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UNIVERSIDADE DE SANTA CRUZ DO SUL Módulo de Fundamentos da Clínica Médica I Área de Saúde Mental Professor: Almerindo Boff Acadêmica: Jordana Vargas Peruzzo Tarefa 1: páginas 286 a 287 do Dalgalarrondo descrevem de maneira bem sintética as principais características clínicas de cada um dos transtornos da personalidade do grupo A. a partir das lâminas da aula e daquele texto, descreva os aspectos principais para o diagnóstico diferencial entre os transtornos da personalidade paranoide, esquizoide e esquizotípico. Transtorno de personalidade esquizoide: nesse tipo de transtorno ocorre um padrão de distanciamento social que permeia praticamente todos os contextos da vida, e associado a isso há uma restrição da expressão de emoções e sentimentos, tanto calorosos quanto raivosos. Para se realizar o diagnóstico é necessário apresentar pelo menos quatro das características abaixo: 1. Não desejar nem desfrutar de relações intimas 2. Ter uma predileção por atividades solitárias 3. Demonstrar pouco interesse em ter relações sexuais com outras pessoas 4. Praticar poucas atividades prazerosas 5. Não possuir amigos próximos 6. Mostrar indiferença aparente perante elogios ou criticas 7. Demonstrar frieza emocional O transtorno da personalidade esquizoide pode ser diferenciado da esquizofrenia, do transtorno delirante e do transtorno afetivo com características psicóticas pelos períodos com sintomas psicóticos positivos, como delírios e alucinações, que ocorrem nesses últimos, mas não no individuo esquizoide. Teoricamente, a principal distinção entre um paciente com transtorno da personalidade esquizotípica e um com transtorno da personalidade esquizoide é que o primeiro se assemelha mais a um paciente com esquizofrenia no que se refere a estranhezas de percepção, pensamento, comportamento e comunicação. No transtorno esquizoide, há menor envolvimento social, em comparação com o paranoide. Os paranoides tendem a ter uma história de comportamento verbal agressivo e uma maior tendência a projetar seus sentimentos nos outros, enquanto o esquizoide demonstra indiferença e frieza emocional. Transtorno de personalidade paranoide: há um padrão de personalidade que a desconfiança difusa é prevalente – pessoa suspeita constantemente de que os demais então contra ela ou tem motivações negativas, destrutivas, invejosas em relação a si. É uma pessoa demasiadamente desconfiada de tudo e de todos a sua volta. Nessas pessoas com transtorno de personalidade paranoide há uma sensibilidade excessiva a rejeições e contratempos, desconfiança em excesso e a tendencia em distorcer os acontecimentos. Para o diagnóstico é necessário pelo menos quatro das características abaixo: 1. Suspeitas frequentes de estar sendo enganado ou maltratado ou explorado pelos outros, mas não há um embasamento verdadeiro, real. 2. Preocupação sem justificativas é exacerbada, dúvidas perante a lealdade ou a confiabilidade de pessoas próximas. 3. Reluta em confiar nos outros. 4. A partir de comentários e ações que são benignas ou indiferentes, há a conclusão de que por trás existe significados ocultos e humilhantes ou ameaçadores direcionados a si. 5. Guarda rancor. 6. Percebe ataques a si e a sua reputação e caráter, mas que não são percebidos pelos outros, reage com raiva. 7. Suspeitas recorrentes e sem justificativa perante a fidelidade do cônjuge ou parceiro sexual. Esse transtorno, o paranoide, pode ser diferenciado do transtorno delirante devido à ausência de delírios fixo. Diferentemente de pessoas com esquizofrenia paranoide, indivíduos com transtornos de personalidade paranoide não tem alucinações, nem transtorno manifesto do pensamento. Para diferenciar do transtorno de personalidade borderline, se evidencia que os pacientes paranoides raramente são capazes de desenvolver um envolvimento excessivo ou um relacionamento tumultuoso com terceiros. Pacientes paranoides não tem a longa história de comportamento antissocial das pessoas com caráter antissocial. Já os indivíduos com transtorno de personalidade esquizoide são retraídos e indiferentes e não irão apresentar uma ideação paranoide. Transtorno de personalidade esquizotípica: padrão de personalidade em que ocorre um desconforto em relações interperssoais, principalmente àquelas mais intimas. Há desconfianças e distorções cognitivas (na forma de interpretar os acontecimentos) e perceptivas (sensações entranhas). Muitas vezes ocorre as percepções anômalas, as paranormalidades. Para diagnosticar, deve haver a presença de pelo menos cinco das características abaixo: 1. Ideias de referência: tendência de interpretar a sua a maneira os acontecimentos a sua volta como direcionados a si, geralmente com sentido negativo. 2. Ideias e crenças entranhas: pensamentos mágicos, por exemplo 3. Experiências perceptivas incomuns 4. Pensamento e discurso incomuns: pensamento vago ou demasiadamente metafórico, por exemplo. 5. Ideação paranoide, individuo desconfiado 6. Afetos inapropriados ou reduzidos 7. Aparência física e/ou comportamentos estranhos (vestimenta e ações excêntricas, por exemplo) 8. Ausência de amigos íntimos 9. Ansiedade intensa em situações sociais Pacientes com o transtorno da personalidade esquizotípica podem ser diferenciados daqueles com esquizofrenia através da ausência de psicose. Se surgirem sintomas psicóticos, eles são breves e fragmentados. Ademais, os que apresentam transtorno da personalidade paranoide se caracterizam por suspeita, mas não exibem o comportamento estranho daqueles com o subtipo esquizotípico. Tarefa 2: As páginas 287 a 289 do Dalgalarrondo descrevem de maneira bem sintética as principais características clínicas de cada um dos transtornos da personalidade do grupo C. A partir das lâminas da aula e daquele texto, descreva os aspectos principais para o diagnóstico diferencial entre os transtornos da personalidade evitativa, dependente e obsessivo-compulsiva Transtorno de personalidade obsessivo-compulsiva: esse transtorno tem uma prevalência de 1,7% na população, o que torna ele moderadamente frequente. Nos homens é mais incidente, tendo uma taxa que chega a 5x mais que nas mulheres. Há a tendencia de ser mais encontrado em pessoas com maior escolaridade, casadas e empregadas, que buscam controlar a tudo e todos a sua volta, além de apresentarem uma intensa rigidez no modo de agir com os outros e de realizar tarefas. Ademais, muitas vezes se identifica um transtorno de ansiedade associado ao transtorno obsessivo-compulsivo. Para diagnosticar esse transtorno deve ser identificado pelo menos quatros das características abaixo: 1. Excesso de preocupação com detalhes, regras, listas, ordens e organização 2. Perfeccionismo intenso, que chega a interferir na conclusão de atividades 3. Dedicação excessiva ao trabalho e a produtividade 4. Excesso de escrúpulos e inflexibilidade em relação a assuntos de moralidade, ética ou valores 5. Incapacidade de jogar fora objetos usados ou sem valor 6. Resistencia em delegar tarefas ou trabalhar com outras pessoas, a não ser que se submetam a maneira exata de seu modo de fazer 7. Estilo avarento, mesquinho, em lidar com dinheiro e gastos 8. Tendencia em ser rígido e teimoso Talvez a distinção mais difícil seja entre pacientes ambulatoriais com alguns traços obsessivo-compulsivos e aqueles com o transtorno da personalidade obsessivo- compulsiva propriamente dito. O diagnóstico de transtorno da personalidade vai ser reservado para aqueles pacientes com prejuízos significativos em seu desempenho profissional ou social, aqueles pacientes que sofrem por possuir tais características. Em alguns casos, transtorno delirante coexiste com transtornos da personalidade e isso deve ser considerado. Transtorno de personalidade dependente: nesse tipo de transtorno a pessoa se apresentacomo extremamente dependente de terceiros, tornando-se, até, submisso aos outros. São extremamente temerosos em relação a separação, já que se percebem como incapazes, sem habilidades pessoas, sem ter a capacidade de tomar decisões relativas à sua própria vida. Para realizar o diagnóstico, é necessário que pelo menos cinco das características abaixo estejam presentes: 1. Subordinação das próprias necessidades e desejos à quem é dependente 2. Dificuldade em tomar decisões cotidianas 3. Necessidade de que os outros assumam a responsabilidade 4. Dificuldade em manifestar disacordo 5. Dificuldade em começar projetos e fazer coisas por si próprio 6. Realizam algo desagradável para si com intuito de obter apoio, aprovação ou carinho 7. Após um termino de relacionamento, ocorre a busca intensa por outro relacionamento 8. Grande preocupação e medo de ser abandonado Os traços de dependência são encontrados em vários transtornos psiquiátricos, assim o diagnóstico diferencial vai ser difícil de ser feito. A dependência é um fator proeminente nos pacientes com transtornos das personalidades histriônica e borderline, mas indivíduos com o transtorno da personalidade dependente costumam ter um relacionamento mais duradouro com outra pessoa, em vez de uma série de pessoas de quem dependam, e não são propensos a ser abertamente manipuladores. O comportamento dependente também pode ocorrer em pessoas com agorafobia, mas estas tendem a apresentar um nível elevado de ansiedade ou até mesmo pânico. Transtorno de personalidade evitativa: nesse tipo de transtorno há uma inibição social importante e sensibilidade alta mediante avaliações negativas. Para diagnosticar é necessário pelo menos quatro das características abaixo: 1. Esquiva de atividades estudantis ou profissionais que demandem contato interpessoal, por causa do grande medo de críticas, desaprovação ou rejeição 2. Falta de disposição para se envolver com pessoas 3. Evita relacionamentos íntimos, há um constante medo de passar vergonha ou ser ridicularizado 4. Preocupação intensa com a possibilidade de receber críticas ou rejeição social 5. Inibição para interações 6. Predisposição a se ver como socialmente incapaz, inferior aos outros 7. Resistência em assumir riscos ou em se envolver em situações novas pelo medo do constrangimento Pacientes com transtorno da personalidade evitativa desejam interação social, ao contrário daqueles com transtorno da personalidade esquizoide, que preferem ficar sozinhos. Os evitativos não são tão exigentes, irritáveis ou imprevisíveis como indivíduos com personalidade borderline e histriônica. O transtorno da personalidade evitativa e o da personalidade dependente são semelhantes. Supõe-se que aqueles com o da personalidade dependente apresentem um temor maior de serem abandonados ou não amados do que aqueles com cuja personalidade é evitativa, mas o quadro clínico pode ser bem parecido. Transtorno de personalidade ansiosa: é semelhante ao transtorno anterior, de personalidade evitativa. Não está presente no CID-11 nem no DSM-5. Para diagnosticar é necessário identificar as seguintes características: 1. Estado constante de tensão e apreensão 2. Crê ser socialmente incapaz, desinteressante ou inferior aos outros 3. Preocupação excessiva em ser criticado ou rejeitado 4. Restringem atividades/ações cotidianas pela segurança física ou psíquica 5. Evitam atividades sociais e ocupacionais nas quais ocorram contato interpessoal Referências: Sadock, Benjamin J. Kaplan e Sadock. Compêndio de psiquiatria: ciência do comportamento e psiquiatria clínica. 11. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017. Dalgalarrondo, Paulo. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. 3ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2019.
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