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A BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO PARNAÍBA - AVALIAÇÃO E MONITORAMENTO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS

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A BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO PARNAÍBA: AVALIAÇÃO E 
MONITORAMENTO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS 
 
Pedro Jorge Castelo Lima 
 
1. Introdução 
A Região Hidrográfica do Parnaíba configura-se como uma das mais 
importantes da Região Nordeste do Brasil, sendo ocupada pelos Estados do 
Ceará, Piauí e Maranhão. Suas águas atravessam diferentes biomas, como o 
Cerrado, no Alto Parnaíba, a Caatinga, no Médio e Baixo Parnaíba, e o Costeiro, 
no Baixo Parnaíba, tornando diferenciadas as características hidrológicas de 
cada uma destas regiões. Por conta destas variações, é encontrada ao longo da 
bacia uma proporcional diversidade de atividades econômicas praticadas e 
consequentemente, diferentes impactos gerados ao ambiente. Ao longo deste 
trabalho, discutiremos em especial a atual situação (de modo geral) dos corpos 
hídricos constituintes da bacia levando em consideração características 
geográficas, ambientais, dados oriundos de monitoramento realizado em alguns 
munícipios, entre outros parâmetros que regem a qualidade da água. 
2. Referencial Teórico 
A bacia hidrográfica do rio Parnaíba encontra-se integralmente inserida 
na Região Nordeste do Brasil, estendendo-se pelos estados do Maranhão, Piauí 
e Ceará. Segundo a Agência Nacional de Águas – ANA (2015), ela abrange 279 
municípios, totalizando 333.056 km² de superfície, o equivalente a cerca de 4% 
do território nacional. Desses municípios, 39 encontram--se parcialmente 
inseridos, ou seja, seus territórios extrapolam os limites estabelecidos para o 
vale; os demais 240 municípios possuem a totalidade de sua área territorial 
inserida na bacia. 
A maior parte (99%) das terras do estado do Piauí está inserida na bacia 
do rio Parnaíba. Apenas o município de Cajueiro da Praia (7.163 hab. e 271,7 
km²) encontra-se fora da bacia. Ao todo são 220 municípios piauienses na bacia 
do rio Parnaíba. O estado do Maranhão possui 35 municípios com terras na área 
da bacia hidrográfica do rio Parnaíba e, desses, os mais populosos são os 
municípios de Timon e Caxias, ambos com 155 mil habitantes e cerca de 2,4% 
da população do estado, e o município de Balsas com 84 mil habitantes (1,3%), 
conforme IBGE (2010). No estado do Ceará inserem-se na área da bacia do rio 
Parnaíba terras de 20 municípios sendo mais populosos o de Crateús, com 72 
mil habitantes, e Tianguá com 69 mil habitantes, representando 0,85% e 0,81% 
da população do estado, respectivamente, conforme IBGE (2010). 
O rio Parnaíba tem sua nascente localizada nos contrafortes da chapada 
das Mangabeiras, sul do Piauí e sudeste do Maranhão, a qual abriga o Parque 
Nacional das Nascentes do rio Parnaíba, criado pelo Decreto Federal s/n de 16 
de julho de 2002 com 729.814 hectares e que compreende porções de terras 
dos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. Apresenta três divisões 
fisiográficas: o Alto, Médio e o Baixo Parnaíba. 
A bacia, no entanto, apresenta grandes diferenças inter-regionais tanto 
em termos de desenvolvimento econômico e social quanto em relação à 
disponibilidade hídrica. A escassez de água tem sido historicamente apontada 
como um dos principais motivos para o baixo índice de desenvolvimento 
econômico e social. Contudo, os aquíferos da região apresentam o maior 
potencial hídrico da Região Nordeste e podem, se explorados de maneira 
sustentável, representar um grande diferencial em relação às demais áreas do 
Nordeste brasileiro no que se refere à possibilidade de promover o 
desenvolvimento econômico e social (ANA, 2016). A respeito dos recursos 
hídricos superficiais da bacia, conforme estudo realizado pela ANA (2005), a 
disponibilidade hídrica da região hidrográfica do Parnaíba (considerando a vazão 
regularizada pelos reservatórios da região) é de 379 m³/s; equivalente a menos 
de 0,5% da oferta hídrica nacional (91.071 m³/s), e a vazão média da região 
hidrográfica é de 767 m³/s, correspondendo a 0,43% da vazão média nacional 
(179.516 m³/s), a menor em comparação com as outras regiões hidrográficas 
brasileiras. A população total da região, em 2010, era de 4,15 milhões de 
habitantes, dos quais 35% encontram-se na área rural. A densidade demográfica 
é de 12,5 hab./km², com destaque para a sub-bacia hidrográfica do rio Poti, onde 
se situa Teresina, capital do Piauí, que possui índice de urbanização de 92%. 
O rio Parnaíba, em seus 1.400 km de extensão, é perene na maioria de 
seus trechos. Seus principais afluentes são alimentados por águas superficiais 
e subterrâneas, destacando-se os rios: Balsas, situado no Maranhão; Uruçuí--
Preto, Gurgueia, Itaueiras, Canindé/Piauí e Longá, inseridos no Piauí, e o rio 
Poti, cuja nascente está localizada no Ceará e se estende pelo Piauí. 
2.1. Alto Parnaíba 
Os principais rios inseridos no curso do Alto Parnaíba são: rio Balsas, rio 
Uruçuí Preto, rio Gurgueia, rio Itaueiras e o próprio trecho do curso do Alto 
Parnaíba. 
Na sub-bacia do Alto Parnaíba, predominam solos associados à classe 
Latossolo Amarelo, apresentando as seguintes características principais: textura 
levemente argilosa; perfil profundo; drenagem boa à moderada; distróficos; 
baixos teores de ferro ou completa ausência de hematita; e níveis medianos e 
eventualmente elevados de alumínio trocável, tornando-os ácidos a muito 
ácidos. Outra característica importante refere-se à carência de nutrientes 
essenciais às plantas (nitrogênio, fósforo e potássio) que, associada a um relevo 
levemente inclinado, torna esses solos exportadores de nutrientes pela erosão. 
A vegetação da sub-bacia é tipicamente constituída por elementos de 
Savana (Cerrado), especificamente dos campos cerrados. As árvores são 
distribuídas com pequena densidade, distanciadas entre si por espaços abertos, 
onde a superfície do terreno é completamente recoberta por um estrato arbustivo 
e herbáceo, de moitas e gramíneas. 
No Alto Parnaíba, a vocação regional e os usos da água, voltam-se para 
a agricultura de sequeiro, atividade que utiliza a água precipitada e não depende 
de irrigação, apesar de existirem algumas propriedades que utilizam desta 
prática. Mas a principal utilização da água para esta atividade é a navegação, 
nos rios Parnaíba e Balsas, para o escoamento das safras de soja e arroz. O 
transporte hidroviário diminui os custos com o escoamento das safras para os 
portos da região. 
2.2. Médio Parnaíba 
Nesse curso, o rio Parnaíba recebe contribuições de água dos seguintes 
tributários principais: Canindé/Piauí, que desemboca no Parnaíba, próximo à 
cidade de Regeneração; e o rio Poti, que desemboca no Parnaíba no município 
de Teresina, capital do Piauí. 
A sub-bacia do Médio Parnaíba possui grande diversidade pedológica, 
porém, predominam superfícies de exposição com Latossolo Amarelo / 
Latossolo Vermelho-Amarelo, principalmente sob domínio das rochas 
sedimentares, onde se observa também Neossolos Quartzarênicos. As rochas 
cristalinas dominantes no semiárido originam Latossolo Vermelho-Amarelo, 
Podzólico Vermelho-Escuro, Neossolos Litólicos, solos Luvissolos Crômicos e 
Vertissolo. 
Na sub-bacia Canindé/Piauí, de sudeste para oeste, tem-se uma grande 
variedade de vegetação definida, no semiárido, como Savana Estépica 
(Caatinga), bastante uniforme, com presença da favela (Cnidoscolus 
phyllacanthus) e xique-xique (Pilocereus gounellei), além de outros, seguindo-se 
um grupamento hipoxerófilo com catingueira (Caesalpinia pyramidalis), rama-de-
bezerro (Piptadenia oblíqua) e marmeleiro (Croton hemiargyreus) 
No Médio Parnaíba, a vocação principal é a pecuária, na Sub-bacia do 
Piauí Canindé, principalmente de ovinos e caprinos, enquanto que na Sub-bacia 
Parnaíba 06 (Poti/ Parnaíba) a vocação é para atividades industriais e 
extrativistas, na sua parte baixa, próximo à Teresina, e agrícola, com irrigação 
em sua parte alta, próximo a Crateús. A agricultura irrigada é uma prática que 
vem crescendo nesta região em virtude das baixas precipitaçõese solos com 
boa fertilidade. 
2.3. Baixo Parnaíba 
O curso do Baixo Parnaíba é formado principalmente pelo rio Longá e pelo 
trecho do Parnaíba que vai de Teresina até a foz (Baixo Parnaíba). 
Nas sub-bacias do Baixo Parnaíba, destaca-se a ocorrência de Neossolos 
Litólicos, Plintossolos, Vertissolos, Aluviões, Latossolos e Neossolos 
Quartzarênicos nas áreas planas. Esses dois últimos ocupam as superfícies 
mais extensas. Os Neossolos Litólicos encontram-se nos trechos de relevo 
movimentado. Os Vertissolos ocorrem em Piracuruca e Buriti dos Lopes, 
enquanto que os Aluviões acompanham os rios da sub-bacia. Esses dois tipos 
de solos representam os mais férteis, apresentando boas condições para uso 
agrícola. 
Na sub-bacia do Longá, ao leste e a sul, predomina a vegetação de 
Savana (Cerrado), ao centro destaca-se o complexo de Campo Maior, às vezes 
situado em superfícies topograficamente baixas, alagáveis e que servem de 
suporte para gramíneas aquáticas e carnaubeiras (Copernicia prunífera). 
Ocorrem, neste complexo, Savana Estépica/Savana, Floresta/Savana, com 
bastante mistura dos seus diferentes representantes 
No Baixo Parnaíba existem várias atividades, já que a Sub-bacia mais 
populosa. As atividades vão desde a agricultura irrigada, atividade industrial, 
extrativismo, pesca, turismo, rizicultura e carcinicultura. As atividades que mais 
utilizam água são as de rizicultura, que ocorre nas lagoas, de carcinicultura, que 
utiliza os mangues do Delta do Parnaíba, e a de irrigação de hortaliças e frutas. 
3. Dados Complementares 
3.1. Saneamento 
Com relação aos serviços públicos, houve um crescimento entre 1991 e 
2000 em todas as Sub-bacias, destacando o crescimento dos serviços de 
fornecimento de energia elétrica. Apesar do crescimento, os índices continuam 
baixos, principalmente os de abastecimento de água, com percentuais em torno 
de 40% de unidades com rede de água, com exceção dos Municípios mais 
populosos, como Teresina e Parnaíba. Os piores índices são os de coleta de 
esgoto, com valores em torno de 9% de unidades com coleta, à exceção da 
região de Crateús, no Ceará, onde os índices são de 16% a 27% de unidades 
residenciais. Os serviços de coleta de lixo estão em torno de 15% de unidades 
domiciliares atendidas, em quase toda a Região Hidrográfica, com destaque aos 
Municípios polarizadores como Balsas, Picos, Floriano, Crateús, Parnaíba e 
Teresina, com índices em torno de 80%. No entanto, o fato de possuir coleta de 
esgoto ou lixo, não significa que estes estão sendo tratados e dispostos 
adequadamente na região, evitando a contaminação dos corpos de água. 
Ações institucionais são fundamentais na região para a melhoria das 
condições sanitárias, desde investimentos em sistemas de coleta e tratamento 
de resíduos líquidos e sólidos até campanhas permanentes de conscientização. 
Um indicativo da precariedade do saneamento básico é a ocorrência de óbitos 
por doenças infecciosas e parasitárias, em função do uso da água contaminada 
por vetores da hepatite, esquistossomose, cólera, entre outras. A região do Baixo 
Parnaíba apresenta os maiores índices de óbitos desta natureza. Ali se 
concentra o maior contingente populacional, mas os sistemas de coleta de 
esgotos e distribuição de água são precários. Um aspecto que chama a atenção 
é a morbidade por doenças do sistema circulatório que supera a maioria dos 
casos de óbitos na região, apresentando o maior índice na Sub-bacia do Alto 
Parnaíba. Este fato pode estar relacionado ao manejo inadequado de 
agrotóxicos pelos agricultores da região. No entanto, é uma hipótese que precisa 
ser investigada com mais cuidado. 
A infraestrutura de saneamento básico na região é precária e repercute 
sobre a qualidade da água, sendo perceptível pelos atores sociais, justificando 
assim a relevância do enquadramento dos cursos de água. A existência de 
planos de recursos hídricos é considerada relevante, uma vez que eles traçarão 
as diretrizes para a infraestrutura hídrica, para o enquadramento dos cursos de 
água e para a gestão dos recursos hídricos na região. 
3.2. Desenvolvimento econômico regional e usos da água 
As principais demandas de água na região são para o abastecimento 
humano, irrigação e dessedentação de animais. De maneira geral a região 
possui boa disponibilidade hídrica, tanto superficial, como subterrânea, sendo 
sufi - ciente para garantir a demanda atual. O balanço demanda e disponibilidade 
hídrica superficial aponta uma situação Excelente em quase todas as Sub-
bacias, com exceção das Sub-bacias Parnaíba 03 (Gurguéia) e Parnaíba 05 
(Piauí/Canindé), que apresentam condição Confortável. Quanto ao critério 
Demanda/Vazão Média Anual, todas as Sub-bacias apresentam condição 
Excelente. O balanço demanda e disponibilidade de água subterrânea, aponta 
sufi ciência para garantir as demandas atuais. 
Em toda a região, predominam os usos da água para fins domésticos e 
lançamento de efluentes. No Alto Parnaíba existe também o uso da água para a 
navegação e para a geração de energia elétrica. No Médio Parnaíba, o uso em 
potencial é para a irrigação e a indústria, nas proximidades de Teresina. Na Sub-
bacia Baixo Parnaíba a água é utilizada para a irrigação, pesca, carcinicultura e 
turismo. 
3.3. Principais Problemas 
Os principais problemas com os usos exclusivos da água na região são a 
degradação da qualidade da água pelo uso exclusivo de lançamento de efluentes 
e a dificuldade de implantação de uma hidrovia em função da construção do 
reservatório Boa Esperança. Os principais conflitos e problemas com os usos da 
água são a degradação da qualidade da água devido o lançamento de efluentes, 
além do manejo inadequado de insumos agrícolas. O uso inadequado do solo 
provoca o assoreamento dos corpos de água, principalmente no rio Parnaíba. 
Existem conflitos entre a navegação e a geração de energia elétrica e a 
exploração inadequada dos aquíferos, principalmente nas Sub-bacias Parnaíba 
03 (Gurguéia), Parnaíba 04 (Itaueiras) e Parnaíba 05 (Piauí/Canindé) e, nas 
lagoas, há conflitos entre rizicultores e pescadores. A carcinicultura degrada os 
mangues do Delta do Parnaíba. 
 
3.4. Gestão 
Alguns projetos e programas relacionados aos recursos hídricos estão em 
execução na região: Planap/Codevasf, Proágua, PAN-Brasil, Fome Zero, ZEE 
Baixo Parnaíba, entre outros. No caso do Planap/Codevasf, é fundamental a 
interseção entre as suas áreas de atuação com as Sub-bacias da Região 
Hidrográfica do Parnaíba, de forma a compatibilizar as ações de planejamento e 
gestão dos recursos hídricos com as ações da Codevasf na região. 
Durante o Seminário Regional do Parnaíba foram definidas questões 
prioritárias para a região, bem como programas e diretrizes. Com relação à 
gestão dos recursos hídricos, houve uma grande preocupação com o 
fortalecimento institucional, principalmente com relação à capacitação dos 
recursos humanos. Quanto ao meio ambiente, a maior preocupação foi com os 
recursos hídricos subterrâneos, que vêm sofrendo degradação, tanto em termos 
de qualidade, quanto de quantidade. Também houve preocupação com o 
desmatamento da mata ciliar e do assoreamento dos rios e reservatórios. Já em 
termos de usos múltiplos, a maior preocupação foi com o setor de saneamento, 
haja vista a precariedade em que se encontra a coleta, tratamento e disposição 
final dos resíduos sólidos e líquidos na região. Para cada questão prioritária 
foram traçados programas e diretrizes, base para o Plano Nacional de Recursos 
Hídricos, e guia para as ações relacionadas aos recursos hídricos na região. 
Na Região Hidrográfica do Parnaíba existem cinco unidades de 
Conservação, dos quais quatro são Parques Nacionais (PN) e uma é estação 
Ecológica (EE). Existem, também, três Áreas de Proteção Ambiental (APA) e 
três Reservas Indígenas registradas pela Funai, além de interceptar dois 
Corredores Ecológicos. 
Os quatro ParquesNacionais situados na Região Hidrográfica do 
Parnaíba são: Parque Nacional das Nascentes do Parnaíba, Serra da Capivara, 
Serra das Confusões e Sete Cidades. A APA da Chapada do Araripe está 
localizada entre os Estados do Ceará, Piauí e Pernambuco, ocupando uma área 
de 976.730 hectares no bioma Caatinga. Além das unidades de Conservação, 
existem na região do Parnaíba dois Corredores Ecológicos: o da Caatinga e o 
Jalapão. 
3.5. Infraestrutura 
A infra-estrutura hídrica da Bacia do Parnaíba é composta por várias 
barragens e adutoras construídas nos cursos de água, com capacidade de 
acumulação de 12.417.062.890m³, dos quais, 6.904.502.890m³ já estão 
construídas, 1,369 milhões de m³ estão em construção e 4.143.560.000m³ estão 
em projeto, licitadas ou em estudo. 
Adutora é um substantivo feminino que indica um canal ou conjunto de 
tubos que fazem o transporte de gases ou líquidos. Uma adutora é uma estrutura 
que faz parte da rede de abastecimento de água, tem o objetivo de transportar 
água que esteja em um reservatório até ao local onde vai ocorrer o seu 
tratamento. 
 Da capacidade de acumulação construída, 5,085 milhões de m³ são 
relativos à barragem Boa Esperança, a maior e mais importante do Vale do 
Parnaíba. Esta barragem drena uma área de 87.500Km2 e mantém o regime 
fluvial do rio Parnaíba com vazão média anual de 301m³/s, correspondendo a 
66% da vazão média de longo período da Bacia de contribuição. 
4. Relatório de Monitoramento da Qualidade da Água 
O QUALIÁGUA - Programa de Estímulo à Divulgação de Dados de 
Qualidade de Água, é uma iniciativa da Agência Nacional de Águas - ANA, na 
qual estabeleceu os seguintes objetivos, a saber: contribuir para a gestão 
sistemática dos recursos hídricos, por meio da divulgação de dados sobre a 
qualidade das águas superficiais; estimular a padronização dos critérios e 
métodos de monitoramento de qualidade de água no País, conforme as diretrizes 
especificadas na Resolução ANA nº 903/2013; contribuir para o fortalecimento e 
estruturação dos órgãos estaduais gestores de recursos hídricos e meio 
ambiente para a realização do monitoramento sistemático da qualidade das 
águas e publicidade dos dados gerados e promover a implementação da Rede 
de Monitoramento da Qualidade das águas - RNQA, no âmbito do Programa 
Nacional de Avaliação da Qualidade das Águas - PNQA (ANA, 2019). 
O referido contrato tem duração de 05 (cinco) anos e tem como objetivo 
realizar o monitoramento dos corpos hídricos superficiais das principais Bacias 
Hidrográficas do Estado do Maranhão e, posteriormente divulgar os dados a 
sociedade em geral. 
As coletas são realizadas em uma frequência trimestral por técnicos da 
Superintendência de Planejamento e Monitoramento e Laboratório de Análises 
Ambientais da SEMA, utilizando em campo a Sonda Multiparamétrica YSI EXO 
01 que consiste em um instrumento multiparamétrico da YSI que coleta dados 
com até quatro sensores substituíveis e com transdutor de pressão integrado 
para a medição da profundidade, com portas inteligentes, onde cada porta aceita 
qualquer sensor EXO de qualidade de água. 
4.1. Padrões 
Para analisar os dados apresentados nos relatórios, usou-se como base 
a Resolução CONAMA 357/2005, onde são apresentados os padrões dos 
parâmetros de qualidade da água de acordo com suas respectivas classes. Vale 
mencionar que o Rio Parnaíba foi considerado água doce classe 2, tendo como 
padrões recomendados expressos na tabela a seguir. 
Tabela 1 – Padrões de água doce - classe 2 (Resolução 357, 2005) 
 pH 
Condut
ividade 
Turbidez 
Temp. 
do ar 
Temp. 
da 
água 
Salinidad
e 
Oxigênio 
dissolvido 
TDS 
Valores 
permitidos 
6,0-9,0 - 
Até 100 
UNT 
- - Até 0,5‰ 
Mínimo 5 
mg/L 
- 
 
Ao todo foram analisados cinco relatórios que contemplaram alguns 
trimestres entre 2017 e 2019. No entanto, já se pode adiantar que a Bacia do 
Parnaíba pouco foi contemplada em pontos de coleta. Tanto que no primeiro 
relatório (setembro a dezembro de 2017) nenhum município integrante da bacia 
fez parte da análise, enquanto nos outros quatro relatórios foi encontrado apenas 
um município (integrante) em cada. 
4.2. Março a Maio de 2018 
 
Data 
da 
Coleta 
pH 
Condutivi
dade 
(µS/cm) 
Turbide
z (NTU) 
Temp. 
do ar 
(°C) 
Temp. 
da 
água 
(°C) 
Salinida
de (ppt) 
OD 
(mg/L) 
São 
Matheus do 
Maranhão 
- 4,18 106,3 10,62 27,10 30,02 - 10,62 
 
Dos parâmetros analisados, podemos ver que maioria está de acordo com 
o previsto nas normas. No entanto, o pH que deveria valor mínimo de 6,0 
apresentou 4,18. Vale lembrar que essa recomendação encontrada na norma 
visa garantir apenas a tratabilidade da água, e com a devida correção em 
estações de tratamento não gera qualquer risco à saúde humana após seu 
consumo. 
As informações de data de coleta e salinidade não foram apresentadas. 
Vale ressaltar que o parâmetro salinidade é de extrema importância pois 
juntamente com a quantidade de oxigênio dissolvido pode-se ter uma grande 
noção do ecossistema no que tange a fauna local. 
4.3. Agosto a Dezembro de 2018 
 
Data 
da 
Coleta 
Temp. 
do ar 
Temp. 
da 
água 
pH OD 
Condutivi
dade 
Turbidez 
Salini
dade 
São Mateus 
04/09 25,46 29,79 7,00 6,02 112,40 50,91 0,05 
04/12 26,74 28,16 7,60 5,61 123,10 135,87 0,06 
 
A maioria dos dados se encontraram dentro dos padrões estabelecidos. 
No entanto, a turbidez da coleta do dia 04/12 se encontra acima do limite 
recomendado de até 100 UNT. Vale lembrar que elevações nos níveis de 
turbidez em um corpo hídrico podem ser geradas pela presença de matérias 
sólidas em suspensão, matéria orgânica e inorgânica finamente divididas, 
organismos microscópicos e algas. Neste parâmetro podemos fazer um paralelo 
direto com o saneamento básico, pois o descarte irregular de resíduos sólidos e 
efluentes não tratados em corpos hídricos causam aumento da turbidez na água. 
4.4. Março a Agosto de 2019 
 
Data 
da 
Coleta 
Temp. 
do ar 
Temp. 
da 
água 
pH OD 
Condutivi
dade 
Turbidez 
Salini
dade 
São Mateus 
13/05 29,15 30,15 6,27 4,02 758,90 21,12 0,05 
06/08 25,90 29,24 4,26 5,98 126,0 32,69 0,06 
 
Mais uma vez podemos observar valores fora do padrão. É o caso da 
coleta feita no dia 13/05 onde a quantidade de oxigênio dissolvido está abaixo 
dos 5 mg/L recomendados. No entanto, não está tão abaixo assim, isto é, seus 
impactos acabam não sendo tão intensos. Vale lembrar que valores de OD 
abaixo de 2,0 mg/L O2 pode levar a maioria dos organismos à morte, 
caracterizando assim uma falta de qualidade no corpo hídrico em questão. 
Outros parâmetros fora do padrão se encontram na coleta realizada no 
dia 06/08 como o pH abaixo dos 6,0 recomendados, que pode ter sido causado 
por fatores naturais, como dissolução de rochas, absorção de gases 
atmosféricos, oxidação da matéria orgânica e, por fatores antropogênicos, como 
despejo de esgotos domésticos e industriais. 
4.5. Setembro a Dezembro de 2019 
 
Data 
da 
Coleta 
Temp. 
do ar 
Temp. 
da 
água 
pH OD Cond. Turb. 
SS 
Alcalini
dade 
Trans
p. 
Água 
Cloretos 
P
o
rt
o
 04/10 29,20 31,60 7,39 6,94 46,80 36,76 
46,00 
10,0000 
0,38 0,0030 
08/11 27,26 31,71 7,35 7,50 44,40 12,69 
6,00 
3,60 
NM 300,00 
C
o
e
lh
o
 
N
e
to
 05/10 26,25 30,52 7,78 7,28 46,40 10,71 
12,00 
1,6000 
0,60 0,0030 
08/11 25,35 32,65 7,79 7,58 43,20 12,17 12,00 4,80 0,60 480,00 
 
Para as análises do ano de 2019, as equipes utilizaram a Sonda 
Multiparamétrica YSI EXO 01, com os seguintes parâmetros: pH, Condutividade, 
Turbidez, Temperatura do ar, Temperatura da água, Sólidos em Suspensão, 
Transparência da Água, Alcalinidade, Oxigênio Dissolvido e Cloretos. 
Felizmente, entre todos os relatórios feitos até então, este foi o único onde os 
pontos coletados apresentaram todos os parâmetros dentro dos padrões 
recomendados. 
 
 
 
 
 
 
 
 
5. Considerações FinaisDe modo geral, pôde-se observar no mínimo a maioria dos parâmetros 
analisados dentro do padrão recomendado pela norma. No entanto, o 
levantamento de dados foi muito superficial. Outros parâmetros de crucial 
importância para a análise da qualidade de uma água não foram considerados 
como indicadores biológicos. 
O estado do Maranhão apresenta uma grande extensão territorial e 
hídrica, com variações em fatores que influenciam nos ciclos hidrológicos como 
estiagens, e variações em atividades econômicas realizadas. Diferentes 
atividades socioeconômicas geram diferentes impactos nos corpos hídricos. 
Considerando toda essa extensão e potencial no estado, a quantidade de pontos 
estudados pode ser considerada insuficiente e poderia ter sido muito melhor 
explorado, tanto que de modo geral a bacia hidrográfica do Paranaíba 
praticamente não foi contemplada com pontos de coleta. 
De qualquer forma, vale ressaltar a importância do acompanhamento 
constante da qualidade destes corpos hídricos, pois assim atitudes de 
fiscalização e mitigações (quanto necessárias) ficam bem mais fáceis, apesar de 
que no estado do Maranhão ainda existem muitos déficits nesse sentido. Apesar 
de normas de crucial importância como a Política Estadual de Recursos Hídricos 
e a criação dos Comitês de Bacias Hidrográficas, ainda há um longo caminho a 
ser percorrido a fim de assegurar a qualidade dos corpos hídricos no estado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS 
AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS (Brasil). Disponibilidade e demandas de 
recursos hídricos no Brasil. Brasília: ANA, 2005. 
AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS (Brasil). Plano Nacional de Recursos 
Hídricos - Secretaria de Recursos Hídricos. Síntese Executiva. Brasília, MMA, 
2006. 
CAMPOS, N. (Org). Gestão das águas: princípios e práticas. Porto Alegre, 2ª. 
ed., ABRH, 2003. 
MARANHÃO. SEMATUR. Diagnóstico dos principais problemas ambientais 
do Estado do Maranhão, São Luís: LITHOGRAF, 1991. 
SANTOS, L. C. A. dos. e LEAL, A. C. Política de recursos hídricos no estado 
do Maranhão. In: CUNHA, L; PASSOS, M. M. dos; e JACINTO, R. (Org). As 
novas geografias dos países de língua portuguesa: paisagens, territórios, 
políticas no Brasil e Portugal. Guarda: CEI, 2010.

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