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I n f e c ç õ e s C o n g ê n i t a s T = Toxoplasmose O = outras > Sífilis R = Rubéola C = Citomegalovírus H = Herpes simples vírus TORCH > Infecção: ingestão de cistos do parasita, presentes na carne animal, ou de oocistos eliminados nas fezes de gatos, que podem estar presentes em alimentos, água ou outros materiais No Brasil, as taxas de soroprevalência gestacional situam‐-se entre 41,9 e 92%, estando entre os países de maior risco de toxoplasmose congênita anormalidades liquóricas e cicatrizes de coriorretiniteO Toxoplasma gondii : Protozoário Afeta cerca de 1/3 da população mundial A infecção aguda em imunocompetentes é assintomática, mas pode atingir o feto quando a mulher adquire na gravidez. Cerca de 40% das gestantes infectadas transmitirão a doença para o feto se não forem tratadas adequadamente, e o risco de transmissão aumenta com o avanço da gravidez. O grau de comprometimento do concepto é maior no início da gestação. Risco de transmissão: • primeiro trimestre: 15% – apresenta repercussões graves no concepto, óbito fetal ou neonatal, sequelas importantes; • segundo trimestre: 25% – o recém-nascido apresentará manifestações subclínicas; • terceiro trimestre: 65% – com manifestações subclínicas e mais raramente um quadro grave de parasitemia. • O risco aproxima-se de 100% se a infecção da genitora ocorrer no último mês da gestação QUADRO CLÍNICO prematuridade retardo do crescimento intrauterino Cerca de 70% das crianças acometidas são assintomáticas ao nascimento, no entanto, têm elevadas frequências de: coriorretinite convulsão micro ou hidrocefalia calcificações cranianas icterícia anemia hiperproteinorraquia febre hipotermia epatoesplenomegalia icterícia O quadro pode caracterizar-se por: vômitos diarreia linfoadenomegalia pneumonite apneia taquipneia diátese hemorrágic rash cutâneo catarata glaucoma e microf >> A tríade clássica com hidrocefalia, calcificações cerebrais e coriorretinite não é comum. >> A forma subclínica é a mais comum, com história materna, sorologia positiva no RN, alterações leves do liquor e, posteriormente, surgimento de sequelas oculares e neurológicas. TOXOPLASMOSE AGOSTO 2020PEDIATRIA // >> As sequelas neurológicas mais encontradas são hidrocefalia, microcefalia, retardo psicomotor, convulsões, hipertonia muscular, hiper-reflexia tendinosa e paralisias. >> Quanto às complicações oftalmológicas, podem-se observar microftalmia, sinéquia de globo ocular, estrabismo, nistagmo e catarata. A ocorrência de sequelas tardias é frequente em todas as formas clínicas da toxoplasmose não tratada, podendo ser identificada até a segunda década de vida em aproximadamente 85% dos recém-nascidos com infecção assintomática. As drogas mais usadas para o tratamento da toxoplasmose são efetivas contra os trofozoítos circulantes, mas não atingem os cistos que permanecem nos tecidos. Portanto, eles podem eclodir em qualquer situação de imunodepressão, como doenças, adolescência ou a própria gestação As drogas mais usadas: ESPIRAMICINA, SULFADIAZINA e PIRIMETAMINA *A espiramicina pode reduzir a transmissão da mãe para o feto em até 60%, mas quando a infecção fetal estiver comprovada, é indicado o uso de sulfadiazina e pirimetamina, que reduzem a transmissão para o feto e a possibilidade de comprometimento grave do recém-nascido Se ocorrer neutropenia, aumenta-se o ácido folínico para 10 mg diariamente; em situações graves, com leucócitos abaixo de 500/mm3 , interrompe-se a pirimetamina. Quando houver comprometimento do SNC (proteína > 1 g/dL) e/ou ocular, associa-se ao tratamento a prednisona – 0,5 mg/kg/dose, a cada 12 horas, VO, por 4 semanas. A sulfadiazina e a pirimetamina associadas ao ácido folínico são usadas por 6 meses, com monitoração hematológica semanal e depois mensal. No segundo período (últimos 6 meses), a sulfadiazina deve ser usada diariamente e a pirimetamina em dias alternados (3 vezes/semana). Quando o quadro clínico já aparece ao nascimento, as sequelas são mais frequentes e graves, com retardo mental, convulsões, espasticidade ou paralisia, dificuldade visual e auditiva. DIAGNÓSTICO O diagnóstico de toxoplasmose aguda ou congênita pode ser comprovado por meio de testes sorológicos, e o padrão-ouro é o teste do corante (dye test) O acompanhamento sorológico rigoroso da gestante suscetível parece ser a medida mais importante para a prevenção e a detecção da infecção quando já ocorreu, favorecendo a redução das chances de sequelas graves na criança # DETECÇÃO NA GESTAÇÃO: - Teste de aglutinação - ELISA IgM por captura - IFI - ELISA IgG - IgA sérica - Teste de avidez IgG - PCR - Sabin Feldman - Líquor (citologia, bioquímica, avaliação imunológica) # DETECÇÃO NO RN: - ELISA IgM por "captura" - ISAGA Diagnóstico por imagem é importante para detectar envolvimento do SNC, por meio de radiografia de crânio, ultrassonografia transfontanela e TC de crânio TRATAMENTO • sulfadiazina: 100 mg/kg/dia, VO,12/12h •pirimetamina: 2 mg/kg/dia, VO, 12/12h, por 2 dias, e posteriormente 1 mg/kg/dia, VO, em dose única diária; • ácido folínico: 5 a 10 mg, 3 vezes/semana. Combate a ação antifólica da pirimetamina. Manter por 1 semana após a retirada da pirimetamina. O tratamento do recém- nascido é feito com sulfadiazina e pirimetamina durante todo o primeiro ano de vida, na tentativa de impedir que as formas trofozoíticas ainda circulantes se encistem AGOSTO 2020PEDIATRIA // MANIFESTAÇÕES CLÍNICASSEGUIMENTO No acompanhamento das crianças com suspeita de toxoplasmose congênita, os títulos de IgG devem ser solicitados a cada 2 ou 3 meses. As crianças infectadas apresentarão títulos de IgG com 1 ano de vida ou aumentarão os títulos durante esse período, confirmando o diagnóstico. Avaliações oftalmológicas devem ser repetidas a cada 3 meses, como também após o término do tratamento, mantendo avaliações anuais no período escolar. A avaliação auditiva deve sempre ser realizada PROGNÓSTICO Embora a maioria das crianças infectadas seja assintomática ao nascer, se não tratadas adequadamente desenvolvem sequelas na infância ou na vida adulta. Os déficits de aprendizagem são mais descritos em crianças com microcefalia, e não na presença de calcificações. A coriorretinite resolve-se com tratamento e raramente recidiva PREVENÇÃO O cuidado com as gestantes suscetíveis (soronegativas) é muito importante na redução da infecção congênita. Recomenda-se: • não comer carne crua ou mal passada; • ingerir frutas, legumes e verduras bem lavados e descascados; • evitar contato com fezes de gato; • evitar manipular areia e terra ou utilizar luvas; • lavar as mãos após manipular carne ou vegetais crus; • evitar insetos na cozinha; • consumir água filtrada ou fervida e leite pasteurizado. Treponema pallidum Via transplacentária.; LM não; O treponema provoca um processo inflamatório, comprometendo todos os órgãos do recém-nascido, com lesões viscerais, ósseas, pele e mucosas, e sistema nervoso central. Estima-se que das gestações em mulheres com sífilis em atividade, 25% resultem em óbito fetal e 25% em recém-nascidos de baixo peso ou com infecção neonatal grave. A taxa de transmissão de gestantes não tratadas para o feto é de 10% e pode ocorrer em qualquer período da gestação SÍFILIS Ocorre em menores de 2 anos, resultante de infecção ativa. Prematuridade Baixo peso ao nascimento Hepatomegalia com ou sem esplenomegalia Lesões cutâneas (pênfigo palmoplantar, condiloma plano), Periostite, osteíte ou osteocondrite, Pseudoparalisia dos membros (pseudoparalisia de Parrot) Sofrimento respiratório com ou sem pneumonia Rinite serossanguinolenta Icterícia Anemia Linfadenopatia generalizada (principalmente epitroclear). Petéquias, Púrpura Fissura peribucal Síndrome nefrótica Hidropsia Edema Convulsão Meningoencefalite (hiperproteinorraquia, pleiocitose, VDRL positivo no LCR) Hidrocefalia Paralisia de pares cranianos Coriorretinite (lesão em “sal e pimenta”) Glaucoma e catarata. Alterações laboratoriais:anemia, trombocitopenia, leucocitose (podem ocorrer reação leucemoide, linfocitose e monocitose) ou leucopenia e hiperbilirrubinemia Tíbia em “lâmina de sabre” Articulações de Clutton, Fronte “olímpica” Nariz “em sela” Dentes incisivos medianos superiores deformados (dentes de Hutchinson) Sífilis congênita precoce Sífilis congênita tardia Muito sensíveis e pouco específicos Indicados para diagnóstico inicial e seguimento terapêutico, por serem passíveis de titulação. Devem ser realizados no sangue do RN, e não no sangue do cordão umbilical. Recém-nascidos de mães com sífilis, mesmo os não infectados, podem apresentar anticorpos maternos transferidos através da placenta. Positivo: se título 4 vezes maior do que o título na amostra materna (confirmado em uma segunda coleta na criança), mas a ausência dessa diferença de títulos não exclui a sífilis congênita. Recém-nascidos com testes não treponêmicos (VDRL,RPR ou TRUST) não reagentes, sem outras evidências de sífilis congênita, mas com suspeita epidemiológica, devem repetir os testes no primeiro mês de vida, em razão da possibilidade de soroconversão tardia. Na dúvida ou impossibilidade de seguimento, devem ser adequadamente tratados. Qualitativos Detecção de anticorpos antitreponêmicos, Altamente específicos e pouco sensíveis: úteis para confirmação do diagnóstico. Em crianças maiores de 18 meses, um resultado reagente de teste treponêmico confirma a infecção, pois os anticorpos maternos transferidos passivamente já terão desaparecido da circulação sanguínea da criança. No recém-nascido, o teste treponêmico IgM confirma o diagnóstico, mas tem baixa sensibilidade (FTA-Abs tem 64% sensibilidade). A investigação complementar deve incluir hemograma, função hepática, eletrólitos, punção liquórica (células, proteínas, testes não treponêmicos), radiografia de ossos longos, avaliação oftalmológica, audiológica e neurológica. AGOSTO 2020PEDIATRIA // Testes não treponêmicos (VDRL, RPR ou TRUST) DIAGNÓSTICO LABORATORIAL # PADRÃO OURO: IDENTIFICAÇÃO DO AGENTE ETIOLÓGICO - Pesquisa direta: Pesquisa do Treponema pallidum, em campo escuro, em material coletado de lesão cutâneo-mucosa e de mucosa Testes treponêmicos A DIAGNÓSTICO Sífilis congênita confirmada Quando isolado o T. pallidum em material de lesão B Sífilis congênita provável B.1 Recém-nascido, mesmo sem evidência clínica e laboratorial, cuja mãe é soropositiva para sífilis (teste não treponêmico positivo em qualquer titulação) e inadequadamente tratada: • não recebeu tratamento para sífilis durante a gestação; • recebeu tratamento incompleto com penicilina durante a gestação; • recebeu tratamento para sífilis com penicilina nos últimos 30 dias antes do parto; • foi tratada com outras drogas que não a penicilina, durante a gestação; • foi adequadamente tratada para sífilis, mas o parceiro não foi tratado ou foi tratado de forma inadequada ou a informação não está disponível; • foi adequadamente tratada para sífilis durante a gestação, mas não apresentou resposta sorológica documentada (queda no título do teste não treponêmico – VDRL/RPR); • foi adequadamente tratada antes da gestação, mas não teve acompanhamento sorológico suficiente para descartar a presença de infecção ativa durante a gestação (queda de 4 vezes nos títulos do VDRL/RPR para mulheres portadoras de sífilis primária e secundária e títulos estáveis ou decrescentes, inferiores ou iguais a 1:4, para as outras fases da sífilis) B.2 RN com teste não treponêmico positivo e uma ou mais alterações: • qualquer evidência clínica de sífilis congênita; • qualquer manifestação radiológica de sífilis congênita; • VDRL positivo no liquor; • liquor com aumento de celularidade ou de proteínas, sem outra causa aparente; AGOSTO 2020PEDIATRIA // Materno >>> tratar com penicilina cristalina, por via endovenosa (EV) por 10 dias, na dose de 50.000 UI/kg/dose a cada 12 horas na primeira semana de vida e a cada 8 horas após a primeira semana ou com penicilina procaína 50.000 UI/kg/dose a cada 24 horas, por via IM por 10 dias SE houver alteração liquórica ou se não for possível colher o LCR >>> empregar a penicilina cristalina EV por 10 dias, na dose de 50.000UI/kg/dose a cada 12 horas na primeira semana de vida e a cada 8 horas após a primeira semana. A penicilina procaína não é indicada na possibilidade de neurossífilis; SE o recém-nascido for VDRL negativo, sem alterações clínicas, radiológicas, hematológicas ou liquóricas >>> aplicar penicilina benzatina na dose única de 50.000 UI/kg IM. O acompanhamento é obrigatório, incluindo VDRL sérico seriado. Sendo impossível garantir o acompanhamento, tratar com penicilina cristalina ou procaína nas doses recomendadas por 10 dias a realização do exame liquórico é obrigatória diante de qualquer caso suspeito de sífilis congênita. Os seguintes critérios têm sido adotados, no período neonatal, para o diagnóstico do acometimento do sistema nervoso central: • neurossífilis confirmada: VDRL do liquor é positivo; • neurossífilis possível: existem alterações na celularidade e/ou no perfil bioquímico, acompanhadas de VDRL sérico positivo, independentemente do VDRL do liquor, ou não foi possível a realização de exame liquórico em qualquer recém-nascido com diagnóstico de sífilis congênita confirmada ou provável. • título do teste não treponêmico (VDRL/RPR) no recém-nascido, 4 vezes superior ao materno; • sorologia para sífilis ainda positiva após o 6º mês de vida ou VDRL que se mantém ou aumenta nos três primeiros meses de vida; • testes treponêmicos para detecção de IgM (FTA-Abs IgM 19S ou ELISA IgM ou Imunoblot IgM) positivos no soro do recém- nascido; • PCR para o antígeno 47 kDa positivo em soro/sangue e/ou LCR do recém-nascido C NEUROSSÍFILIS TRATAMENTO A droga de escolha é a penicilina benzatina, 2.400.000 UI, IM, semanalmente, por 3 semanas seguidas, com tratamento também do parceiro Neonatal A penicilina cristalina e a procaína têm sido as drogas de escolha; a penicilina benzatina tem pouca penetração liquórica Nos recém-nascidos de mães com sífilis inadequadamente tratada SE o recém-nascido apresentar VDRL positivo (qualquer titulação) e/ou existirem alterações clínicas e/ou radiológicas e/ou hematológicas, mas sem comprometimento neurológico >>> Nos recém-nascidos de mães com sífilis adequadamente tratada SE o recém-nascido apresentar VDRL positivo, com título superior ao materno, procurar alterações clínicas, radiológicas, hematológicas e/ou liquóricas >>> Se não houver alterações no LCR, tratar com penicilina cristalina EV por 10 dias, na dose de 50.000 UI/kg/dose a cada 12 horas na primeira semana de vida e a cada 8 horas após a primeira semana, ou com penicilina procaína 50.000 UI/kg/dose a cada 24 horas IM, por 10 dias; SE o liquor estiver alterado >>> usar apenas a penicilina cristalina nas doses anteriores, EV, por 10 dias. SE o recém-nascido for assintomático e apresentar VDRL com titulação igual ou inferior à materna ou VDRL negativo >>> fazer apenas o seguimento ambulatorial SE impossibilidade de garantir o seguimento ambulatorial >>> penicilina benzatina na dose única de 50.000 UI/kg IM. Manter o tto por 10 dias. Em caso da interrupção do esquema terapêutico por período superior a 24 horas, há necessidade de reiniciar o esquema AGOSTO 2020PEDIATRIA // infecção congênita da rubéola: engloba todos os eventos associados à infecção intrauterina pelo vírus da rubéola (abortos, natimortos, combinação de defeitos e também a infecção assintomática); síndrome da rubéola congênita (SRC): refere-se à variedade de defeitos presentes em neonatos filhos de mães que apresentaram infecção pelo vírus da rubéola durante a gestação (deficiência auditiva, catarata, defeitos cardíacos, etc.). # 2 FORMAS: Avaliação mensal até o 6º mês de vida e bimestral até 12º mês. VDRL com 1, 3, 6, 12 e 18 meses de idade, interrompendo o seguimento com dois exames negativos não consecutivos Não há necessidade de isolar os recém-nascidos portadores de sífilis congênita.- Passadas as primeiras 24 horas após o início da antibioticoterapia, o risco de transmissão da doença é mínimo. - A negativação do VDRL ocorre após 12 a 15 meses do tratamento. - Nenhum recém-nascido deve ter alta hospitalar até que a sorologia materna seja conhecida. - Doença de notificação compulsória SEGUIMENTO Por causa do risco de reativação da doença em 14% dos casos, recomenda-se o seguimento clínico ambulatorial e laboratorial da sífilis congênita Diante de elevação do título sorológico ou não negativação até os 18 meses de idade, reinvestigar a criança e proceder ao tratamento. Realizar teste treponêmico para sífilis após 18 meses de idade. Seguimento oftalmológico, neurológico e audiológico semestralmente, por 2 anos. Em caso de neurossífilis, reavaliação liquórica a cada 6 meses, até a normalização. O teste da orelhinha normal não afasta a necessidade de exames específicos para avaliar a surdez. Nos casos de crianças tratadas de forma inadequada, deve-se proceder à reavaliação clinicolaboratorial e reiniciar o tratamento da criança. Após os 18 meses, os testes treponêmicos devem ser não reagentes nos casos de tratamento no período neonatal, uma vez que não haveria tempo para formação de anticorpos específicos pela criança. Em casos tratados após os 12 meses de vida, anticorpos detectados nos testes treponêmicos podem representar cicatriz imunológica e o controle de cura será feito pelo VDRL PREVENÇÃO Tratamento adequado da gestante com sífilis e de seu parceiro Vírus RNA do gênero Rubivirus e família Togaviridae A transmissão materno-fetal do vírus da rubéola ocorre via placenta, cerca de 5 a 7 dias após a inoculação materna. O risco de ocorrer essa transmissão é maior nas primeiras 10 semanas de gestação. Entretanto, o risco de ocorrer malformações prolonga-se até a 18ª a 20ª semana. Após esse tempo, os defeitos congênitos são raros. RUBÉOLA QUADRO CLÍNICO Predominam manifestações de infecção crônica, como: - morte fetal - parto prematuro e - defeitos congênitos clássicos da SRC (perda auditiva, catarata e cardiopatia congênita). Outros achados podem ser encontrados no período neonatal: - meningoencefalite, - pneumonia intersticial -lesões osteolíticas - retinopatia - glaucoma - hepatomegalia - Icterícia - petéquias - adenopatia - anemia hemolítica - trombocitopenia. > A incidência de defeitos anatômicos é maior nos recém- nascidos de mães infectadas no primeiro trimestre da gestação. > Crescimento intrauterino retardado pode ser a única sequela quando a infecção materna ocorrer no terceiro trimestre da gestação AGOSTO 2020PEDIATRIA // # Não existe tratamento específico • perda auditiva: encaminhar para o otorrinolaringologista; • catarata: encaminhar para o oftalmologista; • pneumonia intersticial: pode ser necessário o uso de ventilação mecânica em UTI neonatal; • cardiopatia congênita: encaminhar para o cardiologista; • meningoencefalite: tratamento de suporte para a estabilização hemodinâmica e controle das convulsões Neonatos portadores de meningoencefalite, cardiopatias congênitas e pneumonia intersticial possuem risco de mortalidade maior quando comparados àqueles com manifestações de menor gravidade, como catarata e perda auditiva. Risco de mortalidade: 20%; A infecção congênita da rubéola deve ser suspeitada em: • todos os recém-nascidos de mãe com rubéola documentada ou mesmo suspeitada em qualquer tempo da gestação. O uso de imunoglobulina para tratamento da rubéola materna não garante proteção contra a infecção do feto; • todos os recém-nascidos com crescimento intrauterino retardado ou portadores de manifestações clínicas compatíveis com a SRC; • todos os recém-nascidos que apresentem alterações significativas no teste de triagem auditiva • Sorologia: a pesquisa de anticorpos IgM e IgG nos recém- nascidos e nas crianças suspeitas deve ser realizada o mais brevemente possível e antes de completarem 1 ano de idade, uma vez que os níveis desses anticorpos tendem a diminuir ao longo do tempo. - A detecção de IgM no sangue do cordão umbilical:: indica infecção recente pelo vírus da rubéola. - Níveis de IgG mais elevados que o materno ou persistentemente altos:: confirmam infecção congênita pelo vírus da rubéola. Os anticorpos IgG maternos possuem vida média de 30 dias e decrescem de 4 a 8 vezes nos primeiros 3 meses de vida, devendo desaparecer entre 6 e 12 meses de idade; • PCR: Pode ser pesquisado em vários líquidos orgânicos, como secreções da orofaringe, respiratórias, líquido amniótico, urina e liquor; • Isolamento viral: A partir de secreções da orofaringe ou ser cultivado em amostras de sangue periférico, placenta, urina e liquor >> Vacinação: única forma de prevenir a rubéola. Recomenda-se que todas as mulheres em idade fértil ou que pretendam engravidar façam uso da vacina; MANIFESTAÇÕES PRECOCES • Perda auditiva: aproximadamente 2/3 dos neonatos apresentam algum grau de perda auditiva bilateral; • cardiopatias congênitas: cerca de 50% apresentam algum tipo de defeito cardíaco estrutural, sendo mais comuns a persistência do canal arterial e a estenose de ramos da artéria pulmonar; • catarata: ocorre em 25% dos casos; • microcefalia: ocorre em 27% dos casos MANIFESTAÇÕES TARDIAS • Perda auditiva: a mais comum, ocorrendo em 80% dos pacientes. Usualmente é neurossensorial, bilateral, e a severidade varia de moderada a grave, com progressão ao longo do tempo; • distúrbios endócrinos: cerca de 1% dos casos desenvolve diabete melito na infância e adolescência e 5% apresentam patologias da tireoide; • panencefalite: ocorre a partir da 2ª década de vida, sendo progressiva e fatal. DIAGNÓSTICO AVALIAÇÃO GERAL Hemograma completo Testes de função hepática Radiografia de ossos longos Fundoscopia Audiometria Neuroimagem (ultrassonografia de crânio, TC de crânio) Estudo do liquor Ecocardiograma (em recém-nascidos que apresentem alterações na ausculta cardíaca). AVALIAÇÃO ESPECÍFICA TRATAMENTO PROGNÓSTICO PREVENÇÃO AGOSTO 2020PEDIATRIA // Família Herpesviridae. Infecta o ser humano através de inoculação oral, genital, mucosa conjuntival ou pele com solução de continuidade. Daí infecta os nervos terminais de onde é transportado, via axônios, até as raízes ganglionares dorsais, onde permanece latente durante toda a vida do hospedeiro. No estado de latência, esses vírus não são suscetíveis às drogas antivirais. Dois tipos de HSV de interesse humano são descritos: HSV1 e HSV2 HERPES SIMPLES hemograma completo, transaminases bilirrubinas, ureia e creatinina amônia PCR para HSV DNA no sangue liquor com PCR para HSV DNA swab das lesões de pele e mucosas para identificação do HSV por imunofluorescência direta e cultura viral # Testes laboratoriais: # MODOS DE TRANSMISSÃO DA INFECÇÃO: • intrauterina: muito rara. Ocorre por meio de viremia materna ou infecção ascendente do trato genital, mesmo com membranas íntegras; • perinatal: responde por 85% do total. Ocorre por meio do contato do recém-nascido com o trato genital materno infectado, com lesões ou não; • pós-natal: cerca de 10% das infecções; ocorre quando um cuidador com infecção ativa (p.ex., herpes labial) tem contato próximo com um recém-nascido >> isolamento: gestantes devem ser afastadas de pessoas com suspeita de rubéola. Na ocorrência de contato com caso confirmado, devem ser avaliadas sorologicamente e acompanhadas # Infecção intrauterina QUADRO CLÍNICO Na infecção transmitida por viremia materna predominam sinais de infecção placentária, como: infarto necrose calcificações sinais de envolvimento fetal grave como hidropsia A morte do concepto geralmente ocorre. Os sobreviventes exibem lesões de pele (vesículas, ulcerações ou cicatrizes), lesões oculares e graves anomalias do SNC, como microcefalia e hidranencefalia. # Infecção perinatal Doença localizada na pele, olhos e boca: sintomas presentes nas 2 primeiras semanas de vida vesículas agrupadas sob uma base eritematosa que podem estar localizadas ou disseminadas A presença de hiperemiaconjuntival, associada a lacrimejamento intenso, chama a atenção para o diagnóstico. Vesículas na região periorbital, ceratite e coriorretinite também podem fazer parte do quadro. O acometimento da orofaringe caracteriza-se pela presença de úlceras na boca, palato e língua Doenças do SNC sintomas iniciam-se em torno da segunda ou terceira semana de vida. Cerca de 60 a 70% dos recém-nas‑cidos com lesões na pele apresentam envolvimento do SNC. As manifestações clínicas incluem: convulsões, letargia, irritabilidade, tremores, recusa alimentar, instabilidade térmica e fontanela anterior tensa. O liquor apresenta pleiocitose à custa de células mononucleares, glicose relativamente baixa e proteína moderadamente elevada. O eletroencefalograma (EEG) apresenta alterações precoces, como descargas epileptiformes focais ou multifocais; Doença disseminada ocorre em 25% dos casos. Envolve múltiplos órgãos, como fígado, pulmões, adrenais, SNV, pele, olhos e boca. Manifestações clínicas: febre ou hipotermia, apneia, letargia, irritabilidade,desconforto respiratório, distensão abdominal. Com a progressão da doença: hepatite, ascite, icterícia,neutropenia, trombocitopenia, coagulação intravascular disseminada, derrame pleural, enterocolite necrotizante,convulsões e choque. A mortalidade ultrapassa 80% nessa forma de doença DIAGNÓSTICO AGOSTO 2020PEDIATRIA // A detecção do HSV DNA pela PCR tem sido o método de escolha para o diagnóstico de infecção pelo vírus HSV por causa de sua alta sensibilidade. Entretanto, resultados falso‑negativos podem ocorrer principalmente no liquor, quando existir grande quantidade de hemácias ou proteína elevada. A imunofluorescência direta é um método que permite rápida identificação do antígeno viral, além de identificar o tipo (HSV1 ou HSV2). Os testes sorológicos normalmente não ajudam no diagnóstico da infecção neonatal, mas podem ser usados no pré-natal, como método de prevenção da infecção congênita Aciclovir, EV, na dose de 60 mg/kg/dia, dividido em 3 doses diárias, a cada 8 horas. O tempo de terapia antiviral depende do tipo de infecção. Na doença localizada na pele, olhos e boca, o tempo mínimo é de 14 dias. Na doença de envolvimento sistêmico ou que atinge o SNC, o tratamento mínimo é de 21 dias. ALTERNATIVA: Ganciclovir na dose de 6 mg/kg/dose a cada 12 horas US FETAL: pode ser útil ao demonstrar as lesões no cérebro fetal RM: melhor sensibilidade que a TC, principalmente no acompanhamento de lesões cerebrais. Radiografia de tórax: útil para demonstrar pneumonite intersticial US abdominal: pode mostrar o envolvimento do fígado, rins e ascite Avaliação por bioimagem TRATAMENTO PROGNÓSTICO PREVENÇÃO • gestantes com infecção ativa devem ser mantidas sob precauções de contato, e o parto cesariano deve ser indicado até 4 horas após o rompimento das membranas; • recém-nascidos internados com infecção ativa devem ser mantidos em isolamento de contato, no mesmo quarto que as mães; • recém-nascidos cujas genitoras apresentem lesões herpéticas na mama não devem ser amamentados na mama afetada e as lesões devem ser cobertas para evitar a contaminação; • parentes e outros indivíduos portadores de lesões herpéticas (herpes labial, gengivoestomatite) não devem entrar em contato com o recém-nascido; • o risco de transmissão é maior em recém- nascidos de parto vaginal, com mais de 4 horas de ruptura das membranas; • o risco de transmissão é baixo (menor que 2%) em recém-nascidos de mães com infecção recorrente; • ainda não existem vacinas licenciadas e efetivas contra os vírus HSV1 e HSV2 Depende do tipo de apresentação clínica: • na doença disseminada, a mortalidade dentro de 1 ano é de 29%, e cerca de 80% dos sobreviventes podem apresentar exame neurológico normal; • na doença do SNC, a mortalidade dentro de 1 ano é em torno de 4%, porém somente 30% dos sobreviventes apresentam exame neurológico normal; • na doença da pele, olhos e boca, a mortalidade é rara, e menos de 2% dos que receberam tratamento com aciclovir apresentam retardo no desenvolvimento neuropsicomotor
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