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Osmar Bruno – MedUfes 106 DEGENERAÇÕES⏐MORTE CELULAR DEGENERAÇÃO HIALINA Consiste no acúmulo de material proteico e acidófilo nas células, o qual resulta na condensação de filamentos intermediários ou do acúmulo de material viral; Outras vezes o material hialino depositado é constituído por PTNs endocitadas; → Causas em Mm. estriado esquelético e cardíaco: o Endotoxinas bacterianas; o Agressão por linfócitos T e macrófagos. → Corpúsculo hialino de Mallory-Denk: encontrado tipicamente em hepatócitos de alcóolatras crônicos, é formado por aglomerados de PTNs do citoesqueleto que sofreram agressão por radicais livres → Corpúsculos de Councilman-Rocha Lima: (hepatócitos em apoptose): são vistos em hepatites virais, especialmente na febre amarela; → Corpúsculos de Russell: acúmulo de imunoglobulinas em plasmócitos, são frequentes em inflamações agudas (ex.: salmoneloses) ou crônicas (ex.: leishmaniose tegumentar e osteomielites) → Necrose hialina: ocorre quando a agressão é intensa e a célula morre. ESTEATOSE É o acúmulo de gorduras neutras no citoplasma de células que NÃO as armazenam. A lesão surge quando o agente aumenta a captação ou a síntese de ác. graxos ou dificulta sua utilização, seu transporte ou a sua excreção. → Localização: é comum no fígado, mas pode ser vista também em outros locais (miocárdio, túbulos renais, Mm. esqueléticos etc.); → Causas: o Agentes tóxicos; o Hipóxia; o Alterações na dieta; o Distúrbios metabólicos. PRINCIPAIS CAUSAS DA ESTEATOSE ETILISMO Principal causa de esteatose hepática. Seu efeito se dá pela: 1. Menor disponibilidade de NAD: o NAD é necessário para oxidação de lipídeos por via ADH, sua redução contribui para o acúmulo de gorduras; 2. Maior disponibilidade de acetil-CoA: excesso de acetil-CoA induz síntese de ác. graxos que originam triglicerídeos e se acumulam nas células; 3. Redução no transporte de lipoproteínas: acetaldeído e os radicais livres alteram microtúbulos e microfilamentos o que atrapalham nesse transporte. A desnutrição pode agravar a esteatose. Especialmente, quando acompanha o etilismo. HIPÓXIA Nos estados de hipóxia (anemia, insuficiência cardíaca ou respiratória etc.), há menor disponibilidade de O2 no ciclo de Krebs e, portanto, menor utilização do acteil-CoA, que favorece a síntese de ác. graxos. DESNUTRIÇÃO PROTEICO ENERGÉTICA → A carência de PTNs diminui a síntese de lipoproteínas e a excreção de triglicerídeos; Osmar Bruno – MedUfes 106 → A ingestão calórica deficiente mobiliza lipídeos do tecido adiposo e aumenta o aporte de ácidos graxos para o fígado; → Em adultos, desnutrição proteica não induz esteatose como na infância, além de inibidores da síntese proteica nem sempre induzirem esteatose hepática AGENTES TÓXICOS → Podem lesar o retículo endoplasmático rugoso e reduzir a síntese de lipoproteínas. Ex.: CCL4. → Inibidores da síntese proteica (ex. ác orótico e puromicina) podem provocar esteatose mediante bloqueio na utilização de triglicerídeos sem que a síntese proteica tenha sido reduzida OBESIDADE E SINDROME METABÓLICA A obesidade associa-se comumente a síndrome metabólica que é caracterizada por: → Obesidade central; → Dislipidemia (↑ triglicerídeos e ↓ HDL); → Intolerância à glicose, acompanhada de resistência à insulina; → Esteatose visceral; → Aumento do risco para doenças cardiovascular aterosclerótica e diabetes melito tipo II). Na síndrome metabólica a esteatose visceral ocorre no fígado (ilhotas de Langerhans, Mm. esqueléticos e miocárdio). CONSEQUÊNCIA DA ESTEATOSE Apesar de reversível, em agressões graves a esteatose pode evoluir para morte celular. O excesso de ácidos graxos pode gerar ceramidas, que induz apoptose. → No fígado: os hepatócitos repletos de gordura podem se romper e formar lago de gordura (cistos gordurosos). Pode ocorrer também embolia gordurosa por ruptura de cistos gordurosos, que é facilitada por traumatismos; → No etilismo crônico: a esteatose hepática muitas vezes é acompanhada de fibrose pericular, especialmente centrolobular, que pode evoluir para cirrose; → No coração: a esteatose difusa pode agravar a insuficiência funcional do órgão. Como a lesão é reversível, em etilistas crônicos ela se reduz ou desaparece em pouco tempo após a abstinência. LIPIDOSES São acúmulos intracelulares de outros lipídeos que não triglicerídeos. Geralmente, trata-se de depósitos de colesterol e seus ésteres. → Tipos: localizadas ou sistêmicas; → Localização: o Artérias (aterosclerose); o Pele (xantomas); o Locais com inflamação crônica. ATEROSCLEROSE → É uma doença caracterizada por depósitos sobretudo de colesterol e ésteres de colesterol na íntima de artérias de médio e grande calibres; → Podem ser encontradas nos primeiros anos de vida, mas tornam-se mais frequentes e com maior potencial para evoluir com complicações em adultos e, sobretudo, em idosos; → Doença multifatorial: participação de fatores genéticos e ambientais; → Fatores de risco: o Dislipidemia, com aumento de triglicerídeos e colesterol no plasma (principal fator); o Hipertensão arterial; o Tabagismo; o Diabetes melito; o Estresse; o Sedentarismo Osmar Bruno – MedUfes 106 XANTOMAS → São lesões na pele sob a forma de nódulos ou placas que, quando superficiais, têm coloração amarelada. → Microscopicamente, são formadas por aglomerados de macrófagos espumosos carregados de colesterol; → Surgem geralmente em pessoas com aumento do colesterol sérico, embora possam ser encontradas sem hipercolesterolemia; → Podem ser encontradas em algumas inflamações crônicas ou em áreas de necrose em processo de reabsorção, nas quais são originadas por restos celulares fagocitados. ESFINGOLIPIDOSES → São doenças genéticas de armazenamento de esfingolipídios e seus produtos, por falta ou deficiência de enzimas lisossômicas; → Os depósitos são encontrados em lisossomos, que, ao ME, apresentam estrutura em impressão digital ou linhas em espiral concêntrica; → As lesões podem ser sistêmicas ou mais graves em alguns órgãos. Ex.: em neurônios do SNC na doença de Fabry e em macrófagos do fígado e do baço na doença de Gaucher. GLICOGENOSES São doenças genéticas caracterizadas pelo acúmulo de glicogênio em células do fígado, rins e músculos esqueléticos e coração e que têm como causa deficiência de enzimas envolvidas na sua degradação. Ex.: Doença de Pompe. MUCOPOLISSACARIDOSES Depósitos anormais de poliglicanos e/ou proteoglicanos que resultam de deficiências enzimáticas e se caracterizam por acúmulo intralisossômico dessas moléculas e/ou catabólitos. Ex.: Síndrome de Hurler. ● Anormalidades no esqueleto, em artérias e em valvas cardíacas, retardo mental e opacificação da córnea estão presentes em todas as mucopolissacaridoses. MORTE CELULAR É um processo, sucessão de eventos, na qual as lesões atingem a irreversibilidade (Ponto de não retorno), que muitas vezes não pode ser estabelecido por critérios morfológicos. → Em alguns casos o agente agressor pode causar morte rapidamente, não havendo, portanto, a sucessão de eventos do processo de morte celular. → Tipos de morte celular: MORTE CELULAR PROGRAMADA É um tipo de celular fisiológica que ocorrer como forma de manter a homeostase (como na ativação de linfócitos) ou para favorecer a diferenciação (como na embriogênese. ● Apoptose é a forma mais conhecida de morte celular programada. Ex.: apoptose de linfócitos T após a sua ativação (eliminação da célula após cumprir o seu papel fisiológico). MORTE CELULAR REGULADA É a morte celular causada pela ativação de vias que podem ser reguladas por fármacos ou por manipulação genética, sem fazer parte de um contexto fisiológico. MORTE CELULAR ACIDENTAL Ocorre por agressões que induzem necrose ou apoptose: → Anóxia no miocárdio causa necrose de miócitos; → Intoxicação etílica crônica aumenta a expressão do receptor Fas e de ligantes Fas em hepatócitos, o queresulta em apoptose nessas células. Osmar Bruno – MedUfes 106 NECROSE É definida como a morte celular em organismo vivo seguida de autólise. PROCESSO DE NECROSE 1. A agressão interrompe a produção de energia; 2. Os lisossomos perdem a capacidade de conter as hidrolases 3. Hidrolases saem para o citosol e iniciam a autólise: digerem todos os substratos celulares; 4. A necrose libera alarminas (HMGB1, uratos e fosfatos) que são reconhecidos e induzem uma reação infamatória. CAUSAS → Redução de energia: obstrução vascular (isquemia, anóxia) ou inibição dos processos respiratórios celulares; → Geração de radicais livres; → Ação de enzimas líticas; → Compostos (p. ex., agentes químicos e toxinas) que agem diretamente sobre enzimas, inibindo processos vitais das células; → Agressão direta à memb. citoplasmática. Ex.: ativação do complemento ou linfócitos T citotóxicos. TIPOS DE NECROSE NECROSE POR COAGULAÇÃO → Principal causa: Isquemia; → Aspectos macroscópicos: área atingida com aspecto esbranquiçado com um halo vermelho (hiperemia que tenta compensar a isquemia); → Aspectos microscópicos: alterações nucleares, principalmente digestão das cromatinas e desaparecimento dos núcleos (cariólise), e citoplasma com aspecto coagulado (torna-se acidófilo, granuloso e gelificado). NECROSE POR LIQUEFAÇÃO → Principal causa: ação de enzimas lisossômicas liberadas por leucócitos exsudados em inflamações purulentas; → Macroscopicamente: região com consistência mole, semifluida ou liquefeita; → Locais mais comuns: tecidos nervoso, suprarrenal e mucosa gástrica. NECROSE LÍTICA É a denominação que se dá à necrose de hepatócitos em hepatites virais, os quais sofrem lise ou esfacelo (necrose por esfacelo) NECROSE CASEOSA → Principais causas: 1. Agressão imunitária: por liberação de linfotoxinas (ex.: TNF- α) e produtos citotóxicos de macrófagos; 2. Hipóxia: uma vez que os granulomas são hipovasculares. → Macroscopicamente: área necrosada com aspecto de queijo (caseum, em latim); → Microscopicamente: células necróticas formam uma massa homogênea, acidófila, contendo núcleos picnócitos (basófilos, homogêneos e menores que o normal). NECROSE GOMOSA Uma variedade da necrose por coagulação → Principal causa: sífilis tardia (goma sifílica); → Macroscopicamente: o tecido necrosado assume aspecto compacto e elástico como borracha (goma) ou fluido e viscoso como goma-arábica. ESTEATONECROSE Também chamada de necrose enzimática do tecido adiposo. → Principal causa: extravasamento de enzimas pancreáticas, principalmente na pancreatite aguda necro-hemorrágica; Osmar Bruno – MedUfes 106 → Macroscopicamente: Depósito esbranquiçados ou manchas com aspecto de pingo de vela. → Microscopicamente: por ação da lipase sobre os triglicerídeos, os ác. graxos liberados sofrem saponificação e originam as manchas características. EVOLUÇÃO DA NECROSE As células mortas e autolisadas são um corpo que desencadeia reposta do organismo para sua reabsorção e posterior reparo. Esse processo pode ocorrer por: REGENERAÇÃO Ocorre quando o tecido tem capacidade regenerativa, fatores de crescimento liberados por células vizinhas e por leucócitos induzem multiplicação das células paraquimentosas; → Se a destruição é pequena e o estroma é pouco alterado, há regeneração completa, como ocorre no fígado após hepatites discretas; → Se a necrose é extensa, a trama reticular sofre colapso, e os hepatócitos não conseguem organizar-se no lóbulo hepático e formam nódulos. CICATRIZAÇÃO Processo em que o tecido necrosado é substituído por tecido conjuntivo cicatricial. A cicatrização ocorre tipicamente quando a lesão é extensa e, sobretudo, se as células afetadas não têm capacidade regenerativa. → Processo: o A destruição do tecido leva a liberação de DAMPs; o Os leucócitos migrados digerem os restos teciduais e liberam fatores de crescimento o Fatores de crescimento induzem a proliferação de vasos e tec. Conjuntivo para formar a cicatriz. ENCISTAMENTO Ocorre quando o material necrótico não é absorvido, por ser volumoso ou por falta de migração de leucócitos, a reação inflamatória desenvolve-se somente na periferia da lesão, o que forma uma cápsula conjuntiva que encista o material necrótico. Com o tempo, os restos teciduais destruídos são reabsorvidos, ficando somente conteúdo líquido. ELIMINAÇÃO Se a área da necrose alcança um canal que se comunica com o meio externo, o material necrosado é eliminado, originando uma cavidade. → Tuberculose pulmonar: o material caseoso é eliminado pelos brônquios, o que forma as cavernas tuberculosas CALCIFICAÇÃO A área da necrose pode se calcificar, especialmente a caseosa. Embora os níveis de Ca2+ se elevam em tecidos mortos, os mecanismos de calcificação nessas lesões não são ainda totalmente conhecidos. GANGRENA É uma forma de evolução de necrose secundária à ação de agentes externos. Pode ser classificada em: GANGRENA SECA → Causa: desidratação + contato com o ar; → Macroscopia: o Área lesada com aspecto de pergaminho, semelhante aos tecidos de múmias (mumificação); o Cor escura, azulada ou negra, por impregnação de hemoglobina; o Linha nítida (reação infamatória): no limite entre o tecido morto e o não lesado; → Principais locais de acometimento: extremidades dos dedos, de artelhos (dedos dos pés) e da ponta do nariz → Fatores de risco: lesões vasculares como as que ocorrem no diabetes melito. Osmar Bruno – MedUfes 106 GANGRENA ÚMIDA OU PÚTRIDA → Causa: invasão por microrganismos anaeróbios produtores de enzimas que liquefazem os tecidos mortos; → Macroscopia: bolhas que produzem um gás fétido e se acumulam juntamente com o material liquefeito; → Principais locais de acometimento: em necroses do trato digestivo, dos pulmões e da pele (áreas úmidas). → Fatores de risco: a absorção de produtos tóxicos da gangrena pode provocar reações sistêmicas fatais, induzindo choque séptico. GANGRENA GASOSA → Causa: secundária à contaminação com microrganismo do gênero Clostridium que liberam enzimas proteolíticas e lipolíticas e grande quantidade de gás; → Macroscopia: formação de bolhas; → Principais locais de acometimento: feridas infectadas. Osmar Bruno – MedUfes 106 ALTERAÇÕES DO INTERSTÍCIO INTERSTÍCIO Interstício ou matriz extracelular é uma rede tridimensional de macromoléculas. É composta por fibras + substância fundamental amorfa. → Funções: o Definir os limites dos tecidos; o Contribui para as propriedades biomecânicas; o Substrato para adesão e migração celular; o Sítio de ligação para fatores de crescimento e hormônio; o criação de um microambiente adequado e indispensável para a organização dos tecidos/órgãos. → Composição: o Proteínas fibrosas (colágeno e elastina): formam as fibras colágenas e reticulares (colágeno) e elásticas (elastina); o PTNs não fibrosas de adesão (laminina e fibronectina): aderem as células à MEC; o Gel altamente hidratado (glicosaminoglicanos e proteoglicanos): a substância fundamental na qual as PTNs fibrosas ficam imersas. PRINCIPAIS ALTERAÇÕES DO INTERSTÍCIO ALTERAÇÕES DE FIBRAS COLÁGENAS RETICULARES → Causas: o Defeitos genéticos que comprometem a estrutura, síntese ou degradação do colágeno; o Alterações adquiridas que interferem na sua síntese ou degradação; → Macroscopicamente: o Manifestações cutâneas: alterações da elasticidade e resistência; o Aneurismas nos vasos sanguíneos: devido aos defeitos nas fibras elásticas; o Alterações no intestino; o Alterações no globo ocular: a esclera é rica em colágeno; o Alterações nos ossos: o colágeno é constituinte importante da matriz óssea. ALTERAÇÕES DE FIBRAS ELÁSTICAS Podem ser congênitas ou adquiridas. → Congênitas: devem se a alterações gênicas, especialmente no gene lisil oxidase; → Adquiridas: associadas a defeito na síntese, por inibição da lisil oxidase ou a distúrbios mal conhecidos sobre as fibrasformadas. → Exemplos: o Elastose dos vasos e do endocárdio por aumento da sua síntese por fibras musculares; o Fragmentação de fibras elásticas na derme e na parede de vasos sanguíneos por exposição prolongada à luz solar na senilidade (na senilidade, as áreas da pele expostas ao sol perdem a elasticidade por diminuição das fibras elásticas); o Elastólise: aumento da atividade de elastases, por redução da atividade de antiproteases. Ex.: pulmões de pessoas idosas, principalmente em quem tem enfisema, apresentam redução de fibras elásticas por aumento de elastases e/ou diminuição de antiproteases; Osmar Bruno – MedUfes 106 o Síndrome de Marfan: resulta de anormalidade na PTN fibrilina, os defeitos mais evidentes são fraqueza e deformidades em tecidos ricos em fibras elásticas. ALTERAÇÕES NA SUBSTÂNCIA FUNDAMENTAL → Transformação hialina ou hialinose: depósitos acidófilos de PTNs do plasma que exsudam e se depositam na MEC. Ex.: ocorre na íntima de pequenas artérias e arteríolas de indivíduos com hipertensão arterial ou diabetes melito; → Hialinização do interstício: alteração na qual as fibras colágenas e a subs. fundamental tornam-se intensamente acidófilas. Ex.: quelóide, cicatrizes hipertróficas, esclerose sistêmica e em muitos tipos de fibrose; → Transformação mucóide: aumento da subs. fundamental. Com isso, há dissociação das fibras colágenas, que ficam dispersas em finas fibrilas, dando aspecto de tecido mucoso. Ex.: doença reumática - transformação mucóide do interstício é a lesão mais precoce; Hipotireoidismo (mixedema) - tec. conjuntivo da derme apresenta transformação mucoide por motivos inexplicados. → Transformação fibrinóide: deposição de material acidófilo semelhante à fibrina. ex.: nas doenças imunocomplexas são comuns lesões na parede de vasos que se formam pela deposição de imunocomplexos que ativam o sistema complemento, o que atrai neutrófilos e aumenta a permeabilidade vascular. Assim, componentes do interstício e fibras colágenas parcialmente digeridas misturam-se à fibrina exsudada e formam material com aspecto fibrinóide. AMILOIDOSE Grupo de doenças que têm em comum a deposição no interstício de material proteico fibrilar (Substância amilóide) → Substância amilóide: 90% PTN amiloide + 10% glicoproteína do componente P; Quando a deposição é muito intensa, os órgãos atingidos apresentam alterações macroscópicas, por exemplo: o Fígado: aumenta de volume, fica com consistência aumentada e, ao corte, apresenta aspecto homogêneo e superfície untuosa, semelhante a toucinho; Osmar Bruno – MedUfes 106 o Rins: aumento de volume, peso e consistência; o Baço: aumento do volume e peso e aspecto micronodular ou homogêneo na superfície do corte. Osmar Bruno – MedUfes 106 PIGMENTAÇÕES⏐CALCIFICAÇÕES PIGMENTAÇÕES → Pigmentos: substâncias com cor própria, estão presentes nas células vegetais e animais, nas quais desempenham importantes funções. Ex.: clorofila, citocromos, melanina etc.; → Pigmentação: processo de formação e/ou acúmulo, normal ou patológico, de pigmentos no organismo. o Pigmentação patológica: acúmulo ou redução de certos pigmentos pode ser sinal de alterações bioquímicas. PIGMENTO ENDÓGENOS São substâncias sintetizadas pelo próprio organismo. Podem ser: → Derivadas da hemoglobina; → Melanina; → Ácido homogentísico; → Lipofuscina. PIGMENTOS DERIVADOS DA HEMOGLOBINA BILIRRUBINA (PIGMENTO BILIAR) É um pigmento amarelo e produto final do catabolismo da fração heme da hemoglobina e de outras hemoproteínas. O conhecimento do seu metabolismo é fundamental para o diagnóstico de inúmeras doenças hereditárias ou adquiridas do fígado e do sangue. → Formação: o Hemocaterese: destruição fisiológica das hemácias por macrófagos no baço, fígado e medula óssea. Responsável por cerca de 80% da Bb; o Hemoproteínas hepáticas e do pool de heme livre: liberação da Hb → fração heme é separada da Hb → ação da enzima heme oxigenase → Formação de biliverdina (pigmento verde) → Biliverdina redutase reduz a biliverdina em Bb. → Transporte no sangue: A Bb não conjugada é insolúvel em solução aquosa e é transportada em sua maior parte ligada à albumina. → Captação e transporte pelos hepatócitos: é feita por PTNs transportadoras situadas na membrana citoplasmática dos hepatócitos. No citosol, a Bb liga-se a duas PTNs (proteína Y e proteína Z) e é transferida ao retículo endoplasmático liso; → Conjugação com o ácido glicurônico: Ocorre pela ação da enzima UDP UGT-1A1 no REL. Resulta na Bb conjugada que é frouxamente ligada a albumina e quando seus níveis plasmáticos se elevam, ela é excretada na urina; → Excreção nos canalículos biliares: Transporte ativo da Bb na membrana canalicular do hepatócito pela MRP2 → Flui pelos ductos biliares até o duodeno → Transformada em urobilinogênio no intestino pela ação da microbiota residente → Reabsorvido no íleo terminal e reexcretado pelo fígado e pelos rins → Ainda no intestino, sofre ação redutora por bactérias e se transforma em estercobilina (pigmento que dá a cor característica das fezes). HIPERBILIRRUBINEMIA E ICTERÍCIA → Hiperbilirrubinemia: elevação do nível de Bb no sangue; Osmar Bruno – MedUfes 106 → Icterícia: Sinal clínico caracterizado pela deposição do pigmento Bb na pele, esclera e mucosas; → Causas: o ↑ Produção de Bb. Ex.: anemias hemolíticas; o ↓ Captação/transporte de Bb nos hepatócitos. Ex.: defeitos genéticos; o ↓ Conjugação da Bb por carência de enzimas envolvidas no processo. Ex.: doenças genéticas; o ↓ Excreção celular de Bb. ex.: doenças genéticas; o Obstrução biliar (intra ou extra-hepática). Ex.: Cálculos ou tumores; o Combinação de lesões. ex.: hepatites e cirrose hepática. HEMATOIDINA Pigmento lipídico e sem ferro semelhante à Bb que surge em focos hemorrágicos após duas ou três semanas sob a forma de cristais que variam do amarelo-ouro, amarelo-alaranjado, ou vermelho-alaranjado até marrom dourado. Não tem repercussão para o organismo. HEMOSSIDERINA Pigmento castanho-escuro ou amarelo-dourado formado pelo agrupamento de micelas de ferritina. Sua deposição excessiva causa: → Hemossiderose localizada:: encontrada em hemorragias nas quais a hemossiderina é encontrada após 24h a 48h no interior dos macrófagos; → Hemossiderose sistêmica: ocorre por aumento da absorção intestinal de ferro, em anemias hemolíticas ou repetidas transfusões de sangue. Na maioria dos pacientes, não há distúrbio funcional dos órgãos afetados. HEMOCROMATOSE Hemossiderose sistêmica, aumento da absorção intestinal de ferro, por efeito genético (gene HFE). Esse aumento da absorção de ferro resulta no acúmulo do metal em vários órgãos, o que lesa as células por meio da formação de radicais livres e/ou liberação de enzimas hidrolíticas. → Principais efeitos: o Cirrose hepática; o Diabetes bronzeado: causado pela hipotrofia do pâncreas o Hipogonadismo; o Insuficiência cardíaca; o Artropatia. Osmar Bruno – MedUfes 106 PIGMENTO MALÁRICO ⏐ HEMOZOÍNA É um pigmento que resulta da degradação da Hb ingerida pelo plasmódio durante o seu ciclo de vida nas hemácias. Ele forma grânulos castanhos-escuros que são acumulados nos macrófagos do fígado, baço, medula óssea, linfonodos, entre outros. Geralmente é inerte e atóxica mas sua retenção maciça pode afetar a fagocitose. PIGMENTO ESQUISTOSSOMÓTICO É um pigmento originado no trato digestivo do Schistosoma à partir do sangue do hospedeiro, que é ingerido pelo verme. Esse pigmento é regurgitado pelo verme na circulação sanguínea do hospedeiro e se acumula como grânulos castanho-escuros nas células de Kupffer, nos macrófagos do baço e nos espaços portais. Sua deposição não traz repercussões para o organismo. MELANINA Pigmento que varia do castanho ao negro é responsável pela coloração da pele, olhos e cabelos nos seres humanos. → Funções: o Fotoproteção (contra radiação UVB); o Ação antioxidante; o Absorçãode calor; o Cosmética; o Comunicação social; o Camuflagem (ex.: peixes e anfíbios); o Reforça da cutícula (insetos) e parede celular vegetal. HIPER E HIPOPIGMENTAÇÃO MELÂNICAS A produção excessiva e redução da síntese de melanina são frequentes e associam-se a numerosas doenças. → Hiperpigmentações: efélides (sardas), manchas senis, nevos (“sinais, mancha”) e melanomas; → Hipopigmentações: Podem ser congênitas (albinismo) ou adquiridas (vitiligo). Osmar Bruno – MedUfes 106 ÁCIDO HOMOGENTÍSICO Pigmento castanho-avermelhado ou ocre derivado do catabolismo da tirosina que se forma em pessoas com alcaptonúria (ocronose), rara doença genética autossômica recessiva LIPOFUSCINA Lipocromo, pigmento de desgaste ou pigmento do envelhecimento é pigmento pardo-amarelado que serve como um marcador do envelhecimento celular. → Hipotrofia parda: órgãos afetados pelo acúmulo de lipofuscina sofrem redução volumétrica e ponderal e adquirem coloração parda; → Degeneração macular relacionada com a idade: acúmulo de lipofuscina no epitélio pigmentar da retina que acarreta em cegueira ou distúrbio visual grave (principal causa nos países desenvolvidos). PIGMENTOS EXÓGENOS Pigmentos diversos que penetram o organismo pelo ar inspirado, alimentos ingeridos ou por via parenteral. São depositados nos pontos de primeiro contato (pele e mucosas) e podem ficar retidos, serem eliminados ou transportados pelas circulações linfáticas ou sanguíneas. ANTRACOSE (CARVÃO) Ocorre pela inalação do pó de carvão ou fumaça liberada na queima de combustível sólido (ex.: lenha, esterco). Acúmulo profressivo do pigmento produz coloração negra nas partes afetadas, em forma de manchas irregulares no parênquima pulmonar. ARGIRIA (PRATA) Deposição de sais de prata em tecidos. Poe ser localizada ou sistêmica. → Localizada: é a impregnação mecânica da pele por partículas de prata por contato constante com esse metal. É mais comum em trabalhadores que lidam com esse metal, mas, raramente, pode surgir em pessoas que utilizam jóias desse metal. → Sistêmica: resulta da ingestão ou inalação crônica de compostos de prata solúveis. Esses grânulos podem ser encontrados na pele, unhas, linfonodos, rins e globo ocular. As partículas de prata surgem como grânulos negros que sofrem oxidação pela luz solar e deixam a pele com tom cinza-azulado. CRISÍASE (OURO) Deposição de ouro nos tecidos. Causada pela administração terapêutica de sais de ouro (ex.: artrite reumatóide) ou implantação de agulhas de acupuntura. TATUAGEM Pigmentação resultante da introdução de pigmentos insolúveis na derme, acidental (ex.: em mineiros) ou propositalmente. O pigmento é fagocitado por macrófagos da derme, mas pode ser visto também na matriz extracelular. Pequena quantidade é transportada pelos vasos linfáticos aos linfonodos regionais; em indivíduos com tatuagens extensas, pode haver linfonodomegalia. CALCIFICAÇÕES Calcificação patológica consiste na deposição de sais de cálcio em locais normalmente não Osmar Bruno – MedUfes 106 calcificados. É uma lesão muito frequente mas com consequências graves. → Causas: os níveis plasmáticos de cálcio estão sempre em um delicado balanço e pequenos desequilíbrios podem ocasionar precipitação de sais de cálcio, principalmente a hidroxiapatita TIPOS As calcificações podem ser: → Diastróficas: quando predominam fatores locais, como necrose; → Metastáticas: em casos de hipercalcemia; → Idiopáticas: quando nenhum dos fatores anteriores se faz presente. CALCIFICAÇÃO DISTRÓFICA É a que resulta de modificação local nos tecidos. Os principais locais são: → Restos necróticos: são os mais suscetíveis a deposição de cálcio, especialmente na nas necroses caseosa, coagulativa ou gordurosa. A deposição se faz da periferia para o centro; → Associada a esteatonecrose: resulta da combinação de cálcio com ácidos graxos; → Cicatrizes, ateromas e cartilagem; → Trombos venosos: formando flebólitos; → Secreções em ductos de certos órgãos: podem calcificar-se e causar a obstrução ductal. Ex.: pâncreas e glândulas salivares; → Fetos mortos: formando litopédio; → Tumores: são muito propensos a uma forma de calcificação chamada de psmomas. CALCIFICAÇÃO METASTÁTICA
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