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Exames laboratoriais – Doenças endócrinas e hepáticas Gabriela Pereira da Silva Nutrição-UFGD Doenças endócrinas Diabetes: · DM1; · DM2; · DM gestacional; · Monogênicos (MODY); · Diabetes neonatal; · Secundário a endocrinopatias; doenças do pâncreas exócrino; infecções; medicamentos. Distúrbios da tireoide: · Hipotireoidismo; · Hipertireoidismo; · Tireoidite; · Bócio; · Nódulos de tireoide; · Câncer de tireoide. Homeostase da glicose: · Pâncreas endócrino: produção de hormônios, lançado na corrente sanguínea. · Pâncreas exócrino: produzir suco pancreático, lançado no intestino; Diabetes Diabetes mellitus tipo 1 Doença autoimune, poligênica, decorrente de destruição das células beta pancreáticas, ocasionando deficiência completa na produção de insulina. É mais frequentemente diagnosticado em crianças, adolescentes e, em alguns casos, em adultos jovens, afetando igualmente homens e mulheres. Diabetes mellitus tipo 2 Corresponde a 90 a 95% de todos os casos de DM. Possui etiologia complexa e multifatorial, envolvendo componentes genético e ambiental. Geralmente, o DM2 acomete indivíduos a partir da quarta década de vida, embora se descreva, em alguns países, aumento na sua incidência em crianças e jovens. Na maioria das vezes, a doença é assintomática ou oligossintomática por longo período, sendo o diagnóstico realizado por dosagens laboratoriais de rotina ou manifestações das complicações crônicas. Com menor frequência, indivíduos com DM2 apresentam sintomas clássicos de hiperglicemia. Diabetes gestacional Condição diabetogênica, uma vez que a placenta produz hormônios hiperglicemiantes e enzimas placentárias que degradam a insulina. A intolerância a carboidratos de gravidade variável, que se inicia durante a gestação atual, sem ter previamente preenchido os critérios diagnósticos de DM. Traz riscos tanto para a mãe quanto para o feto e o neonato. Geralmente diagnosticado no 2° ou 3° trimestres da gestação. Pode ser transitório ou persistir após o parto. Exames laboratoriais Diagnóstico DM1 Recomenda-se que os estágios de desenvolvimento de DM1 sejam considerados na prática clínica e na abordagem diagnóstica. Diagnóstico DM2 Glicemia plasmática de jejum: coletada em sangue periférico após jejum calórico de no mínimo 8 horas. Teste de tolerância oral à glicose (TOTG): previamente à ingestão de 75 g de glicose dissolvida em água, coleta-se uma amostra de sangue em jejum para determinação da glicemia; coleta-se outra, então, após 2 horas da sobrecarga oral. · Importante reforçar que a dieta deve ser a habitual e sem restrição de carboidratos pelo menos nos 3 dias anteriores à realização do teste. Hemoglobina glicada (A1 – HbA1c): · Reflete os níveis glicêmicos dos últimos 3 a 4 meses; · Sofre menor variabilidade dia a dia e independer do estado de jejum para sua determinação; · Se trata de medida indireta da glicemia, que sofre interferência de algumas situações, como anemias, hemoglobinopatias e uremia, nas quais é preferível diagnosticar o estado de tolerância à glicose com base na dosagem glicêmica direta. Diagnóstico R1: no indivíduo assintomático, é recomendado utilizar como critério de diagnóstico de DM a glicemia plasmática de jejum maior ou igual a 126 mg/dL, a glicemia duas horas após uma sobrecarga de 75g de glicose igual ou superior a 200 mg/dL ou a HbA1c maior ou igual a 6,5%. É necessário que dois exames estejam alterados. Se somente um exame estiver alterado, este deverá ser repetido para confirmação. R2: na presença de sintomas inequívocos de hiperglicemia, É RECOMENDADO que o diagnóstico seja realizado por meio de glicemia ao acaso ≥ 200 mg/dL. R3: DEVE SER CONSIDERADO estabelecer o diagnóstico de DM na presença de glicemia de jejum ≥ 126mg/dL e HbA1c ≥ 6,5% em uma mesma amostra de sangue. R4: É RECOMENDADO sempre considerar fatores clínicos e interferentes laboratoriais na interpretação dos resultados dos exames solicitados para diagnóstico de DM e pré-diabetes. Diagnóstico DMG Diretriz 2019 – 2020 – Recomendação 2021 ainda não disponíveis. Monitoramento DM Em pacientes com diabetes, o controle glicêmico deve ser individualizado de acordo com a situação clínica. Os parâmetros de avaliação indicados são: · Hemoglobina glicada A1c (HbA1c); · Glicemias capilares (ou plasmáticas) determinadas em jejum, nos períodos pré-prandiais, 2h após as refeições e ao deitar. Mais recentemente, com o advento da monitorização contínua de glicose (CGM), foram incorporados novos parâmetros, como o tempo no alvo (TIR – Time in Range), o tempo em hipoglicemia, o coeficiente de variação e a glicemia média estimada. Índice HOMA Modelo matemático de avaliação da homeostase para resistência à insulina. Homeostasis Model Assessment – HOMA – IR. Expressa a resistência à insulina hepática e pressupõe que a resistência à insulina hepática e a periférica são equivalentes. O seu cálculo requer a mensuração da glicemia e da insulinemia obtidas em uma mesma amostra de sangue, após jejum de 8 a 12 horas, a partir das fórmulas: Distúrbios da tireoide Principal função da tireoide secreção dos hormônios tireoidianos: · Tiroxina (T4); · 3,5,3’-tri-iodotironina (T3). Hipotireoidismo TSH ↑ T4 livre: ↓ ou normal (assintomático). Manifestações clínicas: · Cansaço; letargia; intolerância ao frio; · Ganho de peso; · Ressecamento e espessamento da pele e do cabelo; · Rouquidão, anemia, demência, constipação, dores musculares; · Aumento do colesterol no sangue. Hipertireoidismo TSH ↓; T4 livre: ↑ Manifestações clínicas: · Nervosismo; labilidade emocional; · Agitação e tremor; · Sudorese excessiva; · Perda de peso com bom apetite; · Cabelos finos, aumento de volume da tireoide, pele quente e intolerância ao calor, diarreia e alterações menstruais. Avaliação laboratorial da função tireoidiana A dosagem do TSH é o melhor método para triagem de disfunções tireoidianas e para monitoramento dos pacientes em tratamento do hipotireoidismo, sendo bom indicador da dose de reposição de levotiroxina. O T4L é utilizado de rotina na avaliação da função tireoidiana e no seguimento do tratamento do hiper e do hipotireoidismo. A dosagem do T3 sérico, interpretada em conjunto com T4l, é útil na avaliação de quadros de hipertireoidismo. Valores de referência para os hormônios da tireoide: Doenças Hepáticas Úteis como indicativo da existência e extensão da lesão hepática: · Transaminases (ALT e AST); · Gama-glutamil transferase (GGT); · Bilirrubinas total, direta e indireta; · Fosfatase alcalina (FA). Alanina aminotrasnferase (alt) ou transaminase pirúvica (tgp) Enzima presente quase que exclusivamente no citoplasma dos hepatócitos, mas presente também em pequenas quantidades nos rins, coração e músculo esquelético. Mais sensível para detecção de lesão hepática. Valor de referência até 41 UI/L. Aspartato aminotransferase (AST) ou Transaminase oxaloacética (TGO) Enzima presente no citoplasma e nas mitocôndrias do fígado, músculos esquelético e cardíaco, rins, pâncreas e eritrócitos. Lesão hepatocelular: sua elevação geralmente indica comprometimento celular mais grave. Valor de referência até 35 UI/L ALT e AST Alterações significativas são consideradas a partir de duas vezes os valores normais. Valores acima de 1000 UI/L são vistos na hepatite viral aguda, hepatite isquêmica e no dano hepático agudo induzido por drogas ou toxinas. Gama-glutamil transferase (Gma-GT-GGT) Derivada do fígado, rins, pâncreas, intestino, baço, coração, pulmão, cérebro e próstata. Marcador sensível da doença hepática, estando alterada na maioria dos portadores de doença hepatobiliar (colestase intra-hepática, obstrução biliar extra-hepática, processos infiltrativos). Porém, apresenta baixa especificidade, pois sua elevação tem sido associada a diversas condições clínicas. Valores de referência: · Homens: 15 a 85 UI/L; · Mulheres: 5 a 55 UI/L. Fostase alcalina (FA) Família de isoenzimas, presente em quase todos os tecidos, especialmente nos tecidos hepáticos e ósseo. FA de origem hepática pode estar moderadamente elevada (até 2 vezes o valor normal)em lesões hepáticas como: hepatite e cirrose. Elevações mais graves (1º vezes o valor normal) são encontradas nas obstruções extra-hepáticas das veias biliares, colestase intra-hepática e na cirrose biliar. Valor de referência: 40 a 130 UI/L. Bilirrubina Produto final da destruição da porção heme da hemoglobina e outras hemoproteínas. Principal componente dos pigmentos biliares. Subdivida em bilirrubina indireta (não conjugada) e bilirrubina direta (conjugada). A dosagem das bilirrubinas é um exame que pode avaliar ao mesmo: lesão hepatocelular, fluxo biliar e função de síntese do fígado. Bilirrubina total A elevação deve-se de uma superprodução ou absorção (captação), conjugação e/ou excreção prejudicada pelo fígado. O primeiro passo ao se avaliar um indivíduo com bilirrubina total elevada é realizar o fracionamento da bilirrubina total determinar se a hiperbilirrubina é predominantemente direta ou indireta. Albumina Indireta: · Encontra-se elevada em uma série de distúrbios relacionados à superprodução de bilirrubina, como a hemólise e a eritropoese deficiente; ou distúrbios associados à redução na absorção ou conjugação hepática, como nas lesões intensas dos hepatócitos. · Valor de referência até 0,8 mg/dL. Albumina Conjugada · Encontra-se elevada na disfunção do parênquima hepático e dos ductos biliares e na obstrução do fluxo da bile com refluxo para o sangue. · Valor de referência até 0,4 mg/dL. Referências Bricarello L. et al. Interpretação de exames laboratoriais: importância na avaliação nutricional. In: Rossi L, Caruso L, Galante AP. Avaliação nutricional: novas perspectivas. São Paulo: Roca/ Centro Universitário São Camilo, 2008. Jesus RP, et al. Doença hepática crônica. In: Calixto-Lima L, Reis NT. Interpretação de exames laboratoriais aplicados à Nutrição Clínica. Rio de Janeiro: Rubio, 2016. Pereira AS, et al. Doenças da tireoide: hiper – e hipotireoidismo. In: Calixto-Lima L, Reis NT. Interpretação de exames laboratoriais aplicados à Nutrição Clínica. Rio de Janeiro: Rubio, 2016. SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES (SBD). Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes (2019-2020). São Paulo: Editora Clannad. SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES (SBD). Versão prelimiar Diretrizes 2021. https://diretriz.diabetes.org.br/
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