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Duda Luizeto Sabiston Príncipios de Anestersiologia, Tratamento da Dor e Sedação Consciente 1. Príncipios Farmacológicos a. Agentes Inalatórios • Duas características importantes dos anestésicos inalatórios são o coeficiente de solubilidade sangue/gás (medida de captação do agente pelo sangue) e a concentração alveolar mínima (concetracao de agente necessária para evitar movimentos; descrê a potencia de um anestésico volátil; quanto maior a CAM, menos pontente) • o óxido nitroso é incapaz de fornecer anestesia adequada a pressão atmosférica - influencia minimamente a respiração e a hemodinâmica - é frequentemente combinado a um agente volátil para permitir uma dose menor do segundo agente, limitando efeitos colaterais e facilitando rápida indução e despertar - CI: pneumotórax, obstrução intestinal, operação do ouvido médio ou da retina - Gradualmente se acumula no pneumoperitonio, alguns evitam seu uso durante procedimentos laparoscópicos • O isoflurano apresenta menor redução do debito cardíaco, menor sensibilização aos efeitos arritmogênicos das catecolaminas e mínimos efeitos metabólicos. Possui odo irritante que impede seu uso para indução inalatória • O sevoflurano está associado a um despertar mais rápido que o isoflurano e é agradável de inalar (adequado para inalação pura em crianças) - É adequado para cirurgia ambulatorial, indução sob máscara em pacientes com via aérea potencialmente difícil e manutenção em pacientes com doenças associadas a broncoespasmo • Após anestesias que duram mais de 3 horas, o desflurano foi associado a recuperação mais rápida do que o isoflurano. Seu odor irritante impede a indução inalatória e está associado a taquicardia e hipertensão b. Agentes intravenosos • Agentes de indução: rápida, indolor e segura para a maioria dos pacientes - O propofol é o mais utilizado. Outros agentes incluem o tiopental, a quetamina, methohexital, etomidato e midazolam - O propofol é um agente de indução de curta duração associado a uma recuperação calma e sem náuseas § Principais limitações: dor durante a injeção e diminuição da pressão arterial § Deve ser utilizado com cuidado nos pacientes que possam ser hipovolêmicos ou que não toleram bem a hipotensão, como aqueles com DAC grave § Provoca uma excelente broncodilatação - A cetamina é o único agente que aumenta a pressão arterial e a frequência cardíaca e fiminui a hiperatividade brônquica § Sempre associada a um aumento do tônus simpático § Causa depressão cardíaca direta § Apropriada para indução IV em pacientes com hipovolemia graves, nos quais causa diminuição da pressão arterial em menor grau do que qualquer outro agente indutor § Causa o menor grau de depressão ventilatória e perda do reflexo de proteção das vias aéreas § O glicopirrolato (diminui as secreções orofaríngeas) geralmente é administrado em associação a cetamina (induz essas secreções) § Pode ser utilizada como o único analgésico para procedimentos curtos e superficiais, pois produz amnesia profunda e analgesia somática § É menos útil para casos abdominais ou operações delicadas, por não produzir relaxamento muscular, não controlar dor visceral e não impedir completamente o movimento do paciente § Evitar no pacientes com DAC (taquicardia e a pressão arterial aumentada podem provocar isquemia do miocárdio) e naqueles com PIC aumentada (único agente que aumenta o fluxo sanguíneo cerebral) § Efeito adverso: delirium no recobro - O etomidato produz mínimas alterações hemodinâmicas sendo escolhido como alternativa para indução em pacientes com doença cardiovascular ou hipovolemia grave (mantem a PA inalterada) § Efeitos adversos: dor e queimação durante a injeção, movimentos musculares anormais (mioclonias) com supressão vagal, quando administrado em infusão prolongada para sedação em pacientes graves - Nos pacientes hipovolêmicos e naqueles com ICC, a vasodilatação e a depressão cardíaca induzidas pelo tiopental podem levar a hipotensão grave. Nesse paciente, o etomidato ou a quetamina são agentes alternativos - A quetamina e o etomidato também são escolhidos como alternativa na indução em pacientes com doença reativa de vias aéreas - O midazolam é frequentemente selecionado na indução de pacientes na cirurgia cardiovascular • Opiodes: adjuvantes da anestesia regional ou local - Produzem anestesia profunda e depressão mínima - Desvantagens: depressão ventilatória, hipnose e amnesia insatisfatória - Vantagens: reduzem a dose de agentes inalatórios, limitam a hipertensão e taquicardia associadas com manipulações (ex: entubação endotraqueal e incisão cirúrgica), analgesia que se estende até o pós-operatório imediato e facilitam o despertar tranquilo da anestesia - Em doses 10x superiores a dose analgésica, eles agem como anestésicos completos (analgesia, hipnose e amnésia) - Fentanil: mais potente que a morfina, inicio rápido e de curta duração • Bloqueadores neuromusculares: - Agentes despolarizantes (efeito agonista colinérgicos da juncao neuromuscular): causa contrações evidentes como fasciculações, seguidas por um intervalo de relaxamento profundo § Succinilcolina: útil para entubação endotraqueal devido ao seu rápido inicio e curta duração. Entretanto, está associada a hipercalemia e hipertermia maligna 。 Possui uma duração de 5 minutos, sendo necessário ventilação com mascara até que a respiração espontânea reinicie 。 Efeitos colaterais: bradicardia, hipercalemia grave § O cisatracúrio é aconselhado em pacientes com função renal reduzida, nos quais o pancuronio e o vecuronio não seriam apropriados pois possuem eliminação renal parcial - Agentes não despolarizantes competem pelos receptores de acetilcolina na junção neuromuscular, então a magnitude do bloqueio esta dependente da disponibilidade de acetilcolina, da concentração do bloqueador neuromuscular na juncao neuromuscular e da afinidade do agente em relação ao receptor § São utilizados quando a succinilcolina é contra indicada, como uma alternativa a esta droga em pacientes nos quais se antecipa uma entubacao traqueal fácil e quando é necessário relaxamento intra operatório para facilitar o acesso cirúrgico § Os agentes inalatórios fortes potencializam seus efeitos - O uso de bloqueadores neuromusculares necessita de uma estratégia para assegurar o retorno da função muscular adequada na conclusão da anestesia. Geralmente são revertidas utilizando um anticolinesterásico neostigmina ou edrofonio) associado a atropina ou glicopirrolato, a fim de impedir seus efeitos muscarinicos 2. Equipamentos da anestesia • Monitores de rotina: - Oximetria de pulso: saturação de oxigênio do sangue, frequência cardíaca e perfusão tecidual - Manguito automatizado de pressão arterial - ECG: ritmo cardíaco, frequência cardíaca e monitoramento da isquemia do miocárdio - Capnografia: adequação da ventilação, colocação intratraqueal do tubo endotraqueal e perfusão pulmonar - Analisador de oxigênio: controle da concentração de O2 administrada - Monitor da pressão de vias aéreas: desconexão do ventilador durante anestesia geral e controle da pressão de vias aéreas • Monitores especializados: - Monitorização do débito urinário (cateter de Foley): indicador grosseiro do volume intravascular e da perfusão renal - Cateter arterial: medição continua da pressão arterial e amostragem de sangue arterial - Cateter venoso central: medição contínua da pressão venosa central, administração de drogas de ação central e administração rápida de fluidos e sangue - Cateter de artéria pulmonar: medicação da pressão arterial pulmonar, medicao da pressão do ventrículo esquerdo, medicação do débito cardíaco e medição da saturação venosa mista de oxigênio - Doopler pré-cordial: detecção de embolia aérea- Ecocardiograma transesofágico: avaliação do desempenho miocárdico, da função das valvas cardíaca e do volume intravascular e detecção de embolia aérea - Doopler esofágico: avaliação do fluxo sanguíneo na aorta descendente e avaliação da pre carga cardíaca 3. Monitorização do paciente durante e após a anestesia • O objetivo da monitorização do paciente é propiciar as melhores condições intra operatórias e detectar anormalidades precocemente para que possam ser instituídas medidas corretivas antes que ocorram lesões sérias e irreversíveis a. Monitorização da Pressão Arterial • A monitorização não invasiva é indicada para a maioria dos casos cirúrgicos • Já a monitorização invasiva está indicada no uso intraoperatório de hipotensão induzida, avaliação contínua da PA em pacientes com lesão orgânica grave ou submetidos a procedimentos cirúrgicos de alto risco, antecipação de amplas oscilações pressóricas perioperatorias, necessidade de gasometrias seriadas ou ainda quando os métodos não invasivos são inadequados (ex: obesidade mórbida) • Cateteres intra-arteriais não devem ser posicionados em extremidades com potencial insufieciencia vascular b. Eletrocardiograma • Monitorização padrão durante a cirurgia c. Monitorização respiratória • Avaliação clínica: expansão torácica, ausculta pulmonar e avaliação de obstrução das vias aéreas superiores ou presença de estridor • Os monitores de pressão de via aérea e ventilação-minuto alerta sobre condições como uma desconexão do circuito do ventilador, o posicionamento incorreto do tubo traqueal, a obstrução do circuito ventilatório e alterações na resistência das vias aéreas e/ou complacência que possam prejudicar a ventilação • O gradiente entre a ETCO2 (capnografia) e o CO2 reflete a ventilação do espaço morto, que aumenta em casos de diminuição do fluxo pulmonar, como embolia pulmar ou tromboembolismo • A ETCO2 diminui durante períodos de debito cardíaco baixo e perfusão pulmonar d. Monitorização de oxigenação • A monitorização da fração de oxigênio inspirado e oximetria de pulso é padrão e. Monitorização da temperatura • Monitorada em todos os pacientes submetidos a anestesia geral • A temperatura esofágica é a mais frequentemente medida durante anestesia geral f. Monitorização do bloqueio neuromuscular • Os locais mais comuns de monitorização são os músculos ulnar e orbicular do olho • A base da monitorização neuromuscular é a avaliação da atividade muscular após estimulação do nervo proximal g. Monitorização do sistema nervoso central • O monitor é essencialmente um EEG modificado que avalia a onda de atividade cerebral 4. Avaliação pré-operatória • Relatar as condições que levaram a cirurgia, qualquer história no que diz respeito a anestésicos anteriores e nas doenças coexistentes • Exames laboratoriais realizados dentro de 6 meses da operação provavelmente não precisam ser repetidos, a menos que tenham ocorrido alterações no quadro clínico do paciente • Pacientes saudáveis submetidos a procedimentos eletivos podem não precisar de quaisquer testes laboratoriais pre-operatórios • Condições que devem ser cuidadosamente analisadas: avaliação do volume intra vascular, anormalidades das vias aéreas, doenças cardiovascular, pulmonar, renal, hepática e dosordens da nutrição, endocrinometabólicas e do SNC • Um histórico claro da vida sexual e a documentação do ultimo ciclo menstrual devem ser obtidos da mulher em idade fértil a. Exame da via aérea • Tem como objetivo identificar características que possam dificultar a ventilação sob máscara ou a entubação traqueal • Historico de doenças ou condições associadas a estenose de vias aéreas ou laringoscopia difícil • O exame deve ser completado pela inspeção sistemática da abertura da boca (deve ser de 6-8c/3- 4 dedos), distancia tireomentoniana (deve ser de 6-8c/3-4 dedos), mobilidade cervical e do tamanho da língua em relação a cavidade oral • O tamanho da língua em relação a cavidade oral pode ser graduado segunda a classificação de Mallampati b. Doenças cardiovasculares • Uma historia e um exame físico detalhados são necessários para determinar a presença de doença cardiovascular subjacente. Assim como a analise do estado funcional e capacidade para desempenhar tarefas comuns diárias • Os pacientes com condições cardiovasculares importantes ativas requerem avaliação e tratamento antes de serem sujeitos a cirurgia não cardíaca eletiva • O estado funcional é um preditor fiável do risco cardiovascular perioperatório e em longo prazo - Capacidade funcional excelente: >10METS - Capacidade funcional boa: 7-10 METS - Capacidade funcional moderada: 4-6 METS - Capacidade funcional fraca: <4 METS à maior risco perioperatorio - Atividades que requerem até 4 METS: Dancas de salao calmas, golfe utilizando carrinho, instrumento musical e caminhadas at;e 6,4km/h - Atividades que requerem mais de 4 METS: subir lance de escadas, subir colina, caminhar em superfície plana a 6,74km/h e fazer trabalhos pesados em casa • Recomendações para avaliação complementar • O manejo da medicina perioperatória é orientado pelo estado cardiovascular do paciente, pelo regime terapêutico atual e pelo tipo de cirurgia proposta • É recomendável que a cirurgia seja adiada no mínimo 14 dias nos pacientes que foram sujeitos a angioplastia e 30 dias nos pacientes com endopróteses metálicas convencionais • Nos pacientes com endopróteses revestidas de medicamentos é necessário adiar no mínimo 6 meses • O uso de beta bloqueadores durante o período perioperatório reduzem a isquemia do miocárdio e podem reduzir o risco de infarto do miocárdio e morte cardiovascular em pacientes de alto risco • A iniciação de terapia perioperatória com estatinas deve ser considerada nos pacientes sujeitos a cirurgia vascular e pacientes em risco de doença cardiovascular e sujeitos a procedimentos de alto risco c. Profilaxia de endocardite • Procedimentos odontológicos que envolvam manipulação de tecido gengival, região periapical dos dentes ou perfuração da mucosa oral, e procedimentos do trato respiratório ou que manipulam estruturas infectadas da pele ou musculo esqueléticas em pacientes de alto risco • Não é recomendada para procedimentos do trato geniturinário ou gastrointestinal • Droga de escolha: amoxicilina d. Doença pulmonar • Objetivo de detectar e tratar doença pulmonar reversível, otimizar o tratamento clínico e permitir o planejamento de suporte ventilatório pós-operatório, se indicado • Principais fatores de risco: ASA superior a II, idade acima de 60 anos, dependência funcional e presença da doença pulmonar obstrutiva ou de insuficiência cardíaca congestiva • Uma concentração de albumina sérica menos que 3,5g/dL também foi um forte preditor de complicações pulmonares • O tabagismo ativo é um preditor menor de complicações pulmonares • A presença de obesidade ou de asma leve a moderada também não foi significativamente associada a complicações pulmonares perioperatórias • As complicações perioperatorias relacioanadas a SAOS incluem depressão respiratória exagerada em decorrência dos anestésicos e analgésicos, complicações pulmonares pos-operatorias, disritmias cardíacas e internação hospitalar prolongada • Nos pacientes com asma ou DPOC ativa, a cirurgia eletiva deverá ser adiada até que o paciente seja devidamente tratado • Os demais fatores de risco que predispõem as complicações pulmonares perioperatórias estão relacionados com intervenções cirúrgicas e anestésicas e incluem operação com duração superior a 3 horas, operação de emergência e o uso de anestesia geral. Os procedimentos que implicam maior risco dessas complicações são operação abdominal, torácica, neurocirurgia, cirurgias de cabeça e pescoço e cardiovascular e. Doenças hepática e renal • As disfunções hepática e renal alteram o metabolismoe a eliminação de muitos agentes anestésicos • Pacientes com insuficiência hepática ou renal aguda não devem ser submetidos a procedimentos eletivos até que essas condições possam ser adequadamente estabilizadas • Nos pacientes com IRC devem ser analisados o debito urinário diário, o tipo e a frequência de dialise e as complicações relacionadas. Além de identificar o estado da volemia, coagulopatia, anemia, derrame pericárdico e encefalopatia - A dialise deve ser realizada 18 a 24 horas antes da operação • A presença de doença hepática altera o metabolismo das drogas anestésicas, e a hipoalbuminemia aumenta a fracao livre de muitas drogas, tornando estes pacientes mais sensíveis aos seus efeitos, tanto de longa quanto de curta acao f. Nutrição, endocrinologia e metabolismo • Nos pacientes com DM devemos enfatizar a duração, o tipo e o tratamento do diabetes - Mandatória a revisão do dano orgânico funcional (doença cardiovascular, insuficiência renal, retinopatia e complicações neurológicas) - Na manha da cirurgia, deve ser administrada uma dosagem reduzida de insulina de acao intermidiaria ou de longa acao, e a insulina de curta deve ser suspens - As concentrações de glicose devem ser verificadas, no mínimo, antes da cirurgia e antes da alta medica - Nos pacientes com DM2, suspender antidiabéticos orais e tratamento injetáveis não insulínicos no dia da cirurgia - Metformina deve se suspensa devido ao risco de acidose láctica perioperatória • Os pacientes em uso prolongado de glicorticoides necessitam de cobertura perioperatoria para evitar insuficiência adrenal g. Jejum anterior a operação • Período mínimo de jehum de duas horas após a ingestão de líquidos e 6 horas para sólidos e líquidos não trnaslucidos h. Avaliação do estado clínico • ASA I: paciente sem distúrbio orgânico, fisiológico, bioquímico ou psiquiátrico • ASA II: paciente com doença sistêmica leve que não resulta em limitação funcional (ex: hipertensão bem controlada, DM não complicada) • ASA III: paciente co doença sistêmica grave que resulta em debilidade funcional (ex: DM com complicações vasculares, IAM prévio e hipertensão descontrolada) • ASA IV: paciente com doença sistêmica grave que ameaça a vida (ex: ICC, angina instável) • ASA V: paciente moribundo sem expectativas de sobreviver com ou sem a operação (ex: aneurisma aórtico roto, hemorragia intracraniana com pressão elevada) • ASA VI: paciente que foi declarado com morte cerebral que será submetido a retirada dos órgãos para transplante • E: uma operação de urgência é necessária (ex: ASA IE = paciente sadio que sera submetido a uma apendicectomia) 5. Anestesia regional • Técnicas regionais: bloqueios do nervo periférico, espinal e peridural a. Drogas anestésicas locais • O mecanismo de ação dos anestésicos locais é o bloqueio dose-dependente dos fluxos de sódio nas fibras nervosas • A maior hidrofobicidade está associada a maior potencia, e uma ligação proteica aumentada se correlaciona com longa duração • Sinais precoces de uma dose excessiva ou injeção intravascular inadvertida: dormência ou formigamento da língua ou lábios, gosto metálico, sensação de cabeça leve, zumbido ou distúrbio visuais. Pode progredir para fala empastada, desorientação e crises convulsivas • A melhor profilaxia contra efeitos da toxicidade é a aspiração para detectar a punção vascular inadvertida • Os tratamentos primários da toxicidade dos anestésicos locais são oxigenoterapia e suporte ventilatório b. Anestesia espinal • A anestesia espinal ou bloqueio subaracnoide apresenta vásrias aplicações para operações urológicas do abdome inferior, perineal e das extremidades inferiores • Um bloqueio subaracnoide bem sucedio fornece bloqueios sensitivo e motor excelentes logo abaixo do nível do bloqueio • Anestésicos locais para bloqueio subaracnoide: lidocaína, tetracaína e bupivacaina • A anestesia espinal ou raquianestesia consiste em alternativa a manipulação da via aérea e evita as complicações da entubacao traqueal, bem como os efeitos colaterais dos anestésicos gerais: náuseas, vômitos, despertar prolongado ou sonolência pos-operatoria • O bloqueio tem duração limitada e não é adequado para procedimentos prolongados • Complicações: hipotensão, bradicardia, cefaleia pos-puncao (mais comum no sexo feminino, idade jovem e agulhas mais calibrosas), neuropatia radicular transitória, dor lombar, retenção urinaria, infecção, hematoma epidural e excessiva dispersão cefálica resultando em comprometimento cardiorrespiratório • A neuropatia radicular transitória, uma condição dolorosa, mas geralmente autolimitada, surgiu recentemente associada ao aumento no uso de lidocaína para bloqueio subaracnoide c. Anestesia epidural • Consiste na injeção de anestésicos locais, com ou sem opiaceos, no interior do espaço epidural torácico ou lombar • Possui vantagens específicas para operação torácica, operação vascular periférica e operação gastrointestinal • As complicações e contraindicações são similares aquelas para raquianestesia • Devido ao risco de hematoma espinal dorsal, o posicionamento e a remoção de cateteres epidurais em pacientes recebendo anticoagulação oral e parenteral devem ser realizados sob orientação de um anestesiologista. Geralmente, esses hematomas ocorrem quando em uso de HBPM d. Bloqueio de nervo periférico • A vantagem dos bloqueios periféricos é o menor estresse fisiológico, comparado a anestesia espinal ou epidural,, evitar a manipulação da via aérea e as complicações potenciais associadas a entubação traqueal, e evitar também os efeitos adversos potenciais associados a anestesia geral • Complicações: toxicidade de anestésicos locais, lesão nervosa, bloqueios neuroaxiais inadvertidos e injeção intravascular de anestésicos locais 6. Sedação consciente • A sedação moderada significa que o paciente pode responder adequadamente ao estímulo tátil ou verbal, mantém a via aérea patente, não necessitando de intervenção para mantê-la pérvia, possui ventilação espontânea e preserva a função cardiovascular • Hipoventilacao e hipoxemia são as complicações mais comuns de sedação profunda • As drogas utilizadas para a sedação moderada geralmente consistem em opiodes, como fentanil ou morfina, frequentemente combinados a um ansiolítico, como midazolam 7. Cuidados pós-anestésicos • Monitores para avaliação da ventilação, oxigenação e circulação devem estar disponíveis para todos os pacientes • Os cuidados também incluem avaliação periódica da função neuromuscular, estado mental, temperatura, dor, necessidade de fluidos, debito urinário, náusea, vômitos, hemorragia e drenagem • Muitos pacientes permanecem sob vigilância por 30-60 minutos até que estejam reativos e possam ser removidos para uma área de recuperação secundaria a. Agitação, delirium e declínio cognitivo pós-operatórios • Agitação pós-operatória pode ser devido dor, ansiedade, hipoxemia, hipercapnia, acidose, hipotensão, hipoglicemia, complicações cirúrgicas e reações adversas a droga • O delirium pós-operatório é uma complicação comum da cirurgia e da anestesia que ocorrem em 70% dos pacientes com mais de 60 anos de idade - Fatores contribuintes: função cognitiva pré-operatória, magnitude da cirurgia e a necessidade de cuidados intensivos pós-operatórios b. Complicações respiratórias • A obstrução da via aérea é mais comum em decorrência da obstrução da orofaringe pela língua ou pelas partes moles, como consequência dos efeitos residuais dos anestésicos gerais, analgésicos ou relaxantes musculares - Outras causas: laringoespasmo, sangue, vomito ou debris na via aérea, edema de glote, paralisia de pregas vocais e compressão externa por um hematoma, curativo ou colar cervical • Sinais característicos de obstrução: ruídos respiratórios sonoros (estridor) e movimentos paradoxais do tórax a respiração • Muitas obstruçõespodem ser aliviadas pela simples extensão cervical e pela manobra de tração da mandíbula. A aspiração de via aérea também pode ser benéfica. Em caso de laringoespasmo, deve ser aplicada uma pressão positiva contínua na via aérea, seguida pela administração de 10- 20mg de succinilcolina se a pressão positiva continua for ineficaz • A administração de oxigênio suplementar durante o período pós-operatório imediato diminui a incidência e gravidade de hipoxemia • A hipoxemia pode resultar da hipoventilação, distúrbio da ventilação-perfusão ou shunt intrapulmonar direito-esquerdo • A hipoventilacao (hipercapnia) pode resultar de obstrução da via aérea, depressão respiratória central, causada pelos efeitos resisduais dos anestésicos, hipotermia, lesão do sistema nervoso central, restrição a ventilação causada por relaxamento muscular residual, distensão abdominal e anormalidades eletrolíticas c. Náusea e vômito pós-operatório • As abordagens farmacológicas incluem o uso de anticolinérgicos (escopolamina, atropina), antagonistas dos receptores de serotonina (ondansetrona, dolasetrona), antidopaminérgicos (clorpromazina, haloperidol), corticosteroides (dexametasona) e anti-histaminicos (difenidramina, prometazina) d. Hipotermia • Os aquecedores por fluxo forcado de ar quente ou circulação de agua quente são as técnicas mais eficazes para fornecer aquecimento intraoperatório ativo e. Complicações circulatórias • A hipotensão geralmente é causada por hipovolemia, disfunção ventricular esquerda ou arritmias. Outras causas incluem anafilaxia, reações transfusionais, tamponamento cardíaco, embolia pulmonar, reações adversas a drogas, insuficiência adrenal e hipoxemia - Tratamento: suporte circulatório com fluidos, agentes inotrópicos, posição de Trendelenburg e oxigênio, até que a causa subjacente seja diagnosticada e tratada • As causas mais comuns de hipertensão incluem dor, ansiedade e hipertensão essencial tratada de forma inadequada - A hipercapnia e hipoxemia devem ser sempre excluídas. Outras causas menos comuns incluem hipoglicemia, reações a drogas, hipertireoidismo, feocromocitoma ou hipertermia maligna e distensão da bexiga f. Perda de visão pós-operatória • É uma complicação rara que ocorre com mais frequência em pacientes sujeitos a cirurgia prolongada em decúbito ventral (cirurgia da coluna) ou cirurgia cardíaca • Causas: oclusao da artéria da retina, cegueira cortical e neuropatia óptica isquêmica 8. Tratamento da dor aguda • A dor aguda é a dor que se espera que seja de curta duração e que deve se resolver com o repato dos tecidos lesados ou com a retirada do estímulo doloroso • Métodos de analgesia - Agentes analgésicos: opiodes, AINES, acetaminofeno e anestésicos locais - Vias de administração: oral, parenteral (pacientes com dor moderada a grave, que necessitam de rápido controle da dor), epidural e intratecal § A via intravenosa é preferível as injeções subcutâneas e intramusculares quando a via parenteral esta indicada a. Opiodes • Analgésico potentes eficazes • Os receptores μ1 estão envolvidos na analgesia supraespinal. Os receptores δ e κ estão envolvidos na analgesia espinal • Opiodes fortes: dor moderada a grave e para a dor que é constante em frequência (ex: morfina, hidromorfina, fentanil e meperidina) - Para pacientes com insuficiência renal usar fentanil ou meperidina • Opiodes fracos: dor leve a moderada que é intermitente (ex: hidroconona e codeína) • Efeitos colaterais: náusea, prurido, sedação, confusão mental, diminuição da motilidade gástrica, retenção urinária e depressão respiratória • A retirada lenta e gradual geralmente previne os sintomas de abstinência b. Fármacos anti-inflamatórios não esteroidais • A inibição das prostaglandinas (mecanimos de ação) promove analgesia, mas também pode levara. Efeitos adversos, como ulceração gástrica, sangramento e lesão renal • Cetorolaco: administração parenteral. Deve ser evitado nos pacientes com hisotirco de gastropatia, disfunção plaquetaria ou trombocitopenia • Inibidores seletivos da COX-2: celexoxibe, refecoxibe e valdecoxibe à analgesia semelhante causando reduzido risco de sangramente GI, diátese hemorrágica e comprometimento renal c. Agonistas alfa2-adrenérgicos • A dexmedetomidina é eficaz na medicina perioperatória apenas com efeitos temporários na hemodinâmica em contrapartida de uma melhor analgesia e menor uso de opiaceos d. Anestésicos locais • A aplicação tópica de anestésicos locais é obtida usando-se agentes como EMLA (Mistura Estética de Anestesia Local) em creme, que contem prilocaína e lidocaína e. Terapia analgésica combinada • Opiodes e AINES em prevenção regular ou administração epidural de um anestésico local com opiode • A gabapentina, um anticonvulsivante usado para tratamento da dor neuropática crônica, demonstrou ser eficaz para a analgesia no período pos-operatório agudo f. Analgesia neuroaxial • As vias neuroaxiais de administração incluem as vias epidural e intratecal (subaracnóidea) • Uma consideração importante na seleção de pacientes para analgesia neuroaxial é a ausência de alterações da coagulação, incluindo o uso de anticoagulantes e antiplaquetários. Importante para minimizar o risco de sangramento intraespinal e formação de hematoma dural que pode levar a lesão neurológica grave • Agentes como opiodes e anestésicos locais são administrados pela via neuroaxial para atingir analgesia. Também se pode utilizar clonidina, neostigmina e acetominofeno g. Analgesia intravenosa controlada pelo paciente • Agentes de escolha: opiodes (sulfato de morfina) • Os pacientes candidatos a PCA IV são pacientes capazes de entender as etapas básicas envolvidas na adminitracao da droga, aqueles que dispõem a assumir o controle de sua analgesia e aqueles que são fisicamente capazes de ativar o dispositivo 9. Dor crônica • É a dor que persiste por um mês além do tempo esperado para a recuperação • Fatores que aumentam o risco de dor crônica: infecção no local cirúrgico, trauma nervoso intraoperatório, DM e o comprometimento nervoso por câncer