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Tema 19 Empreendedorismo

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Criando um plano de negócios eficiente
Cátia Regina Raulino
Introdução
Você sabia que o plano de negócios é uma importante ferramenta utilizada pelos empreende-
dores para que os negócios idealizados possam sair do âmbito das ideias com segurança? Então, 
conhecer bem o plano, auxilia no gerenciamento cauteloso dos negócios. Vamos, então, entender 
como tudo funciona? Acompanhe!
Objetivos de aprendizagem
Ao final desta aula, você será capaz de:
 • conhecer os cuidados para se criar um plano de negócios eficiente.
1 Os principais cuidados que devem ser 
tomados na elaboração do plano de negócios.
Veremos, ao longo desta aula, cuidados específicos que devem ser observados em alguns 
dos itens do plano de negócios, durante a sua elaboração.
1.1 Capa
A capa, apesar de não parecer, é uma das partes mais importantes do plano de negócios. 
Ela é a primeira evidência física percebida por quem toma contato com esse plano, por isso, 
deve conter as informações pertinentes. Esta parte deve conter informações completas sobre a 
empresa, sobre gestão e proprietários do negócio, além de dados de quem desenvolveu o plano.
Quadro 1 – Componentes da capa
Ca
pa
 • nome, endereço, telefone, site e e-mail da empresa; 
 • logotipo da empresa. 
 • nomes, cargos, endereços e telefones dos proprietários do empreendimento; 
 • Data de elaboração do plano (mês e ano).
 • nome de quem desenvolveu o plano;
 • número da cópia. 
Fonte: elaborada pela autora, 2017.
1.2 Sumário executivo
Para Dornelas (2008), o sumário executivo é a principal seção do plano de negócios, e a mais 
importante dele, e deve expressar uma síntese do que será apresentado ao longo do documento, 
na sequência em que os assuntos aparecem, preparando o leitor e o atraindo para a leitura. Deve 
sintetizar em não mais de 500 palavras toda a apresentação do plano, que será mais detalhada 
nas seções seguintes. 
Existe um perigo real, e que deve ser observado com cuidado na elaboração do sumário executivo, 
já que ele é o último capítulo a ser escrito. Quem escreve um plano costuma considerar que produzi-lo 
é algo simples, ocupando apenas uma ou duas páginas. No entanto, ele exige capacidade de síntese e 
persuasão, já que nele deverá estar contida a mensagem mais poderosa de todo o documento. 
Considere que nem todos os leitores estarão dispostos a percorrer todo o documento em 
busca de informações que consideram relevantes. Por isso, é importante o esforço extra de verifi-
car se o plano se encontra completo e claro, com pontos essenciais e leitura fácil.
Quadro 2 – O sumário executivo
Su
m
ár
io
 E
xe
cu
tiv
o
 • Qual será o retorno sobre o investimento previsto? 
 • Qual é o valor necessário para criar a empresa? 
 • Quais são as referências e as experiências relevantes, apresentadas pelo empreendedor e 
sua equipe, que contribuem para a concretização do projeto? 
 • Quais são os pontos fortes e fracos do projeto? 
 • Qual é o âmbito do negócio e o mercado potencial para os seus produtos? Por que constitui 
uma proposta inovadora e vencedora? 
 • Qual é o nome do negócio e a sua área de atividade? 
 • Qual é o prazo previsto para começar a apresentar lucro? 
 • Quais serão os recursos humanos e financeiros necessários? 
Fonte: elaborada pela autora, 2017.
1.3 Descrição do negócio ou empresa
Aqui, deve-se apresentar uma síntese da empresa ou negócio que se deseja criar. Dornelas (2012), 
ainda salienta sobre a necessidade de que o nome da empresa seja registrado legalmente antes de sua 
abertura. Além disso, ele propõe que sejam apresentados também o tipo de empresa e seu enquadra-
mento: micro, pequena ou média empresa; sociedade anônima, sociedade limitada, entre outros. 
Outras informações também devem estar presentes, como localização e infraestrutura – 
informar as razões pela escolha de um determinado local, listando também outros possíveis locais 
e o porquê da escolha. Podem-se incluir cópias da planta do imóvel e fotografias nos anexos. 
Devem ser apresentados todos os envolvidos no negócio, como por exemplo, as empresas 
terceirizadas contratadas e as parcerias estratégicas realizadas. 
FIQUE ATENTO!
Caso se trate de um plano de expansão ou reestruturação, convém apresentar o histó-
rico da instituição e a experiência do profissional ou equipe envolvida com o negócio. 
Há pontos muito importantes que devem ser salientados como se é uma ideia nova, como 
surgiu e como se pretende implantá-la, de que forma a experiência dos empreendedores e/ou 
empresários poderá contribuir para o sucesso do projeto, se os envolvidos têm experiência de 
gestão, se conhecem profundamente a área do negócio, quais são os pontos fortes e os fracos do 
projeto na perspectiva dos seus promotores (DORNELAS, 2008).
SAIBA MAIS!
O Sebrae Nacional disponibilizou um manual para apoiar empreendedores a criar 
o Plano. Nele você encontrará mais detalhes sobre cada uma de suas partes: 
<http://www.bibliotecas.sebrae.com.br/chronus/ARQUIVOS_CHRONUS/bds/bds.
nsf/5f6dba19baaf17a98b4763d4327bfb6c/$File/2021.pdf>.
EXEMPLO
A missão da ATS Informática é proporcionar aos nossos clientes os melhores re-
sultados em seus negócios por meio dos nossos sistemas de gestão e automação.
1.4 Plano estratégico do negócio
Aqui, definem-se os rumos do negócio, a situação atual, as metas e os objetivos, bem como 
a descrição da visão e da missão. As definições apresentadas são a base para o desenvolvimento 
e implantação das demais ações do negócio (DORNELAS, 2008).
O plano estratégico define alguns passos para se chegar às estratégias que precisam ser 
adotadas pelo negócio. A missão, a visão, as análises dos ambientes externos e internos, a defini-
ção dos objetivos e metas e as estratégias adotadas são abordadas nessa seção do plano. 
O autor ainda aponta que o processo de planejamento estratégico de um plano de negócios 
começa com a definição da missão e da visão do empreendimento, seguido de análise externa - 
identifica ameaça relacionada ao desenvolvimento do negócio assim como oportunidades; e de 
análise interna - que verifica os pontos fortes do negócio, os seus diferenciais e os pontos fracos, 
os fatores que necessitam ser melhorados. Após isso, são fixados os objetivos e metas e as estra-
tégias que servirão para alcançá-los.
Depois, é recomendável proceder à análise SWOT, que se constitui na análise do ambiente 
interno e externo à organização. Essa é uma ação importante do planejamento de um novo negó-
cio, pois aponta os riscos e desafios que ele precisará enfrentar.
FIQUE ATENTO!
O termo SWOT vem do inglês e trata-se de um acrônimo de Forças (Strengths), Fra-
quezas (Weaknesses), Oportunidades (Opportunities) e Ameaças (Threats).
A matriz SWOT é um instrumento de análise simples e valioso. Seu objetivo é detectar pontos 
fortes e fracos, ameaças e oportunidades, com a finalidade de tornar a empresa mais eficiente e com-
petitiva, corrigindo assim suas deficiências. Existem várias maneiras de se elaborar uma matriz SWOT. 
EXEMPLO
Uma das técnicas mais utilizadas é a colagem de notas Post-It em uma folha de 
papel, que todos os empreendedores e colaboradores podem visualizar e com a 
qual poderão colaborar. 
Ela é sempre configurada por quatro quadrantes iguais. Em cada um são registrados fatores 
positivos e negativos para a implantação do negócio. É importante usar uma tabela para organizar 
melhor a matriz.
Quadro 3 – Tabela com análise SWOT
FRAQUEZAS (Elimine-as) AMEAÇAS (Evite-as)
São fatores internos que colocam a empresa em situ-
ação de desvantagem frente à concorrência, ou que 
prejudicam sua atuação no ramo escolhido.
Exemplos:
 • Falta de conhecimento dos funcionários;
 • Indisponibilidade de recursos financeiros;
 • Falta de recursos tecnológicos;
 • Custos de produção elevados.
São situações externas sobre as quais se tem pouco 
controle e que colocam a empresa diante de dificul-
dades, ocasionando a perda de mercado ou a redu-
ção de sua lucratividade.
Exemplos:
 • Impostos elevados e exigências legaisrigorosas;
 • Existência de poucos fornecedores; 
 • Escassez de pessoas qualificadas;
 • Grande concorrência na região.
FORÇAS (Adote-as) OPORTUNIDADES (Explore-as)
São características internas da empresa (ou dos em-
preendedores) que representam vantagens competi-
tivas sobre concorrentes, ou fatores que contribuem 
para atingir os objetivos propostos.
Exemplos:
 • Atendimento personalizado ao cliente ao cliente;
 • Preço de venda competitivo;
 • Equipe capacitada e motivada;
 • Localização estratégica da empresa.
São situações positivas do ambiente externo que 
permitem à empresa alcançar seus objetivos ou 
melhorar sua posição no mercado.
Exemplos:
 • Poucos concorrentes;
 • Aumento crescente da demanda;
 • Eventos que contribuem para o aquecimento do 
mercado;
 • Formação de profissionais gabaritados em cen-
tros de educação e pesquisa da região.
Fonte: adaptado de DORNELAS, 2008.
FIQUE ATENTO!
Ao elaborar a análise SWOT é necessário ser honesto e objetivo. Não seja pessimis-
ta ou otimista em excesso. Procure encarar a realidade como ela se apresenta, e 
não como você gostaria que as coisas fossem. O ideal é registrar sempre uma ideia 
por linha – isso torna a avaliação mais fácil.
Após serem identificadas as oportunidades, as ameaças, os pontos fortes e os fracos é 
conveniente: 
 • capitalizar: procurar tirar proveito das oportunidades identificadas, explorando áreas ou 
funções que a empresa percebe como pontos fortes; 
 • monitorar: estar atento às áreas que foram identificadas como pontos fracos da 
empresa frente a possíveis ameaças;
 • melhorar: corrigir fraquezas em áreas nas quais foram descobertas as possíveis 
oportunidades;
 • eliminar: destruir fraquezas da empresa em áreas em que ela possa enfrentar possíveis 
ameaças.
Coloca-se a formulação dos objetivos e das metas após as análises dos ambientes interno e 
externo da empresa.
SAIBA MAIS!
Para compreender melhor a análise de Swot, leia “Análise Swot MacDonald’s”, de 
Nuno Souza. Disponível no link: <https://pt.slideshare.net/nunobala9/anlise-swot-
mc-donalds>. 
1.5 Análise de mercado
É utilizada para que a empresa identifique o setor no qual estão inseridos seus clientes, con-
correntes e fornecedores. Dornelas (2008) sugere que para a análise do setor, sejam respondidas 
as seguintes questões: 
 • que fatores interferem nas projeções de mercado? 
 • por que o mercado se manifesta como promissor? 
 • qual é a dimensão do mercado em número de clientes e concorrentes? 
 • como se dá a estrutura e a segmentação do mercado? 
 • quais são as possíveis oportunidades e os riscos nesse mercado? 
A análise da projeção de mercado normalmente é elaborada por instituições especializadas, 
usando modelos estatísticos. Porém, é muito importante que o pequeno empreendedor faça a aná-
lise, ainda que tenha que fazê-la sozinho. Para Dornelas (2005), a análise do mercado é a parte mais 
difícil de ser realizada no plano de negócios, pois a estratégia de todo negócio depende da abordagem 
do mercado consumidor. O empreendedor deve procurar sempre se diferenciar da concorrência, agre-
gando mais valor a seus serviços e buscando a captação contínua de clientes. Vale ainda ressaltar 
que essa deve ser a primeira seção a ser elaborada, pois dela dependem todas as outras.
1.6 Calendário de execução
A elaboração do calendário de execução do plano de negócios permite enxergar cada 
atividade acontecendo ao longo do tempo, além de permitir identificar atividades críticas e con-
centração de recursos em determinados períodos. O cronograma pode ser expresso na forma 
de um diagrama de Gantt.
Quadro 4 – Cronograma expresso na forma de diagrama de Gantt
Atividades Mês 1 Mês 2 Mês 3 Mês 4 Mês 5 Mês 6 Mês 7 Mês 8 Mês n
X
Y
K
L
Fonte: elaborada pela autora, 2017.
No calendário feito dessa forma, as atividades são divididas por seu prazo de execução, de 
forma ser possível visualmente verificar sua execução.
1.7 Outras informações relevantes
Vale ressaltar que, conforme já visto, a estrutura do plano de negócios é mais ampla e 
aspectos como os demonstrativos financeiros, por exemplo, também irão merecer atenção por 
parte do empreendedor.
Além disso, existem ainda outras questões importantes que precisam ser ressaltadas sobre 
a elaboração do plano de negócios: a postura do empreendedor na elaboração e a necessidade de 
atualização permanente do plano.
Sobre a postura do empreendedor na elaboração é importante, segundo Dolabela (2010), que 
seja adotada uma postura de crítica sistemática: o empreendedor precisa ser crítico em relação 
ao seu projeto, procurar encontrar e solucionar possíveis falhas. Mais que isso, nunca deve se 
satisfazer com o padrão de excelência alcançado. O negócio sempre poderá ser melhorado. Outro 
ponto importante levantado por Dornelas (2012, p.97) é que o plano de negócios deve ser escrito 
com todo o conteúdo que se aplica a este documento e “que não contenha números recheados 
de entusiasmo e fora da realidade”. Conforme este autor coloca “pior que não planejar é fazê-lo 
erroneamente e, pior ainda, conscientemente”.
A elaboração do plano de negócios representa uma atividade que apresenta uma complexi-
dade própria, gerada pela grande variedade de temas inerentes (gestão estratégica, financeira, de 
marketing, entre outras). Deste modo, é importante que o empreendedor busque apoio para sua 
realização, desde a orientação de entidades voltadas para este fim, até o compartilhamento da 
execução do plano com sua equipe. ).
 De acordo com DORNELAS (2012), é um momento de crítica não só do negócio em si, mas 
também das visões dos sócios, as quais, inevitavelmente, aparecem nessa trajetória, e que podem 
gerar conflitos no grupo. Estes não devem ser eliminados nesta fase, pelo contrário, devem ser 
investigados e esclarecidos para se identificar as diferenças de opiniões, de visões e de paradig-
mas entre todos. É muito melhor que estas diferenças sejam identificadas na fase de planeja-
mento, do que depois que o negócio já estiver funcionando. 
Além disso, o plano de negócios é uma ferramenta dinâmica e que deve ser atualizado constan-
temente, pois o ato de planejar é dinâmico e corresponde a um processo cíclico (DORNELAS, 2010). 
Fechamento
Vimos alguns cuidados na elaboração de algumas partes da estrutura do plano de negócios. 
Existem muitos outros a serem tomados em outras partes. Nesta aula, você teve a oportunidade de:
 • compreender a importância da capa para o plano;
 • identificar os pontos importantes na elaboração do plano.
Referências
DOLABELA, Fernando. Sonhos e riscos bem calculados. São Paulo: Saraiva, 2010. 
DORNELAS, José. Empreendedorismo: transformando ideias em negócios. 4. ed. Rio de Janeiro: 
Elsevier, 2012. 
DORNELAS, José. et al. Planos de negócios que dão certo: uma guia para pequenas empresas. 
Rio de Janeiro: Elsevier, 2008.
SEBRAE. Como elaborar um plano de negócios. Brasília, 2013. Disponível em: <http://www.
bibliotecas.sebrae.com.br/chronus/ARQUIVOS_CHRONUS/bds/bds.nsf/5f6dba19baaf17a98b-
4763d4327bfb6c/$File/2021.pdf>. Acesso em: 29 abr. 2017.
SOUZA, Nuno. Análise Swot MacDonald’s. UFCD Sociedade, Tecnológica, Ciência 5, 2013. Dispo-
nível em: <https://pt.slideshare.net/nunobala9/anlise-swot-mc-donalds>. Acesso em: 29 abr. 2017.

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