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Colocando o plano de negócios em prática Cátia Regina Raulino Introdução Você já possui uma ideia e um plano de negócio para colocar em prática, mas falta conseguir o financiamento para alavancar o seu sonho. E agora? O que fazer? A quem recorrer? É o que descobriremos ao longo desta aula. Você verá que existem várias possibilidades para tirar a ideia do papel, como recorrer à economia pessoal, à família, aos amigos, aos anjos investi- dores e até mesmo aos programas do governo. Vamos conhecer também as principais fontes de financiamentos de curto, de médio e de longo prazo. Acompanhe! Objetivos de aprendizagem Ao final desta aula, você será capaz de: • conhecer exemplos de planos de negócios e suas especificidades; • entender seu funcionamento como uma ferramenta gerencial e de venda. 1 Exemplos de planos de negócios, apontando suas particularidades para diferentes tipos de negócios Existem alguns exemplos de planos de negócios, e de acordo com Matos (2012), os tipos mais comuns são o plano inicial e o plano de crescimento ou expansão. O plano inicial é o tipo mais comum, cujo objetivo é definir as linhas gerais de uma nova ideia de negócio. Dado que se trata de um plano para suportar uma ideia ou negócio ainda não existente, três fatores são especialmente importantes nesse documento: • a fundamentação da ideia/negócio face ao mercado subjacente; • a fundamentação técnica da ideia, no caso de produtos, entre outros; • a credibilidade e a experiência da equipe, tanto de nível técnico quanto de gestão. Por sua vez, o plano de crescimento ou de expansão é o tipo utilizado para uma área especí- fica de uma empresa ou em um negócio secundário a uma empresa já constituída. Figura 1 – Planos de negócios Fonte: Sergey Nivens/Shutterstock.com Veja que um plano de crescimento é usado para estabelecer as linhas de crescimento ou expansão, com recursos da própria empresa, e deverá conter os detalhes financeiros relacionados à nova ideia/produto. Um plano de expansão que requeira novos investimentos deverá incluir uma descrição exaus- tiva da empresa e as experiências e competências da equipe de gestão, bem como um plano de apresentação do novo projeto/ideia para novos investidores, com as respectivas informações financeiras relevantes. A experiência da empresa e da equipe envolvida com a nova ideia é crucial para demonstrar a capacidade de gestão e de operacionalização do novo negócio. Já o plano de reestruturação é o tipo que se centra nas restrições sofridas pela empresa na sua fase atual, assim como nas razões internas e nas externas que originaram os problemas existentes. Figura 2 – Plano de reestruturação Fonte: Minerva Studio/ Shutterstock.com A partir desses fatores restritivos, elabora-se um plano que detalha de que forma se pretende transformar a atual realidade da empresa. FIQUE ATENTO! Mercado subjacente é o mercado que está implícito, subentendido, ou seja, que se imagina atender. De acordo com Dornelas (2012), esse plano assume a mesma estrutura de um plano de crescimento ou expansão. 2 As questões práticas que envolvem a implementa- ção do plano de negócios (busca de assessoria e financiamento). De acordo com Dornelas (2012), um plano de negócio completo e bem elaborado pode abrir portas para que o empreendedor consiga obter recursos para o seu negócio. Com o plano de negócio em mãos, é hora de buscar o financiamento para implantar o empreendimento. Mas quem poderá ajudá-lo(a)? Quem sabe um investidor anjo (Angel Investor)? Já ouviu falar nessa expressão? O angel, ou investidor pessoa física, segundo Dornelas, é o investidor anjo, um capitalista de risco, que na busca por melhores rentabilidades, busca encontrar alternativas para investir seu dinheiro. Figura 3 – Anjos investidores Fonte: Mattz90/Shuterstock.com Desta forma, a figura do Angel Investor representa a pessoa física que se dispõe a investir em empresas que estão no estágio inicial, como uma start-up, que ainda está iniciando e busca explo- rar atividades inovadoras, em troca de maior retorno para o próprio capital no futuro. FIQUE ATENTO! O angel investor é quem coloca o capital semente inicial. O capital , semente inicial, é aquele necessário para a criação de muitos negócios. O autor ressalta ainda que, antes de entrar no negócio, o anjo realiza a leitura do plano de negócio e faz a análise da empresa e do seu potencial. Esse tipo de investidor é representado por profissionais experientes, como empresários e executivos que, normalmente, torna-se acionista minoritário ou quotista da empresa. Ele não participa da administração, mas, geralmente, oferece suporte para o empreendedor. Antes de entrar no negócio, o anjo faz a análise do Risco X Retorno e o aceita, quando há a possibilidade de um retorno maior que o mercado pode oferecer. SAIBA MAIS! No Brasil, existe a associação “Anjos do Brasil”, que mostra o caminho para o empreendedor encontrar um investidor anjo. Além disso, disponibiliza uma lista de aceleradoras e incubadoras em todo o país. Para saber mais, acesse: <www. anjosdobrasil.net>. Mas será que existem outras formas para o empreendedor obter financiamentos? Existem, sim, muitas possibilidades, por exemplo: a economia pessoal, da família e dos amigos; os fornece- dores, parceiros estratégicos, clientes e funcionários; o capital de risco; até mesmo, os programas de governo. Figura 4 – Há várias formas de obtenção de financiamento Fonte: Iconic Bestiary/Sutterstock.com Recorrer aos recursos pessoais, de familiares e de amigos, é uma forma de financiamento muito usual. O empreendedor poderá utilizar de recursos próprios advindos, por exemplo, da venda de imóveis ou outros bens, de aplicações financeiras e poupança, do fundo de garantia por tempo de serviço (FGTS), herança, entre outras fontes. Ou ainda ele poderá contar com a colaboração e a credibilidade de pessoas próximas, como parentes e amigos, para financiar o negócio por meio de empréstimo ou participação no empreendimento. Segundo Dornelas (2012), a forma de financia- mento por meio de economia pessoal, da família e de amigos, pode ser entendida como um tipo de financiamento mais comum e é obtido devido a fatores pessoais e do ambiente em que o empre- endedor vive. Nesse caso, é priorizada amizade e a também confiança que as outras pessoas têm no empreendedor do que um plano de negócio. O autor ainda afirma que outra forma de obter financiamento é por intermédio da negociação com fornecedores, parceiros estratégicos, clientes e funcionários. Para conseguir administrar seu fluxo de caixa e manter seu capital de giro, o empreendedor poderá negociar prazos e formas de pagamento junto a seus fornecedores. Com relação aos parceiros estratégicos, o empreendedor poderá contar com financiamento indireto deles no negócio em troca de benefícios futuros. FIQUE ATENTO! No que diz respeito aos clientes, o empreendedor poderá oferecer descontos ou outros tipos de bônus para pagamentos antecipados. E, por fim, ele poderá propor a seus funcionários a participação nos lucros ou a compra de ações no lugar de salários mais elevados, o que tende a fazer com que eles fiquem mais interessados no crescimento da empresa. Veja que o financiamento de capital de risco está relacionado ao investimento de grandes empresas em negócios que já estão no mercado e que apresentam potencial de crescimento e possibilidade de rentabilidade sobre o valor investido maior que aquela ofertada no mercado. De acordo com Dornelas (2012, p. 189): As empresas que investem em capital de risco são geralmente grandes bancos de investi- mento, compostas por profissionais de altíssimo nível e experiência no mercado financei- ro, que administram grandes quantias de dinheiro. A função principal dessas empresas é encontrar empresas e negócios com alto potencial de desenvolvimento em cerca de três a cinco anos, que experimentem retornos sobre o capital investido (rentabilidade do capital) muitoacima da média do mercado. O autor ressalta ainda que o capital de risco, na maioria das vezes, é direcionado para empre- sas que “estão saindo da fase de start-up e que precisam crescer rapidamente” como empresas de base tecnológica (software, internet, biotecnologia), entre outras. Os governos municipal, estadual e federal também disponibilizam para os empreendedores formas de financiar o seu negócio. Esses oferecem taxas mais acessíveis e costumam subsidiar os custos para o financiamento de projetos de micro e pequenas empresas. EXEMPLO A Prefeitura de Manaus, por meio do Programa Banco da Gente, coloca à disposição de micro e pequenas empresas linhas de crédito e financiamento para a aquisição de máquinas e equipamentos, bem como para capital de giro. Para conhecer o programa, acesse: <http://bancodagente.manaus.am.gov.br/o-programa/>. EXEMPLO O Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG) oferece crédito para micro e pequenas empresas, com a finalidade de: capital de giro e expansão dos negócios; aquisição de máquinas e equipamentos novos, fabricados no país, cadastrados no Finame; e projetos de inovação. Veja mais em: <www.bdmg.mg.gov.br/Negocios/ Paginas/MicroPequenas-Empresas.aspx>. Cabe ressaltar que as formas de financiamentos públicos e privados não se esgotam aqui. O empreendedor poderá encontrar diversas oportunidades no mercado. Ele deve avaliar cada uma delas e escolher aquela que melhor se adéque ao seu negócio. SAIBA MAIS! Existe uma forma de financiamento conhecida como crowdfunding, que representa uma alternativa de financiamentos coletivos. Na linguagem popular, podemos considerá-la como uma espécie de “vaquinha”. Nesse caso, várias pessoas interessadas em um projeto colaboram com uma pequena quantidade de dinheiro a fim de viabilizá-lo. Para saber mais acesse o link: <http://exame.abril.com.br/pme/ noticias/6-sites-de-crowdfunding-para-financiar-seu-projeto>. Fechamento Os tipos de plano são definidos a partir do tipo de objetivo se deseja alcançar. Nesta aula, você teve a oportunidade de: • conhecer os tipos de planos de negócios e sua aplicabilidade; • entender como são financiados os negócios e quais as principais fontes de financiamento. Referências ANJOS DO BRASIL. Disponível em: <www.anjosdobrasil.net>. Acesso em 29 abr. 2017. BDMG. Estado de Minas Gerais. Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais. Disponível em: <www. bdmg.mg.gov.br/Negocios/Paginas/MicroPequenas-Empresas.aspx>. Acesso em: 29 abr. 2017. BRASIL. Prefeitura de Manaus. Banco da Gente. Disponível em: <http://bancodagente.manaus. am.gov.br/o-programa/>. Acesso em: 29 abr.2017. DANIELE, Adeline. 6 sites de crowdfunding para financiar o seu projeto. Revista EXAME.com. PME. São Paulo, 13 set. 2016. Disponível em: <http://exame.abril.com.br/pme/6-sites-de-crowdfunding- para-financiar-seu-projeto/>. Acesso em: 29 abr. 2017. DOLABELA, Fernando. Sonhos e riscos bem calculados. São Paulo: Saraiva, 2010. DORNELAS, José. Empreendedorismo: transformando ideias em negócios. 4. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012. DORNELAS, José. et al. Planos de Negócios que dão certo: uma guia para pequenas empresas. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008. MATOS, Paula Cristina Nascimento de. Plano de Negócios da Mobipeople: Internacionalização e Alianças Estratégicas. Coimbra: [s.n], 2012. Dissertação (Mestrado em Engenharia Mecânica). Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, Portugal. Disponível em: <https:// estudogeral.sib.uc.pt/handle/10316/20458>. Acesso em: 29 abr. 2017.
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