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tireoide FISIOANATOMIA A glândula tireóidea é vascularizada por duas artérias (tireóidea superior e inferior) e inervada pelos nervos vago, laríngeo superior e laríngeo recorrente. A glândula é composta por 2 lóbulos conectados pelo istmo da tireóidea. Cada lobo mede aproximadamente 4cmx2cmx2cm. A porção posterior de cada lobo possui 2 glândulas paratireoides, que produzem PTH. Ela possui consistência fibroelastica, é móvel e simétrica. O T4 é produzido 20x mais que o T3. Ele penetra nos órgãos-alvo e lá é convertido em T3 por meio da desiodase 1 ou 2 (cérebro, hipófise, tecido adiposo marrom). O T4 pode ser encontrado livre ou ligado a proteínas sanguíneas. Apesar de representar apenas uma fração do total, é a parte livre que está participando ativamente da regulação do eixo hipotálamo-hipófise-tireoide. Por isso, para avaliar a função tireoidiana é preferível dosar T4 livre. O TSH se liga ao seu receptor, desencadeando uma sinalização pela enzima TPO (tireoperoxidase). Sua ação une o iodo + tireoglobulina para formar T3 ou T4. Como dito, o T4 intracelular sobre ação da desiodase 1 para se transformar em T3 e então agir no organismo. Efeito Wolff-Chaikoff: quando há excesso de iodo, a sua organização é inibida, podendo levar a uma queda na produção hormonal. em indivíduos normais, há um mecanismo fisiológico de escape a esse efeito, evitando que a ingestão excessiva de iodo provoque hipotireoidismo. Efeito Jod-Basedow: pacientes com bócio multinodular, doença de Graves ou nódulo tireoidiano autônomo, que residem em regiões com baixa ingestão de iodo, só irão se tornar hipertireoideos quando o iodo for administrado em suplementos ou drogas que contém iodo (amiodarona, contrastes). Drogas que inibem a desiodase 1 reduzem os níveis de T3 e aumentam a concentração de T3r. No hipotireoidismo, essa enzima está inibida, diminuindo ainda mais os níveis de T3; já no hipertireoidismo, ela está aumentada, elevando o T3 sérico. Ao contrário, a desiodase 2 está estimulada no hipotireoidismo e inibida no hiper, no intuito de manter os níveis intracelulares de T3 no SNC. A desiodase 3 é a principal enzima inativadora do T3, pois o transforma em rT3. É ela que protege o feto contra os hormônios tireoidianos da mãe. hemangiomas gigantes se associam com grande quantidade de desiodase 3. DISTÚRBIOS TIREOIDEANOS Primários: origem na tireoide · O TSH varia de forma inversa aos níveis plasmáticos de hormônios tireoidianos (feedback) Secundários: origem na hipófise Terciários: origem no hipotálamo VALORES NORMAIS TSH: 0,45 - 4,5 (o limite superior varia com a idade) TSH gestantes: 2,5 – 10 T4 total: 5- 12 T3 total: 70 – 190 hipertireoidismo Hipertireoidismo primário: T4 elevado; TSH baixo ex: Doença de Graves Hipertireoidismo secundário: aumento de T4 e de TSH tumor na hipófise HIPERTIREOIDISMO SUBCLÍNICO: · TSH baixo e T4L normal · Geralmente não é tratado. Exceção: > 65 anos; TSH < 0,1 · Tratamento: metimazol (MMZ, inibe a TPO) ou propiltiouracil (PTU, inibe TPO e desiodase 1). RESISTÊNCIA HIPOFISÁRIA AO HORMÔNIO TIREOIDEANO Adultos: clínica de tireotoxicose · Perda de peso · Tremores · Palpitações · Insônia · Intolerância ao calor Crianças: dificuldade de desenvolvimento físico e comportamento hipercinético. Tratamento: · Agentes inibidores da secreção hipofisária de TSH ácido iodotiroacético (TRIAC) · Dextrotiroxina (DT4) · Bromocriptina (dopaminérgico): indicado se não houver resposta com os anteriores · Octreotídeo (análogo da somastatina): último caso DOENÇA DE GRAVES É o hipertireoidismo primário, uma doença autoimune provocada pelo TRAb (anticorpo contra o receptor de TSH), que estimula os receptores do TSH. Isso resulta em crescimento da tireoide e consequente aumento da produção de hormônios tireoidianos. Clínica: · Fácies Basedowiana · Tireotoxicose (crise adrenérgica): aumento da expressão dos beta receptores, sem aumento das catecolaminas séricas (adrenalina). · Insônia · Agitação · Polifagia · Pele quente · Sudorese · PA divergente: receptores B1 induzem aumento da FC e DC (aumentando PAS), ao passo que os receptores B2 nos vasos e brônquios relaxam a musculatura (queda da PAD) · Taquicardia · FA · Bócio (difuso, firme, irregular e indolor) · Oftalmopatia de Graves · Mixedema pré-tibial · Baqueteamento digital Diagnóstico: · Tríade clássica: tireotoxicose + bócio + oftalmopatia de Graves · Exames laboratoriais (TSH baixo e T4L normal/alto) e de imagem (US sem nódulos; RAIU > 20%) · Se não houver a tríade, é preciso comprovar TRAb +, além dos exames sugestivos. Fatores de risco: · Predisposição familiar · Danos à tireoide · Estresse · Tabagismo Tratamento: · Tionamidas (Drogas antitireoidianas): metimazol e propiltiouracil (em gestantes) · Betabloqueadores (propranolol) para alívio sintomático · Radioablação se insucesso após 2 anos de tratamento ou em casos de efeitos colaterais/alergias ao tratamento medicamentoso · Tireoidectomia complicação: hematoma cervical BÓCIO MULTINODULAR TIREOTÓXICO (BTM) Em pessoas com deficiência de iodo, a tireoide passa a sofrer malformações e formar nódulos que, com o passar do tempo e mutações, ganham e autonomia. A partir disso, ocorrerá tireotoxicose com excesso de hormônios. · Se houver nódulos no USG, realizar RAIU/cintilografia. RAIU > 20%: hipertireoidismo · Cintilografia com distribuição multinodular: BMT Diagnósticos diferenciais: · Doença de Graves · Adenoma de Plummer · Tireoidite Tratamento: Tireoidectomia total ou subtotal ADENOMA TÓXICO / DOENÇA DE PLUMMER / BÓCIO UNIDOLUAR Mutação somática (principalmente nas proteínas G) faz com que as células do folículo tireoidiano cresçam e formem um grande nódulo produtor de hormônios. Cintilografia com distribuição uninodular. Tratamento: Radioablação por iodo ou Tireoidectomia parcial (no brasil, é preferível a cirurgia). GRAVIDEZ Durante a gravidez, a tireoide materna aumenta sua produção de T4, que é essencial para o feto. Para isso, o hCG atua de forma semelhante ao TSH e estimula a tireoide. O pico de hCG é entre a 8ª e 12 semana de gestação, depois disso, começa a decair. (remissão espontânea). O hipertireoidismo gestacional é, geralmente, chamado de tireotoxicose gestacional transitória. Sintomas: · Bócio · Intolerância ao calor · Taquicardia · Insônia hipotireoidismo Hipotireoidismo primário: · Principal causa: tireoidite de Hashimoto. Em outros países, deve-se considerar a baixa ingestão de iodo. · Outras causas: medicamentos tóxicos para tireoide ou ricos em iodo, defeitos congênitos, · Diminuição de T4L e T3; aumento de TSH Hipotireoidismo secundário: · Causa mais comum: hipopituitarismo (diminuição do TSH), que pode estar relacionado ao uso de dopamina e glicocorticoides. · Outras causas: tumores no SNC, infecções, inflamações Manifestações clínicas: · Bócio · Lentificação do metabolismo (bradipsiquismo, depressão, ganho de peso, intolerância ao frio, bradicardia, constipação) · Apatia, déficit de memória e atenção · Alterações menstruais* · Palidez; pele áspera e seca · Reflexos reduzidos (reflexo tardio do tornozelo) · Exoftalmia · Tireotoxicose em alguns casos, quando há perda de coloide. · Mixedema generalizado, duro e sem cacifo, pelo acúmulo de glicosaminoglicanos · Coma mixedematoso *No hipotireoidismo primário, pode haver hiperprolactinemia por ação exagerada do eixo hipotálamo-hipófise galactorreia e amenorreia. Diagnóstico: Associação de sintomas e exames laboratoriais (TSH alto/baixo; T4L baixo/normal) Quando há doença não tireoidiana com albumina anormal ou quando o paciente recebe medicamentos que desloquem T4 do TBG (Fenitoína, carbamazepina, furosemida), deve-se dosar TSH + T4. Se TSH anormal, repetir exame após 3 meses. Se confirmado, pedir T4L. Recomenda-se tratar todos os pacientes com nível de TSH persistentemente > 10. TSH levemente aumentado (> 7): tratar aqueles < 65 anos, com risco CV aumentado, TPOAb positivo, sintomáticos. Fatores de risco: · Mulheres em idade fértil/menopausa · Mulheres gravidas · Tratamento prévio da tireoide com radiação· Cirurgia previa da tireoide · Disfunção tireoidiana · DM1 · História de doença autoimune (vitiligo, Sjorgren, LES, artrite reumatoride) · Síndromes de Down e Turner · HF · Bócio · TPOAb positivo · Sintomas de hipotireoidismo · Uso de fármacos (lítio, amiodarona, interferon alfa, sunitinib, sorafenib) · Hiperprolactinemia · Dislipidemia · Anemia · IC Tratamento: levotiroxina (Puran) para o resto da vida. Ingerir o comprimido 30min antes do desjejum. RESISTENCIA GENERALIZADA AO HORMONIO TIREOIDEANO O paciente se mostra clinicamente eutireoideo. Níveis elevados de hormônios compensam a resistência tecidual. O tratamento só é necessário em pacientes com hipercolesterolemia ou déficit de estatura (crianças). TIREOIDITE DE HASHIMOTO Hipotireoidismo primário: é uma doença autoimune. Os anticorpos contra a tireoidite são: anti-TPO; anti-Tg; anti-TRAb bloqueador. Manifestações laboratoriais: · Elevação do anti-TPO · Redução da glicemia · Dislipidemia · Hiponatremia · Aumento da creatinina e acido úrico · Retenção de CO2 (bradipneia) · Aumento das enzimas CPK e aldolase Tratamento: · Reposição de L-T4 (puran). · Cirurgia
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