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AVALIAÇÃO E TRATAMENTO DAS ALTERAÇÕES DAS FUNÇÕES ESTOMATOGNÁTICAS

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Brasília-DF. 
AvAliAção e TerApiA dAs 
AlTerAções dAs Funções 
esTomATognáTicAs
Elaboração
Cristiane Faccio Gomes
Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração
Sumário
APrESEntAção .................................................................................................................................. 5
orgAnizAção do CAdErno dE EStudoS E PESquiSA ..................................................................... 6
introdução ..................................................................................................................................... 8
unidAdE i
CONCEITOS TEÓRICOS ........................................................................................................................ 9
CAPÍtuLo 1
ÓRgãOS FONOaRTICulaTÓRIOS E FuNçõES ESTOmaTOgNáTICaS .......................................... 9
CAPÍtuLo 2
FuNçãO dE SuCçãO – NORmalIdadE E PaTOlOgIaS .......................................................... 29
CAPÍtuLo 3
FuNçãO dE RESPIRaçãO – NORmalIdadE E PaTOlOgIaS .................................................... 36
CAPÍtuLo 4
FuNçãO dE maSTIgaçãO – NORmalIdadE E PaTOlOgIaS ................................................... 42
CAPÍtuLo 5
FuNçãO dE dEgluTIçãO – NORmalIdadE E PaTOlOgIaS .................................................... 48
CAPÍtuLo 6
FuNçãO dE ExPRESSãO FaCIal – NORmalIdadE E PaTOlOgIaS ........................................... 51
CAPÍtuLo 7
PaCIENTES quEImadOS ........................................................................................................ 56
unidAdE ii
aValIaçãO E TRaTamENTO Em mOTRICIdadE OROFaCIal .................................................................. 60
CAPÍtuLo 1
aNamNESE Em mOTRICIdadE OROFaCIal ............................................................................ 60
CAPÍtuLo 2
aValIaçãO dOS ÓRgãOS FONOaRTICulaTÓRIOS E daS FuNçõES ESTOmaTOgNáTICaS ...... 67
CAPÍtuLo 3
aValIaçãO E TRaTamENTO daS alTERaçõES dE SuCçãO .................................................... 79
CAPÍtuLo 4
aValIaçãO E TRaTamENTO daS alTERaçõES dE RESPIRaçãO ............................................... 81
CAPÍtuLo 5
aValIaçãO E TRaTamENTO daS alTERaçõES dE maSTIgaçãO ............................................. 87
CAPÍtuLo 6
aValIaçãO E TRaTamENTO daS alTERaçõES dE dEgluTIçãO .............................................. 91
CAPÍtuLo 7
aValIaçãO E TRaTamENTO daS alTERaçõES dE ExPRESSãO FaCIal ..................................... 93
CAPÍtuLo 8
aValIaçãO E TRaTamENTO daS alTERaçõES dE PaCIENTES quEImadOS ............................... 98
PArA (não) finALizAr .................................................................................................................... 101
rEfErênCiAS ................................................................................................................................. 102
5
Apresentação
Caro aluno
A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se entendem 
necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. Caracteriza-se pela 
atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela interatividade e modernidade 
de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da Educação a Distância – EaD.
Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos conhecimentos 
a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da área e atuar de forma 
competente e conscienciosa, como convém ao profissional que busca a formação continuada para 
vencer os desafios que a evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.
Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo a facilitar 
sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. Utilize-a 
como instrumento para seu sucesso na carreira.
Conselho Editorial
6
organização do Caderno 
de Estudos e Pesquisa
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos, de 
forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões 
para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam a tornar sua leitura mais agradável. Ao 
final, serão indicadas, também, fontes de consulta, para aprofundar os estudos com leituras e 
pesquisas complementares.
A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos 
e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes 
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor 
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita 
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante 
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As 
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Sugestão de estudo complementar
Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, 
discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.
Praticando
Sugestão de atividades, no decorrer das leituras, com o objetivo didático de fortalecer 
o processo de aprendizagem do aluno.
Atenção
Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a 
síntese/conclusão do assunto abordado.
7
Saiba mais
Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões 
sobre o assunto abordado.
Sintetizando
Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o 
entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.
Exercício de fixação
Atividades que buscam reforçar a assimilação e fixação dos períodos que o autor/
conteudista achar mais relevante em relação a aprendizagem de seu módulo (não 
há registro de menção).
Avaliação Final
Questionário com 10 questões objetivas, baseadas nos objetivos do curso, 
que visam verificar a aprendizagem do curso (há registro de menção). É a única 
atividade do curso que vale nota, ou seja, é a atividade que o aluno fará para saber 
se pode ou não receber a certificação.
Para (não) finalizar
Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem 
ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.
8
introdução
Esta apostila é parte integrante do curso de Especialização em Avaliação e Tratamento das 
Alterações as Funções do Sistema Estomatognático, especialidade da Fonoaudiologia que atua em 
Motricidade Orofacial. A modalidade a distância, é uma iniciativa inovadora para o profissional da 
área se atualizar e aprender a aprender com processo de formação contínuo e estudos autodirigidos 
e possibilidades de buscar seu próprio conhecimento com autonomia, ainda que com material 
atualizado e com referência disponíveis para aprofundamento de conhecimentos. Além disso, 
possui propostas de casos clínicos para desenvolver o raciocínio teórico e prático com embasamento 
científico e aplicação no cotidiano da clínica fonoaudiológica e possibilidade de acesso aos docentes 
para esclarecimento de dúvidas e enriquecimento de conhecimentos a partir de suas experiências.
Deste modo, o estudante terá todas as ferramentas disponíveis para se especializar, aprofundar seus 
conhecimentos, possuir um material de consulta e aprender novos conceitos na área de Motricidade 
Orofacial. Bons estudos e práticas!
objetivos
 » Promover conhecimentos, atualização teórica, relações entre diversas áreas do 
saber, aprofundamento, raciocínio clínico, possibilidades de aplicação prática 
entre as diversas áreas da Fonoaudiologia e a Motricidade Orofacial.
 » Analisar os casos reais e fictícios de normalidade e alterações de Motricidade 
Orofacial.
 » Ser capaz de realizar anamnese, avaliação e terapia fonoaudiológica na área de 
Motricidade Orofacial,encaminhar e discutir com diversos profissionais que 
compõem o quadro inter e transdisciplinar.
 » Compreender o funcionamento motor e neurológico do Sistema Estomatognático, 
suas interferências, suas capacidades e limitações, a necessidade da terapia 
fonoaudiológica e de outras especialidades, a necessidade da participação do 
paciente e da família no processo terapêutico e o papel do fonoaudiólogo na 
qualidade de vida e da comunicação das pessoas.
9
unidAdE iConCEitoS tEÓriCoS
CAPÍtuLo 1
Órgãos fonoarticulatórios e 
funções Estomatognáticas
O Sistema Estomatognático é essencial para que os seres humanos desenvolvam as 
funções orais e se comuniquem de maneira adequada. Por meio da contração dos 
músculos estriados ou esqueléticos conseguimos nos locomover, falar, nos alimentar, 
nos expressar. A partir disso, temos contato com o mundo e as pessoas à nossa volta 
e dependemos das estruturas, da complexa relação neuromuscular, postura do 
aparelho estomatognático e das funções adequadas para o bom funcionamento do 
complexo sistema que será apresentado a seguir.
Assista ao vídeo sobre a contração muscular, disponível no link <http://www.
youtube.com/watch?v=Klq_6JaTBBs>, para compreender melhor como o Sistema 
Estomatognático depende do funcionamento do complexo sistema de contração 
da musculatura esquelética para seu funcionamento adequado.
Sistema Estomatognático
O Sistema Estomatognático (SE) é um conjunto de estruturas estáticas e dinâmicas, que desempenha 
funções de extrema importância aos seres humanos – sucção, mastigação, deglutição, articulação 
dos sons da fala e expressões faciais. Essas funções são chamadas neurovegetativas e incluem as 
funções motoras, de postura oral e sensitivas (sensibilidade da cavidade oral, propriocepção das 
estruturas e percepção de fome, sede ou saciedade). É por meio desse sistema, sujeito a influências 
externas ou internas, que o indivíduo sobrevive (respira, se alimenta) e se comunica (fala e 
expressa sentimentos) (FELÍCIO, 2004; CARVALHO, 2005; DOUGLAS, 2006; PERIOTTO, 2009; 
CARVALHO, 2010; DOUGLAS; ONCINS, 2011).
Conhecer as estruturas estáticas (ossos, ATM – Articulação Temporomandibular, dentes, mucosa 
oral, tendões, aponeuroses e ligamentos) e dinâmicas (nervos e músculos) do SE, bem como suas 
funções, é de fundamental importância para a compreensão da complexa relação entre estas funções, 
das alterações de crescimento e desenvolvimento e das possíveis alterações decorrentes de posturas 
inadequadas ou crescimento com alteração de direcionamento, entre outras (MARCHESAN, 1997).
10
UNIDADE I │ CONCEITOS TEÓRICOS
As influências internas que podem afetar as estruturas que compõem o SE são os estímulos genéticos 
e neuro-hormonais. As externas são os estímulos mecânicos, os relacionados a comprometimentos 
orgânicos, os do meio em que a criança vive ou aqueles decorrentes de funções orais adequadas 
ou inadequadas. Estas últimas geram, como consequência, mudanças indesejáveis nas estruturas, 
as quais certamente refletirão nas funções. Para Tanigute (1998), todas as estruturas estão 
interligadas e, se alguma delas apresentar desorganização ou desequilíbrio, todas serão alteradas 
de alguma maneira. Exemplo: uma criança que respira pela boca por uso de chupeta (estímulo 
externo) poderá ter suas estruturas orais alteradas e, consequentemente, todo seu crescimento 
facial, sua postura oral, seu tônus muscular e as outras funções (mastigação, deglutição, fala) 
poderão também ser alterados.
Anatomofisiologia do Músculo Esquelético
A contração muscular
As células que produzem todos os movimentos do corpo humano são denominadas células 
musculares, sendo possível identificar três tipos delas com base em suas estruturas e propriedades 
de contração: músculo liso, cardíaco e estriado. O músculo estriado, objeto do presente estudo, 
está fixado aos ossos; e sua contração, que é controlada pelo SNS (Sistema Nervoso Somático), é 
voluntária e responsável pelo movimento de partes do esqueleto, que compõem cerca de 40% do 
corpo humano.
Figura 1. a fibra muscular estriada.
Fonte: <http://www.bmb.psu.edu/courses/bisci004a/muscle/musc-img/muscbig.jpg>
De acordo com Vander, Sherman e Luciano (1981) e Guyton e Hall (1997a), a anatomia do músculo 
estriado revela a presença de estruturas celulares unidas por tecido conjuntivo que são denominadas 
fibras musculares.
11
CONCEITOS TEÓRICOS │ UNIDADE I
Figura 2. anatomia do músculo estriado.
Fonte: <http://www.jennerssa.hpg.ig.com.br/fisiocontrac.htm>
Todos os músculos esqueléticos são formados por inúmeras fibras menores, as miofibrilas, que 
contêm filamentos de miosina (filamentos grossos) e de actina (filamentos finos), que são proteínas 
que permanecem dispostas lado a lado e são responsáveis pela contração muscular.
Tais estruturas, suspensas no sarcoplasma, são formadas por constituintes intracelulares usuais 
e estão dispostas em padrões repetitivos regulares ao longo de todo o comprimento da miofibrila. 
Cada unidade desse padrão repetitivo é uma unidade funcional do sistema contrátil muscular 
estriado, chamado de sarcômero.
Figura 3. O sarcômero.
Fonte: <http://www.bmb.psu.edu/.../bisci004a/ muscle/musc-img/motounit2.jpg>
Cada sarcômero contém filamentos de miosina, que estão localizados centralmente no 
sarcômero e os filamentos de actina, que estão fixados em cada extremidade do sarcômero à 
zona Z (estruturas fibrosas curtas que interconectam os filamentos de actina de dois sarcômeros 
adjacentes, caracterizando-se como um ponto de ancoragem), sendo que ambos os tipos de 
filamentos permanecem parcialmente interdigitados. Além da zona Z, existem ainda outras regiões 
determinadas para caracterizar distâncias na miofibrila: a zona H, que corresponde ao espaço entre 
12
UNIDADE I │ CONCEITOS TEÓRICOS
as extremidades dos filamentos de actina; a banda A, que compreende de uma extremidade a outra 
dos filamentos de miosina; e a banda I, que compreende a região entre as extremidades das bandas 
A de dois sarcômeros adjacentes.
Os filamentos de miosina possuem projeções (pontes cruzadas), que apresentam sítios de ATPase, 
que são sítios de transformação de ATP (Adenosina Trifosfato) em ADP e Pi (Adenosina Difosfato e 
Fosfato inorgânico de alta energia), isto é, sítios de produção de energia para realizar a ligação com 
a actina, ou seja, estes sítios realizam, juntamente com a participação do cofator Mg²+ (Magnésio), 
a catalisação e degradação de ATP, formados nas mitocôndrias das células musculares, em ADP e 
Pi, produzindo a energia essencial para que a contração muscular ocorra.
Figura 4. Filamento de miosina.
Fonte: <http://www.bmb.psu.edu/courses/bisci004a/muscle/musc-img/thkfila.jpg>
Aos filamentos finos de actina estão ligadas duas proteínas: a troponina e a tropomiosina. A 
tropomiosina assemelha-se a um bastão e cobre todos os sítios de ligação para a miosina, de modo 
que não haja contração muscular pela união das pontes cruzadas da miosina e a ligação das pontes 
cruzadas da actina. Este mecanismo da tropomiosina previne a atividade muscular.
Já a troponina tem a função de unir-se ao Ca²+, possibilitando que a contração muscular ocorra 
através dos sítios de ligação do Ca²+.
Figura 5. Filamento de actina.
Fonte: <http://www.bmb.psu.edu/courses/bisci004a/muscle/musc-img/thinfila.jpg>
O mecanismo de contração muscular ocorre principalmente por meio da ligação do Ca²+ à troponina, 
que afasta as moléculas de tropomiosina e expõe os sítios de ligação das pontes cruzadas na actina. 
Concomitantemente, ocorre a liberação de energia através da ATPase e da liberação de Mg²+, que 
promovem a ligação entre os sítios de ligação da actina na miosina e os sítios de ligação das pontes 
cruzadas na actina.
13
CONCEITOS TEÓRICOS │ UNIDADE I
O acoplamento entre os filamentos de actina e miosina promove também o mecanismo de 
deslizamento desses filamentos entre si, caracterizando a contração muscular, que continuará 
enquanto houver energia paramanter tal contração.
Figura 6. a contração muscular.
Fonte: <http://www.hosppract.com/issues/2001/graphics/05/mohid1.gif>
A unidade motora
De acordo com Basmajian (1978), Pinto (1996) e Aminoff (1998), a unidade motora é constituída 
pelo segundo neurônio motor e, respectivamente seu corpo celular na medula espinhal, seu axônio, 
as junções neuromusculares e as fibras musculares derivadas deste axônio. 
14
UNIDADE I │ CONCEITOS TEÓRICOS
Figura 7. a unidade motora.
Fonte: <http://www.bmb.psu.edu/courses/bisci004a/muscle/musc-img/motounit.jpg>
Para Vander, Sherman e Luciano (1981) e Guyton e Hall (1997b), as fibras musculares esqueléticas 
são inervadas por fibras nervosas grossas mielinizadas, originadas nas células nervosas cujos 
axônios inervam as fibras musculares esqueléticas, os motoneurônios, das pontas anteriores 
da medula espinhal. O motoneurônio e as fibras musculares por ele inervados constituem uma 
unidade motora.
Quando um impulso nervoso atinge a junção neuromuscular, a acetilcolina é liberada, permitindo a 
entrada de grandes quantidades de Ca²+, que alteram o potencial da placa motora, desencadeando 
um potencial de ação na membrana muscular e causando a contração muscular, formada por uma 
onda de contração que se espalha pela fibra.
Figura 8. Junção neuromuscular.
Fonte: <http://www.bmb.psu.edu/courses/bisci004a/muscle/musc-img/nmjunct.jpg>
A duração desse acontecimento é de um a cinco milissegundos em média, dependendo do tipo de 
fibra envolvida, e o resultado da contração é uma descarga elétrica, com amplitude total de, em 
média, 500 μv (microvolts), que é captado pelo eletromiógrafo.
15
CONCEITOS TEÓRICOS │ UNIDADE I
Músculos da cabeça e pescoço
Na ação muscular, a contração do músculo pode gerar movimentos ou impedi-los. Um exemplo de 
impedimento de movimento é a manutenção da postura ou a contração isométrica ou estática.
Em geral, a origem dos músculos estriados é fixa, mas existem exceções. Já a inserção do músculo 
é a estrutura sobre a qual incide a ação, por isso geralmente está ligada a uma estrutura móvel e a 
contração muscular produz movimento que atua sobre uma articulação entre a origem e a inserção 
do músculo.
A contração muscular reduz a distância entre a origem e a inserção do músculo. Pode ocorrer ação 
de rotação ou deslize próximo da articulação.
Os músculos da cabeça e pescoço não possuem bainhas fasciais, que são características dos músculos 
esqueléticos e muitas de suas fibras se inserem diretamente na pele.
O tamanho, forma e grau de desenvolvimento muscular dependem da idade, dentição, gênero 
e variações individuais intrínsecas. Tais características permitem numerosas combinações de 
expressões faciais (ZEMLIM, 2000).
De acordo com Hanson e Barret (1995), Zemlim (2000), Douglas (2006) e Sobotta (2006) os 
músculos da cabeça e pescoço podem ser divididos em:
Músculos da face e boca
Orbicular da boca – músculos intrínsecos e extrínsecos.
Figura 9. músculos transversos da face – Bucinador.
16
UNIDADE I │ CONCEITOS TEÓRICOS
Figura 10. músculos transversos da face – Risório.
Figura 11. músculos angulares da face – levantador do lábio superior. 
Figura 12. músculos angulares da face – levantador do Ib e da asa do nariz.
17
CONCEITOS TEÓRICOS │ UNIDADE I
Figura 13. músculos angulares da face – depressor do lábio inferior.
Figura 14. músculos angulares da face – Zigomático maior.
Figura 15. músculos angulares da face – Zigomático menor.
18
UNIDADE I │ CONCEITOS TEÓRICOS
Figura 16. músculos verticais da face – mentual.
Figura 17. músculos verticais da face – depressor do ângulo da boca.
Figura 18. músculos verticais da face – levantador do ângulo da boca.
19
CONCEITOS TEÓRICOS │ UNIDADE I
Figura 19. músculos paralelos da face – platisma.
Figura 20. músculos complementares da expressão – frontal.
Figura 21. músculos complementares da expressão – Orbicular do olho.
20
UNIDADE I │ CONCEITOS TEÓRICOS
Figura 22. músculos complementares da expressão – Corrugador do supercílio.
Figura 23. músculos complementares da expressão – Prócero.
Músculos da língua
Língua – intrínsecos 
Figura 24. longitudinal superior.
21
CONCEITOS TEÓRICOS │ UNIDADE I
Figura 25. longitudinal inferior.
Figura 26. Transverso.
Figura 27. Vertical.
22
UNIDADE I │ CONCEITOS TEÓRICOS
Língua – extrínsecos (supra-hioideos)
Figura 28. genioglosso.
Figura 29. Estiloglosso.
Figura 30. Palatoglosso.
23
CONCEITOS TEÓRICOS │ UNIDADE I
Figura 31. Hioglosso.
Músculos mastigatórios
Elevadores
Figura 32. masseter.
Figura 33. Temporal.
24
UNIDADE I │ CONCEITOS TEÓRICOS
Figura 34. Pterigoideo medial.
Abaixadores
Figura 35. digástrico.
25
CONCEITOS TEÓRICOS │ UNIDADE I
Figura 36. milo-hioideo.
Figura 37. gênio-hioideo.
Figura 38. Estilo-hioideo.
26
UNIDADE I │ CONCEITOS TEÓRICOS
Figura 39. Pterigoideo lateral.
Músculos do palato mole e úvula
Relaxadores depressores
Figura 40. Palatoglosso.
Figura 41. Palatofaríngeo.
27
CONCEITOS TEÓRICOS │ UNIDADE I
Levantadores
Figura 42. levantador do véu palatino.
Figura 43. músculo da úvula.
Depressor tensor
Figura 44. Tensor do véu palatino.
28
UNIDADE I │ CONCEITOS TEÓRICOS
Músculos da faringe
 » constritores superiores;
 » constritores médios; e
 » constritores inferiores.
Figura 45.
Fonte das imagens: Internet – google imagens. <http://www.studyblue.com/notes/note/n/an3-08-oral-cavity-oropharynx-swallowing/
deck/1201717>. <http://www.iacpindia.org/muscles03-06.htm> . SOBOTTa, J. atlas de anatomia humana. 22. Ed. Rio de Janeiro: 
guanabara Koogan, 2006.
29
CAPÍtuLo 2
função de Sucção – normalidade 
e Patologias
Reflita acerca da conduta fonoaudiológica comum em várias situações de avaliar e 
trabalhar terapeuticamente com a sucção de crianças e adultos, se a sucção é uma 
função que dá lugar a outra, no caso, a mastigação e perde sua função após o início 
da alimentação complementar, a partir do sexto mês de vida da criança. 
A sucção é a única função que dá lugar a outra: a mastigação. Na verdade, ela 
perde sua função com o desenvolvimento da criança, mas prepara o sistema 
estomatognático para a chegada da mastigação. Desta forma, não deve ser 
continuada além do período em que é determinada, ao contrário pode gerar 
alterações no sistema. A sucção deve ser especificamente realizada, ou seja, na 
amamentação, pois permite o desenvolvimento muscular correto das estruturas 
orais para o crescimento bem direcionado da face, preparo da musculatura 
mastigatória de forma correta, promoção de espaço adequado para erupção e 
alinhamento dos dentes, adequação do palato duro e permissão da respiração 
nasal. Outro tipo de sucção não permitirá o crescimento das estruturas e 
desenvolvimento das funções de forma adequada.
Sucção - normalidade 
Inicialmente, a sucção é um reflexo imprescindível para a sobrevivência nos primeiros seis meses 
de vida. Após este período, o reflexo se torna volitivo por meio do amadurecimento neural, o que 
permite a aprendizagem da mastigação, que completará o crescimento e desenvolvimento das 
estruturas e funções do SE (FELÍCIO, 2004).
Existem dois tipos de sucção: sucção nutritiva (SN) e sucção não nutritiva (SNN). A sucção nutritiva 
é aquela em que o bebê recebe e ingere líquido (leite). Pode ser diretamente da mama materna, de 
mamadeira, de copo ou xícara, de colher ou qualquer outro método de alimentação. Já a sucção não 
nutritiva é aquela em que não há ingestão de líquidos, como ocorre na sucção de chupeta, digital ou 
de objetos.
O tipo de sucção interfere diretamente na realização da função oral, seu desempenho e no 
crescimento e desenvolvimento do sistema estomatognático. Além disso, o tipo de líquido, de bico e 
de furo também interfere na função de sucção.
Além de garantir a sobrevivência do recém-nascido, a sucção tem um papel decisivo no crescimento 
das estruturas e desenvolvimento das funções estomatognáticas. Por isso, é necessário conhecer 
seu funcionamentoe alterações. De acordo com Felício (2004) e Neiva (2008), a sucção tem 
a função de mobilizar e preparar a musculatura para a futura função mastigatória, promover 
30
UNIDADE I │ CONCEITOS TEÓRICOS
o crescimento ósseo e craniofacial, permitir as corretas posturas orais e musculares (língua, 
lábios e mandíbula) e preparar para as demais funções de mastigação, deglutição, respiração 
e fala.
Se houver adequado padrão de sucção, provavelmente a criança apresentará harmonia facial, 
coordenação dos movimentos orais, vedamento labial para respiração nasal, correto posicionamento 
de língua em repouso, na fala, na deglutição e na mastigação, coordenação e ritmo adequado, 
força adequada, tônus muscular e, finalmente, eficiência oral (PIRES; GIUGLIANI; SILVA, 2012). 
Se, ao contrário, houver um padrão inadequado de sucção, haverá desequilíbrio em todos os 
aspectos citados.
O recém-nascido possui todas as estruturas orofaciais preparadas para o estabelecimento e prática 
da sucção. Como benefício, possui a mandíbula retraída e diminuída em relação à maxila, e a 
cavidade oral é totalmente preenchida pela língua e há bolsas de gordura (sucking pads) no músculo 
masseter, para proporcionar maior estabilidade durante a alimentação. A elevação estratégica da 
laringe, do osso hioide e dos seios piriformes, bem como da base da língua próxima ao palato mole, 
favorecem a proteção das vias aéreas e a alimentação segura e eficaz. A respiração nasal e os reflexos 
orais de procura, sucção e deglutição permitem a alimentação do recém-nascido (WOOLRIDGE, 
1986; BULLOCK; WOOLRIDGE; BAUM, 1990; SANCHES, 2004; CARVALHO, 2005; DEODATO, 
2005; GRANJA, 2011; XAVIER, 2013).
A ordenha, como é denominada a sucção na mama materna, ocorre a partir do oferecimento da 
mama. O mamilo toca na região oral do recém-nascido (quatro pontos cardeais), que, por meio do 
reflexo de busca, abocanha a aréola e a mantém na cavidade oral pela ação do orbicular da boca e 
bucinador e ocorrência de pressão negativa intraoral (GRANJA, 2011). O reflexo de busca possui 
três etapas: 
1. rotação da cabeça em direção ao estímulo; 
2. abertura de boca; e 
3. anteriorização da língua.
Com a pega, o sistema aréolo-mamilar se expande na cavidade oral do bebê e desencadeia o reflexo 
de sucção (com o toque na língua e papila). Consequentemente, o reflexo de deglutição resulta 
do estímulo provocado pelo leite na região posterior da cavidade oral (SANCHES, 2004; NEIVA, 
2008).
A ordenha da mama, considerando-se a pega correta, acontece da seguinte forma: o bebê 
deve abocanhar boa parte da aréola, manter os lábios evertidos e vedados na mama, projetar a 
língua, apoiá-la na gengiva inferior e curvar o centro para cima (concha ou canolamento – ação 
da musculatura intrínseca da língua, transversal e vertical). Os movimentos ântero-posteriores 
de língua (movimentos peristálticos) são importantes para levar o leite até a região posterior da 
cavidade oral para ser deglutido. 
31
CONCEITOS TEÓRICOS │ UNIDADE I
Figura 46.
Fonte: <http://www.brianpalmerdds.com/section_a.pdf>
A mandíbula realiza quatro movimentos que, além de auxiliarem na ordenha, favorecem o crescimento 
facial tanto no plano vertical quanto no horizontal, proporcionando crescimento harmônico da 
face. São eles: abertura (ação dos músculos supra-hioideos), anteriorização ou protrusão (ação dos 
músculos pterigoideos mediais e laterais e masseteres), fechamento (ação dos músculos masseteres, 
temporais e pterigoideos mediais) e posteriorização ou retração (ação das fibras oblíquas e 
horizontais dos músculos temporais e digástrico e fibras superiores dos pterigoideos laterais). Estes 
movimentos são importantes para promover a pressão negativa necessária à ordenha por meio da 
massagem da mama, que atinge os seios lactíferos e a saída do leite (MOYERS; CARLSON, 1998; 
SANCHES, 2004; NEIVA, 2008; GRANJA, 2011).
Sucção - patologias
Faz-se necessário conceituar hábito deletério ou parafuncional. De acordo com Moyers (1991), 
Agurto et al. (1999) e Carvalho (2003), hábito é um costume ou automatismo adquirido pela prática 
e repetição, sempre iniciado de forma consciente, porém, com a prática, torna-se inconsciente e é 
incorporado à personalidade. O hábito oral deletério ou parafuncional é um padrão neuromuscular 
complexo aprendido que, além de se fixar pela personalidade, funciona como refúgio em momentos 
de solidão ou ameaça, visto que transmite segurança e conforto ainda que potencialmente cause 
alterações graves nas estruturas e funções estomatognáticas, como má posição dentária, distúrbios 
respiratórios, dificuldades na fala, alterações musculares, entre outras. 
Os danos causados por tais hábitos, em especial a sucção não nutritiva, dependem da frequência, 
intensidade, duração de uso (Tríade de Graber) e do próprio tipo facial da criança, e estão relacionados 
ao desenvolvimento mandibular insuficiente, alterações posturais de lábios e língua, alterações 
de ossos faciais e oclusão dentária, bem como alterações musculares (SOARES; TOTTI,1996; 
RODRIGUES; BOLINI; MINARELLI-GASPAR, 2006).
32
UNIDADE I │ CONCEITOS TEÓRICOS
De acordo com Queluz e Gimenez (2000), Deodato (2005), Rodrigues, Bolini e Minarelli-Gaspar 
(2006), são hábitos orais deletérios:
 » uso de chupeta e mamadeira, 
 » bruxismo, 
 » sucção digital, 
 » onicofagia, 
 » hábito de morder lábios, 
 » sucção ou mordida de objetos, 
 » entre outros.
Os hábitos orais envolvem alterações na ação de grupos musculares, na mobilidade, na forma das 
estruturas orais e funções como respiração, mastigação, deglutição, fala, etc. (BITAR, 2004).
A sucção de bicos artificiais oferece estímulos completamente diferentes da ordenha na mama 
durante o aleitamento materno. Por isso, merece especial atenção dos profissionais de saúde e 
fonoaudiólogos, já que pode reduzir a duração do aleitamento materno (CASTILHO et al., 2012; 
SILVEIRA et al., 2013). Os pais, familiares e equipe de saúde também devem ser orientados sobre 
tais diferenças, bem como sobre os possíveis prejuízos decorrentes do uso de chupeta e mamadeira. 
Além do conhecimento de que o leite materno é o melhor para o bebê, é preciso criar uma cultura da 
importância da amamentação para a saúde oral e fonoaudiológica da criança.
O uso de bicos artificiais também pode levar ao desenvolvimento de outros hábitos orais deletérios, 
pela necessidade oral que permanece não satisfeita, especialmente na sucção da mamadeira. 
O recém-nascido tem uma necessidade natural e fisiológica para sugar, em razão da presença 
dos impulsos nervosos de sucção, cujo objetivo é saciar a fome neural e fisiológica. Ambas são 
totalmente satisfeitas no aleitamento materno (MEDEIROS; MEDEIROS, 2006; CARVALHO, 
2010; SANTINI, 2013) e, quando este não ocorre, a necessidade neural permanece, leva a 
outros hábitos orais como sucção de chupeta, bruxismo, onicofagia, sucção digital, entre outros 
(DEODATO, 2005).
Com a finalidade de permitir maior compreensão das diferenças entre sucção e ordenha, cada 
aspecto será comparado de forma mais didática, de acordo com vários autores, como, por exemplo: 
Woolridge (1986), Hanson e Barrett (1995), Enlow e Hans (1998), Vinha (1999), Naylor, Danner e 
Lang (2001), Carvalho (2002), Sanches (2004), Carvalho (2005), Deodato (2005), Gomes e Oliveira 
(2009), Medeiros, Ferreira e Felício (2009) e Carvalho (2010).
Cavidade oral
No aleitamento materno, o complexo aréolo-mamilar se adapta à cavidade oral do lactente, pois é 
uma estrutura macia com certo grau de elasticidade. Esse complexo é ampliado dentro da cavidade 
oral e chega até o palato mole, favorecendo a deglutição.
33
CONCEITOS TEÓRICOS │ UNIDADE I
Na sucção, o bico possui restrita capacidade de ampliação e é um objeto rígido que não se adapta. 
Por isso, a cavidade oral do bebê que precisa se adaptar ao bico. Com isso, ocorre um desequilíbrio 
de pressão, especialmente sobre a língua e palato duro, fato que pode alterar a anatomia dessasestruturas, conforme o tempo, a frequência e o tipo de bico utilizado.
Abertura de boca
No aleitamento materno, o bebê precisa abrir amplamente a boca para obter a pega correta da 
mama, visto que esta depende da pega do mamilo e boa parte da aréola. A musculatura supra-
hioidea, responsável pelo abaixamento da mandíbula, é ativada e exercitada a fim de manter a 
cavidade oral com abertura adequada para que a ordenha aconteça sem dor ou fissura mamilar.
Na sucção, ao contrário, não há necessidade de grande abertura de boca. Exige-se o seu fechamento 
para a pega do bico, que é menor. Assim, a musculatura supra-hioidea não cumpre seu papel e 
entra em ação a musculatura elevadora da mandíbula (masseteres, temporais, pterigoideos). Por 
este motivo, bebês alimentados por mamadeira podem apresentar dificuldades em pegar a mama e 
manter o aleitamento materno.
Postura de lábios
Na mama, o bebê precisa, além de abocanhar adequadamente o complexo aréolo-mamilar, manter 
a pega da mama enquanto extrai o leite. Os lábios (músculo orbicular da boca) encontram-se ativos, 
com a finalidade de manter o vedamento labial e a pressão intraoral. Por isso pode-se observar que 
os lábios do bebê permanecem evertidos e em total contato com a mama durante toda a mamada. 
Com isso, o orbicular da boca é estimulado e, com tônus adequado, permite a manutenção da 
respiração nasal com vedamento labial.
Já na sucção de bicos artificiais, os lábios perdem sua função, visto que não há necessidade de manter 
a pega; o bico é colocado e mantido na cavidade oral do lactente. Por isso, não são estimulados 
adequadamente, adquirem tônus rebaixado e seu relaxamento excessivo leva à manutenção dos 
lábios entreabertos, mesmo em repouso, fato que pode levar ao início da respiração oral e a todas as 
suas consequências deletérias à saúde geral e fonoaudiológica da criança.
Postura e movimentos de língua
Em aleitamento materno, a língua do bebê deve assumir uma postura anteriorizada, com ponta 
elevada e dorso rebaixado, repousada acima da gengiva e lábio inferior. O objetivo é alcançar os seios 
lactíferos e massageá-los com movimentos mandibulares, bem como recolher certo volume de leite 
na concha da língua para levá-lo, por meio de movimentos peristálticos, até a região posterior da 
cavidade oral, onde será, então, deglutido. Esses movimentos promovem exercício da musculatura 
intrínseca e extrínseca da língua e preparam esse órgão para a próxima função: a mastigação.
Os bicos artificiais, ao contrário, empurram a língua para a região posterior da cavidade oral, 
dificultando a realização dos movimentos peristálticos e a realização da concha para recolhimento 
34
UNIDADE I │ CONCEITOS TEÓRICOS
do leite. A língua fica com a ponta baixa e o dorso elevado, para controlar o fluxo de leite que 
chega à região posterior. O bebê precisa apenas deglutir. Essa postura e estímulo inadequados 
da língua reduzem a atividade muscular e podem promover dificuldades na sua mobilidade, pois, 
ao adquirir postura com ponta baixa e dorso elevado, a língua não assume a postura correta 
de repouso (ponta de língua na papila palatina). Esta inadequação pode levar a alterações de 
deglutição, mastigação e fala.
Movimentos mandibulares e tipo de 
pressão exercida
Como já mencionado anteriormente, no aleitamento materno a mandíbula executa quatro 
movimentos, imprescindíveis para a promoção de um crescimento facial harmônico e bem 
direcionado, para o desenvolvimento da ATM (Articulação Temporomandibular), para o preparo 
da musculatura mastigatória (masseteres, temporais, pterigoideos) para a produção de espaço 
suficiente para a erupção dentária e para o alinhamento dos dentes.
No aleitamento materno, os movimentos da mandíbula são de abaixamento ou abertura, 
anteriorização, elevação ou fechamento e retração. Todos são importantes para a ordenha do leite 
da mama, pois a mandíbula realiza leves massagens nos seios lactíferos que, sob a ação da ocitocina, 
liberam o leite na cavidade oral do bebê. Esses movimentos configuram a pressão positiva da 
ordenha e impedem lesões mamárias por pressão negativa.
Na sucção de bicos artificiais, o bebê realiza apenas dois movimentos mandibulares: de abertura 
e de fechamento. Eles direcionam o crescimento facial apenas no plano vertical e podem resultar 
em consequências adversas à criança, pois sem o estímulo de crescimento horizontal, há redução 
da cavidade oral, do tamanho do palato duro, do espaço da arcada para a erupção dentária, com 
consequente alinhamento incorreto dos dentes erupcionados (alterações e oclusão dentária) e 
dificuldades de manutenção da língua dentro da cavidade oral, entre outros.
A pressão exercida nos bicos é tipicamente negativa, tanto pelos movimentos mandibulares 
quanto pelo fato de não haver possibilidade de massagear o bico por pressão positiva. O que 
acontece, então, é uma atividade atípica de bucinadores, que são geralmente responsáveis pela 
manutenção da pega em aleitamento materno. Os bucinadores hiperativos também exercem 
pressão sobre as arcadas dentárias e palato duro, produzindo maiores alterações, como redução 
do espaço aéreo nasal pela elevação do palato duro com maior estímulo para a respiração oral, 
bem como maloclusões.
Cabe destacar que, lactentes que recebem bicos juntamente com aleitamento materno podem 
apresentar “confusão de bicos”, isto é, desenvolver dificuldades para realizar a ordenha na 
mama após terem exercitado a sucção de bicos artificiais. Tal confusão ocorre exatamente pelas 
diferenças de atividade muscular, postura de lábios, língua e movimentação mandibular, e 
também pode resultar em desmame, ou seja, interrupção total do aleitamento materno para uso 
exclusivo de bicos e leites artificiais (GOMES et al., 2006; NYQVIST; EWALD, 2006; PIZZOL 
et al., 2012).
35
CONCEITOS TEÓRICOS │ UNIDADE I
Figura 47.
Fonte: <http://www.brianpalmerdds.com/section_a.pdf>
36
CAPÍtuLo 3
função de respiração – normalidade 
e Patologias
Leia o capítulo de livro: CARVALHO, G. D. Amamentação: Prevenção primária das 
alterações morfofuncionais comuns da Síndrome do Respirador Bucal. In: CARVALHO, 
G. D. SOS Respirador Bucal: uma visão funcional e clínica da amamentação. 
2. ed. rev. ampl. São Paulo: Lovise, 2010. cap. 13. Reflita sobre o assunto: à luz da 
Fonoaudiologia e da Motricidade Orofacial.
A respiração oral é um dos maiores problemas para o fonoaudiólogo e que traz 
consigo várias alterações estomatognáticas. Talvez o paciente respirador oral seja o 
maior desafio de tratamento e reabilitação, pois gera alterações em todos os aspectos 
anatômicos, funcionais e funções neurovegetativas. Alguns autores referem que um 
dos fatores que poderiam evitar a respiração oral seria a prática da amamentação 
e a não utilização de bicos artificiais. Infelizmente, na Fonoaudiologia, alguns 
profissionais ainda são favoráveis ao uso de bicos por um período determinado. Será 
que, como profissionais de saúde, não somos coniventes e, na verdade, causadores 
de futuras alterações de motricidade orofacial? Será que nosso papel de promotores 
de saúde e profissionais de prevenção não possui falhas?
respiração - normalidade 
A respiração é função vital ao ser humano. Tem como finalidade fornecer oxigênio aos tecidos e 
células do organismo e eliminar dióxido de carbono resultante das reações celulares. Além disso, é 
um dos elementos básicos da comunicação verbal, função exclusiva dos seres humanos e secundária 
à respiração.
É iniciada ao nascimento, no momento em que há absorção e expulsão do líquido amniótico dos 
pulmões e expansão pulmonar, especialmente dos alvéolos. O recém-nascido apresenta respiração 
exclusivamente nasal, pois a língua ocupa toda a cavidade oral, o palato mole e a epiglote se tocam 
para evitar a respiração pela boca, mesmo na presença de obstrução nasal. Este é o modo respiratório 
adequado para o ser humano durante toda a vida.
Na criança maior e no adulto, existe relação entrea postura do sistema estomatognático em repouso 
e o modo respiratório. O indivíduo que respira pelo nariz, de acordo com Felício (2004):
 » mantém o vedamento labial; 
 » a mandíbula se mantém em repouso; 
 » a língua permanece na cavidade oral, em contato com o palato e, com isso, há 
equilíbrio de forças do músculo bucinador; 
37
CONCEITOS TEÓRICOS │ UNIDADE I
 » a coluna cervical mantém sua curvatura fisiológica normal; e 
 » a cabeça se mantém ereta.
A respiração acontece em 3 fases: inspiração, pausa e expiração.
A respiração ideal deve ser:
 » quanto ao modo: nasal.
 » quanto ao tipo respiratório: predominantemente inferior.
 » quanto ao volume pulmonar: profunda.
 » quanto à frequência: com ritmo regular.
A respiração nasal possibilita que o ar inspirado seja aquecido, umedecido e filtrado e, por isso, é 
função essencial para a manutenção da saúde geral.
respiração - patologias 
respiração oral
A respiração oral é inadequada e pode ocorrer tanto por um impedimento anatômico ou orgânico, 
quanto por alterações não nasais ou funcionais. Essas alterações não nasais podem ser decorrentes 
do aleitamento materno insuficiente, da sucção prolongada de bicos artificiais e promover desvio 
de septo, hipertrofia de amígdalas e adenoides, hábitos orais deletérios, alterações musculares, 
etc. (MARCHESAN, 2003; DEODATO, 2005; IMBAUD et al., 2006; SANTOS NETO et al., 2009; 
CARVALHO, 2010; MARCOMINI et al., 2010; PACHECO et al., 2012).
O bebê, ao sugar um bico artificial, adquire flacidez muscular de lábios (músculo orbicular da boca), 
que permanecem entreabertos e favorecem o início da respiração oral; a língua, que deveria assumir 
postura com ponta elevada e dorso baixo, também sofre mudanças de tônus muscular e passa a 
apresentar postura com ponta baixa, repousando no assoalho da cavidade oral e pode se posicionar 
entre as arcadas dentárias; para promover vedamento labial, o músculo mentual atua e passa a 
apresentar contração excessiva (DEODATO, 2005; RODRIGUES et al., 2005).
Na sucção da mamadeira ocorre interrupção da respiração durante o ato da deglutição, fato que 
reduz a oxigenação. Pesquisas revelam maior ocorrência de respiração oral em crianças que sugam 
mamadeira do que nas amamentadas e, quanto maior a duração do aleitamento materno, maior 
a incidência do estabelecimento da respiração nasal (HOWARD et al., 1999; SANTOS, 2004; 
VIGGIANO et al., 2004; CARRASCOZA et al., 2006).
Segundo Deodato (2005) o respirador oral ainda desenvolve estreitamento de arcada dentária, palato 
alto em forma de V ocasionado pela posição alterada de língua e da mandíbula. Por meio da Teoria 
da Compressão, a inatividade do palato promove seu crescimento alterado e, consequentemente, 
redução da cavidade nasal e seios maxilares.
38
UNIDADE I │ CONCEITOS TEÓRICOS
Outros problemas podem surgir e se estabelecer na criança que respira pela boca: problemas 
emocionais, dificuldades alimentares, problemas escolares, alterações posturais, outras maloclusões 
e desarmonias faciais, problemas respiratórios, deglutição atípica, infecções recorrentes de ouvido 
(otites de repetição), que podem reduzir a audição e interferir na aprendizagem e problemas de fala 
(CARVALHO, 2002; DEODATO, 2005; CARVALHO, 2010).
Indivíduos que respiram pela boca podem ser de 3 tipos: puramente funcionais, orgânicos ou 
genuínos ou impotentes funcionais (CARVALHO, 2009).
1. Respiradores orais puramente funcionais: são pacientes que já apresentaram 
obstruções na passagem do ar pelas vias aéreas, mas tal obstrução já foi removida. 
Em geral, indivíduos que foram submetidos à tonsilectomia ou amigdalectomia, 
mantém a respiração oral por hábito mesmo após a cirurgia, ou seja, mantém 
postura oral viciosa e necessitam de reabilitação fonoaudiológica para retomarem a 
respiração nasal e conseguirem manter o vedamento labial.
2. Respiradores orais orgânicos ou genuínos: estes pacientes apresentam 
obstáculos mecânicos nasais (estenose), retronasais (hipertrofia de tonsilas) ou orais 
(alterações musculares, posturais da língua, alterações ósseas) que impedem ou 
dificultam a passagem do ar pelo nariz e podem, dependendo da duração da respiração 
oral, trazer consequências ósseas que tornam o prognóstico mais reservado. 
3. Respiradores orais impotentes funcionais: são casos em que não houve e não 
há obstrução à respiração nasal, mas existe disfunção neurológica acompanhada ou 
não de alterações psiquiátricas, com aspectos morfológicos e funcionais normais.
Na respiração oral, várias estruturas podem estar alteradas: nariz; fossas nasais; cavidades 
paranasais; cavidade oral; lábios; língua; músculos bucinadores; arcadas dentárias; palato duro; 
palato mole; articulação temporomandibular.
Além de alterações estruturais orais, a respiração oral ainda pode resultar em problemas 
comportamentais, distúrbios patológicos, distúrbios alimentares e alterações posturais que levam à 
denominação de Síndrome do Respirador Oral.
Os problemas comportamentais que podem acometer o respirador oral se referem a:
 » dificuldades de leitura e escrita;
 » problemas de relacionamento;
 » redução da audição;
 » alterações da articulação dos sons da fala;
 » ansiedade, inquietação, impulsividade;
 » dificuldades para dormir;
 » cansaço frequente, sonolência excessiva;
39
CONCEITOS TEÓRICOS │ UNIDADE I
 » depressão, angústia;
 » enurese noturna;
 » hábitos orais deletérios (onicofagia, sucção de bicos artificiais, sucção digital);
 » pode gerar dúvidas no diagnóstico de Déficit de Atenção e Hiperatividade.
Os distúrbios patológicos se referem a:
 » problemas respiratórios como alergias (rinites); 
 » hipertrofia de tonsilas palatinas e faríngeas (amígdalas e adenoide); 
 » afecções do sistema auditivo (otites); 
 » patologias nasossinusais (sinusite, pólipos, desvio de septo).
Os distúrbios alimentares mais comuns nos respiradores orais são:
 » alterações de fome e apetite;
 » alterações de olfato e paladar;
 » aerofagia (deglutição de ar);
 » obesidade ou desnutrição.
As alterações posturais que acometem os respiradores orais podem ser torácicas, relacionadas à 
rotação de ombros comprimindo o tórax, alterações da coluna cervical, vertebral ou envolvendo pés, 
tornozelos e joelhos. As alterações da postura, certamente, desorganizarão o sistema estomatognático, 
a contração dos músculos intra e extraorais do pescoço, os movimentos mandibulares e o desempenho 
das funções neurovegetativas, por isso é importante reconhecer tais alterações e encaminhar o 
paciente para acompanhamento e reabilitação com profissionais especializados.
ronco e apneia do sono
Para diversos autores (LEMES; ANTONIO, 2005; GUIMARÃES, 2009; XAVIER; HARASHIMA; 
CAMPIOTTO, 2013), as alterações respiratórias relacionadas ao sono não são exclusivas de privação 
do sono, mas devem ser consideradas a partir dos acontecimentos no ato de dormir, nas atividades 
diárias e nos relacionamentos interpessoais. Compreendem ronco primário, resistência de vias 
aéreas e a Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono (SAOS).
Ronco é um ruído respiratório produzido na cavidade oral, decorrente da fricção dos tecidos moles 
das vias aéreas durante o sono. Pode haver vibração de faringe, palato mole, úvula, epiglote e base 
da língua devido à flacidez de tais músculos. O ronco primário não é acompanhado de alterações 
respiratórias ou fragmentação do sono, no entanto, a presença de ronco pode indicar também a 
presença de apneia do sono, por isso é importante que os pacientes roncadores fiquem atentos a 
alguns sinais e sintomas (LEMES; ANTONIO, 2005):
40
UNIDADE I │ CONCEITOS TEÓRICOS
 » sonolência diurna excessiva;
 » redução da memória; 
 » dificuldade de concentração;
 » cansaço; 
 » depressão ou ansiedade;
 » problemas sexuais, impotência;
 » mudanças de personalidade;
 » alterações de comportamento. 
A Resistência das Vias Aéreas Superiores (SRVAS) é caracterizada pela pura e simples limitação 
do fluxo aéreo em decorrência de um aumentoda resistência das vias aéreas, sem alterações 
respiratórias. Apesar de não trazer grandes riscos, tal resistência gera despertares noturnos e 
sonolência diurna excessiva e, portanto, é considerado um distúrbio do sono.
A SAOS “é uma doença crônica, progressiva, incapacitante, com alta morbidade e com contribuição 
para mortalidade” (GUIMARÃES, 2009). Pode estar associada à sonolência diurna, doença 
cardiovascular e ronco, e este conjunto de sintomas é chamado de Síndrome de Apneia Obstrutiva 
do Sono. É caracterizada por episódios de interrupção total ou parcial da passagem de ar pelas vias 
aéreas de forma repetida durante o sono que geram despertares ou fragmentação do sono devido à 
alteração de saturação de oxigênio.
Figura 48.
Fonte: <http://biafisio.blogspot.com.br/2011/01/ronco-e-apneia.html>
41
CONCEITOS TEÓRICOS │ UNIDADE I
Quando há interrupção total do fluxo aéreo durante o sono, com duração de mais de 10 segundos, 
ocorre a apneia, por isso há riscos cardiovasculares, hipertensivos e isquêmicos (BITTENCOURT, 
2008).
Há múltiplos fatores que podem favorecer a ocorrência da SAOS, entre elas a idade avançada, o 
gênero masculino, a obesidade e as alterações funcionais das vias aéreas, como flacidez muscular. 
O diagnóstico da SAOS é realizado por meio da Polissonografia, que monitora variáveis fisiológicas 
(frequência respiratória, saturação de oxigênio, ocorrência e duração de apneias e hipopneias) 
importantes para a ocorrência do sono.
42
CAPÍtuLo 4
função de Mastigação – normalidade 
e Patologias
As alterações de mastigação também podem ser causa de desordens 
temporomandibulares. As dores e disfunções na mastigação, fala e em repouso 
atrapalham a vida do indivíduo tanto ou mais as alterações mastigatórias e 
interferem também no sono, relacionamento interpessoal, questões emocionais, 
trabalho e comunicação.
O indivíduo com DTM está constantemente incomodado, por isso, antes de 
pensar em adequar a função, que seria a primeira questão a ser levantada pelo 
fonoaudiólogo, a redução ou retirada total da dor é a prioridade, pois, como 
profissionais de saúde, devemos ter uma visão holística do indivíduo e pensar 
sempre na melhoria da qualidade de vida para depois aprimorar as questões 
de comunicação.
Mastigação - normalidade 
Na Fonoaudiologia, há extensa literatura sobre a mastigação normal e seus distúrbios e o estudo 
desta função será baseado em diversos autores (TANIGUTE, 1998; FELÍCIO, 1999; GONZÁLEZ; 
LOPES, 2000).
A mastigação é uma das funções estomatognáticas aprendidas. Ela ocorre após a inibição do 
reflexo de sucção e a erupção dentária. O recém-nascido se alimenta com líquidos e a consistência 
dos alimentos deve ser modificada com o tempo, até tornar-se sólida. Ocorre o crescimento da 
cavidade oral, a erupção dentária, a remodelação da ATM e o desenvolvimento neuromuscular para 
possibilitar o aprendizado da mastigação.
Os primeiros movimentos mastigatórios são iniciados por volta dos seis meses de idade da criança, 
momento em que o aleitamento materno não deve ser mais a única fonte de alimentação e há 
necessidade de oferecimento de outros alimentos. Inicialmente, a mastigação se confunde com a 
sucção, há dificuldade em retirar o alimento da colher, a língua ainda encontra-se anteriorizada e 
realiza movimentos de amassamento do alimento contra o palato duro, existe a tendência de o bebê 
sugar o alimento e os movimentos mastigatórios são incoordenados.
Com o treino, a criança inicia os movimentos verticais de mastigação. Aproximadamente aos 
sete meses, iniciará os movimentos, com movimentos mandibulares semelhantes à sucção em 
aleitamento materno: abaixamento, protrusão, elevação e retrusão. Passam a movimentos de 
lateralização da mandíbula e língua e, por fim, de rotação com aproximadamente um ano de idade, 
mastigação bilateral alternada com vedamento labial, momento em que toda a dentição decídua 
deverá estar erupcionada e haverá condições de ocorrer a mastigação de alimentos sólidos.
43
CONCEITOS TEÓRICOS │ UNIDADE I
A mastigação é considerada a função mais importante do sistema estomatognático, pois é essencial 
na prevenção de distúrbios miofuncionais orais e dá continuidade ao crescimento e desenvolvimento 
craniofacial e miofuncional iniciado na sucção, especialmente no aleitamento materno. Ela tem a 
função de reduzir as partículas do alimento e produzir um bolo úmido e coeso para favorecer o 
processo digestivo. Essa função ocorre com participação de vários músculos, especialmente os da 
mastigação, da língua, dos lábios e da face.
O ato mastigatório é caracterizado pela abertura da cavidade oral para obtenção do alimento, pelo 
fechamento da cavidade oral e pela fase oclusal, na qual o alimento será triturado pelo contato com 
os dentes. Já o ciclo mastigatório é a sequência de fenômenos que resultam na redução do alimento 
e ocorre em três etapas (TANIGUTE, 1998): 
1. Incisão (dentes incisivos centrais e laterais), que é o corte do alimento. 
2. Trituração (dentes pré-molares), que é a redução de partículas. 
3. Pulverização (dentes molares), que é caracterizada pela moenda das partículas 
menores já trituradas, transformando-os em elementos ainda mais reduzidos.
A redução adequada das partículas de alimento depende da estabilidade e da saúde da articulação 
temporomandibular (ATM), dos músculos, da presença de dentes e saúde dental, de ausência 
de interferências dentais, do amadurecimento do complexo craniofacial e do comando neural. 
É importante salientar o papel da saliva no processo mastigatório, pois ela umedece e permite a 
formação de um bolo coeso para a realização da próxima função: a deglutição.
É considerada mastigação com padrão normal ou madura: mastigação bilateral alternada, sem ruídos, 
com velocidade normal e sem estalos ou dor na ATM. O padrão de mastigação sofre interferências 
da hereditariedade, da nutrição, da presença de doenças, da etnia, de fatores socioeconômicos, de 
alterações funcionais e de gênero.
Mastigação - patologias
As principais alterações decorrentes da mastigação inadequada são (MARCHESAN, 1998): 
 » crescimento e desenvolvimento facial inadequados; 
 » alterações de oclusão; 
 » alterações da musculatura oral; 
 » problemas de deglutição e fala; 
 » redução do número de dentes; 
 » reduzido tamanho dos ossos maxilares; 
 » permanência dos lábios entreabertos; 
 » mastigação unilateral; 
44
UNIDADE I │ CONCEITOS TEÓRICOS
 » alterações na consistência alimentar; 
 » respiração oral;
 » desenvolvimento de hábitos orais (onicofagia, bruxismo); e 
 » dor orofacial.
As alterações de oclusão dentária podem modificar o padrão mastigatório, direcionar de forma 
incorreta o crescimento e desenvolvimento craniofacial e miofuncional e produzir outras alterações 
nas funções estomatognáticas. Por exemplo, indivíduos com Classe II de Angle apresentam 
dificuldades, especialmente na incisão, pela anteriorização da maxila; indivíduos com Classe III, 
mastigação mais anterior, favorecendo a flacidez dos masseteres; indivíduos com mordida cruzada 
podem apresentar mastigação unilateral ou trituração do alimento com dentes anteriores.
As principais alterações de mastigação podem ser verificadas a seguir.
Alterações da mastigação
A mastigação é uma das funções do Sistema Estomatognático e deve ser aprendida. Com a inibição 
do reflexo de sucção, entre seis e nove meses e a transformação do reflexo em ação voluntária, é 
necessário que o bebê comece a receber alimentação para estimular o aprendizado da mastigação. 
Inicialmente, a alimentação deve ser pastosa e, paulatinamente, substituída por consistências mais 
sólidas até que, por volta de um ano de idade, a criança tenha condições estruturais e funcionais 
para mastigar alimentos comuns da família, em todas as consistências. Esse processo de transição de 
consistências é importante para dar continuidade ao desenvolvimento da musculatura mastigatória, 
que está completamente preparada aos seis meses casoa criança tenha sido amamentada, 
exclusivamente, e não recebeu outros bicos. 
Os músculos masseteres, temporais e pterigoideos (elevadores da mandíbula), os supra-hioideos 
(abaixadores da mandíbula), os lábios (orbicular da boca), as bochechas (bucinadores) e a 
língua (musculatura intrínseca e extrínseca) necessitam da amamentação como preparo para o 
desenvolvimento normal da função mastigatória, que consiste em mastigação bilateral alternada, 
velocidade normal, com abertura, fechamento, lateralização e rotação mandibular, lábios ocluídos e 
participação ativa da língua (CATTONI, 2004; CARVALHO, 2010).
Se no aleitamento materno a musculatura mastigatória é preparada e o crescimento facial bem 
direcionado, no uso de bicos artificiais ocorre desorganização de ambos. Em geral, a criança tem 
a musculatura com tônus reduzido e não possui força mastigatória para reduzir as partículas 
de alimento. Ela pode mastigar com os lábios entreabertos e com participação excessiva da 
musculatura periorbicular, além de ter a pressão intraoral reduzida e dificuldade de mobilidade 
do bolo alimentar na cavidade oral. Em consequência, o alimento não sofre o processo completo 
de pulverização. Há dificuldade na formação e direcionamento do bolo alimentar e, finalmente, na 
deglutição e digestão (ANDRADE et al., 2005; NATALINI; RAMIRES; FERREIRA, 2007; PIRES; 
GIUGLIANI; SILVA, 2012).
45
CONCEITOS TEÓRICOS │ UNIDADE I
A criança pode apresentar dificuldades para mastigar alimentos sólidos e, quanto mais a família 
permanecer na alimentação pastosa, maior será o comprometimento muscular e ósseo e, 
posteriormente, para as demais funções estomatognáticas.
Dentre as alterações de mastigação, estão mastigação muito rápida ou muito lenta; mastigação 
unilateral; mastigação bilateral simultânea; mastigação com ausência de vedamento labial; 
mastigação com ruídos; e mastigação com exagerada participação da musculatura periorbicular e 
com contração do músculo mentual.
Cada uma das alterações de mastigação será descrita a seguir, de acordo com Cattoni (2004). 
 » Mastigação muito rápida ou muito lenta: estas alterações de velocidade 
mastigatória são resultantes de outras alterações que prejudicam a função de 
mastigação, como as alterações respiratórias (respiração oral, que dificulta a 
mastigação devido ao fato da cavidade oral ser, concomitantemente, a cavidade 
de respiração e alimentação), disfunções temporomandibulares, especialmente 
dores e restrições dos movimentos mandibulares, que interferem na velocidade 
e na eficiência mastigatória), cirurgia ortognática (que impedem inicialmente 
a realização da função e, após o período de restrição, há retorno da mastigação 
com dificuldades relativas às mudanças estruturais e posturais sem reabilitação 
adequada) e queimaduras de face (pois alteram a estrutura da pele e, com ela a 
mobilidade dos músculos aderidos a ela).
 » Mastigação unilateral: promove maior crescimento mandibular do lado do 
balanceio do que do lado da mastigação e, por isso, leva à flacidez da musculatura 
do lado do balanceio com assimetria muscular e facial e rigidez dos músculos 
masseter, temporal e bucinador do lado do trabalho, ou seja, da mastigação. 
Indivíduos com mordida cruzada posterior bilateral, dores dentárias, disfunções 
temporomandibulares (DTM), ausências dentárias, doenças periodontais ou 
contatos prematuros apresentam mastigação unilateral, mas este padrão também 
pode ocorrer por hábito.
 » Mastigação bilateral simultânea: também conhecida como mastigação em 
charneira e se caracteriza pela mastigação com movimentos apenas verticais, de 
abertura e fechamento mandibular. É o padrão mastigatório infantil e não deve 
ocorrer após um ano de idade. Em geral, indivíduos com Classe III e disfunção 
temporomandibular (DTM) apresentam este tipo mastigatório, ou mesmo idosos 
com próteses dentárias mal adaptadas e que realizam amassamento do alimento 
com o dorso da língua.
 » Mastigação sem vedamento labial: é caracterizada pela mastigação com 
os lábios entreabertos e escape de alimento, tornando difícil manter o alimento 
dentro da cavidade oral e formar o bolo alimentar para deglutição. As possíveis 
causas da falta de vedamento labial são: respiração oral ou mista, flacidez muscular, 
especialmente do orbicular da boca, ausência do vedamento em repouso, alterações 
labiais ou dificuldades de propriocepção oral.
46
UNIDADE I │ CONCEITOS TEÓRICOS
 » Mastigação com ruídos: os ruídos durante a mastigação podem ter várias 
causas, dentre elas a flacidez muscular, movimentos exagerados de língua durante a 
mastigação, amassamento do alimento por parte da língua contra o palato, ausência 
de vedamento labial e disfunções temporomandibulares (estalos ou deslocamentos).
 » Mastigação com participação de outros músculos: a participação 
de músculos que não atuam na mastigação madura é considerada alteração 
mastigatória. Em geral, os músculos que atuam sem função para a mastigação são 
os músculos periorais (ou periorbiculares) e o músculo mentual, pois são músculos 
da expressão facial e, nos casos de alteração, atuam como compensação à flacidez 
do orbicular da boca e bucinador, auxiliando no vedamento labial e na manutenção 
do alimento na face oclusal dos dentes.
dtM - disfunção temporomandibular
A DTM (disfunção temporomandibular) é um conjunto de problemas que podem acometer a 
articulação temporomandibular ou os músculos que atuam na movimentação da mandíbula. É 
um desconforto ou disfunção musculoesqueletal no sistema mastigatório com qualquer uso da 
mandíbula. Os sintomas principais da DTM são, segundo Tenorio-Cabezas (1997), Anelli, (1997), 
Bianchini (2000), Bianchini (2004), Felício (2008), Stefani (2013):
 » dor funcional na mandíbula;
 » incoordenação dos movimentos da articulação temporomandibular (ATM);
 » restrição dos movimentos mandibulares;
 » cefaleia recorrente;
 » dores nos músculos mastigatórios;
 » ruídos articulares;
 » sintomas auditivos (zumbido, plenitude auricular, sensação de perda auditiva);
 » dificuldade na realização das funções que necessitam da ação mandibular.
A DTM é mais frequente em mulheres entre 20 e 29 anos e os principais sintomas que levam o 
indivíduo a procurar atendimento fonoaudiológico, fisioterápico ou odontológico são (BATAGLION; 
BATAGLION, 2009; FELÍCIO, 2009): 
 » dores ou sensibilidade nos músculos mastigatórios e ATM; 
 » dificuldade de abertura de cavidade oral; 
 » cansaço ou dor ao mastigar e falar; 
 » presença de ruídos na ATM; 
 » dores de cabeça, ouvido, pescoço ou nuca; 
47
CONCEITOS TEÓRICOS │ UNIDADE I
 » zumbido; 
 » sensação de plenitude auricular; e 
 » sensação de perda de audição.
A etiologia é multifatorial e pode ocorrer por alterações de oclusão, trauma, alterações emocionais, 
degeneração ou processos inflamatórios centrais, alterações periféricas, hábitos parafuncionais 
como bruxismo e outros hábitos orais deletérios ou alterações de postura corporal.
48
CAPÍtuLo 5
função de deglutição – normalidade 
e Patologias
Os problemas de deglutição são muito comuns, porém geram alterações visíveis 
no sistema estomatognático tão deletérias que precisam ser evitadas e tratadas 
precocemente pelo fonoaudiólogo. A deglutição atípica é mais rapidamente tratável. 
Já a deglutição adaptada requer da equipe multiprofissional competência para 
atuar conjuntamente para resolver o problema e adequar as alterações já instaladas. 
Já no caso da disfagia, que não é foco deste capítulo, requer especialização do 
fonoaudiólogo e conhecimentos específicos de patologias, exames e manobras 
específicas e seu aprimoramento deve ser buscado pelos profissionais que sintam 
talento para sua atuação, visto ser uma intervenção de alto risco.
Assista ao vídeo <http://www.youtube.com/watch?v=oMgbQ0s_cwk> sobre a 
deglutição normal e veja a postura os órgãos orais. Procure um vídeo para observar 
as diferenças entre este e a deglutição atípica e adaptada. Memorize-as para uma 
próximaavaliação.
deglutição - normalidade 
A função de deglutição se inicia na vida intrauterina e completa seu amadurecimento após a erupção 
dentária decídua. Apresenta desorganização na dentição mista e deve retornar ao padrão normal 
após a erupção completa dos dentes permanentes.
Ela dá continuidade à mastigação e é considerada madura, envolve a oclusão de todos os dentes, 
a língua na papila palatina, acima e atrás dos dentes incisivos superiores e mínimas contrações de 
lábios (orbicular da boca) e músculos faciais (especialmente musculatura periorbicular e mentual).
Apesar de ser um processo contínuo, é dividido didaticamente nas fases antecipatória, oral, faríngea 
e esofágica ou esofagogástrica (FURKIM; MATTANA, 2005; MARCHESAN; JUNQUEIRA, 2009; 
MADUREIRA; SILVA, 2013).
 » A fase antecipatória acontece de forma voluntária e é denominada cognitiva, 
anteriormente ao ato de deglutição, pois prepara e organiza o alimento que será 
deglutido. Esta fase compreende a escolha do alimento, posicionamento para 
alimentação, a administração do alimento e o ambiente da refeição.
 » A fase oral se refere ao processo de preparo do bolo alimentar de acordo com o 
volume, consistência, densidade, grau de umidificação, entre outros aspectos. Após 
este preparo, o bolo alimentar, coeso, deve ser posicionado no centro da língua 
e sofrerá ação de diversos músculos para que ocorra a ejeção direcionada deste 
bolo para a região posterior da cavidade oral, na faringe, em direção ao esôfago e 
49
CONCEITOS TEÓRICOS │ UNIDADE I
estômago. Esta fase é voluntária até que o reflexo de deglutição seja iniciado; depois 
se torna involuntária.
 » A fase faríngea é iniciada na fase involuntária da deglutição, com o reflexo iniciado. 
Ocorre direcionamento do bolo alimentar para a faringe por meio da pressão 
oral realizada com o vedamento labial, fechamento do esfíncter velofaríngeo e 
posteriorização da língua. Nesse momento ocorre uma pausa respiratória caracterizada 
pelo fechamento das pregas vocais e epiglote, com objetivo de proteger as vias aéreas 
de penetração ou aspiração de partículas de alimento. O bolo alimentar é direcionado, 
então, da orofaringe para a laringofaringe e, finalmente, para o esôfago.
 » A fase esofágica é iniciada quando o bolo alimentar é transferido da faringe para 
o esôfago e, por meio de movimentos peristálticos e força da gravidade, chega 
ao estômago. Nesse momento há fechamento do esfíncter esofágico superior e 
contração do músculo cricofaríngeo, que atua como mecanismo antirrefluxo. 
deglutição - patologias
As alterações de deglutição são descritas por Marchesan (1998) e Cattoni (2005). Nesta seção 
a disfagia não será abordada, pois é uma alteração de deglutição específica e que requer estudo 
específico de uma especialidade que exige experiência, estudos e cuidados especiais por parte do 
fonoaudiólogo, por isso é estudado na especialização em disfagia.
As alterações mais comuns de deglutição podem ser citadas como (CATTONI, 2005):
1. Deglutição com interposição de língua. 
2. Participação exagerada da musculatura periorbicular. 
3. Ausência de contração do masseter.
4. Movimentos compensatórios de cabeça.
5. Contração dos músculos mentual e interposição do lábio inferior.
6. Presença de ruídos.
7. Presença de resíduos alimentares após deglutição.
deglutição atípica ou adaptada?
A deglutição é um ato reflexo, iniciado na vida intrauterina e é modificada após a erupção dentária, 
momento em que adquire a forma madura ou normal, se a oclusão estiver equilibrada (WIDMAN et 
al., 1964; PETRELLI, 1994; KALIL, 1999; RIBEIRO, 2000; BERKOVITZ et al., 2004; MARCOMINI 
et al., 2010).
A alteração da deglutição é denominada deglutição atípica, ou seja, que ocorre de forma inadequada, 
de acordo com o padrão típico esperado, e pode apresentar como características: interposição de 
50
UNIDADE I │ CONCEITOS TEÓRICOS
língua entre as arcadas dentárias, participação excessiva da musculatura periorbicular, ausência 
ou redução da ação de masseteres, contração do músculo mentual, interposição de lábio inferior, 
movimentos de cabeça associados à deglutição ou presença de ruídos ao deglutir (CATTONI, 2004).
Na deglutição atípica, a principal característica é a pressão exercida da ponta da língua contra os 
incisivos, pré-molares e até molares durante o ato de deglutir, fato que pode ocasionar alterações no 
posicionamento dos dentes, como a mordida aberta anterior ou lateral. Além disso, há indicação de 
ausência ou reduzida contração de masseteres e de oclusão dentária, interposição lingual e labial, 
pressões excessivas da língua sobre as arcadas dentárias, intensa participação da musculatura 
perioral durante repouso e deglutição, bem como a presença de desvios da fonação (MARCHESAN; 
JUNQUEIRA, 2009). 
O fato de ocorrer redução da pressão intraoral e da sucção pode fazer com que o leite armazenado na 
cavidade oral escorra pelas laterais da língua (já que os movimentos peristálticos ocorrerão apenas 
no dorso) e possibilidade de engasgos, além da deglutição anormal (WOOLRIDGE; DREWETT, 
1986; PETRELLI et al., 1994; CARMINATTI, 2000; RIBEIRO, 2000; CARVALHO, 2003).
A questão levantada sobre a denominação de deglutição atípica ou adaptada surge da identificação 
da possibilidade de se tornar a deglutição típica, ou seja, dentro dos padrões de normalidade, ou 
não. A denominação de distúrbio miofuncional orofacial é adequada e, com a realização da avaliação 
fonoaudiológica completa para compreender as reais causas da “atipia” da deglutição. 
O termo “deglutição atípica” está mais relacionado às alterações funcionais (movimentos 
inadequados de língua e outras estruturas que participam da função) sem que haja alterações 
estruturais mecânicas. Se a deglutição for realmente atípica, somente a terapia fonoaudiológica 
resolverá o problema, retornando a deglutição à forma típica.
Ao contrário, a “deglutição adaptada” se refere às alterações mecânicas que impedem que o indivíduo 
realize a deglutição de forma correta e, nesse caso, há necessidade de tratamento anterior das causas 
da adaptação (alterações oclusais, por exemplo).
Para Marchesan e Junqueira (2009), não importa o termo utilizado, mas a atenção que o 
fonoaudiólogo deve prestar às causas da alteração de deglutição e a como eliminará tais causas.
51
CAPÍtuLo 6
função de Expressão facial – 
normalidade e Patologias
Os seres humanos utilizam a expressão facial como forma de comunicação, assim 
como a expressão corporal e a fala, o que não é comum no reino animal. Quando 
uma dessas formas de expressão falha, como no caso da ocorrência de uma paralisia 
facial ou um acidente vascular encefálico, a comunicação fica comprometida em 
maior ou menor grau. As pessoas sentem dificuldade para compreender apenas 
a fala e percebem que as expressões não correspondem ao que se diz, por isso 
a reabilitação é importante. Falamos com o olhar, com o sorriso, com a forma de 
sentar, de movimentar as mãos, com os gestos.
O profissional que geralmente tem interesse pelas questões de expressão facial 
pode apresentar também envolvimento por uma recente especialidade da 
Fonoaudiologia: a Estética Facial. Existem alguns cursos de capacitação muito 
interessantes que abordam a temática de forma teórica e prática na área de 
Motricidade Orofacial com vistas a capacitar o fonoaudiólogo a favorecer o 
rejuvenescimento da face por meio de exercícios miofuncionais e aprimoramento 
das funções orais. Destacam-se o Método MZ (Magda Zorzela), os cursos da 
Fonoaudióloga Patrícia Faro e outros que podem ser encontrados na internet, bem 
como as diversas literaturas publicadas.
Expressão facial - normalidade 
A expressão facial é de extrema importância para o ser humano, pois também consiste em uma 
forma de comunicação. As expressões comunicam sentimentos, expressões aprendidas socialmente, 
desejos e a autoestima do indivíduo. Para que elas ocorram, é necessário que os músculos faciais 
estejam com seu funcionamentonormal e o nervo facial (sétimo par encefálico) intacto para levar 
os impulsos nervosos e comandar a contração muscular.
Para Lazarini e Fouquet (2006), o nervo facial emerge da base do crânio, passa pelo conduto auditivo 
interno do osso temporal com o nervo acústico-vestibular (oitavo par encefálico), passa por dentro da 
glândula parótida e percorre o caminho em direção à face até os músculos da expressão facial. Além de 
ser responsável pela mímica facial em sua porção motora, também comanda a secreção das glândulas 
salivares e lacrimais (com exceção da glândula parótida) e a sensibilidade do palato mole e dos dois 
terços anteriores da língua em sua porção sensitiva.
O trajeto do nervo facial é dividido didaticamente em segmentos: supranuclear, nuclear, infranuclear: 
pontino, meatal, labiríntico ou intrapetroso, timpânico, mastóideo e extratemporal.
52
UNIDADE I │ CONCEITOS TEÓRICOS
Figura 49.
Fonte: laZaRINI, P.R.; FOuquET, m. l. Paralisia facial: avaliação, tratamento e reabilitação. São Paulo: lovise, 2006.
 » O segmento supranuclear está localizado no giro pré-central do lobo frontal e é 
o local do córtex motor em que os impulsos elétricos têm sua origem. Tais impulsos 
serão transmitidos pelo nervo facial até os músculos para que ocorra a contração 
muscular. 
Este segmento inerva a porção superior da face (músculos frontal, corrugador do 
supercílio e orbicular dos olhos) cujos músculos são inervados pelos dois hemisférios 
cerebrais e a porção inferior da face (músculos orbicular da boca, bucinador e 
platisma) cujos músculos são inervados pelos dois hemisférios cerebrais, porém as 
fibras findas do hemisfério ipsilateral são menos importantes.
Deste modo, se houver lesão cerebral no giro pré-central do lobo frontal do lado 
esquerdo do cérebro, a paralisia facial será de origem central com dificuldades de 
contração muscular à direita nos terços médio e inferior da face (as fibras ipsilaterais 
do terço superior mantêm os músculos do terço superior com contração).
 » O segmento nuclear está localizado no tronco cerebral e é o local de cruzamento 
das fibras do núcleo facial. Este é o núcleo mais desenvolvido entre os núcleos 
motores do tronco cerebral, pois desempenha a movimentação dos músculos faciais 
com grande complexidade, precisão e delicadeza.
53
CONCEITOS TEÓRICOS │ UNIDADE I
Caso haja lesão no segmento nuclear no nervo facial, pode-se classificar a paralisia 
facial como central se ocorrer antes do cruzamento das fibras e periférica se ocorrer 
após o cruzamento das fibras.
 » O segmento infranuclear surge na porção ventrolateral do sulco bulbopontino 
e segue o trajeto até a face pelos segmentos pontino, meatal, labiríntico, timpânico, 
mastoideo e extratemporal.
 » O segmento extratemporal, último segmento do trajeto infranuclear, inicia-se 
no forame estilomastoideo, quando o nervo facial penetra na glândula parótida e 
segue em direção à musculatura da face. Nesse segmento, quando o nervo atravessa 
a parótida, ele subdivide-se em cinco ramos e comandam a contração muscular de 
determinadas regiões da face, são eles:
 › Temporal: terço superior da face.
 › Zigomático: terço médio da face.
 › Bucal: terço médio da face.
 › Mandibular: terço inferior da face.
 › Cervical: região cervical.
Figura 50.
Fonte: Internet – google imagens
Deste modo, se houver lesão no nervo facial após a passagem pela glândula parótida, a lesão será 
periférica e atingirá um dos cinco ramos, de modo que o ramo lesionado levará a paralisia de 
determinados músculos responsáveis pela expressão facial de determinada região da face. Por 
exemplo, se houver lesão do ramo bucal do nervo facial, o indivíduo apresentará paralisia do terço 
inferior da face, especialmente do orbicular da boca, elevador e abaixador dos lábios e ângulos, 
risório, bucinador, etc.
54
UNIDADE I │ CONCEITOS TEÓRICOS
As expressões faciais
Para relembrar a musculatura da expressão facial ou mímica facial, leia a seção 
Músculos da cabeça e pescoço – músculos faciais e leia FOUQUET, M. L.; PIRES, C. A.; 
BERTELLI, A. A. T.; GONÇALVES, A. J. Anatomia da musculatura da mímica facial. In: 
LAZARINI, P. R.; FOUQUET, M. L. Paralisia facial: avaliação, tratamento e reabilitação. 
São Paulo: Lovise, 2006. cap. 2.
Expressão facial - patologias
Paralisia facial
Segundo Lazarini e Fouquet (2006), Lazarini, Costa e Camargo (2006) e Fouquet e Lazarini (2013), a 
paralisia facial ocorre em decorrência de qualquer comprometimento do nervo facial, que é responsável 
pela contração dos músculos da mímica facial. O comprometimento do nervo pode ser decorrente 
desde uma inflamação até o rompimento total das fibras desse nervo e, de acordo com o tipo de 
interrupção (total ou parcial) poderá ocorrer apenas redução da contração muscular até paralisia total 
dos movimentos faciais. A paresia (redução da contração) ou paralisia (ausência de contração) pode ser 
uni ou bilateral e pode atingir toda a face ou apenas alguns segmentos, dependendo do local da lesão.
Como já foi descrito, o nervo facial possui uma porção motora e uma porção sensitiva, por isso, 
no caso de lesão do nervo facial pode ocorrer, além de alterações de contração dos músculos da 
expressão, alterações de salivação, lacrimejamento, gustação e sensibilidade do palato mole e dos 
dois terços anteriores da língua, assim como sensibilidade facial e contração do músculo estapédio 
(sensibilidade a sons intensos).
A paralisia facial pode ser de aparecimento súbito ou lento, com sintomas como dormência, fraqueza, 
sensação de pressão ou inchaço e pode ser caracterizada como periférica ou central, de acordo com 
o local da lesão do nervo facial.
Várias são as possíveis causas da paralisia facial, dentre elas estão (LAZARINI; FOUQUET, 2006):
 » trauma na região da cabeça ou face;
 » tumores benignos (neurinoma do acústico);
 » tumores malignos (câncer de parótida);
 » infecção (paralisia de Bell, herpes);
 » paralisia facial congênita;
 » viral – recuperação espontânea;
 » congênitas: sequência de Moëbius, Síndrome de Poland, Complexo de Charge, 
Síndrome da Distrofia Miotônica de Steinert, Distúrbio Charcot-Marie-Tooth, 
microssomia facial hemifacial – síndrome de Goldenhar, paralisia do ramo 
mandibular do nervo facial, agenesia congênita da musculatura facial.
55
CONCEITOS TEÓRICOS │ UNIDADE I
A paralisia facial periférica é a mais comum e a paralisia de Bell, ou idiopática, corresponde a 
55 a 80% dos casos de paralisias periféricas, seguida de traumas, infecções e paralisias congênitas 
(genéticas).
Figura 51.
Fonte: Internet – google imagens
A paralisia facial central ocorre por lesão exclusivamente na via motora do nervo facial, que 
pode ser uni ou bilateral e acomete a região inferior da face. Esse tipo de paralisia facial leva a 
maiores dificuldades de deglutição de líquidos, com escape pelas comissuras labiais, dificuldades de 
mastigação, discreta disartria e problemas na realização de sopro e assobio.
Figura 52.
Fonte: Internet – google imagens
56
CAPÍtuLo 7
Pacientes queimados
Independentemente do tipo e da profundidade de uma queimadura, ela sempre 
trará problemas emocionais, de autoestima e de comunicação quando atingirem a 
face e o pescoço do indivíduo. O processo de cicatrização pode ser doloroso e trazer 
sofrimento e expectativas ao paciente, de que sua vida pode voltar à normalidade, 
por isso ele deve colocar sobre o fonoaudiólogo uma grande carga de expectativa 
de volta às funções o mais normal e rapidamente possível. O profissional deve 
ser preparado para lidar com tal demanda e também para lidar com as questões 
das funções estomatognáticas com cuidado, conhecimento e percepção real do 
prognóstico de cada caso.
Existem poucos cursos disponíveis ou estágios para o profissional que deseje se 
aprofundar na área de pacientes queimados. Procure se informar nas proximidades 
de sua residência sobre algum estágio ou curso na área.
Pacientes queimados
A atuação fonoaudiológica

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