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Moarah Brito | FASAI | 5º período Transtornos Psicóticos . Delirium ➔ Mesmo que estado confusional agudo ➔ Alterações neuropsicológicas secundárias a um processo inflamatório ➔ Quadro clínico→ Déficit de ◆ Memória | Atenção | Cognição | Orientação | Consciência ◆ Sensopercepção: ilusões e alucinações visuais ◆ Alterações do pensamento ◆ Comportamento ◆ Instabilidade emocional ◆ Desorganização do pensamento ◆ Pararrespostas ◆ Pensamento de conteúdo deliróide ◆ Estados de ansiedade ◆ Humor deprimido ◆ Hipo, hiperativo ou misto ◆ Varia entre sonolência e inversão de ciclo sono-vigília e quadros de psicose e agitação psicomotora ➔ A gravidade se eleva com: idade, baixa reserva funcional, gravidade da doença, comorbidades ➔ O curso da doença é agudo ➔ Pode modificar-se em poucas horas (episódios de flutuação) ➔ Comum a persistência dos sintomas por dias ou semanas após o tratamento satisfatório da doença de base e está relacionada ao nível de comprometimento neurológico do paciente Fisiopatologia/Etiologia ➔ Pouco entendida até o momento ➔ Provavelmente, se trata da via final de diferentes mecanismos patogênicos→ redução global do metabolismo oxidativo cerebral e falência da transmissão colinérgica ➔ Qualquer estado inflamatório secundário a doença clínica, trauma, pós-operatório e uso de substâncias psicoativas e medicamentos podem evoluir para um quadro de delirium ➔ Entre o uso de medicamentos, o fator que se apresenta com maior risco é a polifarmácia Avaliação ➔ O diagnóstico é clínico ➔ Anamnese, exame físico e exame neurológico buscando correlação do quadro clínico com a doença de base ➔ Algumas escalas podem ser utilizadas como instrumento diagnóstico, como Confusion Assessment Method e Miniexame do Estado mental (DRS) Delirium vs. Demência ➔ Demência pode ser um fator de risco para desenvolvimento de delirium Transtornos psicóticos Moarah Brito | FASAI | 5º período Conceitos básicos da psicose ➔ Psicose: síndrome clínica que inclui, como característica principal, vivências patológicas de alheamento e distorção da realidade, principalmente na forma de alterações, das crenças e julgamentos (delírios) e da sensopercepção (alucinações) ➔ Quadros que mais se aproximam do conceito coloquial de “loucura” ➔ Definem os transtornos psicóticos: delírios, alucinações, desorganização do pensamento (discurso), comportamento motor grosseiramente desorganizado ou anormal (incluindo catatonia) e sintomas negativos Delírios ➔ São crenças fixas, não passíveis de mudança diante de evidências conflitantes ➔ Seu conteúdo pode incluir uma variedade de temas: ◆ Delírios persecutórios: crença de que o indivíduo irá ser prejudicado, assediado,.. ◆ Delírios de referência: crença de que alguns gestos, comentários, estímulos ambientais,.. são direcionados à própria pessoa ◆ Delírios de grandeza: quando uma pessoa crê que tem habilidades emocionais, riqueza ou fama ◆ Delírios erotomaníacos: quando o indivíduo crê falsamente que outra pessoa está apaixonada por ele ◆ Delírios niilistas: convicção de que ocorrerá uma grande catástrofe ◆ Delírios somáticos: preocupações referentes à saúde ➔ Delírios são considerados bizarros se claramente implausíveis e incompreensíveis por outros indivíduos da mesma cultura Incluem a crença de que os pensamentos da pessoa foram “removidos” por alguma força externa (retirada de pensamento) ou de que o corpo ou as ações do indivíduo estão sendo manipulados por uma força externa (delírios de controle) Alucinações ➔ São experiências semelhantes à percepção que ocorrem sem um estímulo externo ➔ Podem ocorrer em qualquer modalidade sensorial ➔ Alucinações auditivas são as mais comuns na esquizofrenia e em transtornos relacionados ➔ As alucinações devem ocorrer no contexto de um sensório sem alterações ➔ As que ocorrem ao adormecer (hipnagógicas) ou ao acordar (hipnopômpicas) são consideradas como pertencentes ao âmbito das experiências normais ➔ Em alguns contextos culturais, podem ser elemento normal de experiências religiosas Desorganização do pensamento (Discurso) ➔ Transtorno do pensamento formal ➔ Costuma ser inferida a partir do discurso do indivíduo ➔ Podendo haver mudança de um tópico a outro (descarrilamento ou afrouxamento das associações) ➔ As respostas a perguntas podem ter uma relação oblíqua ou não ter relação alguma (tangencialidade) ➔ Raras vezes, o discurso pode estar tão gravemente desorganizado que é quase incompreensível, lembrando a afasia receptiva em sua desorganização linguística (incoerência ou “salada de palavras”) Moarah Brito | FASAI | 5º período Comportamento Motor Grosseiramente Desorganizado ou Anormal (Incluindo Catatonia) Comportamento motor grosseiramente desorganizado ou anormal ➔ Pode se manifestar desde o comportamento “tolo e pueril” até a agitação imprevisível ➔ Os problemas podem ser observados em qualquer forma de comportamento dirigido a um objetivo → dificuldades na realização das atividades cotidianas Comportamento catatônico ➔ Redução acentuada na reatividade ao ambiente ➔ Varia de resistência a instruções (negativismo), passando por manutenção de postura rígida, inapropriada ou bizarra, até a falta total de respostas verbais e motoras (mutismo e estupor) ➔ Pode incluir atividade motora sem propósito e excessiva sem causa óbvia (excitação catatônica) ➔ Outras características incluem movimentos estereotipados repetidos, olhar fixo, caretas, mutismo e eco da fala ➔ Os sintomas catatônicos são inespecíficos, podendo ocorrer em outros transtornos Sintomas negativos ➔ Respondem a uma porção substancial da morbidade associada à esquizofrenia, embora sejam menos proeminentes em outros transtornos psicóticos Expressão emocional diminuída ➔ Inclui reduções na expressão de emoções pelo rosto, no contato visual, na entonação da fala (prosódia) e nos movimentos das mãos, cabeça e da face, os quais normalmente conferem ênfase emocional ao discurso Avolia ➔ É uma redução em atividades motivadas, autoiniciadas e com uma finalidade ➔ A pessoa pode ficar sentada por longos períodos e mostrar pouco interesse em participar de atividades sociais ou profissionais Alogia ➔ Produção diminuída de discurso Anedonia ➔ Capacidade reduzida de ter prazer resultante de estímulos positivos, ou degradação na lembrança do prazer anteriormente vivido Falta de sociabilidade ➔ Aparente ausência de interesse em interações sociais, podendo estar associada à avolia, embora possa ser uma manifestação de oportunidades limitadas de interações sociais Esquizofrenia ➔ Um dos mais graves e debilitantes transtornos mentais ➔ Início na fase de adolescência/adulto jovem ➔ Evolui de modo crônico ➔ Modifica o funcionamento psicossocial do indivíduo ➔ 1% para prevalência ao longo da vida Moarah Brito | FASAI | 5º período ➔ Taxa de mortalidade 2x superior ao restante da população (suicídio e complicações cardiometabólicas) ➔ Pacientes com diversas apresentações sintomatológicas, diferentes respostas terapêuticas e desfecho clínico variável ➔ Mescla de sintomas que envolvem alteração de ◆ Sensopercepção ◆ Pensamento (sobretudo em seu conteúdo → delírios) ◆ Cognição como um todo, ◆ Emoções ◆ Comportamento global ◆ Funcionalidade psicossocial Etiopatogenia e mecanismos fisiopatológicos Fatores genéticos ➔ Risco relativo para familiar de 1º grau: 10% ➔ Chance de filho com pais esquizofrênicos: 50% ➔ Fortemente marcado por características poligênicas e por pleiotropia (um mesmo gene ou conjunto de genes sendo responsável por mais de um desfecho fenotípico) ➔ A maior parte dos genes identificados codifica proteínas componentes de receptores pós-sinápticos, como o ◆ Receptor dopaminérgico 2 (gene DRD2) ◆ Receptores glutamatérgicos (genes GRM3, GRIN2A, GRIA1) Fatores ambientais ➔ Impactos negativos no neurodesenvolvimento ◆ Estresse e infecções materna | Deficiências nutricionais | Restrição do crescimento intrauterino | Complicações na gestação e no parto | Nascidos no fim do inverno ou começo da primavera | Criados em ambientes com altaurbanicidade | Baixa coesão social | Expostos a adversidades na infância | Idade paterna avançada ➔ Transtornos por uso de substâncias Função sináptica e neurotransmissão Teoria dopaminérgica → sintomas psicóticos ➔ Previu-se que os sintomas psicóticos seriam provocados pelo excesso da atividade dopaminérgica em regiões subcorticais vinculadas ao sistema límbico ➔ Posteriormente, passou-se a abordar os sintomas negativos, associando o quadro à diminuição de atividade dos receptores D1 no CPF ➔ Mais recentemente, os receptores D3 passaram a ser apontados na saliência berrante → vivências psicóticas, como delírio ➔ Alterações da regulação dopaminérgica são provenientes de uma sequência de etapas anormais, envolvendo a interação de genes e ambiente → disfunções do sistema de neurotransmissão, especialmente dos receptores pré-sinápticos D2 Neurônios GABAérgicos de oscilação rápida Moarah Brito | FASAI | 5º período ➔ Menor produção de GABA e hipofunção de receptores excitatórios glutamatérgicos do tipo NMDA→ redução da capacidade inibitória dos neurônios Características clínicas ➔ Diagnóstico é clínico ➔ Não há elementos laboratoriais ou de imagem que funcionem como marcadores biológicos específicos ➔ Descrição rica, envolvendo percepção, emoção, movimento e comportamento → perda do contato com a realidade ➔ O efeito acumulativo da doença é grave e de longa duração ➔ Sintomas são divididos em 5 grupos ◆ Sintomas positivos: perdas das esferas de percepção (alucinação), no pensamento indiferencial (delírios), no pensamento e na linguagem (discurso desorganizado) e no comportamento bizarro. Geralmente, relacionado com antecedente pré-mórbido bom, início agudo, sintomas psicóticos produtivos, cognição intacta, boa resposta ao tratamento com neuroléptico e mecanismo neuroquímico reversível ◆ Sintomas negativos: diminuição de fluência do discurso e do pensamento (alogia), na expressão emocional (embotamento afetivo), na volição e no impulso (abulia) e na capacidade hedônica (anedonia). Quando o antecedente pré-mórbido é ruim e pobre, tem início insidioso, com sintomas negativos que prejudicam o desempenho da vida cotidiana, cognição diminuída e má resposta ao tratamento além de alterações estruturais irreversíveis ◆ Humor disfórico ◆ Ativação/Hostilidade ◆ Preocupação autista Moarah Brito | FASAI | 5º período Transtorno Esquizoafetivo Histórico ➔ Comorbidade entre esquizofrenia e transtornos afetivos ➔ Grupo heterogêneo de pacientes com sintomas psicóticos, de humor e várias atipias com diagnóstico pouco claro para o médico ➔ Marneros: “um incômodo diagnóstico, embora uma realidade clínica” Epidemiologia ➔ Prevalência menor que esquizofrenia (0,3-5,7%/100 mil hab) ➔ Podem estar subestimados, em virtude de mudanças nos critérios diagnósticos ao longo do tempo ➔ O Transtorno Esquizoafetivo parece elevar as taxas de suicídio, situando-se em 5% Características clínicas ➔ Sintomas esquizofrênicos e de transtornos de humor em um mesmo paciente Tratamento ➔ Tratamento farmacológico é de acordo com apresentação clínica ➔ Quando há observação de subtipo depressivo → antidepressivos (inibidores de receptação da serotonina, duais e tricíclicos) ➔ Antidepressivos geralmente estão associados a estabilizadores do humor (carbonato de lítio e/ou anticonvulsivantes e antipsicóticos atípicos) ➔ No subtipo maníaco → antipsicóticos (típicos e atípicos) associados a estabilizadores de humor clássicos parecem ser a escolha mais adequada ➔ Não raramente, tem sido necessária a politerapia com 3 fármacos (antipsicótico associado a estabilizadores de humor) para controle da sintomatologia ➔ Conforme gravidade, a eletroconvulsoterapia deve ser considerada Moarah Brito | FASAI | 5º período ➔ Técnicas de reabilitação cognitiva podem ter grande valor no tratamento, como psicoterapias individual Transtorno delirante ➔ Delírio é o tema central da psicopatologia ➔ DSM-5: Quando o indivíduo exibe delírios que não podem ser atribuídos a outros transtornos psicóticos por, pelo menos, 1 mês ➔ CID-10: Por pelo menos 3 meses ➔ Características principais ◆ Cognição preservada ◆ Não admitem adoecimento ◆ Podem ser vistos como reclusos, excêntricos ou estranhos ◆ Comumente só têm contato com profissionais de saúde quando obrigados por familiares ou ordem judicial Epidemiologia ➔ Raro ➔ Estima-se que seja subnotificado devido comportamento esquivo dos pacientes ➔ Incidência anual: 1-3/100 mil ➔ 1-2% das internações psiquiátricas ➔ Idade média de início: 40 anos, mas varia entre 18 e 90 ➔ Homens têm mais probabilidade de desenvolver delírios paranoides do que as mulheres, que tendem a desenvolver delírios erotomaníacos Diagnóstico e características clínicas ➔ Pode haver alucinações táteis ou olfatórias, geralmente relacionadas com o tema delirante (ex: delírios de infestação acompanhados de sensações táteis ou olfatórias relacionadas) ➔ As alucinações visuais e auditivas são mais raras e menos importantes ou floridas ➔ De modo geral, os pacientes com transtorno delirante apresentam aspecto e comportamento relativamente adequados quando suas ideias não são questionadas ➔ Não há grande deterioração da atividade psicossocial, mas o indivíduo pode isolar-se socialmente em consequência dos delírios ➔ Quando há quebra na curva de vida, não decorre em consequência de sintomas negativos, como na esquizofrenia, mas pelas próprias limitações provenientes das crenças delirantes Moarah Brito | FASAI | 5º período ➔ A deterioração das relações sociais predomina sobre as consequências cognitivas ou funcionais ➔ As alterações do humor, se simultâneos às ideias delirantes, são breves quando comparadas com a duração total do quadro ➔ O delírio geralmente antecede e prevalece ➔ O delírio também não é consequência direta do uso de substâncias ou de algum condição clínica ➔ No transtorno delirante, as ideias são compreensíveis (embora sejam infundadas ou exageradas) e passíveis de acontecer no cotidiano (ser perseguido, envenenado, amado secretamente, traído), o que diz respeito ao caráter em geral não bizarro desses delírios ➔ Determinar subtipo de delírio Transtorno Psicótico Breve (TPB) ➔ Diferença dos outros transtornos psicóticos é a ◆ Duração ◆ Forma de instalação ◆ Remissão, geralmente com recuperação do funcionamento pré-mórbido ➔ Caracterizado pela instalação relativamente súbita de uma síndrome psicótica, sem fase prodrômica, e, com frequência, associada a um significativo fator estressante psicossocial (não necessário para diagnóstico) Epidemiologia ➔ Não é bem estabelecida ➔ Mais prevalente em mulheres (2:1) ➔ Geralmente observado pela 1ª vez em menores de 30 anos (mas pode ocorrer em qualquer idade) ➔ Sem explicação ainda, mas parece ser menos frequente em países desenvolvidos ➔ Alteração de personalidade seria um dos fatores predisponentes ➔ Bom prognóstico ◆ Recuperação em menos de 30 dias ◆ Bom retorno à funcionalidade pré-mórbida Moarah Brito | FASAI | 5º período Tratamento ➔ Como se trata de um quadro súbito, a síndrome psicótica aguda muitas vezes implica necessidade de hospitalização em até 70% dos casos ➔ A farmacoterapia com antipsicóticos assemelha-se à usada para esquizofrenia e outros quadros ➔ Em caso de absoluta remissão, em menos de 30 dias, confirma-se diagnóstico de TPB, mas, como manutenção, o tratamento farmacológico deve ser mantido por, no mínimo, 1 ano ➔ Sem complicações (recaídas ou sintomas residuais) no período, pode-se fazer a retirada gradual e reavaliações para detecção precoce de recaída e necessidade de revisão diagnóstica, o que pode ser relativamente frequente Transtorno Psicótico Compartilhado ➔ Costuma ocorrer em uma pessoa ou grupo de pessoas (geralmente uma família) que está relacionado com uma pessoa com transtorno delirante ou esquizofrenia significativa. ➔ A prevalência da psicose compartilhada não é conhecida, mas o transtorno parece ser raro. ➔ O paciente com o transtorno primário costuma ser o membro socialmente dominante no relacionamento e impõeo delírio ou convence o paciente com o transtorno secundário das convicções incomuns. ➔ Identificar quem no relacionamento tem a psicose primária é importante porque a pessoa com o transtorno secundário normalmente não mantém as convicções delirantes quando separada da pessoa com o transtorno primário. Transtorno Esquizofreniforme (TE) Epidemiologia ➔ Aparentemente, tem maior prevalência em adolescentes e adultos jovens ➔ DSM-5 aponta possibilidade de prevalência de TE ser maior em países em desenvolvimento, sobretudo nos casos com características de bom prognóstico Etiologia ➔ Não é conhecida ➔ O fato de que seja um transtorno de curta duração (menor que 6 meses) e evolução favorável torna mais difícil concluir ➔ Neuroquimicamente, pode estar desregulado assim como nos demais transtornos Características clínicas ➔ Mesmas da esquizofrenia ➔ Difere apenas no tempo de duração e desfecho clínico https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/transtornos-psiqui%C3%A1tricos/esquizofrenia-e-transtornos-relacionados/esquizofrenia Moarah Brito | FASAI | 5º período Tratamento ➔ Mesma base terapêutica da esquizofrenia, com antipsicóticos ➔ Não está bem esclarecido o tempo de duração do tratamento ➔ Em caso de resposta rápida ao medicamento, seria adequado pensar em suspensão da medicação após períodos de 1 a 2 anos e observação rigorosa da evolução ➔ Pacientes com TE também podem apresentar sintomatologia suficiente para necessitar de hospitalização para controle do quadro agudo Transtorno psicótico devido a uma condição médica geral e transtorno psicótico induzido por substância ou medicamento ➔ Ao se avaliar pela primeira vez um paciente psicótico, convém considerar a possibilidade de que os sintomas apresentados sejam resultado de uma condição médica ou secundários ao uso de substância ou medicamento ➔ Nesses casos, deve-se diferenciar ◆ Delirium: pacientes têm senso obnubilado ◆ Demência: déficits intelectuais importantes ◆ Esquizofrenia: transtorno de pensamento e funcionamento comprometido ➔ Também deve ser diferenciado transtornos de humor com sintomas psicóticos ➔ Condições associadas ◆ Neoplasias → alucinações ◆ Privação sensorial (cegos e surdos) → alucinação e delírio ◆ Lesões no hemisfério D do lobo temporal e lobo parietal→ delírios ◆ Álcool ◆ Alucinógenos indólicos, como LSD, anfetamina, cocaína, mescalina, fenciclidina (PCP) e cetamina ◆ Esteróides e tiroxina → alucinação Epidemiologia ➔ 7-25% do primeiro episódio de psicose é induzido por substância/medicamento ➔ 0,21-0,54¨% prevalência ao longo da vida induzido por outras condições médicas ◆ Idosos com prevalência mais elevada ◆ Comumente associadas a distúrbios endócrinos e metabólicos não tratados, distúrbios autoimunes ou epilepsia do lobo temporal Moarah Brito | FASAI | 5º período Diagnóstico Devido condição médica ➔ Ao formular o diagnóstico, a condição médica deve ser incluída junto com o padrão predominante de sintomas ➔ O transtorno não deve ocorrer exclusivamente enquanto o paciente está em delirium ou demenciado ➔ Os sintomas não podem ser mais bem explicados por outro transtorno mental Induzido por substância ou medicamento ➔ Pacientes com sintomas psicóticos e juízo de realidade comprometido - quando a causa é o uso de substâncias ou medicamentos ➔ O diagnóstico completo deve incluir o tipo de substância ou medicamento, o estágio do uso da substância, quando o transtorno começou (p.ex., durante intoxicação ou abstinência) e os fenômenos clínicos (p.ex., alucinações e delírios) Características clínicas Alucinações ➔ Em uma ou mais modalidades sensoriais ◆ Táteis: uso de cocaína (infestação, insetos andando sobre a pele ◆ Auditivas: uso de substâncias ◆ Olfatórias: secundárias à epilepsia do lobo temporal ◆ Visuais: em pessoas cegas após quadro de catarata (figuras humanas ou animais pequenos) ◆ Musicais: normalmente assumem forma de canções religiosas ➔ Recorrentes ou persistentes ➔ Apresentam-se em estado de completa vigília e alerta ➔ Não costuma demonstrar alterações significativas nas funções cognitivas ➔ Pacientes podem agir de acordo com suas alucinações, acreditando que são reais→ risco de suicídio ou homicídio Moarah Brito | FASAI | 5º período Delírios ➔ Costumam estar presentes em um estado de completa vigília ➔ Leve comprometimento cognitivo ➔ Podem ser sistematizados ou fragmentados, com conteúdo variável, mas delírios persecutórios são os mais comuns Tratamento ➔ 1º passo: identificar a condição médica ou substância causadora ➔ TTO deve ser direcionado para condição subjacente e controle comportamental imediato do paciente ➔ Os antipsicóticos podem ser necessários para o controle imediato e a curto prazo do comportamento psicótico ou agressivo ➔ Os benzodiazepínicos também podem ser úteis para controlar a agitação e ansiedade ➔ Depois da cessação de sintomas, não há benefício comprovado em manter o tratamento com antipsicóticos ➔ A hospitalização pode ser necessária em alguns casos - tanto para avaliar os pacientes de maneira mais completa, quanto por questões de segurança Transtorno psicótico sem outra especificação ➔ É uma categoria incluída para classificar os quadros psicóticos que não satisfaçam os critérios para as condições vistas acima, ou então para aquelas sobre as quais não existam informações em quantidade e qualidade necessárias para o diagnóstico. Tratamento Farmacológico com Antipsicóticos Introdução ➔ Também denominados de fármacos neurolépticos ou tranquilizantes maiores ➔ Utilizados para esquizofrenia e outros transtornos psicóticos ou estados de mania ➔ Antipsicóticos não são curativos, mas diminuem a intensidade das alucinações e ilusões, permitindo que a pessoa com esquizofrenia conviva em um ambiente de apoio Os antipsicóticos 1ª geração ➔ Classificação subdividida em baixa e alta potência → se refere a afinidade pelo receptor de dopamina D2, que pode influenciar em efeitos adversos ➔ =Antipsicóticos tradicionais, típicos ou convencionais ➔ São inibidores de vários receptores, mas seus efeitos antipsicóticos refletem o bloqueio competitivo dos receptores D2 da dopamina ➔ Causam efeitos colaterais conhecidos como extrapiramidais (SEP) ➔ Clinicamente, nenhum desses fármacos é mais eficaz do que o outro 2ª geração ➔ =Antipsicóticos atípicos ➔ Menor incidência de SEP, mas são associados com maior risco de efeitos metabólicos, como diabetes, hipercolesterolemia e aumento de massa corporal Moarah Brito | FASAI | 5º período ➔ Atividade singular ao bloqueio dos receptores de serotonina, dopamina e, talvez, outros ➔ Usados como TTO de primeira escolha contra esquizofrenia para minimizar o SEP debilitante, associado com os de 1ªG, que atuam primariamente no receptor D2 ➔ Eficácia equivalente e, ocasionalmente, maior que os de 1ªG ➔ Não foram encontradas diferenças consistentes na eficácia terapêutica entre os fármacos de 2ªG e resposta individual do paciente Mecanismo de ação Antagonismo da dopamina ➔ Todos de 1ªG ➔ Maioria da 2ªG ➔ Bloqueiam os receptores de D2 de dopamina no cérebro e na periferia Atividade bloqueadora do receptor de serotonina ➔ Maioria da 2ªG ➔ Inibição de receptores de serotonina, em particular 5-HT2 ➔ Clozapina ◆ Alta afinidade pelos receptores D1, D4 e 5-HT2 ◆ Baixa afinidade no D2 ➔ Risperidona e olanzapina ◆ Bloqueia receptores 5-HT2 mais intensamente que no D2 ➔ Quetiapina ◆ Bloqueia receptores D2 com mais potência que os 5-HT2, mas é relativamente fraca no bloqueio de ambos ◆ Seu baixo risco para SEP pode estar relacionado com a ligação relativamente breve ao receptor D2 Ações/Efeitos clínicos ➔ Parecem refletir bloqueio dos receptores de dopamina e serotonina ➔ Contudo, há também bloqueio de receptores colinérgicos, adrenérgicos e histamínicos por alguns ➔ Não é conhecida a função que essas ações têm no alívio dos sintomas de psicose, caso tenham alguma ➔ Contudo, os efeitos indesejados dos antipsicóticos resultam, em geral, das ações farmacológicas nesses outros receptores Moarah Brito | FASAI | 5º período➔ Efeitos ◆ Antipsicóticos→ bloqueando receptores D2 no sistema mesolímbico do cérebro ◆ Extrapiramidais→ bloqueio dos receptores de dopamina na via nigroestriatal ◆ Antiemético → bloqueios dos receptores D2 da zona quimiorreceptora disparadora bulbar ◆ Outros efeitos, como anticolinérgicos, hipotensão ortostática e cefaléia leve Resposta esperada ➔ A resolução dos sintomas psicóticos geralmente começa alguns dias após o alcance de uma dose eficaz, mas pode levar de 4-6 semanas para uma melhora total ➔ A maioria mostra melhora durante as 2 primeiras semanas ➔ Efeitos iniciais ◆ Sedação ◆ Inquietação ◆ Hipotensão postural ➔ A duração da terapia farmacológica depende da etiologia subjacente Moarah Brito | FASAI | 5º período Tratamento não-farmacológico Intervenções psicossociais ➔ Complemento à medicação antipsicótica Remediação cognitiva e treinamento de habilidades sociais ➔ Tentam melhorar as fraquezas cognitivas, como atenção e planejamento ➔ O objetivo é generalizar as habilidades aprendidas para atividades baseadas na comunidade e melhorar o funcionamento geral Terapia cognitivo-comportamental ➔ Reduzir a intensidade do sofrimento relacionado a delírios e alucinações ➔ Promove a participação ativa do indivíduo por meio da reformulação cognitiva, com o objetivo final de reduzir a recaída e incapacidade social Intervenções baseadas na família ➔ Procura estabelecer um processo colaborativo envolvendo paciente, família e médico ➔ Os pacientes com psicose e suas famílias são informados sobre a natureza e o curso da psicose, incluindo aumento do risco de ferir a si mesmo ou a terceiros e sinais de alerta de recorrência ➔ Familiares e cuidadores devem ser aconselhados sobre meios eficazes de interagir com pacientes com psicose ➔ Isso inclui reduzir a estimulação ambiental, encorajar o estilo de vida saudável, fornecer empatia, calma e não discutir com as idéias delirantes Identificação e intervenção precoces ➔ Identificar os indivíduos com pródromo ou primeiro episódio de psicose ➔ Os esforços visam prevenir a progressão da sd prodrômica ou psicose recorrente ➔ Estes incluem ◆ Educação de provedores de cuidados primários e extensão da comunidade para escolas secundárias e faculdades. Encorajamento de encaminhamento para programas de saúde mental para diagnóstico e tratamento ◆ Fornecimento de tratamento multimodal específico para diagnóstico ◆ Equipes multidisciplinares de profissionais de saúde mental que atuam de forma integrada e acompanham os pacientes longitudinalmente Fontes: ➔ Psicopatologia - Estudos Fundamentais ➔ DSM-5 ➔ UpToDate: Psychosis in adults: Initial management ➔ Farmacologia Ilustrada
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