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MARSHALL
Definição de economia (1)
Economia é um estudo da Humanidade nas atividades correntes da vida; examina a ação individual e social em seus aspectos mais estreitamente ligados à obtenção e ao uso dos elementos materiais do bem-estar. Assim, de um lado é um estudo da riqueza; e do outro, e mais importante, uma parte do estudo do homem. Economia é o estudo dos homens tal como vivem, agem e pensam nos assuntos ordinários da vida.
A importância do estudo da economia (2)
A pobreza causa degradação. Será a pobreza um mal necessário?
A esperança de que a pobreza e a ignorância possam ser gradualmente extintas encontra fundamento no progresso das classes operárias durante o séc. XX. O progresso econômico, portanto, pode ajudar a garantir a todos um melhor nível de vida.
A questão não pode ser inteiramente respondida pela ciência econômica, pois depende em parte de virtudes morais e políticas da natureza humana, e sobre estas matérias o economista não tem meios especiais de informação: ele deve fazer o que os outros fazem e conjeturar da melhor maneira possível. Mas a solução depende em grande parte de fatos e inferências que estão na província da economia, e isto é o que dá aos estudos econômicos seu principal e maior interesse.
Defesa da economia contra o caráter negativo que costuma lhe ser imputado (2)
A característica fundamental da moderna vida industrial não é a concorrência (mal vista na época). Tal característica pode ser definida como certa independência e habito de cada um escolher o seu próprio roteiro, uma confiança em si mesmo; uma deliberação e mesmo uma presteza de escolha e julgamento e um hábito de projetar o futuro e modelar cada um o seu programa tendo em vista objetivos distantes; o comércio e a indústria modernos são caracterizados por maior confiança do indivíduo em si mesmo, mais previsão e mais reflexão e livre escolha. É a deliberação e não o egoísmo a característica moderna. Assim como isso leva à concorrência, leva à cooperação. E quando leva à última, a propriedade comum é mais forte por ser resultado das escolhas de cada um. 
Se por um lado o homem não é hoje mais desonesto do que sempre foi, por outro o maior distanciamento entre produtos e consumidor abre hoje em dia novas portas à desonestidade no comércio. Certamente uma sociedade em que a cooperação não egoísta fosse a regra seria melhor em todos os aspectos possíveis do que a existência de competição; mas numa conduta responsável da vida é pior do que a loucura ignorar as imperfeições ainda imanentes da natureza humana. As pessoas podem ser movidas por motivos nobres. Contudo, o motivo mais constante para a atividade dos negócios é o desejo da remuneração, a recompensa material do trabalho. 
O dinheiro é o poder aquisitivo geral e se busca como um meio que pode servir a todos os fins, nobres ou baixos. Não é porque não querem, mas porque não podem, que os economistas não dão conta da ação exercida por motivos altruístas. A maior parte das ações devidas a um sentimento de dever e de amor pelo próximo não poder ser classificada, reduzida a leis e medidas. É por esta razão, e não porque não sejam elas baseadas sobre o interesse pessoal, que a economia não pode lhes dar maior atenção.
Idéia de ciência
As ciências físicas buscam o resultado de uma multidão de observações em enunciados provisórios, suficientemente definidos, a ponto de passar pela prova de outras observações da natureza (ciência = fato prova teoria). Depois de postos a prova por muitas observações independentes e especialmente depois de terem sido aplicados com êxito na previsão de acontecimentos iminentes, ou do resultado de novas experiências, ganham o status de lei. A ciência progride pelo aumento do número e da exatidão de suas leis, submetendo-as a provas de severidade cada vez maior, e ampliando-lhes o âmbito, até que uma única lei, bastante ampla, contenha e substitua numerosas leis mais restritas, que resultaram serem casos especiais daquela. Até onde isso se verificar numa ciência qualquer, um estudioso da mesma pode, em certos casos, declarar com maior autoridade do que a sua própria quais os resultados a se esperar de certas condições, ou quais as verdadeiras causas de certo acontecimento conhecido.
Economia como ciência (3 e 4)
A economia não pode ser uma ciência exata, porque estuda a natureza humana, que é mutável e sutil, porém ela se dedica a um campo específico da ação humana que dá mais oportunidade à aplicação de métodos precisos – e por isso ele leva vantagem sobre os demais ramos da ciência social.
É essencial notar que o economista não se arroga a possibilidade de medir diretamente as inclinações do espírito, mas só indiretamente através de seus efeitos. E esta comparação indireta pode ser aplicada a todas as classes de desejo. O economista estuda os estados de espírito através de suas manifestações, antes do que em si mesmos.
É matéria da economia, como de todas as demais ciências, coligir fatos, ordená-los, interpretá-los e tirar deles conclusões. Não há nenhum método de investigação que possa ser propriamente denominado o método da economia, pois ela utiliza tanto a indução quanto a dedução.
A economia se refere às manifestações da natureza humana cujas exteriorizações aparecem como incentivos para a ação, em forma tal que a sua força ou quantidade pode ser avaliada e medida com certa exatidão, e que, por conseguinte, se presta a ser estudada por meios científicos.
Cria-se uma oportunidade para os métodos e exames científicos tão depressa a força dos motivos de uma pessoa- não os motivos em si mesmos- possa ser aproximadamente medida pela soma de dinheiro que essa pessoa despenderá para obter uma desejada satisfação, ou, do mesmo modo, pela soma necessária para induzi-la a suportar uma certa fadiga.
Interessando-se sobretudo por esta parte da vida humana onde a ação dos motivos é suficientemente regular para poder ser predita, e onde o cálculo das forças motrizes pode ser verificado pelos resultados, puderam colocar a sua obra sobre uma base científica.
Em primeiro lugar, eles se ocupam com fatos que podem ser observados e com quantidades que podem ser medidas e registradas; de sorte que, se surgem diferenças de opinião a esse respeito, elas podem ser confrontadas com os dados consignados em registros públicos e bem estabelecidos. Com isso obtém a ciência uma sólida base para trabalhar. 
Em segundo lugar, os problemas que são grupados como econômicos, pela razão de que se referem particularmente à conduta do homem sob a influência de motivos mensuráveis por um preço em dinheiro, formam um grupo bastante homogêneo, o que permite estudá-los em conjunto e aplicar os métodos de análise e de raciocínio necessários para um certo grupo de problemas aos demais grupos.
A medida em dinheiro dos motivos está sujeita a diversas outras limitações, que devem ser examinadas. A primeira delas decorre da necessidade de se terem em conta as variações no montante dos prazeres, ou de satisfação, que a mesma soma de dinheiro representa para diferentes pessoas em circunstâncias diferentes. 
Não obstante, se tomamos médias suficientemente amplas para permitir que as peculiaridade pessoais do indivíduos se contrabalancem, o dinheiro que às pessoas de iguais rendimentos despendem para obter um benefício ou evitar um dano é uma boa medida do benefício ou dano.
A grande maioria dos eventos de que se ocupa a economia afeta em proporções quase iguais as diversas classes da sociedade; de modo que se as medidas em dinheiro dos benefícios motivados por dois fatos são iguais, é razoável e de uso comum considerar que as quantidades de benefícios são equivalentes em ambos os casos.
Quando dizemos que um desejo é medido pela ação de que é o motivo, não se deve crer que admitamos que toda a ação seja deliberada e o resultado de um cálculo. Ora, o lado da vida de que a economia se ocupa especialmente é aquele em que a conduta do homem é mais deliberada e onde lhe ocorre, com maior freqüência, ponderar os pros e os contras de uma determinada ação antes de executá-la.Os economistas estudam as ações dos indivíduos, mas do ponto de vista social antes que do da vida individual; e por conseguinte, pouco se preocupam com as particularidades pessoais de temperamento e de caráter. Eles observam cuidadosamente a conduta de toda uma classe de gente. Com a ajuda da estatística, eles calculam a quantia média que esses indivíduos estão dispostos a pagar por algo desejado. 
Esse modo de medir os motivos não é absolutamente exato; se o fosse, a economia ocuparia o mesmo lugar das ciências físicas, e não entre as menos avançadas. Todavia, essa maneira de medir os motivos é suficientemente exata para permitir a homens menos experimentados, a previsão dos resultados que advirão de transformações que dizem respeito particularmente a motivos dessa espécie.
A economia aspira a um lugar entre as ciências exatas porque, embora suas medidas raramente sejam exatas e nunca se apresentem como definitivas, ela está sempre trabalhando no sentido de torná-las mais exatas.
A natureza das leis econômicas
Toda a causa tem uma tendência a produzir um resultado definido se nada ocorre para entravá-la. Mas não há tendências econômicas que atuam tão firmemente e possam ser medida com tanta exatidão quanto a lei da gravidade – e por conseqüência não há leis de economia que se possam comparar com ela em precisão. (As leis da economia são relações hipotéticas entre variáveis que não podem ser isoladas.)
O termo lei não significa então mais do que uma proposição geral ou manifestação de tendências mais ou menos certas, mais ou menos definidas. As ações humanas são tão variadas e incertas que o melhor enunciado de tendências possível de se fazer numa ciência da conduta humana tem de ser necessariamente inexato e falho.
Lei econômica: a reação a se esperar, sob certas condições, de parte de membros de um grupo industrial, é a ação normal dos membros relativamente àquelas condições. O emprego do termo normal implica a predominância de certas tendências, que se afiguram ser mais ou menos firmes e persistentes na sua atuação, sobre outras relativamente excepcionais e intermitentes. A ação normal não é sempre a ação justa. O máximo que a economia pode fazer é determinar uma ação normal, sob certas condições, pois tais condições não podem ser manipuladas.
A economia tem uma peculiaridade: a natureza do material que pode ser modificado pelo esforço humano. A ciência pode sugerir um preceito moral ou prático para modificar essa natureza, e assim a ação das leis da natureza.
Diz-se às vezes que as leis da economia são hipotéticas. Naturalmente, como qualquer outra ciência, ela trata de estudar os efeitos que serão produzidos por certas causas, não de um modo absoluto, mas sob a condição de que as outras coisas estejam iguais. E de que as causas possam produzir os seus efeitos sem perturbações.
As cláusulas condicionais implícitas numa lei não são continuamente repetidas, mas o senso comum do leitor supre essa omissão. Em economia é necessário repeti-las mais freqüentemente, porque suas doutrinas são mais fáceis do que as de qualquer outra ciência, de ser citadas por pessoas que não têm a instrução científica e que talvez apenas as tenham ouvido de segunda mão, ignorando seu contexto.
A ordem e os objetos dos estudos econômicos
A economia tem como objeto, primeiramente, adquirir conhecimento para seu próprio uso e, em segundo lugar, esclarecer os acontecimentos da vida prática. Ainda que sejamos obrigados, antes de compreender um estudo, a considerar cuidadosamente quais sejam seus fins, não devemos, entretanto, projetar o nosso trabalho em referência direta com essa finalidade. 
Os usos práticos dos estudos econômicos devem, sem dúvida, estar presentes no espírito do economista, mas a sua tarefa especial é estudar e interpretar os fatos e descobrir quais são os efeitos de diferentes causas em sua ação isolada e combinada.
A economia é assim considerada com o estudo dos aspectos e das condições econômicas da vida política, social e privada do homem, mas particularmente de sua vida social. O objetivo desse estudo é atingir o conhecimento por amor ao próprio conhecimento e servir de guia na condução prática da vida. 
Ainda que seja assim largamente inspirada por necessidades práticas, a economia evita tanto quanto possível discutir as exigências de organização dos partidos e a tática a seguir na política interna ou exterior – todas as coisas que um homem de Estado é obrigado a ter em conta quando, entre as medidas que pode propor, decide quais as que o levarão mais próximo do fim que pretende atingir para o seu país.
Ela o ajuda, é verdade, a determinar não somente qual deva ser esse fim, mas também quais os melhores processos que uma larga política deve empregar para atingi-lo. Mas abstrai as circunstâncias políticas que o homem prático não pode ignorar: ela é, portanto, uma ciência ao mesmo tempo pura e aplicada, mais do que uma ciência e uma arte. E é melhor, para designá-la, servir-se da expressão “economia” do que da mais estrita “economia política”. (5)
Nas ciências que se relacionam com o homem, a exatidão é mais difícil de se obter do que nas ciências físicas. E, contudo, somente por um grande esforço percebe ele quando suas próprias impressões subjetivas. O economista é também prejudicado por essa dificuldade, mas em menor grau do que os demais estudantes da ação do homem, pois que, de fato, ele partilha das vantagens que dão precisão e objetividade à obra dos cultores das ciências físicas. 
ROBINSON
Como podemos distinguir ideologia de ciência? Uma ideologia é algo que existe, que podemos descrever, discutir e questionar a respeito. Para resolver as divergências, não adianta apelar para uma definição lógica; precisamos não de definições, e sim de critérios. 
Quais são, portanto, os critérios de uma proposição ideológica, em oposição aos de uma proposição científica? Primeiro, que se uma proposição ideológica é tratada de uma forma lógica ou ela se dissolve em algo desprovido de sentido ou torna-se um círculo vicioso. A característica essencial de uma proposição metafísica é que ela não é capaz de ser comprovada. Não podemos dizer de que forma o mundo seria diferente se ele não fosse verdadeiro. (1)
A ideologia, podendo ou não ser eliminada do universo de pensamento das ciências sociais, é certamente indispensável no mundo da ação na vida social. Uma sociedade não pode existir sem que seus membros tenham sentimentos comuns sobre o que é a maneira correta de conduzir seus problemas, e esses sentimentos comuns expressam-se em ideologias. Do ponto de vista da evolução, parece plausível dizer que a ideologia é um substituto para o instinto. Como os impulsos egoístas são mais fortes do que os altruístas, as exigências dos outros precisam ser impostas a nós. O mecanismo pelo qual são impostas é o senso moral ou a consciência individual. Exatamente porque o roubo não desperta nenhuma forte repugnância natural, o respeito pela propriedade dos outros deve ser ensinado. Essa é uma necessidade técnica, para tornar a vida social possível.
Em vez do instinto que cria um padrão estabelecido, homens e mulheres têm uma consciência que pode assumir as mais diversas características e dessa forma permitir o florescimento da mais variada gama de padrões de sociedades. O conteúdo de uma consciência, como a língua particular que é aprendida, depende da sociedade em que o indivíduo cresce. O sentimento de vergonha é natural e universal, mas aquilo que causa vergonha depende das convenções. Na maioria das sociedades, até tempos recentes, a moralidade era ministrada através da religião. Ela funciona, em parte, baseada em uma moralidade profunda e em um apelo à prudência ou interesse pessoal iluminado.
Aqueles que não possuem crença religiosa, por outro lado, estão constantemente inclinados a tentar derivar o sentimento moral da razão. O argumento mais comum é que cada indivíduo deve fazer o que é direito porque, se ele não fizer assim, os outros também não farão. Isso se baseia numa confusão. Nenhum indivíduo, enquanto indivíduo,tem um peso tão apreciável. É evidentemente correto que todos devam sentir que é seu dever votar, mas ninguém pode ser convencido pela razão. Deve-se pensar que é certo porque é certo.
Sistemas mais sofisticados tentam derivar a moralidade da tendência da direção da evolução. A evolução, certamente, responde pelo fato de eu ter um senso de dever; mas se a evolução tivesse me dotado não só um senso de dever, mas também do conhecimento do que é o meu dever, não haveria necessidade de se criar uma teoria sobre a moralidade. A conclusão dessa discussão é que os sentimentos morais não decorrem nem da teologia nem da razão. Constituem uma parte separada de nosso equipamento, como nossa capacidade para aprender a falar. Se concordamos com isso, a questão do que é o conteúdo de nossos sentimentos éticos fica em aberto. (2)
A razão não vai ajudar. O sistema ético implantado em cada um de nós por nossa educação não decorre de quaisquer princípios racionais; aqueles que nos transmitiram esses princípios raramente eram capazes de dar alguma explicação racional para isso, ou mesmo de formulá-la explicitamente. Eles nos passaram o que a sociedade lhes ensinou, da mesma forma como nos transmitiram a língua que aprenderam a falar.
Todo sistema econômico necessita de um conjunto de regras, uma ideologia que o justifique e uma consciência do indivíduo que faça com que ele o leve adiante. Talvez Gunnar Myrdal seja muito radical quando diz que “nossos próprios conceitos estão carregados de valores”. De todo modo, se tomarmos um determinado sistema econômico como dado, podemos descrever as características técnicas de seu modo operacional de uma maneira subjetiva. Mas não é possível descrever um sistema sem a penetração de julgamentos morais. Porque olhar de fora um sistema implica que ele não é o único sistema possível; ao descrevê-lo estamos comparando-o com outros sistemas atuais ou imaginados. As diferenças implicam opções, e opções implicam julgamentos. O trabalho do economista não é nos dizer o que fazer, mas mostrar como o que estamos fazendo está de acordo com os princípios adequados.
O método científico é outra espécie de elefante – algo que existe e pode ser descrito, mas não definido. O processo científico, como afirma o professor Popper, consiste na tentativa de refutar teorias. O corpo da ciência é constituído, a cada momento determinado, pelas teorias que não foram refutadas. A grande dificuldade nas ciências sociais em aplicar um método científico é que não se conseguiu chegar a um acordo sobre uma norma de negação de uma hipótese. Sem a possibilidade da experimentação controlada, temos que nos basear na interpretação da evidência, e a interpretação envolve um julgamento; não podemos nunca chegar a uma resposta definitiva. Mas como o assunto está necessariamente impregnado de sentimentos morais, o julgamento é marcado pelo preconceito.
A maneira de sair do impasse não é tentar negar todo preconceito e abordar o problema a ser discutido com um espírito puramente objetivo. A objetividade da ciência surge não porque o indivíduo é imparcial, mas porque muitos indivíduos estão continuamente testando a teoria dos outros. “A fim de evitar mal-entendidos, os cientistas tentam exprimir suas teorias numa forma que permita que sejam testadas, isto é, refutadas (ou não confirmadas) pela experiência.”
Nas ciências sociais, em primeiro lugar, o assunto tem um conteúdo político e ideológico muito maior, de tal forma que também envolve outro tipo de lealdade; em segundo, devido ao fato de que o apelo à “experiência pública” nunca pode ser decisivo, como é o caso dos cientistas de laboratório que podem repetir as experiências dos outros sob condições controladas, os cientistas socais têm sempre uma brecha por onde escapar, as soluções ad hoc.
A falta de um método aceito por todos para a eliminação dos erros introduz um elemento pessoal nas controvérsias econômicas que se constitui em mais uma dificuldade além de todas as outras. O problema pessoal é um subproduto da dificuldade principal, que, na falta de um método experimental, os economistas não são rigorosamente compelidos a reduzir os conceitos metafísicos a termos falsificáveis e não podem compelir os outros a concordar com o que foi falsificado. Assim, a economia avança mancando, com um pé em hipóteses não testadas e o outro em slogans não testáveis. Aqui nossa tarefa é resolver da melhor maneira que pudermos essa confusão entre ideologia e ciência. Não poderemos encontrar respostas claras para as perguntas que ela levanta. A principal característica da ideologia que domina nossa sociedade, hoje em dia, é sua extrema confusão. Entendê-la significa apenas revelar suas contradições. (3)
ROBBINS
Embora os economistas tenham conseguido construir um conjunto de generalizações sobre cuja precisão há certo consenso, não há consenso quanto ao objeto dessas generalizações. Para que uma ciência possa ser definida, é preciso que ela tenha atingido certo grau de desenvolvimento, pois sua unidade só se mostra na unidade dos problemas que ela é capaz de resolver.
A definição mais popular da economia é a de que ela está ligada ao estudo das causas do bem-estar material. A princípio, essa definição parece descrever, para propósitos práticos, nosso objeto de interesse. Quando aplicada às generalizações que são objeto da economia, no entanto, ela não se aplica, pois muitos dos assuntos tratados não dizem respeito a coisas materiais. Exemplos que não cabem nessa definição: teoria do salário, produtividade. Essa definição é uma herança dos fisiocratas que os economistas ingleses aceitaram sem questionar porque não costumam se interessar por questões de método e escopo.
Todos os problemas de que a definição anterior não dá conta podem ser abrangidos pela seguinte: há fins variados; o tempo e os meios para alcançá-los são limitados e tem aplicações alternativas; os fins tem importâncias diferentes. O agente tem de fazer escolhas. 
Só se trata de um problema econômico porque o agente tem de fazer escolhas. O agente só tem de fazer escolhas porque não pode ter todos os fins desejados. Se os meios fossem escassos, mas não tivessem usos alternativos, eles não poderiam ser economizados. Se os mesmos meios pudessem ser aplicados para dois fins da mesma importância, também não poderia haver escolhas. Assim, todas as três condições anteriores são necessárias para que haja escolha. 
Nem todos os meios para alcançar os fins humanos são limitados, porém em geral eles são. O tempo é limitado. Os serviços que estão ao nosso alcance são limitados. Os meios materiais para atingir fins são limitados. A unidade, portanto, no objeto da economia está nas formas assumidas pelo comportamento humano quando dispõe de meios escassos. Economia é a ciência que estudo o comportamento humano enquanto relação entre fins e meios escassos que tem usos alternativos.
A definição de Marshal é classificatória, a de Robbins é analítica. A primeira classifica certos tipos de comportamento como sendo objeto da economia; a segunda se foca em um aspecto do comportamento, de forma que todo tipo de comportamento humano está dentro do escopo das generalizações econômicas. A definição de Marshall pode cobrir o campo de estudo econômico, mas não o descreve. (1)
As repercussões das decisões individuais não atingem só o indivíduo. A economia faz um esforço de abstração para criar generalizações que dêem conta dessa repercussão sobre todo o complexo de “relações de escassez”. Por isso ela é mais útil em uma economia de trocas e desnecessária em uma economia isolada. Onde quer que haja iniciativas independentes nas relações sociais, a economia está presente. Isso não quer dizer que a análise econômica esteja limitada à economia de trocas. Em primeiro lugar, mesmo fora de uma economia de trocas o comportamento humano encara a mesma limitação dos meios relativamente aos fins. A relação de troca é um incidente técnico que dá origem a quase todas as complicações interessantes. Em segundo lugar, o próprio fenômeno da troca só pode serexplicado quando se analisa as operações de escolha do indivíduo isolado que estão por trás dela.
Não é a materialidade dos meios de gratificação que lhes dá o status de bens econômicos, mas o valor que damos a ele. Sua relação com nossos desejos mais do que sua substância técnica é o que é significativo.
A escassez significa uma limitação em relação à demanda. Segue-se que a concepção de um bem econômico é necessariamente puramente formal, não havendo qualidade alguma nas coisas consideradas fora de sua relação com o homem que as torne bens econômicos. Portanto a riqueza não é riqueza por causa de suas qualidades substanciais, ela é riqueza porque é escassa. Trata-se de um conceito relativo. O poder produtivo, da mesma forma, não é algo absoluto e capaz de computação física, é o poder de satisfazer dada demanda. Se a dada demanda muda, também o poder produtivo muda. Divisão entre econômico e não-econômico recai sobre a materialidade do objeto. (3)
Alguns economistas dizem que a economia deve incluir estudos normativos, pois não pode ser dissociada da ética. Segundo eles, os economistas não deveriam tomar como dados os princípios éticos, mas também se pronunciar sobre a validade deles. Porém não parece possível associar as duas mais do que através da mera justaposição. A economia lida com fatos averiguáveis; a ética, com obrigações e avaliações. Entre as generalizações dos estudos positivos e normativos há um abismo lógico que não pode ser transposto. A economia positiva lida com o mundo como ele é; a normativa; com como ele deveria ser. Não há nada de bom a ser tirado da junção dos dois campos.
A economia é completamente neutra entre fins. Ela não se preocupa com os fins como tais, e portanto não é verdade que a preocupação do economista seja com uma conduta particularmente baixa.
Isso não quer dizer que os economistas não assumam como postulados diferentes juízos de valor, e, assumindo-os como válidos, proponham uma linha de ação a ser seguida. A economia aplicada consiste em proposições da forma “se você quer fazer isso, deve fazer aquilo”. A diferença é que a validade das suposições relacionadas ao valor do que existe ou do que pode existir não é o objeto da verificação científica. 
Tampouco se segue que os economistas não devem se fazer questões éticas. Nossos axiomas não envolvem a proibição de interesses externos, tudo que se afirma é que não há conexão lógica entre os dois tipos de generalização, e que não há nada a se ganhar invocando as sanções de um simplesmente para reforçar as conclusões do outro. Há uma justificação muito prática para tal procedimento: as diferenças de opinião podem surgir como resultado de diferenças quanto ao fim a ser atingido ou quanto aos meios para alcançá-lo. Nem a economia, nem qualquer outra ciência, têm algo a dizer sobre o primeiro tipo de diferença, porém o segundo pode ser resolvido através da análise científica. (4)
A significância da economia está no fato de que, quando nos defrontamos com uma escolha entre fundamentos, ela nos permite escolher com total consciência das implicações do que estamos escolhendo. Ela não nos fornecerá, no entanto, a decisão final. Nada na economia nos livra do dever de escolher, pois isso é uma questão de preferência. Devemos, no entanto, estar cientes das conseqüências, pois a racionalidade na escolha consiste na total consciência das alternativas rejeitadas. E a economia pode tornar claras para nós as implicações dos diferentes fins que escolhemos, e possibilitar a escolha de um sistema de fins mutuamente consistentes. O sentido de racionalidade na economia não consiste em dizer que os indivíduos sempre agirão racionalmente (no sentido de perseguir fins que não são mutuamente inconsistentes). Ela depende, sim, da suposição de que é desejável agir racionalmente, escolhendo fins que podem ser atingidos harmonicamente. (5)
“And thus in the last analysis Economics does depend, if not for its existence, at least for its significance, on an ultimate valuation—the affirmation that rationality and ability to choose with knowledge is desirable. If irrationality, if the surrender to the blind force of external stimuli and unco-ordinated impulse at every moment is a good to be preferred above all others, then it is true the raison d'etre of Economics disappears”

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