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Degenerações e Morte celular

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Osmar Bruno – MedUfes 106
DEGENERAÇÕES⏐MORTE CELULAR
DEGENERAÇÃO HIALINA
Consiste no acúmulo de material proteico e
acidófilo nas células, o qual resulta na
condensação de filamentos intermediários ou
do acúmulo de material viral; Outras vezes o
material hialino depositado é constituído por
PTNs endocitadas;
→ Causas em Mm. estriado esquelético e
cardíaco:
o Endotoxinas bacterianas;
o Agressão por linfócitos T e
macrófagos.
→ Corpúsculo hialino de Mallory-Denk:
encontrado tipicamente em hepatócitos de
alcóolatras crônicos, é formado por
aglomerados de PTNs do citoesqueleto que
sofreram agressão por radicais livres
→ Corpúsculos de Councilman-Rocha Lima:
(hepatócitos em apoptose): são vistos em
hepatites virais, especialmente na febre
amarela;
→ Corpúsculos de Russell: acúmulo de
imunoglobulinas em plasmócitos, são
frequentes em inflamações agudas (ex.:
salmoneloses) ou crônicas (ex.:
leishmaniose tegumentar e osteomielites)
→ Necrose hialina: ocorre quando a agressão
é intensa e a célula morre.
ESTEATOSE
É o acúmulo de gorduras neutras no citoplasma
de células que NÃO as armazenam. A lesão
surge quando o agente aumenta a captação ou
a síntese de ác. graxos ou dificulta sua
utilização, seu transporte ou a sua excreção.
→ Localização: é comum no fígado, mas
pode ser vista também em outros
locais (miocárdio, túbulos renais, Mm.
esqueléticos etc.);
→ Causas:
o Agentes tóxicos;
o Hipóxia;
o Alterações na dieta;
o Distúrbios metabólicos.
PRINCIPAIS CAUSAS DA ESTEATOSE
ETILISMO
Principal causa de esteatose hepática. Seu
efeito se dá pela:
1. Menor disponibilidade de NAD: o NAD é
necessário para oxidação de lipídeos por
via ADH, sua redução contribui para o
acúmulo de gorduras;
2. Maior disponibilidade de acetil-CoA:
excesso de acetil-CoA induz síntese de ác.
graxos que originam triglicerídeos e se
acumulam nas células;
3. Redução no transporte de lipoproteínas:
acetaldeído e os radicais livres alteram
microtúbulos e microfilamentos o que
atrapalham nesse transporte.
A desnutrição pode agravar a esteatose.
Especialmente, quando acompanha o etilismo.
HIPÓXIA
Nos estados de hipóxia (anemia, insuficiência
cardíaca ou respiratória etc.), há menor
disponibilidade de O2 no ciclo de Krebs e,
portanto, menor utilização do acteil-CoA, que
favorece a síntese de ác. graxos.
DESNUTRIÇÃO PROTEICO ENERGÉTICA
→ A carência de PTNs diminui a síntese de
lipoproteínas e a excreção de triglicerídeos;
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→ A ingestão calórica deficiente mobiliza
lipídeos do tecido adiposo e aumenta o
aporte de ácidos graxos para o fígado;
→ Em adultos, desnutrição proteica não induz
esteatose como na infância, além de
inibidores da síntese proteica nem sempre
induzirem esteatose hepática
AGENTES TÓXICOS
→ Podem lesar o retículo endoplasmático
rugoso e reduzir a síntese de lipoproteínas.
Ex.: CCL4.
→ Inibidores da síntese proteica (ex. ác
orótico e puromicina) podem provocar
esteatose mediante bloqueio na utilização
de triglicerídeos sem que a síntese proteica
tenha sido reduzida
OBESIDADE E SINDROME METABÓLICA
A obesidade associa-se comumente a síndrome
metabólica que é caracterizada por:
→ Obesidade central;
→ Dislipidemia (↑ triglicerídeos e ↓ HDL);
→ Intolerância à glicose, acompanhada
de resistência à insulina;
→ Esteatose visceral;
→ Aumento do risco para doenças
cardiovascular aterosclerótica e
diabetes melito tipo II).
Na síndrome metabólica a esteatose visceral
ocorre no fígado (ilhotas de Langerhans, Mm.
esqueléticos e miocárdio).
CONSEQUÊNCIA DA ESTEATOSE
Apesar de reversível, em agressões graves a
esteatose pode evoluir para morte celular. O
excesso de ácidos graxos pode gerar ceramidas,
que induz apoptose.
→ No fígado: os hepatócitos repletos de
gordura podem se romper e formar lago de
gordura (cistos gordurosos). Pode ocorrer
também embolia gordurosa por ruptura de
cistos gordurosos, que é facilitada por
traumatismos;
→ No etilismo crônico: a esteatose hepática
muitas vezes é acompanhada de fibrose
pericular, especialmente centrolobular, que
pode evoluir para cirrose;
→ No coração: a esteatose difusa pode
agravar a insuficiência funcional do órgão.
Como a lesão é reversível, em etilistas
crônicos ela se reduz ou desaparece em
pouco tempo após a abstinência.
LIPIDOSES
São acúmulos intracelulares de outros lipídeos
que não triglicerídeos. Geralmente, trata-se de
depósitos de colesterol e seus ésteres.
→ Tipos: localizadas ou sistêmicas;
→ Localização:
o Artérias (aterosclerose);
o Pele (xantomas);
o Locais com inflamação crônica.
ATEROSCLEROSE
→ É uma doença caracterizada por depósitos
sobretudo de colesterol e ésteres de
colesterol na íntima de artérias de médio e
grande calibres;
→ Podem ser encontradas nos primeiros anos
de vida, mas tornam-se mais frequentes e
com maior potencial para evoluir com
complicações em adultos e, sobretudo, em
idosos;
→ Doença multifatorial: participação de
fatores genéticos e ambientais;
→ Fatores de risco:
o Dislipidemia, com aumento de
triglicerídeos e colesterol no
plasma (principal fator);
o Hipertensão arterial;
o Tabagismo;
o Diabetes melito;
o Estresse;
o Sedentarismo
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XANTOMAS
→ São lesões na pele sob a forma de nódulos
ou placas que, quando superficiais, têm
coloração amarelada.
→ Microscopicamente, são formadas por
aglomerados de macrófagos espumosos
carregados de colesterol;
→ Surgem geralmente em pessoas com
aumento do colesterol sérico, embora
possam ser encontradas sem
hipercolesterolemia;
→ Podem ser encontradas em algumas
inflamações crônicas ou em áreas de
necrose em processo de reabsorção, nas
quais são originadas por restos celulares
fagocitados.
ESFINGOLIPIDOSES
→ São doenças genéticas de armazenamento
de esfingolipídios e seus produtos, por falta
ou deficiência de enzimas lisossômicas;
→ Os depósitos são encontrados em
lisossomos, que, ao ME, apresentam
estrutura em impressão digital ou linhas
em espiral concêntrica;
→ As lesões podem ser sistêmicas ou mais
graves em alguns órgãos. Ex.: em neurônios
do SNC na doença de Fabry e em
macrófagos do fígado e do baço na doença
de Gaucher.
GLICOGENOSES
São doenças genéticas caracterizadas pelo
acúmulo de glicogênio em células do fígado,
rins e músculos esqueléticos e coração e que
têm como causa deficiência de enzimas
envolvidas na sua degradação. Ex.: Doença de
Pompe.
MUCOPOLISSACARIDOSES
Depósitos anormais de poliglicanos e/ou
proteoglicanos que resultam de deficiências
enzimáticas e se caracterizam por acúmulo
intralisossômico dessas moléculas e/ou
catabólitos. Ex.: Síndrome de Hurler.
● Anormalidades no esqueleto, em artérias e
em valvas cardíacas, retardo mental e
opacificação da córnea estão presentes em
todas as mucopolissacaridoses.
MORTE CELULAR
É um processo, sucessão de eventos, na qual as
lesões atingem a irreversibilidade (Ponto de não
retorno), que muitas vezes não pode ser
estabelecido por critérios morfológicos.
→ Em alguns casos o agente agressor pode
causar morte rapidamente, não havendo,
portanto, a sucessão de eventos do
processo de morte celular.
→ Tipos de morte celular:
MORTE CELULAR PROGRAMADA
É um tipo de celular fisiológica que ocorrer
como forma de manter a homeostase
(como na ativação de linfócitos) ou para
favorecer a diferenciação (como na
embriogênese.
● Apoptose é a forma mais conhecida de
morte celular programada. Ex.: apoptose
de linfócitos T após a sua ativação
(eliminação da célula após cumprir o seu
papel fisiológico).
MORTE CELULAR REGULADA
É a morte celular causada pela ativação de vias
que podem ser reguladas por fármacos ou por
manipulação genética, sem fazer parte de um
contexto fisiológico.
MORTE CELULAR ACIDENTAL
Ocorre por agressões que induzem necrose ou
apoptose:
→ Anóxia no miocárdio causa necrose de
miócitos;
→ Intoxicação etílica crônica aumenta a
expressão do receptor Fas e de ligantes
Fas em hepatócitos, o queresulta em
apoptose nessas células.
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NECROSE
É definida como a morte celular em organismo
vivo seguida de autólise.
PROCESSO DE NECROSE
1. A agressão interrompe a produção de
energia;
2. Os lisossomos perdem a capacidade de
conter as hidrolases
3. Hidrolases saem para o citosol e iniciam a
autólise: digerem todos os substratos
celulares;
4. A necrose libera alarminas (HMGB1, uratos
e fosfatos) que são reconhecidos e induzem
uma reação infamatória.
CAUSAS
→ Redução de energia: obstrução vascular
(isquemia, anóxia) ou inibição dos
processos respiratórios celulares;
→ Geração de radicais livres;
→ Ação de enzimas líticas;
→ Compostos (p. ex., agentes químicos e
toxinas) que agem diretamente sobre
enzimas, inibindo processos vitais das
células;
→ Agressão direta à memb. citoplasmática.
Ex.: ativação do complemento ou linfócitos
T citotóxicos.
TIPOS DE NECROSE
NECROSE POR COAGULAÇÃO
→ Principal causa: Isquemia;
→ Aspectos macroscópicos: área atingida
com aspecto esbranquiçado com um halo
vermelho (hiperemia que tenta compensar
a isquemia);
→ Aspectos microscópicos: alterações
nucleares, principalmente digestão das
cromatinas e desaparecimento dos núcleos
(cariólise), e citoplasma com aspecto
coagulado (torna-se acidófilo, granuloso e
gelificado).
NECROSE POR LIQUEFAÇÃO
→ Principal causa: ação de enzimas
lisossômicas liberadas por leucócitos
exsudados em inflamações purulentas;
→ Macroscopicamente: região com
consistência mole, semifluida ou liquefeita;
→ Locais mais comuns: tecidos nervoso,
suprarrenal e mucosa gástrica.
NECROSE LÍTICA
É a denominação que se dá à necrose de
hepatócitos em hepatites virais, os quais sofrem
lise ou esfacelo (necrose por esfacelo)
NECROSE CASEOSA
→ Principais causas:
1. Agressão imunitária: por liberação de
linfotoxinas (ex.: TNF- α) e produtos
citotóxicos de macrófagos;
2. Hipóxia: uma vez que os granulomas
são hipovasculares.
→ Macroscopicamente: área necrosada com
aspecto de queijo (caseum, em latim);
→ Microscopicamente: células necróticas
formam uma massa homogênea, acidófila,
contendo núcleos picnócitos (basófilos,
homogêneos e menores que o normal).
NECROSE GOMOSA
Uma variedade da necrose por coagulação
→ Principal causa: sífilis tardia (goma sifílica);
→ Macroscopicamente: o tecido necrosado
assume aspecto compacto e elástico como
borracha (goma) ou fluido e viscoso como
goma-arábica.
ESTEATONECROSE
Também chamada de necrose enzimática do
tecido adiposo.
→ Principal causa: extravasamento de
enzimas pancreáticas, principalmente na
pancreatite aguda necro-hemorrágica;
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→ Macroscopicamente: Depósito
esbranquiçados ou manchas com aspecto
de pingo de vela.
→ Microscopicamente: por ação da lipase
sobre os triglicerídeos, os ác. graxos
liberados sofrem saponificação e originam
as manchas características.
EVOLUÇÃO DA NECROSE
As células mortas e autolisadas são um corpo
que desencadeia reposta do organismo para
sua reabsorção e posterior reparo. Esse
processo pode ocorrer por:
REGENERAÇÃO
Ocorre quando o tecido tem capacidade
regenerativa, fatores de crescimento liberados
por células vizinhas e por leucócitos induzem
multiplicação das células paraquimentosas;
→ Se a destruição é pequena e o estroma é
pouco alterado, há regeneração completa,
como ocorre no fígado após hepatites
discretas;
→ Se a necrose é extensa, a trama reticular
sofre colapso, e os hepatócitos não
conseguem organizar-se no lóbulo hepático
e formam nódulos.
CICATRIZAÇÃO
Processo em que o tecido necrosado é
substituído por tecido conjuntivo cicatricial. A
cicatrização ocorre tipicamente quando a lesão
é extensa e, sobretudo, se as células afetadas
não têm capacidade regenerativa.
→ Processo:
o A destruição do tecido leva a
liberação de DAMPs;
o Os leucócitos migrados digerem os
restos teciduais e liberam fatores
de crescimento
o Fatores de crescimento induzem a
proliferação de vasos e tec.
Conjuntivo para formar a cicatriz.
ENCISTAMENTO
Ocorre quando o material necrótico não é
absorvido, por ser volumoso ou por falta de
migração de leucócitos, a reação inflamatória
desenvolve-se somente na periferia da lesão, o
que forma uma cápsula conjuntiva que encista
o material necrótico. Com o tempo, os restos
teciduais destruídos são reabsorvidos, ficando
somente conteúdo líquido.
ELIMINAÇÃO
Se a área da necrose alcança um canal que se
comunica com o meio externo, o material
necrosado é eliminado, originando uma
cavidade.
→ Tuberculose pulmonar: o material caseoso
é eliminado pelos brônquios, o que forma
as cavernas tuberculosas
CALCIFICAÇÃO
A área da necrose pode se calcificar,
especialmente a caseosa. Embora os níveis de
Ca2+ se elevam em tecidos mortos, os
mecanismos de calcificação nessas lesões não
são ainda totalmente conhecidos.
GANGRENA
É uma forma de evolução de necrose
secundária à ação de agentes externos. Pode
ser classificada em:
GANGRENA SECA
→ Causa: desidratação + contato com o ar;
→ Macroscopia:
o Área lesada com aspecto de
pergaminho, semelhante aos
tecidos de múmias (mumificação);
o Cor escura, azulada ou negra, por
impregnação de hemoglobina;
o Linha nítida (reação infamatória):
no limite entre o tecido morto e o
não lesado;
→ Principais locais de acometimento:
extremidades dos dedos, de artelhos
(dedos dos pés) e da ponta do nariz
→ Fatores de risco: lesões vasculares como as
que ocorrem no diabetes melito.
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GANGRENA ÚMIDA OU PÚTRIDA
→ Causa: invasão por microrganismos
anaeróbios produtores de enzimas que
liquefazem os tecidos mortos;
→ Macroscopia: bolhas que produzem um gás
fétido e se acumulam juntamente com o
material liquefeito;
→ Principais locais de acometimento: em
necroses do trato digestivo, dos pulmões e
da pele (áreas úmidas).
→ Fatores de risco: a absorção de produtos
tóxicos da gangrena pode provocar reações
sistêmicas fatais, induzindo choque séptico.
GANGRENA GASOSA
→ Causa: secundária à contaminação com
microrganismo do gênero Clostridium que
liberam enzimas proteolíticas e lipolíticas e
grande quantidade de gás;
→ Macroscopia: formação de bolhas;
→ Principais locais de acometimento: feridas
infectadas.
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ALTERAÇÕES DO INTERSTÍCIO
INTERSTÍCIO
Interstício ou matriz extracelular é uma rede
tridimensional de macromoléculas. É
composta por fibras + substância fundamental
amorfa.
→ Funções:
o Definir os limites dos tecidos;
o Contribui para as propriedades
biomecânicas;
o Substrato para adesão e migração
celular;
o Sítio de ligação para fatores de
crescimento e hormônio;
o criação de um microambiente
adequado e indispensável para a
organização dos tecidos/órgãos.
→ Composição:
o Proteínas fibrosas (colágeno e
elastina): formam as fibras
colágenas e reticulares (colágeno)
e elásticas (elastina);
o PTNs não fibrosas de adesão
(laminina e fibronectina): aderem
as células à MEC;
o Gel altamente hidratado
(glicosaminoglicanos e
proteoglicanos): a substância
fundamental na qual as PTNs
fibrosas ficam imersas.
PRINCIPAIS ALTERAÇÕES DO INTERSTÍCIO
ALTERAÇÕES DE FIBRAS COLÁGENAS RETICULARES
→ Causas:
o Defeitos genéticos que
comprometem a estrutura,
síntese ou degradação do
colágeno;
o Alterações adquiridas que
interferem na sua síntese ou
degradação;
→ Macroscopicamente:
o Manifestações cutâneas:
alterações da elasticidade e
resistência;
o Aneurismas nos vasos sanguíneos:
devido aos defeitos nas fibras
elásticas;
o Alterações no intestino;
o Alterações no globo ocular: a
esclera é rica em colágeno;
o Alterações nos ossos: o colágeno
é constituinte importante da
matriz óssea.
ALTERAÇÕES DE FIBRAS ELÁSTICAS
Podem ser congênitas ou adquiridas.
→ Congênitas: devem se a alterações gênicas,
especialmente no gene lisil oxidase;
→ Adquiridas: associadas a defeito na
síntese, por inibição da lisil oxidase ou a
distúrbios mal conhecidos sobre as fibrasformadas.
→ Exemplos:
o Elastose dos vasos e do
endocárdio por aumento da sua
síntese por fibras musculares;
o Fragmentação de fibras elásticas
na derme e na parede de vasos
sanguíneos por exposição
prolongada à luz solar na
senilidade (na senilidade, as áreas
da pele expostas ao sol perdem a
elasticidade por diminuição das
fibras elásticas);
o Elastólise: aumento da atividade
de elastases, por redução da
atividade de antiproteases. Ex.:
pulmões de pessoas idosas,
principalmente em quem tem
enfisema, apresentam redução de
fibras elásticas por aumento de
elastases e/ou diminuição de
antiproteases;
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o Síndrome de Marfan: resulta de
anormalidade na PTN fibrilina, os
defeitos mais evidentes são
fraqueza e deformidades em
tecidos ricos em fibras elásticas.
ALTERAÇÕES NA SUBSTÂNCIA FUNDAMENTAL
→ Transformação hialina ou hialinose:
depósitos acidófilos de PTNs do plasma
que exsudam e se depositam na MEC. Ex.:
ocorre na íntima de pequenas artérias e
arteríolas de indivíduos com hipertensão
arterial ou diabetes melito;
→ Hialinização do interstício: alteração na
qual as fibras colágenas e a subs.
fundamental tornam-se intensamente
acidófilas. Ex.: quelóide, cicatrizes
hipertróficas, esclerose sistêmica e em
muitos tipos de fibrose;
→ Transformação mucóide: aumento da
subs. fundamental. Com isso, há
dissociação das fibras colágenas, que ficam
dispersas em finas fibrilas, dando aspecto
de tecido mucoso. Ex.: doença reumática -
transformação mucóide do interstício é a
lesão mais precoce; Hipotireoidismo
(mixedema) - tec. conjuntivo da derme
apresenta transformação mucoide por
motivos inexplicados.
→ Transformação fibrinóide: deposição de
material acidófilo semelhante à fibrina. ex.:
nas doenças imunocomplexas são comuns
lesões na parede de vasos que se formam
pela deposição de imunocomplexos que
ativam o sistema complemento, o que atrai
neutrófilos e aumenta a permeabilidade
vascular. Assim, componentes do interstício
e fibras colágenas parcialmente digeridas
misturam-se à fibrina exsudada e formam
material com aspecto fibrinóide.
AMILOIDOSE
Grupo de doenças que têm em comum a
deposição no interstício de material
proteico fibrilar (Substância amilóide)
→ Substância amilóide: 90% PTN amiloide +
10% glicoproteína do componente P;
Quando a deposição é muito intensa, os
órgãos atingidos apresentam alterações
macroscópicas, por exemplo:
o Fígado: aumenta de volume, fica
com consistência aumentada e, ao
corte, apresenta aspecto
homogêneo e superfície untuosa,
semelhante a toucinho;
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o Rins: aumento de volume, peso e
consistência;
o Baço: aumento do volume e peso
e aspecto micronodular ou
homogêneo na superfície do
corte.
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PIGMENTAÇÕES⏐CALCIFICAÇÕES
PIGMENTAÇÕES
→ Pigmentos: substâncias com cor própria,
estão presentes nas células vegetais e
animais, nas quais desempenham
importantes funções. Ex.: clorofila,
citocromos, melanina etc.;
→ Pigmentação: processo de formação e/ou
acúmulo, normal ou patológico, de
pigmentos no organismo.
o Pigmentação patológica: acúmulo
ou redução de certos pigmentos
pode ser sinal de alterações
bioquímicas.
PIGMENTO ENDÓGENOS
São substâncias sintetizadas pelo próprio
organismo. Podem ser:
→ Derivadas da hemoglobina;
→ Melanina;
→ Ácido homogentísico;
→ Lipofuscina.
PIGMENTOS DERIVADOS DA HEMOGLOBINA
BILIRRUBINA (PIGMENTO BILIAR)
É um pigmento amarelo e produto final do
catabolismo da fração heme da hemoglobina e
de outras hemoproteínas.
O conhecimento do seu metabolismo é
fundamental para o diagnóstico de inúmeras
doenças hereditárias ou adquiridas do fígado e
do sangue.
→ Formação:
o Hemocaterese: destruição
fisiológica das hemácias por
macrófagos no baço, fígado e
medula óssea. Responsável por
cerca de 80% da Bb;
o Hemoproteínas hepáticas e do
pool de heme livre: liberação da
Hb → fração heme é separada da
Hb → ação da enzima heme
oxigenase → Formação de
biliverdina (pigmento verde) →
Biliverdina redutase reduz a
biliverdina em Bb.
→ Transporte no sangue: A Bb não conjugada
é insolúvel em solução aquosa e é
transportada em sua maior parte ligada à
albumina.
→ Captação e transporte pelos hepatócitos:
é feita por PTNs transportadoras situadas
na membrana citoplasmática dos
hepatócitos. No citosol, a Bb liga-se a duas
PTNs (proteína Y e proteína Z) e é
transferida ao retículo endoplasmático liso;
→ Conjugação com o ácido glicurônico:
Ocorre pela ação da enzima UDP UGT-1A1
no REL. Resulta na Bb conjugada que é
frouxamente ligada a albumina e quando
seus níveis plasmáticos se elevam, ela é
excretada na urina;
→ Excreção nos canalículos biliares:
Transporte ativo da Bb na membrana
canalicular do hepatócito pela MRP2 →
Flui pelos ductos biliares até o duodeno →
Transformada em urobilinogênio no
intestino pela ação da microbiota residente
→ Reabsorvido no íleo terminal e
reexcretado pelo fígado e pelos rins →
Ainda no intestino, sofre ação redutora por
bactérias e se transforma em estercobilina
(pigmento que dá a cor característica das
fezes).
HIPERBILIRRUBINEMIA E ICTERÍCIA
→ Hiperbilirrubinemia: elevação do nível de
Bb no sangue;
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→ Icterícia: Sinal clínico caracterizado pela
deposição do pigmento Bb na pele, esclera
e mucosas;
→ Causas:
o ↑ Produção de Bb. Ex.: anemias
hemolíticas;
o ↓ Captação/transporte de Bb nos
hepatócitos. Ex.: defeitos
genéticos;
o ↓ Conjugação da Bb por carência
de enzimas envolvidas no
processo. Ex.: doenças genéticas;
o ↓ Excreção celular de Bb. ex.:
doenças genéticas;
o Obstrução biliar (intra ou
extra-hepática). Ex.: Cálculos ou
tumores;
o Combinação de lesões. ex.:
hepatites e cirrose hepática.
HEMATOIDINA
Pigmento lipídico e sem ferro semelhante à Bb
que surge em focos hemorrágicos após duas ou
três semanas sob a forma de cristais que
variam do amarelo-ouro, amarelo-alaranjado,
ou vermelho-alaranjado até marrom dourado.
Não tem repercussão para o organismo.
HEMOSSIDERINA
Pigmento castanho-escuro ou amarelo-dourado
formado pelo agrupamento de micelas de
ferritina. Sua deposição excessiva causa:
→ Hemossiderose localizada:: encontrada em
hemorragias nas quais a hemossiderina é
encontrada após 24h a 48h no interior dos
macrófagos;
→ Hemossiderose sistêmica: ocorre por
aumento da absorção intestinal de ferro,
em anemias hemolíticas ou repetidas
transfusões de sangue. Na maioria dos
pacientes, não há distúrbio funcional dos
órgãos afetados.
HEMOCROMATOSE
Hemossiderose sistêmica, aumento da
absorção intestinal de ferro, por efeito genético
(gene HFE). Esse aumento da absorção de ferro
resulta no acúmulo do metal em vários órgãos,
o que lesa as células por meio da formação de
radicais livres e/ou liberação de enzimas
hidrolíticas.
→ Principais efeitos:
o Cirrose hepática;
o Diabetes bronzeado: causado pela
hipotrofia do pâncreas
o Hipogonadismo;
o Insuficiência cardíaca;
o Artropatia.
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PIGMENTO MALÁRICO ⏐ HEMOZOÍNA
É um pigmento que resulta da degradação da
Hb ingerida pelo plasmódio durante o seu ciclo
de vida nas hemácias. Ele forma grânulos
castanhos-escuros que são acumulados nos
macrófagos do fígado, baço, medula óssea,
linfonodos, entre outros. Geralmente é inerte e
atóxica mas sua retenção maciça pode afetar a
fagocitose.
PIGMENTO ESQUISTOSSOMÓTICO
É um pigmento originado no trato digestivo do
Schistosoma à partir do sangue do hospedeiro,
que é ingerido pelo verme. Esse pigmento é
regurgitado pelo verme na circulação sanguínea
do hospedeiro e se acumula como grânulos
castanho-escuros nas células de Kupffer, nos
macrófagos do baço e nos espaços portais. Sua
deposição não traz repercussões para o
organismo.
MELANINA
Pigmento que varia do castanho ao negro é
responsável pela coloração da pele, olhos e
cabelos nos seres humanos.
→ Funções:
o Fotoproteção (contra radiação
UVB);
o Ação antioxidante;
o Absorçãode calor;
o Cosmética;
o Comunicação social;
o Camuflagem (ex.: peixes e
anfíbios);
o Reforça da cutícula (insetos) e
parede celular vegetal.
HIPER E HIPOPIGMENTAÇÃO MELÂNICAS
A produção excessiva e redução da síntese de
melanina são frequentes e associam-se a
numerosas doenças.
→ Hiperpigmentações: efélides (sardas),
manchas senis, nevos (“sinais, mancha”) e
melanomas;
→ Hipopigmentações: Podem ser congênitas
(albinismo) ou adquiridas (vitiligo).
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ÁCIDO HOMOGENTÍSICO
Pigmento castanho-avermelhado ou ocre
derivado do catabolismo da tirosina que se
forma em pessoas com alcaptonúria
(ocronose), rara doença genética autossômica
recessiva
LIPOFUSCINA
Lipocromo, pigmento de desgaste ou pigmento
do envelhecimento é pigmento
pardo-amarelado que serve como um marcador
do envelhecimento celular.
→ Hipotrofia parda: órgãos afetados pelo
acúmulo de lipofuscina sofrem redução
volumétrica e ponderal e adquirem
coloração parda;
→ Degeneração macular relacionada com a
idade: acúmulo de lipofuscina no epitélio
pigmentar da retina que acarreta em
cegueira ou distúrbio visual grave (principal
causa nos países desenvolvidos).
PIGMENTOS EXÓGENOS
Pigmentos diversos que penetram o organismo
pelo ar inspirado, alimentos ingeridos ou por
via parenteral. São depositados nos pontos de
primeiro contato (pele e mucosas) e podem
ficar retidos, serem eliminados ou
transportados pelas circulações linfáticas ou
sanguíneas.
ANTRACOSE (CARVÃO)
Ocorre pela inalação do pó de carvão ou
fumaça liberada na queima de combustível
sólido (ex.: lenha, esterco).
Acúmulo profressivo do pigmento produz
coloração negra nas partes afetadas, em forma
de manchas irregulares no parênquima
pulmonar.
ARGIRIA (PRATA)
Deposição de sais de prata em tecidos. Poe ser
localizada ou sistêmica.
→ Localizada: é a impregnação mecânica da
pele por partículas de prata por contato
constante com esse metal. É mais comum
em trabalhadores que lidam com esse
metal, mas, raramente, pode surgir em
pessoas que utilizam jóias desse metal.
→ Sistêmica: resulta da ingestão ou inalação
crônica de compostos de prata solúveis.
Esses grânulos podem ser encontrados na
pele, unhas, linfonodos, rins e globo ocular.
As partículas de prata surgem como grânulos
negros que sofrem oxidação pela luz solar e
deixam a pele com tom cinza-azulado.
CRISÍASE (OURO)
Deposição de ouro nos tecidos. Causada pela
administração terapêutica de sais de ouro (ex.:
artrite reumatóide) ou implantação de agulhas
de acupuntura.
TATUAGEM
Pigmentação resultante da introdução de
pigmentos insolúveis na derme, acidental (ex.:
em mineiros) ou propositalmente.
O pigmento é fagocitado por macrófagos da
derme, mas pode ser visto também na matriz
extracelular. Pequena quantidade é
transportada pelos vasos linfáticos aos
linfonodos regionais; em indivíduos com
tatuagens extensas, pode haver
linfonodomegalia.
CALCIFICAÇÕES
Calcificação patológica consiste na deposição
de sais de cálcio em locais normalmente não
Osmar Bruno – MedUfes 106
calcificados. É uma lesão muito frequente mas
com consequências graves.
→ Causas: os níveis plasmáticos de cálcio
estão sempre em um delicado balanço e
pequenos desequilíbrios podem ocasionar
precipitação de sais de cálcio,
principalmente a hidroxiapatita
TIPOS
As calcificações podem ser:
→ Diastróficas: quando predominam fatores
locais, como necrose;
→ Metastáticas: em casos de hipercalcemia;
→ Idiopáticas: quando nenhum dos fatores
anteriores se faz presente.
CALCIFICAÇÃO DISTRÓFICA
É a que resulta de modificação local nos
tecidos. Os principais locais são:
→ Restos necróticos: são os mais suscetíveis
a deposição de cálcio, especialmente na
nas necroses caseosa, coagulativa ou
gordurosa. A deposição se faz da periferia
para o centro;
→ Associada a esteatonecrose: resulta da
combinação de cálcio com ácidos graxos;
→ Cicatrizes, ateromas e cartilagem;
→ Trombos venosos: formando flebólitos;
→ Secreções em ductos de certos órgãos:
podem calcificar-se e causar a obstrução
ductal. Ex.: pâncreas e glândulas salivares;
→ Fetos mortos: formando litopédio;
→ Tumores: são muito propensos a uma
forma de calcificação chamada de
psmomas.
CALCIFICAÇÃO METASTÁTICA

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