso amplia a aprendizagem. Seja original! Nunca plagie trabalhos. UNIDADE Desenvolvimento Sustentável Introdução A primeira ideia de desenvolvimento sustentável surgiu na Conferência de Esto- colmo, em 1972, e foi chamada de abordagem do ecodesenvolvimento, onde para se alcançá-lo três critérios deveriam ser atendidos simultaneamente: equidade social, prudência ecológica e eficiência econômica. A Conferência de Estocolmo contribuiu para gerar um novo entendimento sobre os problemas ambientais e a maneira como a sociedade busca a sua subsistência. A prin- cipal contribuição foi colocar em pauta a relação entre o meio ambiente e as formas de desenvolvimento, de modo que dessa vinculação entre o desenvolvimento e o meio ambiente é que surge um novo conceito, chamado de desenvolvimento sustentável. A expressão desenvolvimento sustentável é muito utilizada atualmente e seu emprego indiscriminado tem contribuído para dificultar o seu entendimento. Um bom ponto de partida, no entanto, para a compreensão do que vem a ser esse novo modo de pensar é a definição criada pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 1987, em seu relatório intitulado Nosso futuro comum, que é a seguinte: “Desenvolvimento sustentável é aquele que atende às necessidades do pre- sente sem comprometer a possibilidade das gerações futuras de atenderem às suas próprias necessidades”. Essa comissão definiu também os principais objetivos de políticas ambientais e de desenvolvimento, os quais derivados desse conceito e que são os seguintes: » Retomar o crescimento como condição necessária para erradicar a pobreza; » Mudar a qualidade do crescimento para torná-lo mais justo, equitativo e menos intensivo em matérias-primas e energia; » Atender às necessidades humanas essenciais de emprego, alimentação, energia, água e saneamento; » Manter um nível populacional sustentável; » Conservar e melhorar a base de recursos; » Reorientar a tecnologia e administrar os riscos; e » Incluir o meio ambiente e a economia no processo decisório. O desenvolvimento sustentável resultaria, portanto, de um pacto duplo, intergera- cional, que se traduz na preocupação constante com o gerenciamento e a preserva- ção dos recursos para as gerações futuras (BARBIERI, 2007). No Quadro a seguir temos um resumo dos principais acontecimentos relaciona- dos ao desenvolvimento sustentável: 8 9 Quadro 1 Ano Acontecimento Observação 1962 Publicação do livro Primavera silenciosa – Silent spring Obra publicada por Rachel Carson, com grande repercussão na opinião pública porque expunha os perigos do inseticida DDT 1968 Criação do Clube de Roma Organização informal cujo objetivo era promover o entendimento dos componentes variados, mas interdependentes – econômicos, políticos, naturais e sociais –, que formam o sistema global 1968 Conferência da Organização das Nações Uni- das para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) sobre a conservação e o uso racio- nal dos recursos da biosfera Nessa reunião, foram lançadas as bases para a criação do Programa o Homem e a Biosfera (MAB) 1971 Criação do Programa MAB da Unesco Programa de pesquisa em Ciências Naturais e Sociais para a con- servação da biodiversidade e para a melhoria das relações entre o homem e o meio ambiente 1972 Publicação do livro Os limites do crescimento Essa obra previa que se continuássemos nessa tendência de cresci- mento populacional haveria uma escassez catastrófica dos recursos naturais em um prazo de cem anos 1972 Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, em Estocolmo, Suécia Foi a primeira manifestação dos governos de todo o mundo com as consequências da economia sobre o meio ambiente. Um dos resultados do evento foi a criação do Programa das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente (Pnuma) 1980 I Estratégia Mundial para a Conservação (IUCN) A IUCN, com a colaboração do Pnuma e do Word Wildlife Fund (WWF), adotou um plano a longo prazo para a conservação dos recursos biológicos do Planeta. Nesse documento apareceu, pela primeira vez, o conceito de desenvolvimento sustentável. 1983 Foi formada, pela ONU, a Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (CMMAD) Cujo objetivo era examinar as relações entre o meio ambiente e o desenvolvimento a fim de apresentar propostas viáveis 1987 Foi publicado o informe Brundtland, da CMMAD, conhecido também como Nosso futuro comum Um dos mais importantes registros sobre a questão ambiental e o desenvolvimento. Vincula estreitamente economia e ecologia e estabelece o eixo em torno do qual se deve discutir o desenvolvi- mento, formalizando o conceito de desenvolvimento sustentável 1991 II Estratégia Mundial para a Conservação, inti- tulada Cuidando da Terra Documento conjunto do IUCN, Pnuma e WWF. Mais abrangen- te que o formulado anteriormente, preconiza o reforço dos níveis políticos e sociais para a construção de uma sociedade mais sustentável 1992 Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, conhecida também como Cúpula da Terra Realizado no Rio de Janeiro, trata-se de um dos mais importantes fóruns mundiais. Definiu mais concretamente o modelo de desen- volvimento sustentável. Participaram 170 Estados que aprovaram vários documentos importantes, entre os quais a Agenda 21 1997 Rio+5 Evento realizado em NovaIorque, tendo como objetivo analisar a implementação do Programa da Agenda 21 2000 I Fórum Mundial de Âmbito Ministerial, em Malmo, Suécia Aprovação da Declaração de Malmo, que examina as novas questões ambientais para o século XXI e adota compromissos no sentido de contribuir mais efetivamente para o desenvolvi- mento sustentável 2002 Cúpula Mundial sobre o Desenvolvimento Sustentável (Rio+10) Esse encontro procurou examinar se foram alcançadas as metas estabelecidas na Conferência Rio 92 e serviu para que os Estados reiterassem seu compromisso com os princípios do desenvolvi- mento sustentável 2005 Protocolo de Kyoto O Protocolo de Kyoto entrou em vigor, obrigando países desen- volvidos a reduzir os gases que provocam o efeito estufa, além do estabelecimento do mecanismo de desenvolvimento limpo para os países em desenvolvimento 9 UNIDADE Desenvolvimento Sustentável Ano Acontecimento Observação 2007 Relatório do painel das mudanças climáticas O Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC) divulgou seu mais bombástico relatório, apontando as conse- quências do aquecimento global até 2100, caso nada seja feito 2010 ISO 26000 No dia 1 de novembro de 2010, a International Organization for Standardization (ISO) divulgou a norma ISO 26000 para a res- ponsabilidade social, com grande impacto nas organizações, tornando-as mais sensíveis ao engajamento em projetos e vi- sando o desenvolvimento sustentável 2012 Rio+20 Com realização na Cidade do Rio de Janeiro, dessa vez no ano de 2012, a Rio+20, ou Conferência da ONU sobre o Desenvolvimento Sustentável, reuniu um total de 193 representantes de países. O resultado foi a avaliação das políticas ambientais então adotadas e a produção de um documento final, intitulado O futuro que que- remos, onde foi reafirmada uma série de compromissos 2015 XXI Conferência do Clima (COP 21) Realizada em dezembro de 2015, em Paris, teve como principal obje- tivo “costurar” um novo acordo entre os países para atenuar a emissão de gases de efeito estufa, diminuindo o aquecimento global. Termi- nou com um acordo histórico que, pela primeira vez, envolveu quase todos os países do mundo em um esforço para reduzir as emissões de carbono e conter os efeitos do aquecimento global Fonte: adaptado de Dias (2011). Desenvolvimento Sustentável no Mundo Empresarial Na Conferência Rio 92, o Conselho Empresarial para o Desenvolvimento Susten- tável participou da temática empresa e meio ambiente. O Conselho de reunião se deu com importantes líderes empresariais de diversos países, os quais posteriormen- te elaboraram um documento sobre desenvolvimento sustentável voltado ao meio empresarial e intitulado Mudando o rumo: uma perspectiva global do empresa- riado para o desenvolvimento e o meio ambiente. Esse documento defende que o progresso em direção ao desenvolvimento sus- tentável é um bom negócio, pois cria vantagens competitivas e novas oportunida- des, mas que, para isso, mudanças profundas na atitude empresarial são necessá- rias, incluindo uma nova ética no modelo de se fazer negócios. O documento intitulado Ecoeficiência: criando mais valor com menos impacto, apresenta alguns fatores que constroem a sustentabilidade empresarial. A Figura a seguir sintetiza tais fatores: 10 11 Crescimento econômico Emprego Sucesso do negócio Quota de mercado Prestação de serviços Conhecimento Novas competências Competitividade Novos produtos IncentivosMedidasgovernativas Inovação Estratégia da ecoe�ciência Visão de negócio Utilização da natureza Como separar? Figura 1 O conceito de desenvolvimento sustentável no meio empresarial tem sido pautado mais no sentido do modo como as empresas assumem as formas de gestão mais eficientes como a produção mais limpa. Embora haja um crescimento perceptível na direção da sustentabilidade, ainda está muito focada no ambiente interno das organizações, voltada principalmente a processos e produtos. Já houve um grande avanço, no entanto, falta muito para que as empresas se tornem agentes de um desenvolvimento sustentável socialmente justo, economicamente viável e ambientalmente correto. No Brasil (1998), a Confederação Nacional da Indústria (CNI) fez sua publicação com a Declaração de princípios da indústria para o desenvolvimento susten- tável. No Quadro a seguir constam as diretrizes tratadas em tal Declaração: 11 UNIDADE Desenvolvimento Sustentável Declaração de Princípios da Indústria para o Desenvolvimento Sustentável 1. Promover a efetiva participação proativa do setor industrial, em conjunto com a sociedade, os parlamen- tares, o governo e organizações não governamentais no sentido de desenvolver e aperfeiçoar leis, regula- mentos padrões ambientais; 2. Exercer a liderança empresarial, junto à sociedade, em relação aos assuntos ambientais; 3. Incrementar a competitividade da indústria brasileira, repeitados os conceitos de desenvolvimento sus- tentável e o uso racional dos recursos naturais e de energia; 4. Promover a melhoria contínua eo aperfeiçoamento dos sistemas de gerenciamento ambiental, saúde e segurança do trabalho nas empresas; 5. Promover a monitoração e a avaliaão dos processos e dos parâmetrosambientais nas empresas. Antecipar a análise e os estudos das questões que possam causar problemas ao meio ambiente e à saúde humana, bem como implementar ações apropriadas para proteger o meio ambiente; 6. Apoiar e reconhecer a importância do envolvimento contínuo e permanente dos trabalhadores e do com- prometimento da supervisão nas emprsasa, assegurando que os mesmos tenham o conhecimento e o treinamento necessários com relação às quetões ambientais; 7. Incentivar a pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias limpas, com o objetivo de reduzir ou emilinar impactos adversos ao meio ambiente e à saúde da comunidade; 8. Estimular o relacionamento e as parcerias do setor privado com o governo e com a sociedade em geral, na busca do desenvolvimento sustentável, bem como na melhoria contínua dos processos de comunicação; 9. Estimular as lideranças empresariais a agir permanentemente junto à sociedade com relação aos assuntos ambientais; 10. Incentivar o desenvolvimento e fornecimento de produtos e serviços que produzem impactos inadequa- dos ao meio ambiente e à saúde da comunidade; 11. Promover a máximo divulgação e conhecimendo da Agenda 21 e estimular sua implementação. Fonte: CNI (2002, p. 24). Sustentabilidade Econômica, Social e Ambiental Nas organizações, o desenvolvimento sustentável se manifesta sob três dimen- sões: social, ambiental e econômica. Do ponto de vista econômico, a sustentabilidade indica que as empresas devem ser economicamente viáveis, o papel na sociedade deve ser atendido considerando a sua rentabilidade, ou seja, dar retorno ao investimento realizado pelo capital privado. No aspecto social da sustentabilidade, a empresa deve atender aos requisitos de proporcionar aos seus funcionários as melhores condições de trabalho, contemplando as diversidades culturais existentes no local onde atua. Os dirigentes também devem participar das atividades socioculturais da comunidade. 12 13 Já no aspecto ambiental da sustentabilidade, a organização deve se alinhar à ecoeficiência de seus processos produtivos, procurar adotar uma produção mais limpa, dar condições ao desenvolvimento de uma cultura organizacional ambiental, ter uma postura de responsabilidade ambiental, não contaminando o ambiente natural, além de procurar estar presente nas atividades organizadas pelas autoridades locais e regionais quando se tratam de questões ambientais. O ponto mais relevante na abordagem das três dimensões da sustentabilidade é procurar sempre manter o equilíbrio dinâmico, que deve ser considerado pelasorganizações relacionadas: organizações empresariais – econômicas –, sindicatos – sociais – e entidades ambientalistas – ambientais. As organizações devem ter um acordo de tal forma que esse equilíbrio seja possível, o que implica em diálogo constante para que as três dimensões sejam contempladas a fim de que se mantenha a sustentabilidade do sistema. Os empresários devem buscar o lucro aceitável; os sindicatos devem buscar reivindicar o possível, com o objetivo de manter o equilíbrio, enquanto as entidades ambientalistas devem saber ceder de tal modo que não se prejudique de forma irreversível a condição do ambiente natural. Social AmbientalEconômico Desenvolvimento Sustentável Figura 2 – As dimensões da sustentabilidade Tripé da Sustentabilidade ou Triple Bottom Line A expressão triple bottom line surgiu na década de 1990 e veio a público em 1997, com a publicação do livro Cannibals with forks: the triple bottom line of 21st century business, de Jonh Elkington. A partir daí diversas organizações, como a Global Reporting Initiative (GRI), vem divulgando e promovendo esse conceito e seu uso nas empresas, refletindo um conjunto de valores, objetivos e processos que uma organização deve estar baseada para criar resultados nas três dimensões: ambiental, social e econômica. 13 UNIDADE Desenvolvimento Sustentável Conhecido também como os 3P, ou seja, People, Planet e Profit, ou, pessoas, Planeta e lucro, o triple bottom line é o tripé da sustentabilidade, um conceito que poderá ser aplicado tanto de forma ampla, para um país ou até mesmo o Planeta, como de modo mais localizado, como uma residência, empresa, cidade etc. Discorrendo um pouco mais sobre os 3P, podemos dizer que people – ou pessoas – trata do capital humano de uma empresa ou sociedade; Planet – ou Planeta – trata do capital natural de uma empresa ou sociedade; e profit – ou lucro – é o resultado econômico. Por muito tempo, as empresas focaram apenas em seus resultados financeiros; mas nos últimos anos isso vem mudando, com a chegada da responsabilidade so- cial no meio corporativo, as exigências pela incorporação de novos indicadores, fator que quantifica o impacto da organização sobre os stakeholders externos, ou seja, as partes interessadas. Foi a partir daí que surgiu o conceito de triple bottom line, que trata do resultado de uma empresa medido em termos econô- micos, sociais e ambientais. Protocolo Verde O protocolo verde é um documento do governo federal que, através de seus bancos oficiais e ministérios, incorpora na gestão e concessão de crédito e benefí- cios fiscais a variável ambiental, com o objetivo de criar mecanismos que evitem a utilização de créditos e benefícios em empreendimentos e atividades que possam prejudicar o meio ambiente. A política nacional de meio ambiente, em seu Artigo 12, assim dispõe: As entidades e órgãos de financiamento e incentivos governamentais con- dicionarão a aprovação de projetos habilitados a esses benefícios ao licen- ciamento, na forma da Lei, e ao cumprimento das normas, dos critérios e dos padrões expedidos pelo Conama. Assim, o protocolo verde surgiu para dar suporte a esse artigo. Na mesma Lei se prevê que aqueles que não cumprirem essas determinações exigidas terão a “[...] perda ou restrição de benefícios fiscais concedidos pelo Poder Público, em caráter geral ou condicional, e a perda ou suspensão de participação em linhas de finan- ciamento em estabelecimentos oficiais de credito”. As instituições financeiras participantes do protocolo verde divulgaram um documento intitulado Carta de princípios para o desenvolvimento sustentável. O seguinte Quadro apresenta esse documento: 14 15 Carta de Princípios para o Desenvolvimento Sustentável Os bancos a seguir assinalados reconhecem que podemo cunprir um papel indispensável na busca de um de- senvolvimento sustentável que pressuponha contínua melhoria no bem-estar da sociedade e da qualidade do meio ambiente. Para tanto, propõem-se a empreender políticas e práticas bancárias que estejam sempre e cada vez mais em harmonia com o objetivo de promover um desenvolvimento que não comprometa as ne- cessidades das gerações futuras. Princípios gerais do Desenvolvimento Sustentável: 1. A proteção ambiental é um dever de todos que desejam melhorar a qualidade de vida do planeta e extrapola qualquer tentaiva de enquadramento espaço-temporal; 2. Um setor fi nanceiro dinâmico e versátil é fundamental para o desenvolvimento sustentável; 3. O setor bancário deve privilegiar de forma crescente o fi nanciamento de projetos que não sejam agressivos ao meio ambiente ou que apresentem características de sustentabilidade; 4. Os riscos ambientais devem ser cosiderados nas análises e nas condições de fi nanciamento; 5. A gestão ambiental requer a adoção de práticas que antecipem e previnam degradações do meio ambiente; 6. A participação dos clientes é prescindível na condução da política ambiental dos bancos; 7. As leis e as regulamentações ambientais devem ser aplicadas e exigidas, cabendo aos bancos participar da sua divulgação; 8. A execução da política ambiental nos bancos requer a criação e o treinamento de equipes específi cas dentro de seus quadros; 9. A eliminaçao de desperdícios, a efi ciência energética e o uso de materiais reciclados são práticas que devem ser estimuladas em todos os níveis operacionais; 10. Os princípios aqui assumidos devem constituir compromisso de todas as instituições fi nanceiras. Os bancos privados, por meio da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), assinaram um protocolo de intenções com o Ministério do Meio Ambiente (MMA), ao qual aderiram ao protocolo verde. De acordo com o protocolo, as linhas de financiamento serão liberadas para as empresas comprometidas em desenvolver políticas socioambientais, ou seja, respeito aos direitos humanos e trabalhistas, preservação da biodiversidade, redução da pobreza e desigualdade e valorização da diversidade cultural local. Princípio do Poluidor-Pagador (PPP) Importante instrumento de políticas governamentais e principais normas do Direito Ambiental, o princípio do poluidor-pagador, ou de “quem contamina-paga”, faz com que a organização que contamine se torne responsável pelo pagamento do prejuízo causado. Teve sua origem na Organisation for Economic Co-operation and Development (OECD), em 1972, onde se recomendava que os países-membros adotassem o princípio poluidor-pagador. Nos anos seguintes, a OECD publicou um guia, onde definiu o princípio da seguinte maneira: 15 UNIDADE Desenvolvimento Sustentável O poluidor deve arcar com os custos de controle de poluição e medidas de prevenção exigidas pela autoridade pública, independentemente se estes cus- tos são o resultado da imposição de alguma taxa de poluição, ou se é debita- do por algum outro mecanismo econômico satisfatório, ou ainda, se é uma resposta a algum regulamento direto de redução de poluição obrigatória. O conceito foi introduzido no Brasil por meio da política nacional de meio am- biente – Lei n.º 6.938, de 31 de agosto de 1981 –, especificamente no Artigo 4º: A política nacional do meio ambiente visará: [...] VII – a imposição ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos causados, e ao usuário, de contribuição pela utilização de recursos ambientais com fins econômicos. Na Constituição Federal brasileira de 1988, em seu Artigo 225, Parágrafo 2º, é estabelecido que “[...] aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da Lei”. Além disso, no Parágrafo 3º, ratifica- se que: “As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas,a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados”. A Agenda 21, documento elaborado na Rio 92, consolidou o princípio do poluidor-pagador, onde estabelece: As autoridades nacionais devem procurar promover a internacionalização dos custos ambientais e o uso de instrumentos econômicos, tendo em vista a abordagem segundo a qual o poluidor deve, em princípio, arcar com o custo da poluição, com a devida atenção ao interesse público e sem provocar distorções no comércio e nos investimentos internacionais. Assim, o princípio foi um avanço e uma ferramenta importante para a preservação do meio ambiente. 16 17 Considerações Finais Com a crescente discussão sobre as questões ambientais, iniciada por volta da década de 1960 e desenvolvida nas décadas seguintes, consolidou-se uma nova visão de desenvolvimento, que não se limitava somente ao ambiente natural, mas incluía também aspectos socioculturais, onde a qualidade de vida do ser humano passava a ser uma condição para o progresso. Assim, o conceito de desenvolvimento sustentável passou a se basear na utilização consciente dos recursos naturais e da sua preservação para as gerações futuras. Um princípio aparentemente simples, popularizou-se tanto que hoje há um número incontável de interpretações, reforçando sua importância porque traz ao processo de desenvolvimento os limites de uso dos recursos naturais. A passagem de um modelo de desenvolvimento predatório para um sustentável inclui, entre outras questões, modificar a nossa relação com a natureza, não apenas como fonte de matérias-primas, mas como ambiente necessário à existência humana. Nesse processo, torna-se fundamental o manejo racional dos recursos naturais, a modificação da organização produtiva e social, a alteração das práticas produtivas predatórias e o surgimento de novas relações sociais, cujo principal objetivo deixe de ser apenas o lucro, e se estenda ao bem-estar dos seres. Resumidamente, o conceito se baseia no equilíbrio entre três eixos principais do sentido de sustentabilidade: crescimento econômico, preservação ambiental e equidade social. 17 UNIDADE Desenvolvimento Sustentável Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Vídeos O que é Sustentabilidade? O QUE É sustentabilidade? 27 jan. 2013. https://youtu.be/tIz3lbrD0U4 Bloco 2 – Tripé de Sustentabilidade TAVARES, V. Bloco 2 – tripé de sustentabilidade. 21 mar. 2015. https://youtu.be/Ep2QsepHOLE Leitura A Sustentabilidade como Ferramenta Estratégica Empresarial: Governança Corporativa e Aplicação do Triple Bottom Line na Masisa BENITES, L. L. L.; POLO, E. F. A sustentabilidade como ferramenta estratégica empresarial: governança corporativa e aplicação do triple bottom line na Masisa. Rev. Adm. UFSM, Santa Maria, RS, v. 6, n. esp., p. 195-210, maio 2013. https://goo.gl/bt9ON4 18 19 Referências DIAS, R. Gestão ambiental: responsabilidade social e sustentabilidade. São Paulo: Atlas, 2011. GONÇALVES, D. B. Desenvolvimento sustentável: o desafio da presente geração. Revista Espaço Acadêmico, v. 5, n. 51, ago. 2005. BARBIERI, J.C., 2007. Gestão ambiental empresarial: conceitos, modelos e instrumentos. 2ª Ed. São Paulo: Saraiva. CNI Indústria sustentável no Brasil : agenda 21: cenários e perspectivas = Sustainable industry in Brazil : Agenda 21: scenarios and perspectives. Brasília, 2002. BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF, Senado, 1998. WBCSD. World Business Council for Sustainable Development. Disponível em: http://www.wbcsd.org/. Acesso em 12/03/2017. OECD. Better Policies For Better Lives. Disponível em: http://www.oecd. org/. Acesso em 12/03/2017. 19
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