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Representação de Inconstitucionalidade e Ação Direta Interventiva

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1 
 
 
 
 2 
AULA 5: RI E ADINT 3 
INTRODUÇÃO 3 
CONTEÚDO 4 
A REPRESENTAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE (RI) E O CONTROLE ABSTRATO NOS 
ESTADOS-MEMBROS 4 
CONCEITO DE REPRESENTAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE 5 
OBJETO DAS REPRESENTAÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE 6 
COMPETÊNCIA PARA O JULGAMENTO DAS REPRESENTAÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE
 6 
A JURISPRUDÊNCIA DO STF E AS REPRESENTAÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE 7 
A NATUREZA POLÍTICA DA INTERVENÇÃO FEDERAL E O ESTADO DEMOCRÁTICO DE 
DIREITO 10 
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE INTERVENTIVA (ADINT) 12 
HIPÓTESES DE CABIMENTO DA ADINT 13 
LEGITIMIDADE PASSIVA E ATIVA AD CAUSAM PARA PROPOR ADINT 14 
PROCEDIMENTO DA AÇÃO INTERVENTIVA REGULADO PELA LEI N. 4337/64 14 
PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS SENSÍVEIS 15 
JURISPRUDÊNCIA DO STF 15 
ATIVIDADE PROPOSTA 17 
REFERÊNCIAS 18 
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 18 
CHAVES DE RESPOSTA 21 
ATIVIDADE PROPOSTA 21 
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 21 
 
 
 
 
 3 
Introdução 
Na presente aula, serão estudadas as principais características do sistema de 
controle concentrado, principal e abstrato de constitucionalidade no âmbito 
dos Estados-membros (Representação de Inconstitucionalidade), bem como a 
figura jurídica ação direta interventiva (ADINT), nas esferas federal e 
estadual. 
 
A figura jurídica da Representação de Inconstitucionalidade é o símbolo da 
supremacia da Constituição Estadual em relação às leis infraconstitucionais 
estaduais e municipais, enquanto a ação direta interventiva está ligada ao 
pacto federativo, notadamente na guarda dos assim chamados princípios 
constitucionais sensíveis. 
 
Sendo assim, o objetivo desta aula é: 
1. Analisar as principais modalidades de controle abstrato de 
constitucionalidade no âmbito dos Estados-membros, bem como da 
ação direta interventiva nas esferas federal e estadual. 
 
 
 
 
 
 
 4 
Conteúdo 
A Representação de Inconstitucionalidade (Ri) e o Controle 
Abstrato nos Estados-Membros 
O Estado brasileiro foi organizado sob a forma federativa tridimensional, que 
atribui autonomia, que se desdobra nos âmbitos político, administrativo e 
financeiro para a União, Estados, Distrito Federal e Municípios. A autonomia 
política das unidades da federação lhes outorga o poder de auto-organização, 
que se materializa por meio da elaboração de constituições regionais e locais. 
 
A organização dos Estados se faz pelas respectivas constituições estaduais 
nos termos do art. 25 da Constituição Federal e a organização dos municípios 
e do Distrito Federal é feita pelas respectivas leis orgânicas, nos termos dos 
artigos 29 e 32. 
 
Em termos hierárquicos as constituições estaduais se colocam em patamar 
inferior à Constituição da República e superior às leis estaduais e municipais, 
inclusive sobre as leis orgânicas dos municípios. Daí que se pode extrair a 
conclusão de que as normas municipais e estaduais que contrariam a 
Constituição do respectivo Estado são consideradas inconstitucionais. 
 
Os níveis de hierarquia são: 
- Constituição da República; 
- Constituições Estaduais/Lei Orgânica do Distrito Federal; 
- Leis Municipais, Leis Estaduais e Leis Orgânicas Municipais. 
 
Observação: Não confundir aqui com a falta de hierarquia entre leis 
federais, estaduais, distritais e municipais, vez que não se trata de hierarquia, 
mas, sim, de repartição de competência. 
 
 
 5 
A Lei Orgânica do Distrito Federal também ostenta supremacia em relação às 
leis distritais, de modo que, se estas contrariam aquela, também se tem caso 
de inconstitucionalidade. 
 
A Constituição da República, atenta a essa hierarquização das normas 
estaduais, distritais e municipais, criada em seu próprio texto, previu um 
mecanismo específico destinado a proteger a supremacia das constituições 
estaduais e, por equiparação, da Lei Orgânica do Distrito Federal. Trata-se da 
figura jurídica da representação de inconstitucionalidade. 
 
Conceito de Representação de Inconstitucionalidade 
A representação de inconstitucionalidade está prevista no art. 125, § 2.°, da 
CRFB/88, que assim dispõe: 
 
Cabe aos Estados a instituição de representação de inconstitucionalidade de 
leis ou autos normativos estaduais e municipais, em face da Constituição 
Estadual, vedada a atribuição da legitimação para agir a um único órgão. 
 
Como se observa, a Constituição da República atribuiu aos próprios estados a 
tarefa de regular a figura jurídica da representação de inconstitucionalidade. 
Tal regulação deve ser feitas nas respectivas Constituições Estaduais. 
 
Tem-se entendido que as normas relativas à ADI sejam da Constituição da 
República ou da legislação infraconstitucional, aplicam-se ao âmbito da 
representação de inconstitucionalidade pelo princípio da simetria. De modo 
que também se deve mencionar, aqui, a Lei n.° 9.868/99 como um dos 
diplomas reitores da RI. 
 
De acordo com o art. 125, § 2.°, da CRFB/88, a representação de 
inconstitucionalidade é ação que desencadeia o controle concentrado, 
 
 6 
principal e abstrato da constitucionalidade das leis e atos normativos 
estaduais e municipais violadores de disposições da Constituição Estadual. 
 
Objeto das Representações de Inconstitucionalidade 
Observe com atenção que somente leis estaduais e municipais são 
impugnadas em sede de RI, cujo paradigma de referência é a Constituição 
Estadual. O mesmo raciocínio vale para a impugnação de lei distrital, em face 
da Lei Orgânica do Distrito Federal, ou seja, cabe representação de 
inconstitucionalidade naquela unidade da Federação. 
 
Quanto às leis federais, elas não buscam fundamento de validade na 
Constituição Estadual ou na Lei Orgânica do Distrito Federal, logo não podem 
ser objeto de RI. Com efeito, não se pode aferir a validade de leis federais 
diante das normas constitucionais de âmbito regional. Somente em face da 
Constituição da República uma lei federal pode ter sua constitucionalidade 
aferida. 
 
O objeto de impugnação da ADI aplica-se em sede de representação de 
inconstitucionalidade, vale dizer, o objeto de impugnação neste âmbito há de 
ser norma jurídica vigente. Donde se extrai a conclusão de que não podem 
ser objeto de RI, além das normas federais: as leis de efeitos concretos, as 
normas jurídicas secundárias e as leis ou atos normativos cuja vigência já se 
esgotou. 
 
Competência para o Julgamento das Representações de 
Inconstitucionalidade 
A competência para o julgamento é do respectivo Tribunal de Justiça. Nesse 
sentido, a decisão do órgão especial ou do plenário do Tribunal de Justiça 
guarda identidade com a que o STF dá em sede de ADI. De modo que tudo o 
que se falou sobre a decisão dada pelo Supremo Tribunal Federal em sede de 
ação direta de inconstitucionalidade há de ser aplicado aqui, utilizando-se, por 
 
 7 
simetria, as normas que disciplinam a matéria em âmbito federal. Nesse 
sentido, não cabe recurso extraordinário para o STF da decisão final de 
mérito do TJ em sede de RI. 
 
Observação importante: Há uma exceção quando a hipótese for norma de 
repetição obrigatória da constituição federal. Nesse caso, caberá recurso 
extraordinário para o STF. 
 
Embora o intérprete maior da Constituição Estadual seja o órgão especial ou 
o plenário do Tribunal de Justiça respectivo, há casos em que a questão 
poderá ser definitivamente resolvida no âmbito do Supremo Tribunal Federal. 
Trata-se da hipótese em que a norma da Constituição do Estado que serviu 
de paradigma de controle reproduz por obrigação alguma norma da 
Constituição da República (norma de repetição obrigatória). 
 
Assim é que, fundado no art. 102, III, a, da CRFB/88, o STF tem admitido a 
interposição de recurso extraordinário contra a decisão do Tribunal de Justiça 
que julga a representação de inconstitucionalidade, desde que o paradigma 
de controle seja norma de reprodução obrigatória. 
 
Para saber mais sobre o tema:leia o artigo “Jurisdição constitucional dos 
Estados-membros quanto às normas repetidas”. Disponível em: 
 <http://jus.com.br/revista/texto/6413/jurisdicao-constitucional-dos-estados-
membros-quanto-as-normas-repetidas/2>. 
 
A Jurisprudência do STF e as Representações de 
Inconstitucionalidade 
Conheça agora algumas decisões pretorianas relevantes no que tange ao 
regime jurídico das RI. Revela-se legítimo invocar, como referência 
paradigmática, para efeito de controle abstrato de constitucionalidade de leis 
ou atos normativos estaduais e/ou municipais, cláusula de caráter remissivo, 
http://jus.com.br/revista/texto/6413/jurisdicao-constitucional-dos-estados-membros-quanto-as-normas-repetidas/2
http://jus.com.br/revista/texto/6413/jurisdicao-constitucional-dos-estados-membros-quanto-as-normas-repetidas/2
 
 8 
que, inscrita na Constituição estadual, remete, diretamente, às regras 
normativas constantes da própria CF, assim incorporando-as, formalmente, 
mediante referida técnica de remissão, ao plano do ordenamento 
constitucional do Estado-membro. Com a técnica de remissão normativa, o 
Estado-membro confere parametricidade às normas, que, embora constantes 
da CF, passam a compor, formalmente, em razão da expressa referência a 
elas feita, o corpus constitucional dessa unidade política da Federação, o que 
torna possível erigir-se, como parâmetro de confronto, para os fins a que se 
refere o art. 125, § 2º, da CR, a própria norma constitucional estadual de 
conteúdo remissivo. 
 
RCL 10.500-MC, Rel. Min. Celso de Mello, decisão monocrática, julgamento 
em 18-10-2010, DJE de 26-10-2010. 
 
Antes de adentrar no mérito da questão aqui debatida, anoto que, muito 
embora não tenha o constituinte incluído o Distrito Federal no art. 125, § 2º, 
que atribui competência aos Tribunais de Justiça dos Estados para instituir a 
representação de inconstitucionalidade em face das constituições estaduais, a 
Lei Orgânica do Distrito Federal apresenta, no dizer da doutrina, a natureza 
de verdadeira Constituição local, ante a autonomia política, administrativa e 
financeira que a Carta confere a tal ente federado. Por essa razão, entendo 
que se mostrava cabível a propositura da ação direta de inconstitucionalidade 
pelo MPDFT no caso sob exame. 
 
RE 577.025, voto do Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgamento em 11-12-
2008, Plenário, DJE de 6-3-2009, com repercussão geral. 
 
É pacífica a jurisprudência do STF, antes e depois de 1988, no sentido de que 
não cabe a tribunais de justiça estaduais exercer o controle de 
constitucionalidade de leis e demais atos normativos municipais em face da 
CF. 
 
 
 9 
ADI 347, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgamento em 20-10-2006, Plenário, DJ 
de 20-9-2006. No mesmo sentido: RE 421.256, Rel. Min. Ricardo 
Lewandowski, julgamento em 26-9-2006, Primeira Turma, DJ de 24-11-2006. 
 
Competência. Ação direta de inconstitucionalidade. Lei municipal contestada 
em face da Carta do Estado, no que repete preceito da CF. O § 2º do art. 125 
do Diploma Maior não contempla exceção. A competência para julgar a ação 
direta de inconstitucionalidade é definida pela causa de pedir lançada na 
inicial. Em relação ao conflito da norma atacada com a Lei Máxima do Estado, 
impõe-se concluir pela competência do Tribunal de Justiça, pouco importando 
que o preceito questionado mostre-se como mera repetição de dispositivo, de 
adoção obrigatória, inserto na Carta da República. Precedentes: Rcl. 383/SP e 
Rcl. 425-AgR, relatados pelos Ministros Moreira Alves e Néri da Silveira, com 
acórdãos publicados no DJ de 21-5-1993 e 22-10-1993, respectivamente. 
 
RE 199.293, Rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 19-5-2004, Plenário, DJ 
de 6-8-2004. 
 
A declaração de inconstitucionalidade de norma estadual em face da 
Constituição estadual, quando se torna irrecorrível, tem eficácia erga omnes, 
vinculando, por isso, necessariamente o tribunal local de que ela emanou, 
como corretamente salientou o acórdão recorrido. 
 
AI 255.353-AgR, Rel. Min. Moreira Alves, julgamento em 23-5-2000, Primeira 
Turma, DJ de 10-8-2000. 
 
A simples referência aos princípios estabelecidos na CF não autoriza o 
exercício do controle abstrato da constitucionalidade de lei municipal por este 
Tribunal. O ajuizamento de ação direta de inconstitucionalidade perante esta 
Corte só é permitido se a causa de pedir consubstanciar norma da 
Constituição estadual que reproduza princípios ou dispositivos da Carta da 
República. A hipótese não se identifica com a jurisprudência desta Corte que 
 
 10 
admite o controle abstrato de constitucionalidade de ato normativo municipal 
quando a Constituição estadual reproduz literalmente os preceitos da Carta 
Federal. 
 
RE 213.120, Rel. Min. Maurício Corrêa, julgamento em 16-12-1999, Segunda 
Turma, DJ de 2-6-2000. No mesmo sentido: RE 202.949-AgR, Rel. Min. 
Joaquim Barbosa, julgamento em 31-8-2010, Segunda Turma, DJE de 12-11-
2010. 
 
Coexistência de jurisdições constitucionais estaduais e federal. Propositura 
simultânea de ação direta de inconstitucionalidade contra lei estadual perante 
o STF e o Tribunal de Justiça. Suspensão do processo no âmbito da Justiça 
estadual, até a deliberação definitiva desta Corte. Precedentes. Declaração de 
inconstitucionalidade, por esta Corte, de artigos da lei estadual. Arguição 
pertinente à mesma norma requerida perante a Corte estadual. Perda de 
objeto. 
 
Pet 2.701-AgR, Rel. p/ o ac. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 8-10-1993, 
Plenário, DJ de 19-3-2004. 
 
Vamos agora examinar a intervenção federal e a ação direta interventiva. 
 
A Natureza Política da Intervenção Federal e o Estado 
Democrático de Direito 
O alcance da intervenção e das prerrogativas do interventor não pode 
descurar dos princípios constitucionais impostos pelo ordenamento jurídico. 
Não há, como no estado de sítio e no estado de defesa, uma flexibilização 
dos direitos fundamentais ou uma excepcionalidade dos direitos e garantias 
constitucionais. O Estado Democrático de Direito é mantido em sua inteireza, 
ocorrendo apenas a limitação da autonomia do ente federativo que sofreu a 
intervenção. A Intervenção Federal diferentemente dos institutos do Estado 
 
 11 
de Defesa e do Estado de Sítio não é uma excepcionalidade ao Estado 
Democrático de Direito visto que a Constituição não prevê para aquele 
instituto a possibilidade de suspensão de direitos ou garantias fundamentais. 
 
A intervenção será uma restrição à autonomia federativa de um ente. No 
entanto, como bem destaca Walber de Moura Agra (2007, p. 297): 
 
Na história dos textos constitucionais brasileiros, o instituto da intervenção 
sempre respeitou os princípios do Estado Democrático de Direito. Contudo, o 
Ato Institucional 5 (AI-5) extrapolou os limites da intervenção, tornando-a um 
instrumento de coação do regime militar. Pelo AI-5 foi permitido ao 
Presidente da República, alegando interesse nacional, intervir nos Estados-
membros e nos Municípios sem respeitar as barreiras legais firmadas pela 
Constituição. 
 
Os limites da intervenção são expostos preponderantemente pela Constituição 
Federal e pelo decreto presidencial que a estabelece. A intervenção federal 
possui caracteres que devem ser mencionados. São eles: 
 
 Natureza política; 
 Provisoriedade. 
 
Quando se defende a natureza política do processo de intervenção, está-se a 
firmar, por outro prisma, o entendimento de que os critérios sobre os quais se 
movimenta a autoridade responsável pela expedição do decreto são 
essencialmente políticos. Utiliza-se, portanto, do juízo da conveniência e 
oportunidade da medida. 
 
 Conveniência é signo que importa na aferição de juízo de valor 
político acerca da efetiva necessidade no adotar-se a providência. 
 
 
 12 
 Oportunidade, por outro lado, significa examinar o momento político 
da sua execução. 
 
A autoridade responsávelpelo início da intervenção não usa um ou outro, 
mas os dois. Entrecruzam-se conveniência e oportunidade para tornar o mais 
acertada possível a decisão política atinente à intervenção. Outrossim, o §4º 
do art. 36 salienta que “cessados os motivos da intervenção, as autoridades 
afastadas de seus cargos a estes voltarão, salvo impedimento legal’. É a 
característica referente à provisoriedade da intervenção. 
 
Medida excepcionalíssima que vulnera as autonomias estadual e municipal, o 
procedimento interventivo deve durar rigorosamente o tempo apto ao retorno 
da normalidade institucional da entidade federativa atingida. 
 
Ação Direta de Inconstitucionalidade interventiva (ADINT) 
 É uma medida excepcional de limitação temporária da autonomia do 
estado; 
 
 Destina-se à preservação da soberania nacional e do pacto federativo; 
 
 A decisão do STF é condição jurídica para a decretação da intervenção 
federal e a declaração de inconstitucionalidade não é o objeto da ação, 
mas questão prejudicial. 
 
Para parte da doutrina constitucionalista, a ação direta de 
inconstitucionalidade interventiva é uma modalidade de controle de 
constitucionalidade concreto e concentrado para um conflito federativo. 
 
A ação direta interventiva não desencadeia um processo objetivo, ou seja, a 
análise da constitucionalidade da lei em tese, mas sim, a jurisdição para 
 
 13 
solucionar um conflito federativo entre a União e os Estados (ou Distrito 
Federal). 
 
Portanto, a eventual declaração de inconstitucionalidade de ato normativo 
estadual em sede de ADINT não o torna automaticamente nulo e nem lhe 
retira a eficácia. Ou seja, julgada procedente a ADINT a União ficará obrigada 
a intervir, pois trata-se de um ato vinculativo. Entretanto, isso não importa na 
declaração de nulidade do ato estadual, pois este é o objeto de outra 
modalidade de ação, qual seja, a direta de inconstitucionalidade (ADIN). Em 
outras palavras, os efeitos do provimento da representação (ou procedência 
da ação direta interventiva) não estabelecem a nulidade do ato contaminado, 
o que se tem é a decretação da intervenção federal no Estado. 
 
Hipóteses de Cabimento da Adint 
De acordo com o inciso III do art. 36 da CRFB/88, em se tratando de 
intervenção federal no Estado ou no Distrito Federal, a decretação da ação 
direta interventiva (ou simplesmente representação interventiva) será 
fundada nas seguintes hipóteses: 
 
a) descumprimento de lei federal (CRFB/88, art. 34, VI, 1.ª parte); 
 
b) descumprimento de princípios constitucionais sensíveis (CRFB/88, art. 
34, VII). 
 
Já com fulcro no inciso IV do art. 35 da CRFB/88, em se tratando, contudo, 
de intervenção do Estado no Município, as hipóteses que pressupõem o 
provimento da ação direta interventiva estadual são as seguintes: 
 
a) descumprimento de lei, ordem ou decisão judicial; 
 
b) descumprimento de princípios descritos na Constituição do Estado. 
 
 14 
 
Observe, com muita atenção, que o descumprimento de ordem ou decisão 
judicial não é hipótese para a ação direta interventiva federal, ou seja, para a 
Intervenção Federal nos estados e no Distrito Federal, mas é, sim, hipótese 
de cabimento para a ação direta interventiva estadual, ou seja, para a 
Intervenção Estadual no Município. 
 
Legitimidade Passiva e Ativa Ad Causam para Propor Adint 
No nível federal, tem legitimidade ativa o Procurador-Geral da República, 
chefe do Ministério Público da União e do Ministério Público Federal. Apesar 
de o texto constitucional falar em “representação” (art. 36, III), trata-se de 
verdadeira ação. Por isso que hoje se chama ação direta interventiva federal. 
 
Já o legitimado para figurar no polo passivo é o Estado-membro ou Distrito 
Federal. 
 
Procedimento da Ação Interventiva Regulado pela Lei N. 
4337/64 
O Procurador-Geral da República – PGR, ao ter conhecimento do ato que viola 
os princípios constitucionais sensíveis ou a inexecução de lei federal pode 
propor a ação direta interventiva. Mas esse é um ato discricionário. 
 
Ao receber uma representação do interessado, PGR – se entender ser 
relevante – tem o prazo de 30 dias para ingressar com a ação direta 
interventiva perante o Supremo Tribunal Federal. 
 
Proposta a ação, o relator ouve em 30 dias os órgãos que elaboraram ou 
praticaram o ato. Após a oitiva dos órgãos, o relator tem mais 30 dias para 
apresentar o relatório, que remeterá a todos os Ministros. 
 
 
 15 
O julgamento será feito pelo órgão plenário, podendo fazer uso da palavra o 
Procurador-Geral da República e o órgão que emitiu o ato. 
 
Se a decisão for pela inconstitucionalidade, o Supremo Tribunal Federal 
comunica aos órgãos interessados e requisita ao Presidente da República a 
decretação da intervenção federal, estando este obrigado a cumpri-la, sob 
pena de responder por crime de responsabilidade com base no art. 12 da Lei 
1079/50. 
 
A Lei 4.337/64 expressamente proíbe a concessão de liminar. Tal provimento 
é incompatível com a ação interventiva, porque a suspensão liminar do ato 
impugnado transformaria em ação direta de inconstitucionalidade, o que é 
fiscalização abstrata e não concreta (MENDES, 2008). 
 
Princípios Constitucionais Sensíveis 
Os princípios constitucionais sensíveis são: 
 
a) forma republicana, sistema representativo e regime democrático; 
b) direitos da pessoa humana; 
c) autonomia municipal; 
d) prestação de contas da administração pública, direta e indireta; 
e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos 
estaduais, compreendida a proveniente de transferências, na 
manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços 
públicos de saúde. 
 
Jurisprudência do STF 
O Supremo Tribunal Federal tem entendido que o descumprimento das 
normas aqui mencionadas como paradigma para a intervenção pode resultar 
não só da atuação normativa do Estado, do Distrito Federal ou do Município, 
 
 16 
conforme o caso, mas também de ato concreto ou até mesmo de omissão do 
Poder Público diante dos mandamentos constitucionais em questão. 
 
A ressalva que se faz com relação à impugnação de ato concreto para fins de 
intervenção nessa modalidade diz respeito ao fato de que o provimento da 
ação direta interventiva somente se dará quando o ato (concreto) não for 
isolado no contexto do comportamento da unidade federativa. A exigência é a 
de que seja um comportamento sistemático da unidade da Federação, 
ofendendo as normas que podem figurar como paradigma de controle neste 
contexto. 
 
Essa orientação foi firmada pela Corte Suprema de nosso País quando da 
apreciação da IF n.º 114, de que foi relator o Ministro Néri da Silveira. Na 
espécie, impugnava-se uma omissão das autoridades competentes do Estado 
do Mato Grosso que permitiram que populares arrancassem da prisão 
determinados acautelados e os linchassem em praça pública. Entendeu-se na 
ocasião que o ato concreto poderia ensejar o ajuizamento da demanda 
(cabimento), mas que, como aquele não era um comportamento típico do 
Estado, não se justificaria a procedência do pedido para autorizar-se a 
intervenção. 
 
A figura abaixo sintetiza os elementos essenciais da decisão final de mérito do 
Tribunal de Justiça local em sede de controle abstrato (Representação de 
Inconstitucionalidade). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 17 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Atividade Proposta 
Irritado com a postura do Estado de São Paulo que, reiteradamente, vem 
deixando de cumprir decisões e ordens judiciais favoráveis à União, o 
Presidente da República deseja saber, então, se seria necessário o 
ajuizamento de uma ação direta interventiva para decretar a intervenção 
federal no Estado de São Paulo. 
 
Responda, justificadamente: 
1. Como você, na qualidade de Advogado-Geral da União, responderia à 
consulta do Presidente da República? 
Controle Abstratonos Estados 
Decisão em 
 Representação de Inconstitucionalidade 
Ação de competência originária do Tribunal de Justiça com efeitos vinculantes (erga 
omnes) e retroativos (ex-tunc) 
 Em regra, a jurisprudência do STF não admite recurso extraordinário da decisão 
final de mérito do Tribunal de Justiça local em sede de Representação de 
Inconstitucionalidade (RI). 
 Exceção: nas hipóteses de normas de repetição obrigatória da Constituição 
Federal (normas repetidas ipsis literis), a jurisprudência do STF é firme no 
sentido de receber o recurso extraordinário, cuja decisão terá efeitos vinculantes 
(erga omnes) e retroativos (ex-tunc). 
 
 18 
2. E se a mesma consulta fosse formulada por um Governador de Estado, 
que pretendesse decretar a intervenção em um determinado 
Município? 
 
Referências 
BARROSO, Luís Roberto. O controle de constitucionalidade no direito 
brasileiro. Exposição sistemática da doutrina e análise crítica da 
jurisprudência. Rio de Janeiro: Saraiva, 2013. 
 
MENDES, Gilmar Ferreira. Jurisdição constitucional. O controle abstrato de 
normas no Brasil e na Alemanha. São Paulo: Saraiva, 2012. 
 
_____. Direitos fundamentais e controle de constitucionalidade. 
Estudos de direito constitucional. São Paulo: Saraiva, 2012. 
 
Exercícios de Fixação 
Questão 1 
 
A Ação Direta de Inconstitucionalidade Interventiva, processada junto ao 
Supremo Tribunal Federal, tem por objetivos tutelar: 
 
a) toda a Constituição Federal e declarar a inconstitucionalidade do ato 
impugnando. 
b) os princípios sensíveis, previstos no art. 34, VII, da Constituição da 
República, e dispor sobre a intervenção da União nos Estados ou 
Distrito Federal. 
c) os princípios fundamentais, previstos no Título I, da Constituição da 
República, e declarar a inconstitucionalidade do ato impugnando. 
d) os princípios da Ordem Econômica, previstos no art. 170, da 
Constituição da República, e declarar a inconstitucionalidade do ato 
estatal que intervenha indevidamente na economia. 
 
 19 
e) os direitos e garantias fundamentais, previstos no Título II, da 
Constituição da República, e declarar a inconstitucionalidade do ato 
impugnando. 
 
Questão 2 
A ação direta de inconstitucionalidade estadual: 
 
a) pode ser proposta perante o Tribunal de Justiça para controlar as 
omissões da Constituição Federal que afetem o Estado-membro 
respectivo. 
b) pode ser proposta perante o Tribunal de Justiça para impugnar lei 
estadual ou municipal contrárias à Constituição Estadual. 
c) pode ser proposta perante o Supremo Tribunal Federal para impugnar 
lei estadual contrária à Constituição Federal. 
d) não existe no sistema brasileiro de controle da constitucionalidade. 
e) pode ser proposta perante o Superior Tribunal de Justiça para 
impugnar lei estadual contrária à Constituição Federal. 
 
Questão 3 
Assinale a opção correta quanto à disciplina sobre a intervenção federal. 
 
a) No caso de descumprimento, por algum estado-membro, dos princípios 
constitucionais sensíveis, a decretação de intervenção dependerá de 
provimento, pelo STF, de representação do procurador-geral da República. 
b) Se houver, por parte de estado-membro, ameaça ao livre exercício de 
qualquer dos poderes, o pedido de intervenção federal dependerá de 
requisição do STF. 
c) A União só poderá intervir nos estados após prévia anuência do Congresso 
Nacional. 
d) O estado só poderá intervir em seus municípios se a assembleia 
legislativa, por maioria absoluta, aprovar a decretação da intervenção. 
 
 20 
e) Não constitui causa de intervenção da União nos estados e no DF a 
necessidade de assegurar o princípio da autonomia municipal. 
 
 
 
Questão 4 
Assinale a opção correta. 
A Representação Interventiva, processada junto ao Supremo Tribunal 
Federal, tem por objetivos tutelar: 
 
a) Os princípios sensíveis, previstos no art. 34, VII, da Constituição da 
República, e dispor sobre a intervenção estadual nos Municípios em caso 
de inexecução de ordem judicial. 
b) Todo o catálogo de direitos fundamentais do cidadão comum e declarar a 
inconstitucionalidade do ato impugnando. 
c) Os princípios fundamentais, previstos no Título I, da Constituição da 
República, e declarar a inconstitucionalidade do ato impugnando. 
d) Os princípios sensíveis, previstos no art. 34, VII, da Constituição da 
República, e dispor sobre a intervenção federal nos Estados ou Distrito 
Federal em caso de inexecução de lei federal. 
e) Os princípios sensíveis, previstos na Constituição do Estado-membro, e 
declarar a inconstitucionalidade do ato estatal que contravenha tal 
Constituição. 
 
Questão 5 
Assinale a opção correta quanto à disciplina sobre a intervenção federal. 
 
a) No caso de descumprimento, por algum estado-membro, dos princípios 
constitucionais sensíveis, a decretação de intervenção dependerá de 
provimento, pelo STF, de representação do procurador-geral da República. 
b) Se houver, por parte de estado-membro, ameaça ao livre exercício de 
qualquer dos poderes, o pedido de intervenção federal dependerá de 
 
 21 
requisição do STF. 
c) A União só poderá intervir nos estados após prévia anuência do Congresso 
Nacional. 
d) O estado só poderá intervir em seus municípios se a assembleia 
legislativa, por maioria absoluta, aprovar a decretação da intervenção. 
Atividade Proposta 
Resposta: 
1) Quanto à primeira indagação, a resposta é negativa, já que o requisito 
para a decretação da intervenção federal nesse caso seria uma requisição 
do STF, do STJ ou TSE, conforme previsto no art. 36, II, da CRFB/88. São 
hipóteses de cabimento da ação direta interventiva federal a inobservância 
dos princípios constitucionais sensíveis e a inexecução de lei federal nos 
termos do art. 36, III. 
 
2) Já com relação à segunda indagação, a resposta é positiva, tendo em vista 
o disposto no art. 35, IV, in fine, da CRFB/88. Perceba que a disciplina é 
diferenciada, ou seja, são hipóteses de cabimento da ação direta 
interventiva estadual a violação dos princípios indicados na Constituição 
Estadual e a inexecução de lei, de ordem ou de decisão judicial. 
 
Exercícios de Fixação 
Questão 1 - B 
Justificativa: A Ação Direta de Inconstitucionalidade Interventiva federal só 
será processada junto ao Supremo Tribunal Federal nas hipóteses de violação 
de um dos princípios constitucionais sensíveis ou inexecução de lei federal. 
 
Questão 2 - B 
 
 22 
Justificativa: A ação direta de inconstitucionalidade estadual é a chamada 
representação de inconstitucionalidade prevista no artigo 125, § 2º, da 
Constituição Federal e que representa a figura jurídica que guarda a 
supremacia da Constituição Estadual em relação às leis municipais e estaduais 
contrárias à tal Constituição Estadual. 
 
Questão 3 - A 
Justificativa: Nos termos do artigo 36, II, da Constituição Federal, no caso de 
descumprimento, por algum estado-membro, dos princípios constitucionais 
sensíveis e de inexecução de lei federal, a decretação de intervenção 
dependerá de provimento, pelo STF, de representação do procurador-geral da 
República. 
 
Questão 4 - D 
Justificativa: A opção correta é a letra “d”, por força do art. 34, VII, da 
Constituição de 1988. 
Questão 5 - D 
Justificativa: A opção correta é a letra “a”, por força do art. 34, VII, da 
Constituição de 1988.

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