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1 SA2 – Transtornos de Ansiedade – Laís Reis TRANSTORNO DO PÂNICO É um transtorno psicológico caracterizada pela ocorrência de inesperados ataques de pânico e por uma expectativa ansiosa de ter novos ataques ou crises de pânico. As crises/ataques: períodos de intensa ansiedade, com início súbito e acompanhados de uma sensação de catástrofe iminente - Essas crises varia de pessoa para pessoa com duração variável (alguns minutos) Sinais e sintomas Apresentam pelo menos quatro dos 13 seguintes sintomas: - Palpitação ou taquicardia - Sudorese - Tremores - Sensação de falta de ar e sensação de asfixia - Dor ou desconforto torácico - Náusea ou desconforto abdominal - Sensação de desmaio/tontura/instabilidade - Calafrios ou ondas de calor - Dormências ou formigamentos - Desrealização (sentimento de irrealidade) e/ou despersonalização (sentir-se fora de si) - Medo de enlouquecer ou perder o controle - Medo de morrer Diferença entre FOBIAS e SP: nas fobias a pessoa teme uma situação ou objeto fora dela (altura, animais) e na SP o perigo vem de dentro, ocorre uma sensação de descontrole do corpo e uma interpretação catastrófica das reações corporais como sendo perigosas Tipos de pensamentos catastróficos: - Perda do controle - Sensação de desmaio - Sensação de que vai morrer - Sensação de que está enlouquecendo NOTA: Com repetição de crises a pessoa desenvolve ansiedade antecipatória, que é um processo de evitar que as crises voltem por meio da restrição da vida, ou seja, evita lugares e convívios numa tentativa de evitar uma nova crise. ÁGORAFOBIA É um estado de ansiedade relacionado a estar em locais ou situações onde escapar ou obter ajuda seria difícil, caso tenha-se um ataque de pânico. Ocorre em ambientes cheios de gente, quando a pessoa se afasta de casa, em lugares que não sejam familiares, situações como estar sozinho, preso no trânsito etc. Geralmente as pessoas com agorafobia sentem-se mais seguras com a presença de alguém de seu confiança, tendo-o como companhia preferencial “regulador externo” da ansiedade. COMEÇO E CURSO - Inicio súbito - Ápice em 10 min - Sintomas diminuem em 30 min e duram +/- 1h - Quando exposto a um estresse muito alto - Vivendo situações que levem a estados de vulnerabilidade e desamparo Tem-se crise de pânico isolada, quando se desenvolve um padrão de crises repetidas caracteriza-se a Síndrome do Pânico - 1 mês de duração RELAÇÕES EPIDEMIOLÓGICAS - Geralmente eventos de vida difíceis nos dois anos de vida anteriores as primeiras crises podem contribuir para desencadear o processo. Ex de eventos: separação, doença, perdas, violências, traumas, crises existenciais, crises profissionais, mudanças importantes - Fatores que podem acentuar a vulnerabilidade ao desenvolvimento de SP: ter nascido com temperamento ansioso, ter apresentado ansiedade de separação na infância ou ter sido criado por pais que não ajudaram a criança a se sentir emocionalmente segura, pessoas que costumam apresentar certa precariedade no processo de auto regulação emocional (não desenvolve mecanismos internos para se regular) INTEGRAÇÃO FISIOPATOLÓGICA Transtorno psicológico -> crises de pânico -> pensamentos catastróficos -> progressão da patologia -> ansiedade antecipatória NOVOS ESTUDOS: De acordo com novos estudos o TP possui três características: ataques de pânico agudos, ansiedade antecipatória e a evitação fóbica, localizados em três regiões especificas do SNC: o tronco cerebral, o sistema límbico e o córtex pré-frontal. Hipótese de Gorman: Modelo da rede do medo (FNM), essa rede compreende áreas frontais e límbicas, como ínsula, tálamo, substância cinzenta periaquedutal, locus cerulus, núcleo parabraquial e do trato solitário, girto frontal mendial, cingulado anterior, amígdala, hipocampo, tronco cerebral e hipotálamo. O FNM tem seu centro formado pela amígdala, a qual é responsável pelo controle da resposta ao medo e da memória deste. Outra correlação é que as projeções da amígdala conectadas ao tronco cerebral e ao hipotálamo, o que reflete na disfunção do SNA. As áreas frontais, modulam as reações de medo exagerado das regiões límbicas, assim, caso haja controle inadequado da resposta ao medo, há uma reação do ataque de pânico. Quanto ao hipocampo, sua hiperexcitabilidade aumenta as memórias de medo e o neurotransmissor inibitório pode ajudar na supressão e extinção da resposta ao medo relacionada a sua memória 2 SA2 – Transtornos de Ansiedade – Laís Reis PROGNÓSTICO Bom prognóstico para aqueles pacientes em tratamento (6 meses no mínimo), aqueles que não diagnosticados podem desenvolver transtornos mais graves TRATAMENTO Casos leves: terapia cognitivo comportamental (TCC) Casos moderados a grave: TCC + medicação Indicação de medicação: 1) Agorafobia presente 2) Comorbidade com depressão 3) Relato de ideação suicida 4) Preferência do paciente (ele escolhe não fazer TCC) Tratamento Farmacológico Antidepressivos: - Demora o início da ação (2 a 3 semanas) - Inicia-se com doses baixas e titula-se a dose - Tratamento a longo prazo (6 meses no mínimo) 1ª escolha: Inibidores seletivos da recaptação da serotonina (sertralina, escitalopram, citalopram e fluoxetina) 2ª escolha: tricíclicos (Amitriptilina, cloripramina) Inibidores da recaptação de serotonina e noradrenalina IMAO Tratamento coadjuvante: Benzodiazepínicos (alprazolam e clonazepam) Tem rápido início de ação e deve ser usado por curto prazo, até que o ISRS comecem a fazer efeito, caso contrário causam dependência. Fazer desmame FOBIA ESPECÍFICA Medo pronunciado ou persistente, que é excessivo ou irracional, desencadeado pela presença ou antecipação de uma situação ou objeto específico - A exposição ao estímulo fóbico provoca de modo quase invariável e imediato uma resposta de ansiedade (pode ser ataques de pânico) - Medo reconhecido como excessivo ou irracional - Objeto ou situação é evitado ou suportado com intensa ansiedade ou sofrimento TIPOS DE FOBIA ESPECÍFICAS - Animal: vertebrados ou insetos - Ambiente natural: tempestade, altura, água - Ferimentos, injeções e sangue: podem ter resposta vasovagal, ocorrendo vasodilatação, bradicardia, hipotensão ortostática ou desmaio - Situacional: transporte público, túneis, pontes, elevadores, lugares fechados, voar, dirigir, etc. FOBIA SOCIAL Medo pronunciado e permanente de uma ou mais situações sociais ou de desempenho, nas quais a pessoa é exposta a estranhos ou ao possível escrutínio dos outros. O indivíduo teme que vá agir de uma maneira (ou vá mostrar sinais de ansiedade) que será humilhante ou embaraçosa. - A exposição a situação social temida quase que invariavelmente provoca ansiedade (pode ser ataques de pânico) - Reconhecimento que medo é excessivo ou irracional - As situações sociais ou de desempenho são evitadas ou suportadas com intensa ansiedade ou sofrimento Subtipos: - Generalizada: inclui quase todas as situações sociais - De desempenho: falar em público, comer público, usar toaletes públicos, escrever enquanto outros observam e atuar em público CONSIDERAÇÕES GERAIS Etiologia: em sua maioria é desconhecido, mas em alguns casos estão associadas à situação. - Maioria dos pacientes adota comportamento evitativo, que causa prejuízos ou incapacitação profissional ou social TRATAMENTO Para fobias específicas: - Psicoterapias (TCC) - Técnicas de dessensibilização progressiva - Ansiolíticos benzodiazepínicos em uso eventual Para fobias sociais: De desempenho: - Psicoterapia (TCC) - Beta bloqueadores: reduzem excitação autonômica - Ansiolíticos benzodiazepínicos em uso eventual Generalizada: - Antidepressivos que mostraram eficácia: tricíclicos e ISRS - Psicoterapia (TCC) TRANSTORNO DE ANSIEDADE GENERALIZADA Síndrome de preocupações excessivas e persistentes - Preocupações com fatos reais, mas comintensidade e frequência aumentada - Dificuldade de controlar preocupação - Ligada a sintomas de hiperexcitação: Inquietação ou hipersensibilidade emocional Facilmente fadigado Dificuldade para se concentrar (“dá branco”) Irritabilidade Tensão muscular Perturbação do sono - Ansiedade e sintomas físicos que causam significativo sofrimento e deterioração social e ocupacional ETIOLOGIA E EPIDEMIOLOGIA - Início precoce (começo da vida adulta) - Mais frequente em mulheres - Habitualmente crônicos - Pacientes procuram primeiramente outras especialidades médias (cardiologistas, reumato) 3 SA2 – Transtornos de Ansiedade – Laís Reis TRATAMENTO Farmacológico: - Ansiolíticos benzodiazepínicos: Início de ação imediato Grande potencial de dependência (uso > 3 meses) Dependência física e psicológica Potencial de uso abusivo Fenômeno de tolerância Uso a curto prazo Não é curativo Tratamento coadjuvante NOTA: São usados no início até os medicamentos indicados fazerem efeito, 2-3 semanas, após isso deve haver retirada gradual. - Ansiolítico Buspirona: Agonista de serotonina (receptor 5-HT1A) Não produz dependência Latência no início de ação (3 semanas) Efeito paradoxal: maior ansiedade no início - Antidepressivos Tricíclicos, ISRS e de dupla ação (venlafaxina) Não produzem dependência Latência no início de ação (3 semanas) Efeito paradoxal: maior ansiedade no início Pregabalina: atuação em receptor GABA e estudos indicam alguns resultados - Psicoterapia: TCC ou de orientação psicanalítica