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Iter criminis diz respeito ao itinerário do crime, às fases do crime, ao caminho do crime. As fases são as seguintes: 1 - Cogitação 2 - Atos preparatórios 3 - Execução 4 - Consumação Obs: exaurimento é aquilo que acontece após a consumação: ou seja, ele não é fase do iter criminis. *a fase da cogitação também é conhecida como fase interna corporis, porque está na cabeça do sujeito, e se ele só cogita e não passa disso não é penalmente relevante, devido ao princípio da alteridade, que diz que o direito só pode se interessar por condutas que venham a atingir bem jurídico de terceiro. Existem situações em que o sujeito cogita, se prepara, inicia a execução de um crime, mas a consumação não ocorre. Se isto acontecer será porque houve UM destes quatro institutos: ou foi caso de 1) tentativa OU 2) crime impossível OU 3) desistência voluntária OU 4) arrependimento eficaz. Perceba: ONDE EXISTIR UM DESTES INSTITUTOS NÃO PODE EXISTIR OUTRO!!!! (art. 17): o agente inicia a execução, mas, neste momento, já se verifica que inexiste possibilidade de consumação porque há uma ineficácia absoluta do meio empregado, uma absoluta impropriedade do objeto visado ou uma obra de agente provocador (neste último caso, súmula 145 do STF). A lógica aqui é: não se pune o que não ocorreu por ser impossível de ocorrer. Natureza jurídica: causa de atipicidade da conduta inicialmente pretendida. Consequência: o sujeito não responde pela tentativa do crime que inicialmente quis, MAS pode responder por outros atos que sejam considerados criminosos. Qual a teoria adotada? Teoria objetivo-temperada. Existe uma teoria chamada de subjetiva, mas o Brasil não a adota. Para ela, tudo que para nós é crime impossível ela considera como caso de tentativa. Cuidado: embora o Brasil não a adote, às vezes há questões de concurso público sobre ela. Ex: tomar remédio abortivo para abortar feto que não existe (artigo 14, II): o agente inicia a execução, existe possibilidade de consumação, mas esta não ocorre porque algo ou alguém a impediu. Observe: o sujeito em nenhum momento mudou de ideia no sentido de deixar de querer a consumação do crime que inicialmente quis. A lógica aqui é: “Eu queria consumar o crime, mas não consegui”. Natureza jurídica: causa de diminuição de pena. Qual a consequência? Diminuição de pena de 1/3 a 2/3. Classificação de tentativa: 1) Branca ou incruenta: o alvo da conduta criminosa (pessoa ou coisa) não é sequer tocado. A diminuição de pena tem que ser maior (2/3). 2) Vermelha ou cruenta: o alvo da conduta criminosa é tocado. Não tem a ver com sangue. A diminuição de pena tem que ser menor do que nos caso de tentativa branca a) Perfeita: o sujeito pratica todos os atos executórios que ele entende como necessários para a consumação do crime acontecer, entretanto, apesar disso, a consumação não ocorreu, por circunstância alheia. b) Imperfeita: o sujeito não praticou tudo que queria praticar pra consumação ocorrer (art. 15, 1ª parte): o agente inicia a execução, mas, durante esta, muda de ideia no sentido de não querer mais a consumação do crime que inicialmente quis e, por isso, desiste de prosseguir na execução sem encerrá-la. A lógica aqui é: eu podia consumar o crime, nada me impedia, mas mudei de ideia durante a execução e desisti. Natureza jurídica: causa de atipicidade da conduta inicialmente pretendida. Consequência: o sujeito não responde pela tentativa do crime que inicialmente quis, mas pode responder por outros atos que sejam considerados criminosos. *a desistência voluntária não precisa ser espontânea, exige apenas voluntariedade, de forma não forçada. (art. 15, in fine): o agente inicia a execução, encerra a execução e, neste momento, se arrepende e atua impedindo a consumação. A lógica aqui é: eu podia, após encerrar a execução, esperar a consumação do crime, mas me arrependi e impedi a consumação. Natureza jurídica: causa de atipicidade da conduta inicialmente pretendida. Consequência: o sujeito não responde pela tentativa do crime que inicialmente quis, mas pode responder por outros atos que sejam considerados criminosos. *o arrependimento eficaz não exige espontaneidade *recebe esse nome porque é eficaz de evitar a consumação Existe critério para saber a quantidade de redução? Tentativa branca (incruenta) x tentativa vermelha (cruenta). Tentativa perfeita (crime falho) x tentativa imperfeita (inacabada). Os seguintes tipos de infrações penais não admitem o instituto da tentativa: culposas, habituais, omissivas próprias (as impróprias admitem), unissubsistentes, preterdolosas e de atentado ou empreendimento. Observação 1: a chamada culpa imprópria admite tentativa, mas admite porque neste caso o crime é DOLOSO punido COMO SE FOSSE CULPOSO por opção legislativa (artigo 20, § 1 º, CP). Perceba, então, que se trata de crime doloso e, por isso, admite tentativa. Observação 2: é possível que tenhamos contravenção penal que admita tentativa (vias de fato, por exemplo), mas a tentativa de contravenção não é PUNÍVEL (artigo 4º da LCP). Observação 3: é possível tentativa em crime permanente. Após a consumação, pode haver de acontecer um instituto chamado de arrependimento posterior, recebe esse nome porque ocorre quando ocorre a consumação do crime. Art. 16 diz a consequência de reconhecer em caso concreto o arrependimento posterior, vai haver uma causa de diminuição de pena. Será reduzida de 1/3 a 2/3. Não é qualquer tipo de crime. O sujeito reparar o dano ou restituir a coisa, com um limite temporal e processual, só vale se for ate o recebimento da denúncia nos crimes de ação pública e queixa nos de ação privada. Basta ser voluntario, não precisa ser espontâneo. Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) O STJ entende que o arrependimento posterior é uma circunstancia objetivo, de modo, que, havendo concurso de pessoas, o arrependimento de um se comunica para o outro. A recusa da vitima de receber as coisas de volta não impede o beneficio do arrependimento do arrependimento posterior.