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CIRURGIAS MINIMAMENTE INVASIVAS

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INTRODUÇÃO 
• Alguns anos depois de começar a ser feita nos Estados Unidos, no final da década de 1980, a videolaparoscopia, cirurgia reali zada com a ajuda de câmeras que 
são introduzidas na cavidade pélvica e abdominal por meio de pequenas in. cisões, chegou ao Brasil. Os primeiros procedimento s para remoção de cistos de ovário, 
útero e vesícula maravilharam as equipes médicas, pois as incisões feitas no paciente eram mínimas em relação aos procediment os convencionais. Era o início de 
uma revolução na área da saúde, a da cirurgia minimamente invasiva. Em pouco mais de duas décadas, o avanço das tecnologias l evou esse conceito a quase 
todas as especialidades. Para algumas pessoas, a vantagem mais visível dessa técnica talvez seja a estética, pois as cicatrizes são muito menores, mas esse não é 
o ganho mais relevante. Citaremos as vantagens e as desvantagens dessa técnica no decorrer do capítulo
DEFINIÇÃO 
• A cirurgia minimamente invasiva, como o nome indica, é todo um conjunto de procedimentos que tentam minimizar a agressão físi ca do procedimento cirúrgico ao 
corpo humano, porém obtendo os mesmos resultados terapêuticos que são conseguidos com a cirurgia convencional. O conceito é b astante abrangente e para além 
da cirurgia propriamente dita, pois é aplicável a todas as especialidades que passaram a usar abordagens terapêuticas que ten tam reduzir ao máximo o trauma 
cirúrgico. 
• Assim, as cirurgias minimamente invasivas, ou de mínimo acesso, são aquelas realizadas por meio de pequenas incisões, geralme nte na cavidade abdominal ou no 
tórax. 
• Na maior parte dos casos, são realizadas entre três e cinco incisões, que variam de 2 a 4 cm, de acordo com o procedimento a ser feito
• O princípio básico da cirurgia laparoscópica é a criação de um espaço de trabalho dentro ou fora da cavidade peritoneal, util izando um gás (geralmente dióxido de 
carbono -CO) para produzir o pneumoperitônio. Dessa maneira, um espaço que fisiologicamente é virtual, torna -se real, fazendo com que seja possível a 
visualização e a realização do procedimento. 
• As cirurgias videolaparoscópicas são consideradas o principal avanço técnico-cirúrgico do século XX. 
HISTÓRICO 
• A endoscopia, ou exame de órgãos ocos por meio de um endoscópio, é utilizada há séculos. O primeiro uso de luz refletida para inspeção do colo do útero ocorreu 
por um médico árabe, chamado Abul-Qasim (936-1013 d.C.). 
• Em 1910, Jacobaeus, um médico sueco, relatou o uso de um cistoscópio para examinar a cavidade peritoneal. Nessa ocasião, foi percebida apenas a capacidade 
diagnóstica, pois ainda não havia sido descoberto o pneumoperitônio.
• Em 1938, János Veress, um médico húngaro, criou uma agulha e introduziu nela um sistema cuja ponta romba avança automaticamen te quando atinge a cavidade 
abdominal. A agulha de Veress ainda é a mais utilizada, por oferecer segurança ao cliente e ao cirurgião, uma vez que diminui o risco de perfuração acidental de 
órgãos e estruturas internas.
• Após 1964, foi desenvolvido um dispositivo de insuflação automático pelo cirurgião alemão Kurt Semm. Em 1966, o fisico Hopkin s desenvolveu o sistema de haste 
lente, que melhorou o brilho e a nitidez da imagem e também passou a uti lizar fontes luminosas de fibra óptica (luz fria), q ue reduziram o risco de queimaduras 
viscerais. 
• No entanto, foi apenas em 1982 que Kurt Semn realizou a primeira apendicectomia laparoscópica e começou a ensinar sua técnica nos Estados Unidos e na 
Europa. Em 1987, Philippe Mouret realizou em Lyon, na França, a primeira colecistectomia por via laparoscópica, chamando a at enção da comunidade cirúrgica 
internacional para uma nova concepção de abordagem operatória.
• No Brasil, as cirurgias videolaparoscópicas tiveram impulso a partir de 1990, com os procedimentos realizados em São Paulo po r Thomas Szegó, em Minas Gerais 
por Célio Nogueira, em Goiás por Aureo Ludovico de Paula e no Rio de Janeiro por Osmar Creuz. Após estes, muitos outros cirur giões brasileiros passaram a 
operar pela via laparoscópica, bem como a desenvolver e aprimorar cada vez mais suas técnicas
VANTAGENS E DESVANTAGENS DAS CIRURGIAS MINIMAMENTE INVASIVAS 
• A cirurgia minimamente invasiva tem como objetivo a máxima preservação da anatomia com a mínima agressão ao organismo. Na cir urgia laparoscópica, o cirurgião 
e seus assistentes não introduzem as mãos nas regiões, órgãos ou segmentos operados. Todo o procedimento é realizado com recu rso de instrumentos cirúrgicos 
finos e delicados, evitando-se, assim, a manipulação grosseira das estruturas anatômicas e reduzindo a agressividade e o traumatismo internos associados ao 
procedimento. Na cirurgia tradicional, ocorre uma exposição do segmento ou da cavidade natural, uma vez que os órgãos e as es truturas são operados ao ar e ao 
ambiente extracorpóreo. Essa exposição se prolonga durante toda a intervenção cirúrgica, e está associada a um aumento expone ncial do risco de infecções e de 
desequilíbrio hidroeletrolítico, que contribui para enfraquecer a resposta imunológica. Evitando essa situação, a cirurgia mi nimamente invasiva reduz o risco de 
infecção, previne os desequilíbrios hidroeletrolíticos e reforça a resposta imunológica. 
• A Tabela 1 traz um comparativo das vantagens da cirurgia minimamente invasiva em relação à cirurgia convencional, ou "aberta" , ou realizada a céu aberto"
APLICABILIDADE DAS CIRURGIAS MINIMAMENTE INVASIVAS POR ESPECIALIDADES 
• Atualmente, as cirurgias minimamente invasivas são realizadas por praticamente todas as especialidades da área da saúde, tant o para diagnóstico como para 
tratamento de afecções que requerem intervenções operatórias. 
• Deve-se considerar que, com o crescente avanço tecnológico no setor de diagnósticos por imagem, realizados por meio de procediment os não invasivos, como 
ultrassonografia, tomografia computadorizada, e PET scan ou PET/CT (Positron Emission Tomography, em inglês, ou Tomografia po r Emissão de Pósitrons, em 
português), os procedimentos invasivos estão sendo muito mais utilizados para tratamento e menos para diagnóstico. 
• A seguir, a Tabela 2 destaca algumas especialidades cirúrgicas, com os devidos procedimentos realizados por videolaparoscopia
CIRURGIAS MINIMAMENTE INVASIVAS
quarta-feira, 26 de maio de 2021 10:31
 Página 1 de PERIOPERATÓRIO 
• Considera-se a cirurgia robótica, um recurso tecnológico de ponta, como uma desativação da cirurgia minimamente invasiva, que vem cresc endo no mundo todo e 
inclusive no Brasil, onde já há hospitais particulares e alguns públicos contando com essa nova técnica operatória. A cirurgi a robótica é discutida no capítulo 3 -
"Cirurgia robótica: aplicações e tendências".
EQUIPAMENTOS E MATERIAIS NECESSÁRIOS PARA A REALIZAÇÃO DE CIRURGIAS MINIMAMENTE INVASIVAS 
• A seguir, estão listados e descritos os principais materiais e equipamentos específicos que são necessários para a realização de cirurgias videolaparoscópicas.
Monitor de vídeo 
• Os monitores de vídeo de alta resolução representam a extremidade da cadeia em endoscopia, pois são as janelas de observação durante as cirurgias 
minimamente invasivas. Devem ser rigorosamente equivalentes à qualidade de resolução da câmera utilizada.
Câmera de vídeo
• A câmera de vídeo representa a interface óptico-eletrônica. Um cabo de câmera transfere a frequência de sinal para um processador de camera, que modifica o 
sinale, a seguir, transmite a imagem para um monitor de vídeo. A câmera é o componente mais importante do sistema de vídeo. A s opções variam de acordo com a 
tecnologia disponível, a especialidade e a preferência do cirurgião.
Optica/endoscópios 
• Os endoscópios são projetados para atender às necessidades do cirurgião e do procedimento. Constam, basicamente, de uma fonte de luz/fibra óptica, que 
transmite a imagem. Podem ser rígidos, semirrígidos ou flexíveis. Existem os específicos, utilizados em procedimentos diagnós ticos, e os usados nos procedi 
mentos cirúrgicos. Os diagnósticos são apenaspara observação e não possuem canais operatórios; o sistema é vedado em ambas a s extremidades. Os 
endoscópios operatórios são canalizados para irrigação, aspiração, inserção e conexão de instrumentos auxiliares.
Fonte de luz/fibra óptica 
• A expressão "fonte de luz fria" significa que o calor não é transmitido por todo o es cópio e o tecido não é lesado. Entretan to, a equipe cirúrgica deve ser 
extremamente cuidadosa para manter as extremidades dos cabos de fibra óptica fora de contato com a pele do paciente e da equi pe e nem com qualquer material 
inflamável. 
Insuflador 
• Para visualizar estruturas abdominais e operar com segurança, é criado o pneumoperitônio. Para realizá -lo, é feita uma incisão paraumbilical e uma agulha de 
insuflação (agulha de Veress) é introduzida no abdome. A posição de Trendelenburg é selecionada para reduzir o risco de perfu ração visceral. Enquanto o cirurgião 
introduz a agulha, o abdome do paciente é levantado, segurando-se em uma prega de tecido de qualquer lado da cicatriz umbilical. É importante que o pa ciente 
seja orientado quanto à possibilidade de equimose por pinçamento no local onde o tecido abdominal é apreendido. A agulha pene tra com segurança no abdome se 
for posicionada em um ângulo de 45°. O posicionamento é confirmado por um retorno intestinal e sanguíneo negativo à aspiração e por instilação de solução salina 
(soro fisiológico - SF 99%) sem resistência. Esse procedimento é realizado às cegas", pois nenhum escópio pode ser introduzido até que tenha sido estabelecido o 
pneumoperitônio. Após confirmada a posição da agulha, a tubulação de insuflação é conectada e o processo é iniciado. 
• Recomenda-se a utilização de filtro bidirecional à tubulação de insuflação. O filtro proporciona proteção ao paciente contra contaminaç ão prejudicial do tanque de 
gás. 
Insuflação 
• É feita com dióxido de carbono (CO2), sendo iniciada com uma velocidade de fluxo lenta e que vai aumentando gradativamente, a té a velocidade alta de, no mínimo, 
9 L/min, em condições ideais. A velocidade de fluxo refere-se apenas à velocidade com que pode ser atingida uma pressão intra-abdominal (PIA) predeterminada. 
• A PIA é o parâmetro real que deve ser rigorosamente monitorado e mantida entre 14 e 16 mmHg. A pressurização excessiva pode s er extremamente prejudicial 
para o paciente e deve ser evitada, pois pode causar hipercarbia, por causa da difusão de CO2, para o sangue. 
• Sendo assim, a monitoração de CO2, corrente final torna-se um parâmetro crítico de avaliação para detectar aumento de absorção desse gás. Também aumenta a 
pressão diafragmática, que pode resultar em regurgitação gástrica e aspiração do conteúdo gástrico. Pode reduzir o espaço int ratorácico, resultando em diminuição 
do esforço respiratório e do débito cardíaco. 
• Outro cuidado necessário é relacionado à dor reflexa. O nervo frênico inerva o diafragma, sendo responsável por alguma ativid ade motora associada à respiração. O 
CO2, irrita esse nervo, podendo causar dor pós-operatória no ombro e no pescoço. É importante que a equipe de enfermagem perioperatória lembre o cirurgião para 
pressionar o abdome do paciente para liberar o máximo de gás CO2 residual possível antes de remover o último trocanter. 
Sistema de gravação 
• O aparelho de DVD é usado quando é necessário documentar a imagem do procedimento. Geralmente, são feitas duas cópias, sendo uma arquivada no prontuário 
e outra entregue ao paciente. 
Impressora de vídeo 
• É um dispositivo de gravação que permite arquivar o procedimento cirúrgico ou partes selecionadas. São realizadas fotos e est as são impressas em papel especial e 
disponibilizadas para arquivo no prontuário do paciente, ou podem ser consultadas sempre que necessário via prontuário eletrô nico. 
Sistema de irrigação 
• A irrigação é essencial durante a maioria dos procedimentos endoscópicos. É realizada por meio de canais de irrigação embutid os nos endoscópios ou por sistemas 
de irrigação introduzidos por meio de uma abertura de operação, cânula ou endoscópio operatório. As bombas estão disponíveis quando são utilizadas grandes 
quantidades de líquido e são usadas para aquadissecção. 
 Página 2 de PERIOPERATÓRIO 
quantidades de líquido e são usadas para aquadissecção. 
Sistema de radiologia intervencionista 
• Este sistema está disponível em sala cirúrgica específica para abordagem dos pro cedimentos minimamente invasivos pela técnic a endovascular. Trata-se de uma 
sala de hemodinâmica em ambiente cirúrgico, que traz segurança à equipe cirúrgica e multidisciplinar, caso ocorra necessidade de conversão da técnica do 
tratamento endovascular (TEV) para o tratamento aberto. 
Bomba injetora de contraste 
• Este equipamento é imprescindível para a realização dos procedimentos endo vasculares, pela necessidade de administração de c ontraste para a visualização 
radiológica dos vasos a serem abordados pela técnica endovascular. 
Mesa cirúrgica radiotransparente - fibra de carbono 
• É essencial para a realização dos procedimentos minimamente invasivos pela téc. nica do tratamento endovascular. Outros mater iais e instrumentos necessários às 
cirurgias minimamente invasivas: 
○ Trocartes e cânulas
○ Pinças e dissectores
○ Clipes endoscópicos
○ Grampeadores endoscópicos
○ Eletrocirurgia endoscópica
○ Materiais para sutura e ligadura laparoscópica.
➢ As figuras de 1 a 3 representam salas operatórias destinadas a procedimentos cirúrgicos minimamente invasivos 
CAPACITAÇÃO PROFISSIONAL 
• Toda a equipe cirúrgica necessita desenvolver treinamento específico para participar da cirurgia minimamente invasiva e deve se atualizar com frequência, em 
resposta à rápida evolução dos equipamentos e dispositivos. 
• Os procedimentos laparoscópicos têm seu campo operatório exposto em um monitor, portanto requerem uma adaptação visual, espac ial, psicomotora e técnica. A 
velocidade para esse aprendizado e adaptação é individual e não é facilmente extrapolada da cirurgia convencional. É necessár io voltar às bases do aprendizado 
cirúrgico, rever e reaprender a anatomia sob uma nova ótica, desenvolver habilidade técnica específica para este tipo de ciru rgia e treinar, treinar muito. 
Individualmente, parte desse treinamento pode ser desenvolvido fora das salas cirúrgicas, em sistemas que utilizem modelos an imais ou simuladores. Os objetivos 
de muitos modelos de treinamento são ajudar o cirurgião a adquirir habilidades laparoscópicas básicas, como coordenação entre mãos e olhos, percepção de 
profundidade e confecção de endonós e suturas. Essas etapas devem preceder a aquisição de habilidades relacionadas aos proced imentos operatórios. Caixas 
especialmente adaptadas para videotreinamento são bastante úteis para essa finalidade. Diversos modelos de caixa preta foram empregados desde o início da 
década de 1990 em cursos práticos de videocirurgias 
• O avanço na aquisição das habilidades técnicas, como dissecção, secção, controle vascular e síntese, requer modelos mais mode rnos. Um modelo ideal deveria 
prover o aprendizado necessário com baixo custo, ser facilmente disponível e ser similar anatômica e fisiologicamente a um pa ciente anestesiado. A potencialidade 
dos simuladores mecânicos ou de realidade virtual é enorme, embora não estejam facilmente disponíveis, mesmo em grandes centr os de assistência, ensino e 
pesquisa. Novos simuladores têm sido desenvolvidos para prover não só o desenvolvimento de habilidade psicomotora, como també m permitir o treina mento com 
orientação anatômica e tomada de decisões. 
• Outro grande passo é a introdução do conceito de "universidade virtual", que permitirá ao cirurgião atualizar seus conhecimen tos à distância pelo acesso a 
ilustrações especializadas e vídeos. Espera-se, com isso, reduzir a curva de aprendizagem e as complicações associadas 
• O bom desempenho das atividades práticas em videocirurgia requer muito estudo, preparo, atualização e treinamento. Individual mente, cada cirurgião terá a 
disponibilidadede aprender, treinar e se aperfeiçoar de maneiras diferentes. As sociedades e associações responsáveis, cabe criar e facilitar amplamente o acesso 
às diversas formas de treinamento básico e avançado. Mas mesmo os cirurgiões laparoscopistas habilidosos e devidamente treina dos devem ter em mente que 
bons resultados se constroem a partir de indicação adequada, de um bom preparo pré-operatório e da devida condução do paciente no pós-operatório. 
• Assim como os cirurgiões, toda a equipe cirúrgica, incluindo os anestesiologistas, os enfermeiros perioperatórios e os técnic os de enfermagem que atuam como 
circulantes de sala, têm de acompanhar e desenvolver competências nessa especialidade, visando a abranger atuações pertinente s às áreas de Centro de Material 
e Esterilização (CME), Centro Cirúrgico (CC) e Recuperação Anestésica (RA) e nas especialidades de pacientes graves e urgênci as e emergências 
• Reconhecer materiais e equipamentos específicos, preparar adequadamente o paciente no período pré -operatório, receber o cliente no CC, posicioná-lo com 
segurança, conhecer as técnicas pertinentes, prestar assistência na RA, enfim, prestar assistência com qualidade durante o pe ríodo perioperatório envolve ações de 
grande responsabilidade, para as quais a equipe de enfermagem deve estar adequadamente treinada e preparada. 
SEGURANÇA E MONITORAÇÃO DO PACIENTE 
• Apesar de toda a evolução da cirurgia minimamente invasiva, em termos tecnológicos e de treinamentos aos integrantes da equip e cirúrgica, é fundamental para a 
segurança do paciente um bom diagnóstico e um preparo adequado para a cirurgia. 
• É importante que o agendamento cirúrgico seja específico e completo, dotado de informações em sua totalidade, para que possa garantir a previsão e a provisão de 
insumos que atendam às necessidades de cada especialidade. Se houver uma percentagem mínima de chance de conversão da cirurgi a videolaparoscópica para a 
cirurgia convencional, a equipe do CC deve ser informada, a fim de disponibilizar os recursos materiais e humanos necessários aos dois tipos de intervenções. 
Salienta-se que, diante dessa possibilidade, tanto o paciente como seus familiares devem ser devidamente informados, ainda no pré -operatório. 
• Para garantir a segurança do paciente, logo após a sua internação, ocorre a avaliação inicial da enfermagem, seguida pela ava liação do anestesiologista e do 
cirurgião, definindo-se, assim, o tipo de anestesia a ser realizada". Na sequência, segue-se o preenchimento da documentação do protocolo da cirurgia segura, 
incluindo marcação e lateralidade, quando pertinente.
• Na admissão do paciente no CC, é realizado o checklist de entrada, com verificação da identificação do paciente e de toda a d ocumentação cirúrgica, 
adequadamente preenchida e assinada. Com o paciente na Sala Operatória (SO), realiza -se o timeout e depois se inicia o atendimento específico, de acordo com a 
determinada cirurgia minimamente invasiva, segundo sua especialidade. 
• A seguir, seguem alguns itens de monitoração básica e avançada, necessários à segurança do cliente submetido a um procediment o cirúrgico minimamente 
invasivo. 
 Página 3 de PERIOPERATÓRIO 
Monitoração básica 
• É constituída por: eletrocardiograma, oxímetro de pulso, pressão arterial não invasiva, capnografia e controle da temperatura . Tal monitoração é usada também em 
cirurgias de quaisquer especialidades e nas cirurgias convencionais.
Monitoração avançada 
• Em procedimentos mais complexos, como cirurgias cardíacas, endovasculares e torácicas, o paciente necessita de maior atenção. Portanto, sua monitoração deve 
ser mais criteriosa e precisa, constituindo-se de (além da monitoração básica): pressão arterial invasiva; pressão venosa central; medida da pressão da artéria 
pulmonar, através da inserção do cateter de Swan-Ganz; capnografia; controle da temperatura; monitoração do índice biespectral (BIS), que é um sistema de 
monitoração neurofisiológica que analisa continuamente o traçado do eletroencefalograma para determinar o nível de consciênci a do paciente submetido à 
anestesia geral. A titulação dos anestésicos para um resultado de um BIS específico durante a anestesia geral permite ao anes tesiologista o ajuste da quantidade de 
anestésico à necessidade do cliente. 
• Em procedimentos de grande porte, com potencial para perdas sanguíneas significativas, é de suma importância um planejamento pré-operatório adequado, para 
que o paciente, ao ser admitido na SO, tenha tipagem sanguínea e reserva de hemocomponentes, segundo protocolo institucional ou de acordo com a soli citação 
do médico-anestesista 
• Ressalta-se que, em todos os procedimentos cirúrgicos videolaparoscópicos, em que há formação de pneumoperitônio, a anestesia de escol ha deve ser a geral, 
podendo ser utilizada a mista, em combinação com as vias inalatória e intravenosa
POSICIONAMENTO CIRÚRGICO 
• Nas cirurgias minimamente invasivas, principalmente naquelas que necessitam de pneumoperitônio, o risco anestésico é aumentad o, por causa da insuflação do 
gás CO2, e dos posicionamentos solicitados pelos cirurgiões, a fim de diminuir a tração para a manipulação de determinados ór gãos e promover o seu afastamento 
por ação da gravidade. Assim, para cirurgias no espaço supramesocólico, o posicionamento cirúrgico é em proclive, ou seja, Tr endelenburg reverso. Esse 
posicionamento provoca aumento da capacidade residual e do volume pulmonar, diminui a sobrecarga cardíaca, provoca aumento da estase venosa e aumenta o 
risco de trombose venosa e embolia pulmonar.
• A posição de Trendelenburg é o posicionamento de eleição para cirurgias inframesocólicas e provoca aumento da pressão diafrag mática, em decorrência do peso 
das vísceras abdominais, que se deslocam pela ação da gravidade. Esse deslocamento provoca diminuição da capacidade residual e do volume pulmonar, podendo 
gerar hipoxemia. Quando o paciente está nessa posição, pode haver risco de regurgitação gástrica e de consequente aspiração. 
• Por causa do pneumoperitônio, há um aumento da PIA, que provoca compressão dos grandes vasos, como a veia cava, reduzindo o d ébito cardíaco e podendo 
causar bradicardia e assistolia. Podem, ainda, ocorrer alterações em nível renal, pois, em virtude da compressão da veia cava , há diminuição da irrigação renal e da 
filtração glomerular. Alguns insufladores de gás abdominal procuram ter um sistema de aquecimento do gás, para diminuir o seu efeito no paciente, pois, se o gás 
estiver muito frio, pode levar a situações de vasoconstrição periférica e diminuição da temperatura corporal. 
• A equipe de enfermagem perioperatória desempenha papel fundamental, ao se certificar de que o paciente está corretamente posi cionado, com a utilização dos 
dispositivos auxiliares adequados, como faixas de segurança, deslizamento do cliente na mesa cirúrgica e não permitem que oco rra queda ou lesão por estiramento. 
Os enfermeiros devem, também, ter conhecimento sobre as principais complicações relacionadas ao pneumoperitônio 
DESCONFORTOS E COMPLICAÇÕES DAS CIRURGIAS MINIMAMENTE INVASIVAS 
• De modo geral, as complicações não têm grande incidência após a realização de cirurgias minimamente invasivas, porém, diante de sua iminência, toda a equipe 
deve estar preparada para atender o paciente com competência e presteza.
• Por outro lado, os desconfortos são relativamente comuns após cirurgias videolaparoscópicas e alguns deles são até mais incid entes do que nas cirurgias 
convencionais. 
• Os desconfortos diferem das complicações, pois não se caracterizam como processos patológicos, porém, se não solucionados a t empo, podem provocar 
complicações mais graves". No caso das cirurgias minimamente invasivas, os desconfortos, em sua grande maioria, são ocasionad os pela formação do 
pneumoperitônio, com consequente aumento da PIA.
• Entre os principais desconfortos que podem acometer um paciente no pós-operatório de cirurgias videolaparoscópicas, destacam-se :
○ Náuseas evômitos: acometem entre 20 e 52% dos pacientes no Pós-Operatório Imediato (POI) e o tratamento é feito à base de antieméticos e, em casos 
específicos, passagem de sonda nasogástrica ou nasoenteral, a critério médico. A aplicação de doses de antieméticos pelo anestesiologista durante o 
procedimento traz resultados positivos para a prevenção desse desconforto
○ Distensão abdominal: ocorre pela presença de gás Co, residual no abdome e no intestino do paciente. Nesse caso, a melhor conduta é pedir para que o 
paciente evite falar demais, para não deglutir maiores quantidades de ar, e, essencialmente, promover e estimular deambulação precoce, auxiliando-o ao se 
levantar e andar, caso seja necessário
○ Flatulência: também tem incidência importante e se deve ao acúmulo de CO no intestino do paciente, uma vez que há absorção do gás pelos músculos 
intestinais. Deve-se estimular a deambulação precoce e administrar medicamentos antifiséticos (simeticona/dimeticona), segundo prescrição da equipe de 
cirurgia
○ Dor no ombro: é causada pela inflamação ou irritação do nervo frénico, que inerva o músculo diafragma. O músculo é "empurrado para cima", por causa do 
pneumoperitônio, provocando distensão do nervo, que causa dor reflexa na região dos ombros, podendo se irradiar para os membros superiores" Esse 
desconforto acontece em cerca de 20% dos pacientes e, muitas vezes, é responsável por prolongar o tempo de internação em 1 ou 2 dias, pois alguns sentem 
fortes dores, que cessam com administração de opiáceos e anti-inflamatórios não esteroidais (AINES). A aplicação de calor local, por meio de bolsa aquecida, 
e a mudança de posição também proporcionam alívio da dor. 
• No que se refere às complicações, entre as que podem ocorrer em decorrência de um procedimento laparoscópico, destacam-se: 
○ Enfisema subcutâneo: ocorre pelo posicionamento incorreto da agulha de Veress ou do trocater de entrada, havendo insuflação de CO2, na parede 
abdominal. A conduta se resume em avaliar atentamente a involução do enfisema, que deve desaparecer espontaneamente, pois o organismo se encarrega de 
reabsorver o gás
○ Pneumomediastino: é a complicação mais frequente nas cirurgias do hiato esofágico e ocorre acentuada hipercapnia (aumento de CO2, no sangue arterial), 
com enfisema de subcutâneo em nível cervical e clavicular”. É necessário acompanhar os valores de gasometria arterial e avaliar continuamente a evolução do 
enfisema
○ Pneumotórax: pode ocorrer pela insuflação de CO2, na parede torácica, pela pleura ou por traumatismo ou malformação anatômica. Pacientes com 
antecedente de pneumotórax podem sofrer traumatismo, pelo aumento da pressão intratorácica. Nesses casos, é necessária intervenção médica, com possível 
necessidade de drenagem torácica
○ Atelectasia: colapso de parte ou de todo o pulmão, ou seja, o pulmão se colaba em uma parte ou na sua totalidade, por causa de um bloqueio na passagem 
do ar pelos brônquios de maior ou de menor calibre. É recomendada fisioterapia respiratória intensa, prescrita pelo médico-cirurgião ou assistente e inalação 
com broncodilatadores
○ Trombose venosa profunda (TVP): pode ocorrer por fatores relacionados ao procedimento, especialmente nas cirurgias de grande porte, e por 
características do próprio paciente, como obesidade e afecções venosas e arteriais pregressas. Nesses casos, o emprego de recursos de tromboprofilaxia 
deve ser realizado e os efeitos costumam ser bastante positivos". A profilaxia deve incluir uso de meias elásticas, já no período intraoperatório, compressor 
intermitente, enquanto o paciente permanecer acamado, e aplicação de heparina de baixo peso molecular, segundo prescrição médica
○ Embolia gasosa: é uma complicação mais grave, porém, felizmente, bastante rara; está relacionada com a insuflação de CO2, na cavidade peritoneal, pela 
ruptura de alguns vasos sanguíneos durante a cirurgia. Nas situações mais graves, podem ocorrer cianose, alterações do ritmo cardíaco e parada 
cardiorrespiratória, ocasiões nas quais a intervenção da equipe multiprofissional (médicos, enfermeiros e fisioterapeutas) deve ser imediata 
CUIDADOS COM O PACIENTE NA RECUPERAÇÃO ANESTESICA 
• A RA é o local onde o paciente geralmente é avaliado e acompanhado logo após o término do procedimento anestésico -cirúrgico, ou seja, nos primeiros momentos 
do POI. As duas primeiras horas são muito importantes, pois, nesse período, a ocorrência de complicações tem maior incidência . O paciente deve ser monitorado 
com os mesmos recursos da monitoração básica com os quais estava na SO, ou seja, oxímetro de pulso, eletrocardiograma, termôm etro e esfigmomanômetro. 
Deve, ainda, ser avaliado continuamente por equipe especializada durante todo o seu tempo de permanência na RA. 
 Página 4 de PERIOPERATÓRIO 
Deve, ainda, ser avaliado continuamente por equipe especializada durante todo o seu tempo de permanência na RA. 
• Serão avaliados os seguintes parâmetros: nível de consciência, saturação de oxigênio, temperatura, pressão arterial, respiraç ão (frequência, amplitude e 
expansibilidade), atividade motora, dor, náuseas e vômitos, sangramentos, distensão abdominal e perfusão periférica, entre ou tros. Além disso, a equipe de 
enfermagem deve dar atenção especial às incisões cirúrgicas, geralmente suturadas com pontos internos e cola biológica, poden do estar ocluídas ou não. No caso 
da presença de sondas, drenos e cateteres, é necessário avaliar se estão pérvios e calcular perdas e ganhos, com atenção ao a specto do drenado 
(quantidade/volume, coloração). 
• Todos os controles devem ser registrados em impresso próprio e específico da RA, minimamente a cada 15 minutos na primeira ho ra, a cada 30 minutos na 
segunda hora e assim sucessivamente. Caso o paciente apresente alguma alteração, o médico deverá ser comunicado imediatamente e os controles serão 
realizados em intervalos mais curtos. 
• Além desses cuidados gerais, é necessário individualizar a assistência, segundo as necessidades de cada paciente e as relacionadas aos diversos tipos de 
procedimentos anestésico-cirúrgicos. 
• As intervenções da equipe de enfermagem que atua na RA devem ser direcionadas aos principais problemas/diagnósticos ou aos po tenciais problemas/diagnósticos 
apresentados pelo paciente. Os principais Diagnósticos de Enfermagem (DE) relacionados ao POI de pacientes submetidos a cirur gias videolaparoscópicas são: 
integridade da pele e tissular prejudicada, dor aguda, hipotermia, risco de infecção, risco de queda, risco de aspiração, ris co de temperatura corporal desequilibrada . 
Além destes, destacam-se, também, a distensão abdominal, a flatulência e os vômitos, por serem desconfortos ou complicações de alta incidência após a realização 
de cirurgias videolaparoscópicas. 
• Dessa maneira, toda a equipe cirúrgica, em especial os enfermeiros, os técnicos de enfermagem e os médicos -anestesistas, que permanece na unidade de 
recuperação, deve ter conhecimentos técnicos e científicos sobre tais desconfortos e complicações, para que possa agir com ra pidez diante dessas ocorrências.
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
• As cirurgias minimamente invasivas são consideradas o principal avanço técnico-cirúrgico do século XX, promovendo tecnologia de ponta integrada às práticas 
cirúrgicas. Elas padronizam e simplificam os mais diversos procedimentos, minimizam a dor do paciente, reduzem o tempo de int ernação e têm sido mais vantajosas 
em termos de custos do que as cirurgias convencionais, por causa da redução do período em que o cliente permanece no hospital . 
• Neste capítulo, são apresentados os conceitos desse tipo de cirurgia, suas principais vantagens e desvantagens, bem como sua aplicabilidade as mais diversas 
modalidades e especialidades cirúrgicas. Dá se destaque aos materiais e equipamentos especificamente criados e desenvolvidos para a realização de cirurgias 
videolaparoscópicas e à capacitação dos profissionais, considerando-se aspectos relativos aos clientes, como segurança e monitoração,posicionamento, 
desconfortos e complicações e cuidados prestados no POI. 
• São considerados os benefícios das cirurgias minimamente invasivas para todos os envolvidos no processo, sejam eles o próprio paciente e seus familiares, as 
equipes multiprofissionais, as instituições hospitalares e, inclusive, as fontes pagadoras
 Página 5 de PERIOPERATÓRIO

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