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A CÉLULA BACTERIANA: IDENTIFICAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO - As bactérias possuem três formas básicas: 1. Cocos - São geralmente redondos, mas podem ser achatados, ovais ou alongados. - Quando os cocos se dividem para se reproduzir, as células podem permanecer ligadas umas às outras. - São eles: ▪ Diplococos: permanecem aos pares após a divisão. ▪ Estreptococos: após a divisão permanecem ligados uns aos outros em forma de cadeia. ▪ Tétrades: se dividem em dois planos e permanecem em grupos de quatro. ▪ Sarcinas: se dividem em três planos e permanecem unidos em forma de cubo, com oito bactérias. ▪ Estafilococos: se dividem em múltiplos planos e formam grupamentos tipo cacho de uva ou lâminas amplas. 2. Bacilos - Se apresentam em sua maioria em forma de bastonetes simples. - Se dividem somente ao longo de seu eixo curto. - Suas células possuem a forma de cadeias longas e curvadas. - São eles: ▪ Diplobacilos: se apresentam em pares após a divisão. ▪ Estreptobacilos: ocorrem em cadeias. 3. Espirais - Possuem uma ou mais curvaturas; elas nunca são retas. - São elas: ▪ Vibriões: se assemelham a bastões curvos. ▪ Espirilos: possuem forma helicoidal e um corpo rígido. Movem-se através de um apêndice semelhante a um flagelo. ▪ Espiroqueta: possuem forma helicoidal, mas são flexíveis. Movem-se por meio de filamentos axiais contidos dentro de uma bainha externa flexível. ❖ Componentes e estrutura - Algumas estruturas contribuem para a virulência bacteriana, possuem um papel na sua identificação e/ou são alvos de agentes antimicrobianos. A. Cápsula - Importantes para a contribuição da virulência bacteriana (medida do grau com que o patógeno causa a doença). - Protegem as bactérias patogênicas da fagocitose pelas células do hospedeiro. B. Flagelos - São longos apêndices filamentosos que propele as bactérias. - São capazes de vários padrões de mobilidade, na qual é importante, pois permite a bactéria de se mover em direção a um ambiente favorável ou para longe de um ambiente adverso. C. Fímbrias - Podem ocorrer nos pólos das células bacterianas ou podem estar homogeneamente distribuídas em toda superfície da célula. - Tem uma tendência de se aderir umas às outras e as superfícies. Como resultado, estão envolvidas na formação de biofilmes e outros agregados na superfície de líquidos, vidros e pedras. D. Pili - São mais longos que as fímbrias, e há apenas um ou dois por célula. - Estão envolvidos na mobilidade celular e na transferência de DNA. - Alguns pilis são utilizados para agregar bactérias e facilitar a transferência de DNA entre elas, um processo conhecido como conjugação. Estes pilis são denominados pili de conjugação. Neste processo, o pilus de conjugação de uma bactéria chamada de célula F conecta-se ao receptor na superfície de outra bactéria de sua própria espécie ou de espécies diferentes. Ambas fazem contato físico, e o DNA da célula F é transferido para a outra célula. O DNA compartilhado pode adicionar uma nova função à célula receptora, como resistência a um antibiótico ou a habilidade de degradar o seu meio com mais eficiência. E. Parede celular - É uma estrutura complexa, semirrígida e responsável pela forma da célula. Ela circunda a frágil membrana plasmática, protegendo-a e ao interior da célula das alterações adversas no ambiente externo. - Funções: prevenir a ruptura das células bacterianas quando a pressão da água dentro da mesma for maior que fora dela; ajuda a manter a forma de uma bactéria; serve como ponto de ancoragem para os flagelos. - Contribui para a capacidade de algumas espécies causarem doenças e também ser o local de ação de alguns antibióticos. Além disso, a composição química da parede celular é usada para diferenciar os principais tipos de bactérias. - Composta por uma rede macromolecular denominada peptideoglicana, que está presente isoladamente ou em combinação com outras substâncias. *Peptideoglicana: consiste em um dissacarídeo repetitivo ligado por polipeptídeos para formar uma rede que circunda e protege toda a célula. A porção dissacarídica é composta de monossacarídeos denominados N-acetilglicosamina (NAG) e ácido N-acetilmurâmico (NAM), que estão relacionados à glicose. Moléculas alternadas de NAG e NAM são ligadas em filas de 10 a 65 açúcares para formar o esqueleto de carboidratos. - Pode sofrer danos, como: exposição da enzima lisozima, na qual a mesma catalisa a hidrólise das pontes entre os açúcares nos dissacarídeos repetitivos no esqueleto de peptideoglicana. Assim a parede celular gram-positivas é quase completamente destruída. Certos antibióticos como a penicilina destroem as bactérias interferindo com a formação das ligações cruzadas peptídicas da peptideoglicana, impedindo, assim, a formação de uma parede celular funcional. A maioria das bactérias gram-negativas não é tão sensível à penicilina quanto as gram-positivas, pois a membrana externa da primeira forma uma barreira que inibe a entrada dessa e de outras substâncias e também, possuem ligações cruzadas peptídicas. Contudo as bactérias gram-negativas são bastante suscetíveis a alguns antibióticos betalactâmicos, que penetram melhor na membrana externa que a penicilina. Parede celular de gram-positivas - Na maioria das bactérias gram-positivas, a parede celular consiste em muitas camadas de peptideoglicana, formando uma estrutura espessa e rígida. - A parede celular destas bactérias, contêm ácidos teicóicos (álcool+fosfato). Existem duas classes de ácidos teicoicos: ácido lipoteicóico, que atravessa a camada peptideoglicana e está ligado a membrana plasmática, e ácido teicoico da parede, que está ligado a camada de peptideoglicana. - Devido à carga negativa do ácido teicóico (devido ao fosfato), os mesmos podem se ligar e regular o movimento de cátions para dentro e para fora da célula. Além disso, podem assumir um papel no crescimento celular impedindo a ruptura extensa da parede é possível lise celular. Por fim, os ácidos teicoicos fornecem boa parte da especificidade antigênica da parede e, portanto, tornam possível identificar bactérias gram-positivas utilizando determinados testes laboratoriais. - A parede celular de estreptococos gram-positivos é recoberta com vários polissacarídeos que permitem que eles sejam agrupados em tipos clinicamente significativos. Parede celular de gram-negativas - As paredes celulares das bactérias gram-negativas consistem em uma ou poucas camadas de peptideoglicana e uma membrana externa. A peptideoglicana está ligada a lipoproteínas na membrana externa e está no periplasma. A parede celular destas bactérias está mais suscetível ao rompimento mecânico. - Não contém ácidos teicóicos na parede celular. - A membrana externa: ✔ Consiste em: lipopolissacarídeos (LPS), lipoproteínas e fosfolipídeos. ✔ Ela apresenta diversas funções especializadas, sendo uma delas a de barreira para certos antibióticos (ex: penicilina). ✔ Apresenta uma permeabilidade em virtude da presença de proteínas na membrana, que são as porinas. Estas formam canais que permitem a passagem de moléculas como nucleotídeos, dissacarídeos, peptídeos, aminoácidos, vitamina B e ferro. ✔ O lipopolissacarídeos (LPS) da membrana externa é uma molécula grande e complexa que contém lipídios e carboidratos e que consiste em três componentes: ▪ Lipídeo A: é a porção lipídica do LPS e está embebida na parede superior da membrana externa. Quando as bactérias gram-negativas morrem, elas liberam lipídeo A, que funciona como uma endotoxina. O lipídeo A é responsável pelos sintomas associados a bactérias gram-negativas, como febre, choque, formação de coágulos sanguíneos e dilatação de vasos venosos. ▪ Cerne polissacarídico: ligado ao lipídeo A e contém açúcares incomuns. Fornece estabilidade. ▪ Polissacarídeo O: estende-se para fora de cerne polissacarídico e é composto por moléculas de açúcar. Funciona como um antígeno, sendo útil para diferenciar espécies de bactérias gram-negativas. ❖ Coloração de gram - É um dos procedimentos de coloração mais úteis, pois classifica as bactériasem dois grandes grupos: gram-positivas e gram-negativas. - Neste procedimento: I. Um esfregaço fixado pelo calor é recoberto com um corante básico púrpura, geralmente o cristal violeta. Uma vez que a coloração púrpura impregna todas as células, ela é denominada coloração primária. II. Após um curto período de tempo, o corante púrpura é lavado e o esfregaço é recoberto com iodo, um mordente. Quando o iodo é lavado, ambas as bactérias gram-positivas e gram-negativas aparecem em cor violeta escuro ou púrpura. III. A seguir, a lâmina e lavar com álcool ou uma solução de álcool-cetona. Essa solução é um agente descolorante, que remove o púrpura das células de algumas espécies, mas não de outras. IV. O álcool é lavado, e a lâmina é então corada com safranina, um corante básico vermelho. O esfregaço é lavado novamente, seco com papel e examinado microscópicamente. - O corante púrpura e o iodo se combinam no citoplasma de cada bactéria, corando-a de violeta escuro ou púrpura. As bactérias que retêm essa cor após a tentativa de descobri-las com álcool, são denominadas gram-positivas; as bactérias que perdem a cor violeta escuro ou púrpura após a descoloração são classificadas como gram-negativas. Como as bactérias gram-negativas são incolores, após a lavagem com álcool, elas não são mais visíveis. É por isso que o corante básico safranina é aplicado; ele cora as bactérias gram-negativas de rosa. Os corantes como a safranina, que possuem uma cor em contraste com a coloração primária, são denominados contra corantes. Como as gram-positivas retêm a cor púrpura original, não são afetadas pelo contracorante safranina. - Os diferentes tipos de bactérias reagem de modo diferente a coloração de Gram, pois diferenças estruturais em suas paredes celulares afetam a retenção ou a liberação de uma combinação de cristal violeta e iodo, denominada complexo cristal-violeta-iodo (CV-I). - A reação de Gram de uma bactéria pode fornecer informações valiosas para o tratamento de doenças. As bactérias gram-positivas tendem a ser mortas facilmente por penicilinas. As bactérias gram-negativas são mais resistentes porque os antibióticos não podem penetrar a camada de lipopolissacarídeos. Parte da resistência a estes antibióticos entre ambas as bactérias gram-positivas e negativas é devida a inativação bacteriana dos antibióticos. ❖ Fontes de energia - Todos os organismos, incluindo os microrganismos, podem ser classificados metabolicamente de acordo com seus padrões nutricionais- sua fonte de energia e sua fonte de carbono. - A produção de energia se dá pelas reações de oxidação-redução de moléculas orgânicas que inclui os seguintes processos: respiração aeróbica, respiração anaeróbica e fermentação.
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