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1 2 AULA 5: RI E ADINT 3 INTRODUÇÃO 3 CONTEÚDO 4 A REPRESENTAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE (RI) E O CONTROLE ABSTRATO NOS ESTADOS-MEMBROS 4 CONCEITO DE REPRESENTAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE 5 OBJETO DAS REPRESENTAÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE 6 COMPETÊNCIA PARA O JULGAMENTO DAS REPRESENTAÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE 6 A JURISPRUDÊNCIA DO STF E AS REPRESENTAÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE 7 A NATUREZA POLÍTICA DA INTERVENÇÃO FEDERAL E O ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO 10 AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE INTERVENTIVA (ADINT) 12 HIPÓTESES DE CABIMENTO DA ADINT 13 LEGITIMIDADE PASSIVA E ATIVA AD CAUSAM PARA PROPOR ADINT 14 PROCEDIMENTO DA AÇÃO INTERVENTIVA REGULADO PELA LEI N. 4337/64 14 PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS SENSÍVEIS 15 JURISPRUDÊNCIA DO STF 15 ATIVIDADE PROPOSTA 17 REFERÊNCIAS 18 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 18 CHAVES DE RESPOSTA 21 ATIVIDADE PROPOSTA 21 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 21 3 Introdução Na presente aula, serão estudadas as principais características do sistema de controle concentrado, principal e abstrato de constitucionalidade no âmbito dos Estados-membros (Representação de Inconstitucionalidade), bem como a figura jurídica ação direta interventiva (ADINT), nas esferas federal e estadual. A figura jurídica da Representação de Inconstitucionalidade é o símbolo da supremacia da Constituição Estadual em relação às leis infraconstitucionais estaduais e municipais, enquanto a ação direta interventiva está ligada ao pacto federativo, notadamente na guarda dos assim chamados princípios constitucionais sensíveis. Sendo assim, o objetivo desta aula é: 1. Analisar as principais modalidades de controle abstrato de constitucionalidade no âmbito dos Estados-membros, bem como da ação direta interventiva nas esferas federal e estadual. 4 Conteúdo A Representação de Inconstitucionalidade (Ri) e o Controle Abstrato nos Estados-Membros O Estado brasileiro foi organizado sob a forma federativa tridimensional, que atribui autonomia, que se desdobra nos âmbitos político, administrativo e financeiro para a União, Estados, Distrito Federal e Municípios. A autonomia política das unidades da federação lhes outorga o poder de auto-organização, que se materializa por meio da elaboração de constituições regionais e locais. A organização dos Estados se faz pelas respectivas constituições estaduais nos termos do art. 25 da Constituição Federal e a organização dos municípios e do Distrito Federal é feita pelas respectivas leis orgânicas, nos termos dos artigos 29 e 32. Em termos hierárquicos as constituições estaduais se colocam em patamar inferior à Constituição da República e superior às leis estaduais e municipais, inclusive sobre as leis orgânicas dos municípios. Daí que se pode extrair a conclusão de que as normas municipais e estaduais que contrariam a Constituição do respectivo Estado são consideradas inconstitucionais. Os níveis de hierarquia são: - Constituição da República; - Constituições Estaduais/Lei Orgânica do Distrito Federal; - Leis Municipais, Leis Estaduais e Leis Orgânicas Municipais. Observação: Não confundir aqui com a falta de hierarquia entre leis federais, estaduais, distritais e municipais, vez que não se trata de hierarquia, mas, sim, de repartição de competência. 5 A Lei Orgânica do Distrito Federal também ostenta supremacia em relação às leis distritais, de modo que, se estas contrariam aquela, também se tem caso de inconstitucionalidade. A Constituição da República, atenta a essa hierarquização das normas estaduais, distritais e municipais, criada em seu próprio texto, previu um mecanismo específico destinado a proteger a supremacia das constituições estaduais e, por equiparação, da Lei Orgânica do Distrito Federal. Trata-se da figura jurídica da representação de inconstitucionalidade. Conceito de Representação de Inconstitucionalidade A representação de inconstitucionalidade está prevista no art. 125, § 2.°, da CRFB/88, que assim dispõe: Cabe aos Estados a instituição de representação de inconstitucionalidade de leis ou autos normativos estaduais e municipais, em face da Constituição Estadual, vedada a atribuição da legitimação para agir a um único órgão. Como se observa, a Constituição da República atribuiu aos próprios estados a tarefa de regular a figura jurídica da representação de inconstitucionalidade. Tal regulação deve ser feitas nas respectivas Constituições Estaduais. Tem-se entendido que as normas relativas à ADI sejam da Constituição da República ou da legislação infraconstitucional, aplicam-se ao âmbito da representação de inconstitucionalidade pelo princípio da simetria. De modo que também se deve mencionar, aqui, a Lei n.° 9.868/99 como um dos diplomas reitores da RI. De acordo com o art. 125, § 2.°, da CRFB/88, a representação de inconstitucionalidade é ação que desencadeia o controle concentrado, 6 principal e abstrato da constitucionalidade das leis e atos normativos estaduais e municipais violadores de disposições da Constituição Estadual. Objeto das Representações de Inconstitucionalidade Observe com atenção que somente leis estaduais e municipais são impugnadas em sede de RI, cujo paradigma de referência é a Constituição Estadual. O mesmo raciocínio vale para a impugnação de lei distrital, em face da Lei Orgânica do Distrito Federal, ou seja, cabe representação de inconstitucionalidade naquela unidade da Federação. Quanto às leis federais, elas não buscam fundamento de validade na Constituição Estadual ou na Lei Orgânica do Distrito Federal, logo não podem ser objeto de RI. Com efeito, não se pode aferir a validade de leis federais diante das normas constitucionais de âmbito regional. Somente em face da Constituição da República uma lei federal pode ter sua constitucionalidade aferida. O objeto de impugnação da ADI aplica-se em sede de representação de inconstitucionalidade, vale dizer, o objeto de impugnação neste âmbito há de ser norma jurídica vigente. Donde se extrai a conclusão de que não podem ser objeto de RI, além das normas federais: as leis de efeitos concretos, as normas jurídicas secundárias e as leis ou atos normativos cuja vigência já se esgotou. Competência para o Julgamento das Representações de Inconstitucionalidade A competência para o julgamento é do respectivo Tribunal de Justiça. Nesse sentido, a decisão do órgão especial ou do plenário do Tribunal de Justiça guarda identidade com a que o STF dá em sede de ADI. De modo que tudo o que se falou sobre a decisão dada pelo Supremo Tribunal Federal em sede de ação direta de inconstitucionalidade há de ser aplicado aqui, utilizando-se, por 7 simetria, as normas que disciplinam a matéria em âmbito federal. Nesse sentido, não cabe recurso extraordinário para o STF da decisão final de mérito do TJ em sede de RI. Observação importante: Há uma exceção quando a hipótese for norma de repetição obrigatória da constituição federal. Nesse caso, caberá recurso extraordinário para o STF. Embora o intérprete maior da Constituição Estadual seja o órgão especial ou o plenário do Tribunal de Justiça respectivo, há casos em que a questão poderá ser definitivamente resolvida no âmbito do Supremo Tribunal Federal. Trata-se da hipótese em que a norma da Constituição do Estado que serviu de paradigma de controle reproduz por obrigação alguma norma da Constituição da República (norma de repetição obrigatória). Assim é que, fundado no art. 102, III, a, da CRFB/88, o STF tem admitido a interposição de recurso extraordinário contra a decisão do Tribunal de Justiça que julga a representação de inconstitucionalidade, desde que o paradigma de controle seja norma de reprodução obrigatória. Para saber mais sobre o tema:leia o artigo “Jurisdição constitucional dos Estados-membros quanto às normas repetidas”. Disponível em: <http://jus.com.br/revista/texto/6413/jurisdicao-constitucional-dos-estados- membros-quanto-as-normas-repetidas/2>. A Jurisprudência do STF e as Representações de Inconstitucionalidade Conheça agora algumas decisões pretorianas relevantes no que tange ao regime jurídico das RI. Revela-se legítimo invocar, como referência paradigmática, para efeito de controle abstrato de constitucionalidade de leis ou atos normativos estaduais e/ou municipais, cláusula de caráter remissivo, http://jus.com.br/revista/texto/6413/jurisdicao-constitucional-dos-estados-membros-quanto-as-normas-repetidas/2 http://jus.com.br/revista/texto/6413/jurisdicao-constitucional-dos-estados-membros-quanto-as-normas-repetidas/2 8 que, inscrita na Constituição estadual, remete, diretamente, às regras normativas constantes da própria CF, assim incorporando-as, formalmente, mediante referida técnica de remissão, ao plano do ordenamento constitucional do Estado-membro. Com a técnica de remissão normativa, o Estado-membro confere parametricidade às normas, que, embora constantes da CF, passam a compor, formalmente, em razão da expressa referência a elas feita, o corpus constitucional dessa unidade política da Federação, o que torna possível erigir-se, como parâmetro de confronto, para os fins a que se refere o art. 125, § 2º, da CR, a própria norma constitucional estadual de conteúdo remissivo. RCL 10.500-MC, Rel. Min. Celso de Mello, decisão monocrática, julgamento em 18-10-2010, DJE de 26-10-2010. Antes de adentrar no mérito da questão aqui debatida, anoto que, muito embora não tenha o constituinte incluído o Distrito Federal no art. 125, § 2º, que atribui competência aos Tribunais de Justiça dos Estados para instituir a representação de inconstitucionalidade em face das constituições estaduais, a Lei Orgânica do Distrito Federal apresenta, no dizer da doutrina, a natureza de verdadeira Constituição local, ante a autonomia política, administrativa e financeira que a Carta confere a tal ente federado. Por essa razão, entendo que se mostrava cabível a propositura da ação direta de inconstitucionalidade pelo MPDFT no caso sob exame. RE 577.025, voto do Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgamento em 11-12- 2008, Plenário, DJE de 6-3-2009, com repercussão geral. É pacífica a jurisprudência do STF, antes e depois de 1988, no sentido de que não cabe a tribunais de justiça estaduais exercer o controle de constitucionalidade de leis e demais atos normativos municipais em face da CF. 9 ADI 347, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgamento em 20-10-2006, Plenário, DJ de 20-9-2006. No mesmo sentido: RE 421.256, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgamento em 26-9-2006, Primeira Turma, DJ de 24-11-2006. Competência. Ação direta de inconstitucionalidade. Lei municipal contestada em face da Carta do Estado, no que repete preceito da CF. O § 2º do art. 125 do Diploma Maior não contempla exceção. A competência para julgar a ação direta de inconstitucionalidade é definida pela causa de pedir lançada na inicial. Em relação ao conflito da norma atacada com a Lei Máxima do Estado, impõe-se concluir pela competência do Tribunal de Justiça, pouco importando que o preceito questionado mostre-se como mera repetição de dispositivo, de adoção obrigatória, inserto na Carta da República. Precedentes: Rcl. 383/SP e Rcl. 425-AgR, relatados pelos Ministros Moreira Alves e Néri da Silveira, com acórdãos publicados no DJ de 21-5-1993 e 22-10-1993, respectivamente. RE 199.293, Rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 19-5-2004, Plenário, DJ de 6-8-2004. A declaração de inconstitucionalidade de norma estadual em face da Constituição estadual, quando se torna irrecorrível, tem eficácia erga omnes, vinculando, por isso, necessariamente o tribunal local de que ela emanou, como corretamente salientou o acórdão recorrido. AI 255.353-AgR, Rel. Min. Moreira Alves, julgamento em 23-5-2000, Primeira Turma, DJ de 10-8-2000. A simples referência aos princípios estabelecidos na CF não autoriza o exercício do controle abstrato da constitucionalidade de lei municipal por este Tribunal. O ajuizamento de ação direta de inconstitucionalidade perante esta Corte só é permitido se a causa de pedir consubstanciar norma da Constituição estadual que reproduza princípios ou dispositivos da Carta da República. A hipótese não se identifica com a jurisprudência desta Corte que 10 admite o controle abstrato de constitucionalidade de ato normativo municipal quando a Constituição estadual reproduz literalmente os preceitos da Carta Federal. RE 213.120, Rel. Min. Maurício Corrêa, julgamento em 16-12-1999, Segunda Turma, DJ de 2-6-2000. No mesmo sentido: RE 202.949-AgR, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgamento em 31-8-2010, Segunda Turma, DJE de 12-11- 2010. Coexistência de jurisdições constitucionais estaduais e federal. Propositura simultânea de ação direta de inconstitucionalidade contra lei estadual perante o STF e o Tribunal de Justiça. Suspensão do processo no âmbito da Justiça estadual, até a deliberação definitiva desta Corte. Precedentes. Declaração de inconstitucionalidade, por esta Corte, de artigos da lei estadual. Arguição pertinente à mesma norma requerida perante a Corte estadual. Perda de objeto. Pet 2.701-AgR, Rel. p/ o ac. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 8-10-1993, Plenário, DJ de 19-3-2004. Vamos agora examinar a intervenção federal e a ação direta interventiva. A Natureza Política da Intervenção Federal e o Estado Democrático de Direito O alcance da intervenção e das prerrogativas do interventor não pode descurar dos princípios constitucionais impostos pelo ordenamento jurídico. Não há, como no estado de sítio e no estado de defesa, uma flexibilização dos direitos fundamentais ou uma excepcionalidade dos direitos e garantias constitucionais. O Estado Democrático de Direito é mantido em sua inteireza, ocorrendo apenas a limitação da autonomia do ente federativo que sofreu a intervenção. A Intervenção Federal diferentemente dos institutos do Estado 11 de Defesa e do Estado de Sítio não é uma excepcionalidade ao Estado Democrático de Direito visto que a Constituição não prevê para aquele instituto a possibilidade de suspensão de direitos ou garantias fundamentais. A intervenção será uma restrição à autonomia federativa de um ente. No entanto, como bem destaca Walber de Moura Agra (2007, p. 297): Na história dos textos constitucionais brasileiros, o instituto da intervenção sempre respeitou os princípios do Estado Democrático de Direito. Contudo, o Ato Institucional 5 (AI-5) extrapolou os limites da intervenção, tornando-a um instrumento de coação do regime militar. Pelo AI-5 foi permitido ao Presidente da República, alegando interesse nacional, intervir nos Estados- membros e nos Municípios sem respeitar as barreiras legais firmadas pela Constituição. Os limites da intervenção são expostos preponderantemente pela Constituição Federal e pelo decreto presidencial que a estabelece. A intervenção federal possui caracteres que devem ser mencionados. São eles: Natureza política; Provisoriedade. Quando se defende a natureza política do processo de intervenção, está-se a firmar, por outro prisma, o entendimento de que os critérios sobre os quais se movimenta a autoridade responsável pela expedição do decreto são essencialmente políticos. Utiliza-se, portanto, do juízo da conveniência e oportunidade da medida. Conveniência é signo que importa na aferição de juízo de valor político acerca da efetiva necessidade no adotar-se a providência. 12 Oportunidade, por outro lado, significa examinar o momento político da sua execução. A autoridade responsávelpelo início da intervenção não usa um ou outro, mas os dois. Entrecruzam-se conveniência e oportunidade para tornar o mais acertada possível a decisão política atinente à intervenção. Outrossim, o §4º do art. 36 salienta que “cessados os motivos da intervenção, as autoridades afastadas de seus cargos a estes voltarão, salvo impedimento legal’. É a característica referente à provisoriedade da intervenção. Medida excepcionalíssima que vulnera as autonomias estadual e municipal, o procedimento interventivo deve durar rigorosamente o tempo apto ao retorno da normalidade institucional da entidade federativa atingida. Ação Direta de Inconstitucionalidade interventiva (ADINT) É uma medida excepcional de limitação temporária da autonomia do estado; Destina-se à preservação da soberania nacional e do pacto federativo; A decisão do STF é condição jurídica para a decretação da intervenção federal e a declaração de inconstitucionalidade não é o objeto da ação, mas questão prejudicial. Para parte da doutrina constitucionalista, a ação direta de inconstitucionalidade interventiva é uma modalidade de controle de constitucionalidade concreto e concentrado para um conflito federativo. A ação direta interventiva não desencadeia um processo objetivo, ou seja, a análise da constitucionalidade da lei em tese, mas sim, a jurisdição para 13 solucionar um conflito federativo entre a União e os Estados (ou Distrito Federal). Portanto, a eventual declaração de inconstitucionalidade de ato normativo estadual em sede de ADINT não o torna automaticamente nulo e nem lhe retira a eficácia. Ou seja, julgada procedente a ADINT a União ficará obrigada a intervir, pois trata-se de um ato vinculativo. Entretanto, isso não importa na declaração de nulidade do ato estadual, pois este é o objeto de outra modalidade de ação, qual seja, a direta de inconstitucionalidade (ADIN). Em outras palavras, os efeitos do provimento da representação (ou procedência da ação direta interventiva) não estabelecem a nulidade do ato contaminado, o que se tem é a decretação da intervenção federal no Estado. Hipóteses de Cabimento da Adint De acordo com o inciso III do art. 36 da CRFB/88, em se tratando de intervenção federal no Estado ou no Distrito Federal, a decretação da ação direta interventiva (ou simplesmente representação interventiva) será fundada nas seguintes hipóteses: a) descumprimento de lei federal (CRFB/88, art. 34, VI, 1.ª parte); b) descumprimento de princípios constitucionais sensíveis (CRFB/88, art. 34, VII). Já com fulcro no inciso IV do art. 35 da CRFB/88, em se tratando, contudo, de intervenção do Estado no Município, as hipóteses que pressupõem o provimento da ação direta interventiva estadual são as seguintes: a) descumprimento de lei, ordem ou decisão judicial; b) descumprimento de princípios descritos na Constituição do Estado. 14 Observe, com muita atenção, que o descumprimento de ordem ou decisão judicial não é hipótese para a ação direta interventiva federal, ou seja, para a Intervenção Federal nos estados e no Distrito Federal, mas é, sim, hipótese de cabimento para a ação direta interventiva estadual, ou seja, para a Intervenção Estadual no Município. Legitimidade Passiva e Ativa Ad Causam para Propor Adint No nível federal, tem legitimidade ativa o Procurador-Geral da República, chefe do Ministério Público da União e do Ministério Público Federal. Apesar de o texto constitucional falar em “representação” (art. 36, III), trata-se de verdadeira ação. Por isso que hoje se chama ação direta interventiva federal. Já o legitimado para figurar no polo passivo é o Estado-membro ou Distrito Federal. Procedimento da Ação Interventiva Regulado pela Lei N. 4337/64 O Procurador-Geral da República – PGR, ao ter conhecimento do ato que viola os princípios constitucionais sensíveis ou a inexecução de lei federal pode propor a ação direta interventiva. Mas esse é um ato discricionário. Ao receber uma representação do interessado, PGR – se entender ser relevante – tem o prazo de 30 dias para ingressar com a ação direta interventiva perante o Supremo Tribunal Federal. Proposta a ação, o relator ouve em 30 dias os órgãos que elaboraram ou praticaram o ato. Após a oitiva dos órgãos, o relator tem mais 30 dias para apresentar o relatório, que remeterá a todos os Ministros. 15 O julgamento será feito pelo órgão plenário, podendo fazer uso da palavra o Procurador-Geral da República e o órgão que emitiu o ato. Se a decisão for pela inconstitucionalidade, o Supremo Tribunal Federal comunica aos órgãos interessados e requisita ao Presidente da República a decretação da intervenção federal, estando este obrigado a cumpri-la, sob pena de responder por crime de responsabilidade com base no art. 12 da Lei 1079/50. A Lei 4.337/64 expressamente proíbe a concessão de liminar. Tal provimento é incompatível com a ação interventiva, porque a suspensão liminar do ato impugnado transformaria em ação direta de inconstitucionalidade, o que é fiscalização abstrata e não concreta (MENDES, 2008). Princípios Constitucionais Sensíveis Os princípios constitucionais sensíveis são: a) forma republicana, sistema representativo e regime democrático; b) direitos da pessoa humana; c) autonomia municipal; d) prestação de contas da administração pública, direta e indireta; e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais, compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde. Jurisprudência do STF O Supremo Tribunal Federal tem entendido que o descumprimento das normas aqui mencionadas como paradigma para a intervenção pode resultar não só da atuação normativa do Estado, do Distrito Federal ou do Município, 16 conforme o caso, mas também de ato concreto ou até mesmo de omissão do Poder Público diante dos mandamentos constitucionais em questão. A ressalva que se faz com relação à impugnação de ato concreto para fins de intervenção nessa modalidade diz respeito ao fato de que o provimento da ação direta interventiva somente se dará quando o ato (concreto) não for isolado no contexto do comportamento da unidade federativa. A exigência é a de que seja um comportamento sistemático da unidade da Federação, ofendendo as normas que podem figurar como paradigma de controle neste contexto. Essa orientação foi firmada pela Corte Suprema de nosso País quando da apreciação da IF n.º 114, de que foi relator o Ministro Néri da Silveira. Na espécie, impugnava-se uma omissão das autoridades competentes do Estado do Mato Grosso que permitiram que populares arrancassem da prisão determinados acautelados e os linchassem em praça pública. Entendeu-se na ocasião que o ato concreto poderia ensejar o ajuizamento da demanda (cabimento), mas que, como aquele não era um comportamento típico do Estado, não se justificaria a procedência do pedido para autorizar-se a intervenção. A figura abaixo sintetiza os elementos essenciais da decisão final de mérito do Tribunal de Justiça local em sede de controle abstrato (Representação de Inconstitucionalidade). 17 Atividade Proposta Irritado com a postura do Estado de São Paulo que, reiteradamente, vem deixando de cumprir decisões e ordens judiciais favoráveis à União, o Presidente da República deseja saber, então, se seria necessário o ajuizamento de uma ação direta interventiva para decretar a intervenção federal no Estado de São Paulo. Responda, justificadamente: 1. Como você, na qualidade de Advogado-Geral da União, responderia à consulta do Presidente da República? Controle Abstratonos Estados Decisão em Representação de Inconstitucionalidade Ação de competência originária do Tribunal de Justiça com efeitos vinculantes (erga omnes) e retroativos (ex-tunc) Em regra, a jurisprudência do STF não admite recurso extraordinário da decisão final de mérito do Tribunal de Justiça local em sede de Representação de Inconstitucionalidade (RI). Exceção: nas hipóteses de normas de repetição obrigatória da Constituição Federal (normas repetidas ipsis literis), a jurisprudência do STF é firme no sentido de receber o recurso extraordinário, cuja decisão terá efeitos vinculantes (erga omnes) e retroativos (ex-tunc). 18 2. E se a mesma consulta fosse formulada por um Governador de Estado, que pretendesse decretar a intervenção em um determinado Município? Referências BARROSO, Luís Roberto. O controle de constitucionalidade no direito brasileiro. Exposição sistemática da doutrina e análise crítica da jurisprudência. Rio de Janeiro: Saraiva, 2013. MENDES, Gilmar Ferreira. Jurisdição constitucional. O controle abstrato de normas no Brasil e na Alemanha. São Paulo: Saraiva, 2012. _____. Direitos fundamentais e controle de constitucionalidade. Estudos de direito constitucional. São Paulo: Saraiva, 2012. Exercícios de Fixação Questão 1 A Ação Direta de Inconstitucionalidade Interventiva, processada junto ao Supremo Tribunal Federal, tem por objetivos tutelar: a) toda a Constituição Federal e declarar a inconstitucionalidade do ato impugnando. b) os princípios sensíveis, previstos no art. 34, VII, da Constituição da República, e dispor sobre a intervenção da União nos Estados ou Distrito Federal. c) os princípios fundamentais, previstos no Título I, da Constituição da República, e declarar a inconstitucionalidade do ato impugnando. d) os princípios da Ordem Econômica, previstos no art. 170, da Constituição da República, e declarar a inconstitucionalidade do ato estatal que intervenha indevidamente na economia. 19 e) os direitos e garantias fundamentais, previstos no Título II, da Constituição da República, e declarar a inconstitucionalidade do ato impugnando. Questão 2 A ação direta de inconstitucionalidade estadual: a) pode ser proposta perante o Tribunal de Justiça para controlar as omissões da Constituição Federal que afetem o Estado-membro respectivo. b) pode ser proposta perante o Tribunal de Justiça para impugnar lei estadual ou municipal contrárias à Constituição Estadual. c) pode ser proposta perante o Supremo Tribunal Federal para impugnar lei estadual contrária à Constituição Federal. d) não existe no sistema brasileiro de controle da constitucionalidade. e) pode ser proposta perante o Superior Tribunal de Justiça para impugnar lei estadual contrária à Constituição Federal. Questão 3 Assinale a opção correta quanto à disciplina sobre a intervenção federal. a) No caso de descumprimento, por algum estado-membro, dos princípios constitucionais sensíveis, a decretação de intervenção dependerá de provimento, pelo STF, de representação do procurador-geral da República. b) Se houver, por parte de estado-membro, ameaça ao livre exercício de qualquer dos poderes, o pedido de intervenção federal dependerá de requisição do STF. c) A União só poderá intervir nos estados após prévia anuência do Congresso Nacional. d) O estado só poderá intervir em seus municípios se a assembleia legislativa, por maioria absoluta, aprovar a decretação da intervenção. 20 e) Não constitui causa de intervenção da União nos estados e no DF a necessidade de assegurar o princípio da autonomia municipal. Questão 4 Assinale a opção correta. A Representação Interventiva, processada junto ao Supremo Tribunal Federal, tem por objetivos tutelar: a) Os princípios sensíveis, previstos no art. 34, VII, da Constituição da República, e dispor sobre a intervenção estadual nos Municípios em caso de inexecução de ordem judicial. b) Todo o catálogo de direitos fundamentais do cidadão comum e declarar a inconstitucionalidade do ato impugnando. c) Os princípios fundamentais, previstos no Título I, da Constituição da República, e declarar a inconstitucionalidade do ato impugnando. d) Os princípios sensíveis, previstos no art. 34, VII, da Constituição da República, e dispor sobre a intervenção federal nos Estados ou Distrito Federal em caso de inexecução de lei federal. e) Os princípios sensíveis, previstos na Constituição do Estado-membro, e declarar a inconstitucionalidade do ato estatal que contravenha tal Constituição. Questão 5 Assinale a opção correta quanto à disciplina sobre a intervenção federal. a) No caso de descumprimento, por algum estado-membro, dos princípios constitucionais sensíveis, a decretação de intervenção dependerá de provimento, pelo STF, de representação do procurador-geral da República. b) Se houver, por parte de estado-membro, ameaça ao livre exercício de qualquer dos poderes, o pedido de intervenção federal dependerá de 21 requisição do STF. c) A União só poderá intervir nos estados após prévia anuência do Congresso Nacional. d) O estado só poderá intervir em seus municípios se a assembleia legislativa, por maioria absoluta, aprovar a decretação da intervenção. Atividade Proposta Resposta: 1) Quanto à primeira indagação, a resposta é negativa, já que o requisito para a decretação da intervenção federal nesse caso seria uma requisição do STF, do STJ ou TSE, conforme previsto no art. 36, II, da CRFB/88. São hipóteses de cabimento da ação direta interventiva federal a inobservância dos princípios constitucionais sensíveis e a inexecução de lei federal nos termos do art. 36, III. 2) Já com relação à segunda indagação, a resposta é positiva, tendo em vista o disposto no art. 35, IV, in fine, da CRFB/88. Perceba que a disciplina é diferenciada, ou seja, são hipóteses de cabimento da ação direta interventiva estadual a violação dos princípios indicados na Constituição Estadual e a inexecução de lei, de ordem ou de decisão judicial. Exercícios de Fixação Questão 1 - B Justificativa: A Ação Direta de Inconstitucionalidade Interventiva federal só será processada junto ao Supremo Tribunal Federal nas hipóteses de violação de um dos princípios constitucionais sensíveis ou inexecução de lei federal. Questão 2 - B 22 Justificativa: A ação direta de inconstitucionalidade estadual é a chamada representação de inconstitucionalidade prevista no artigo 125, § 2º, da Constituição Federal e que representa a figura jurídica que guarda a supremacia da Constituição Estadual em relação às leis municipais e estaduais contrárias à tal Constituição Estadual. Questão 3 - A Justificativa: Nos termos do artigo 36, II, da Constituição Federal, no caso de descumprimento, por algum estado-membro, dos princípios constitucionais sensíveis e de inexecução de lei federal, a decretação de intervenção dependerá de provimento, pelo STF, de representação do procurador-geral da República. Questão 4 - D Justificativa: A opção correta é a letra “d”, por força do art. 34, VII, da Constituição de 1988. Questão 5 - D Justificativa: A opção correta é a letra “a”, por força do art. 34, VII, da Constituição de 1988.
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