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IMPETIGO Andressa Eloi Conceito São infecções piogênicas primárias da pele, contagiosas, superficiais, produzidas por estafilococos e estreptococos. Acometem preferencialmente a face e os membros superiores, embora, com disseminação por autoinoculação, possam comprometer qualquer região. Utiliza-se o termo impetiginização quando o impetigo complica uma dermatose preexistente (p. ex., pediculose, escabiose, eczema etc.); nesse caso, em geral é de natureza estafilocócica. Epidemiologia · O impetigo geralmente é transmitido através de contato direto; · É bem mais frequente em crianças e nos meses de mais calor; · Outro estudo mostrou que as crianças que recebem transplantes de órgãos também apresentam um risco aumentado de contrair; · A incidência anual de impetigo foi de 2,8 por cento em crianças até quatro anos de idade e 1,6 por cento entre crianças de cinco a 15 anos de idade; · A incidência é maior nos meses de verão, e a infecção frequentemente. ocorre em áreas com higiene precária e em condições de vida superlotadas. Fisiopatologia São reconhecidas duas formas clínicas: impetigo não bolhoso (70%) e impetigo bolhoso. O estado de portador propicia o seu aparecimento. As lesões começam como vesículas que se transformam em bolhas com conteúdo inicialmente amarelo claro. Geralmente, não existe eritema perilesional e o sinal de Nikolsky está ausente. As bolhas se rompem rapidamente e deixam uma superfície vermelha, úmida, com posterior formação de crosta. O impetigo bolhoso, como a síndrome da pele escaldada estafilocócica, representa uma forma de resposta cutânea às toxinas extracelulares produzidas pelo S. aureus fagotipo II. Febre e sintomas constitucionais são incomuns. A cura ocorre sem cicatriz. Impetigo não bolhoso: · Geralmente inicia-se com lesões eritematosas, seguida da formação de vesículas e pústulas que se rompem rapidamente formando áreas erosadas com as típicas crostas de coloração amarelada. · Localizam-se preferencialmente na face, braços, pernas e nádegas. É comum a presença de lesões satélites que ocorrem por autoinoculação. As lesões do impetigo duram dias ou semanas. Quando não tratadas podem envolver a derme o que constitui o ectima, com ulceração extensa e crosta hemorrágica. · Representa mais de 70% dos casos de impetigo e ocorre em crianças e em adultos, mas raramente ocorre em menores de 2 anos de idade; Também conhecido como impetigo infeccioso de Tilbury Fox, tem como etiologia predominante o S. aureus, sobretudo nos países industrializados. A desnutrição e higiene precária são fatores predisponentes. A lesão inicial é uma vesícula, sobre uma base eritematosa, que se rompe com facilidade. Impetigo bolhoso: · O impetigo bolhoso é o mais comum entre crianças de 2 a 5 anos; · O impetigo bolhoso inicia-se com pequenas vesículas que se transformam em bolhas flácidas de até 2 cm de diâmetro, com o conteúdo inicialmente límpido, passando a turvo posteriormente; · De etiologia exclusivamente estafilocócica, em geral fago II, tipos 71 (principalmente) e 55. Portanto, tem etiologia igual à da síndrome da pele escaldada estafilocócica (SSSS); seria, na verdade, forma mitigada (ver adiante). Não há necessidade de solução de continuidade cutânea para o aparecimento das lesões. Ocorre mais em neonatos (diferentemente do anterior) e também em crianças; · Tem como características clínicas a formação de vesículas que rapidamente se transformam em bolhas grandes que sofrem processo de pustulização; · As crostas resultantes são finas e acastanhadas e, por vezes, tomam aspecto circinado; · As localizações preferenciais são face, períneo, nádegas e extremidades. Vesículas e bolhas desenvolvem-se em pele normal, sem eritema ao redor. As lesões localizam-se no tronco, face, mãos, áreas intertriginosas, tornozelo ou dorso dos pés, coxas e nádegas. O conteúdo seroso ou sero-pustulento desseca-se, resultando em crosta amarelada que é característica do impetigo. Quando não tratada tem tendência à disseminação. A lesão inicial muitas vezes é referida como se fosse uma bolha de queimadura de cigarro. · RESERVATÓRIO: o homem e em raras ocasiões, os animais. · MODO DE TRANSMISSÃO: a partir dos focos de colonização das bactérias nas narinas do próprio paciente ou de portador assintomático; 20 a 30% da população geral é portadora de estafilococos coagulase positiva. As mãos são o meio mais importante para transmitir a infecção. A fonte mais comum de propagação epidêmica são as lesões supurativas. · PERÍODO DE INCUBAÇÃO: variável e indefinido. Em geral quatro a dez dias. · COMPLICAÇÕES: glomerulonefrite, septicemias. Sintomas · A pele fica danificada e se formam crostas, chamadas milicérias, por ter coloração parecida com à do mel. Por vezes, pode formar bolhas que se rompem, quando, então, se torna o impetigo bolhoso. Não há sintomas locais, mas a lesão vai se disseminando para áreas contíguas. Diagnóstico clínico; podem-se realizar exames bacterioscópicos e cultura para identificação do agente. Entre os diagnósticos diferenciais, destacam-se herpes simples, candidíase, dermatofitose, periporite e miliária. É facilmente obtido com a coloração de Gram de uma pústula, que revelam neutrófilos e aglomerados de cocos Gram- positivos. As culturas bacterianas confirmam o diagnóstico. · DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: iododerma e bromoderma, varicela, queimadura e herpes simples. Tratamento · Limpeza das feridas com água e sabão e remoção das crostas. Para infecções mais localizadas, cremes ou pomadas de antibióticos topicamente são utilizados e, em casos mais intensos e difusos, antibióticos orais; · Na maioria das piodermites, sobretudo nas agudas, o tratamento com antibióticos deve ser iniciado imediatamente; · Antes do início da terapia antimicrobiana, as culturas bacterianas de lesões cutâneas devem ser obtidas. Tratamento local de feridas, incluindo a limpeza, a remoção de crostas e a aplicação de curativos úmidos, pode ser útil; · a bacitracina é frequentemente usada como um tópico de primeira linha antimicrobiano, mas sua eficácia é questionável. Prevenção · Limpar os ferimentos da pele e evitar a “coçadura” de lesões prévias para não acontecer a contaminação secundária; · Higiene pessoal, em especial lavagem de mãos; · Tratamento imediato dos casos iniciais; · Em caso de epidemias dever-se-á impor, principalmente em creches, higiene rigorosa, em especial da lavagem das mãos; · Realizar cultura dos contactantes, em creches, para identificação dos portadores assintomáticos em cavidade nasal para tratamento com mupirocina. REFERÊNCIAS · A Importância Do Diagnóstico Precoce Da Glomerulonefrite Pós-Estreptocócica Em Crianças - Marcos Alexandre Soares - Porto Velho – 2018; · Diagnosis and Treatment of Impetigo - Charles Cole et al – 2007; · Azulay - Dermatologia - 7 Edição – 2017; · Dermatologia na Atenção Básica de Saúde - Cadernos de Atenção Básica Nº 9 Série A - Normas de Manuais Técnicos; n° 174 – Brasília, 2002.
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