FORMULAÇÃO DE RAÇÃO PARA JUVENIS DE TILÁPIA DO NILO Oreochromis nilotuicus

@import url(https://fonts.googleapis.com/css?family=Source+Sans+Pro:300,400,600,700); FORMULAÇÃO DE RAÇÃO PARA JUVENIS DE TILÁPIA DO NILO Oreochromis nilotuicus 1 INTRODUÇÃO

A piscicultura brasileira cresceu 5,93% no último ano. Com isso, a produção de peixes de cultivo saltou de 758.006t em 2019 para 802.930t em 2020. A criação de espécies exóticas, como a tilápia do Nilo ( Oreochromis nilotuicus ), é substancialmente maior que as nativas (PEIXE BR, 2021).

A procura por variadas estratégias alimentares e nutricionais de organismos aquáticos é uma constante realidade. Vários aspectos estão relacionados à piscicultura, dentre eles a ração que está relacionada com a alimentação e vem sendo bastante debatida, sobretudo, por representarem cerca de 70% dos custo de uma produção. Com o manejo alimentar adequado é necessário o fornecimento de alimento ajustado em qualidade e quantidade para o sucesso econômico da piscicultura (SATIRO et al. 2021)

Não existe um alimento naturalmente completo com todos os nutrientes necessários para uma dieta, por isso há necessidade de formular ração composta de vários alimentos de forma que supra as necessidades do animal para diversos nutrientes, combinando diferentes ingredientes de cada grupo de forma que energia, aminoácidos, fibra, vitaminas e minerais sejam equilibrados na dieta (FREITAS et al., 2016).

Como todo animal, diferentes espécies de peixes possuem necessidades nutricionais variadas, com fatores que devem serem considerados, como a idade, estágio de produção, sexo, raça e condições ambientais, desta forma para cada diferente conjunto de características há uma exigência nutricional que quando seguida obtém um programa de nutrição eficiente (CARDINAL et al., 2017).

Os nutrientes são grupos constituintes alimentares de composição química específica que participam do metabolismo celular, sendo responsáveis pela manutenção da vida animal. Do ponto de vista nutricional são conhecidos seis grupos de nutrientes: água, carboidratos (solúveis e insolúveis), lipídios, proteínas, vitaminas e minerais (CRUZ e RUFINO, 2017).

Para formular uma ração deve-se ter o conhecimento sobre os passos para a elaboração: caracterização dos animais, exigências nutricionais, seleção dos alimentos, composição química dos alimentos, levantamento e quantificação dos alimentos disponíveis e método para formulação (FREITAS et al., 2016).

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo geral

Obter um alimento com o melhor custo benefício e com qualidade através da produção de uma ração que atenda as necessidades nutricionais com o uso de matérias-primas de alta qualidade.

2.2 Objetivos específicos

Formular uma dieta uma ração que atenda aos requisitos nutricionais da espécie de acordo com sua fase de desenvolvimento; Melhorar a eficiência alimentar; Minimizar custos de produção; Conferir uma adequada saúde e maior tolerância às doenças e parasitoses.

3 REFERENCIAL TEÓRICO

3.1Nutriente

A ração contém na sua composição ingredientes que asseguram o pleno desenvolvimento e saúde do organismos aquático. A quantidade de nutrientes e de energia disponíveis nos alimentos deve satisfazer as necessidades fisiológicas normais e prevenir sintomas de deficiências nutricionais (SANTANA e SANTOS, 2019; SALMAN et al., 2011).

São grupos de constituintes alimentares de composição química específica que participam do metabolismo celular, sendo responsáveis pela manutenção da vida animal. Do ponto de vista nutricional são conhecidos seis grupos de nutrientes: água, carboidratos (solúveis e insolúveis), lipídios, proteínas, vitaminas e minerais (FREITAS et al., 2016).

3.2 CARBOIDRATO

O carboidrato constitui a fonte energética de menor custo na alimentação de peixes, sendo a principal fonte de energia dos animais que inclui açúcares, amido, celulose e hemicelulose, sendo classificados em dois grandes grupos: carboidratos solúveis (amido e açucares) e carboidratos insolúveis (carboidratos estruturais ou fibras). Os carboidratos juntamente com os lipídios são as maiores fontes de energia utilizadas pelos animais domésticos (FREITAS et al., 2016).

A digestão dos carboidratos para peixes é rápida e restrita. O uso de fontes alternativas de carboidratos tem apresentado respostas ao desempenho e nos processos de digestão dos peixes (MELO et al., 2012).

3.3 PROTEÍNAS

São compostos químicos formados por moléculas de aminoácidos (constituídos por carbono, hidrogênio e oxigênio, além de nitrogênio e enxofre) unidos por cadeias peptídicas. Estes aminoácidos são classificados essenciais e não essenciais, variando sua exigência pelos animais conforme a espécie (FREITAS et al., 2016).

Por função, as proteínas geralmente atuam na formação estrutural de órgãos e tecidos (principalmente o muscular). As fontes proteicas de origem animal contribuem apenas com a qualidade nutricional das rações, as fontes vegetais contribuem, ainda, com o aspecto físico das rações (BOSCOLO, 2011).

Para peixes, são os principais constituintes orgânicos dos tecidos, sendo o nutriente de maior expressão nas rações (FREITAS et al., 2016).), quando o teor de proteico é insuficiente podem ocorrer o retardamento do crescimento, comprometer a eficiência alimentar, ou ainda fazer com que a proteína de alguns tecidos para a manutenção de outras funções vitais (SAKOMURA et al., 2014).

Os peixes onívoros, como a Tilápia, têm menor exigência de proteínas por apresentarem intestino mais longo, que faz com que o alimento permaneça maior tempo possível em contato com enzimas, elevando assim a eficiência da digestão para compensar o baixo valor nutritivo dos alimentos ingeridos (BOOTH et al., 2013).

Um dos principais objetivos da nutrição de peixes é obter uma máxima incorporação da proteína proveniente da dieta ao metabolismo, devido as exigências nutricionais elevadas dos organismos aquáticos por este nutriente, visando adequado crescimento corporal e melhor desempenho (FRACALOSSI e CYRINO, 2013).

3.4 LIPÍDIOS

Os lipídios são compostos considerados importantes na dieta dos peixes, pois proveem de forma eficiente energia e ácidos graxos essenciais (RIBEIRO et al., 2008), exercendo funções fisiológicas e estruturais, ocorrendo uma maior digestão da atividade lipolítica na parte proximal do intestino e cecos pilóricos, em espécies que apresentam essa estrutura (BOSCOLO, 2011).

São importantes fontes de energia para movimentação, migração, crescimento, reprodução e demais funções fisiológicas. Na dieta dos peixes, pois proveem de forma eficiente energia e ácidos graxos essenciais. No entanto, níveis elevados de lipídeos nas dietas, podem prejudicar o metabolismo e a carcaça dos animais, gerando excesso de gordura indesejável (FREITAS et al., 2016).

Como parâmetro de controle de qualidade nas rações, é importante medir o grau de rancificação e acidez dos lipídios. Rações com lipídios rancificados tem menos valor energético, e pode afetar o aproveitamento de outros ingredientes como as vitaminas. Enquanto a acidez, quanto mais alta seja, mais degradada estarão os lipídios, e menor será seu valor nutricional na ração (MELO et al., 2012).

3.5 VITAMINAS

As vitaminas são compostos orgânicos, diferentes dos aminoácidos, lipídios e carboidratos, exigidos em quantidades relativamente pequenas, participam de ações específicas no metabolismo, cuja deficiência pode acarretar reduzido desempenho, baixo status de saúde, deficiência imune e, em casos crônicos, levar o animal a óbito (BOSCOLO et al, 2011).

Muitos estudos com diferentes espécies de peixes já foram desenvolvidos para determinar as exigências em vitaminas na dieta. Para peixes as exigências de vitaminas, são estimadas com base em estudos realizados com espécies de similar hábito alimentar e sob suplementação mineral e vitamínica, que nem sempre atende suas demanda (SANTOS, 2017).

Em cultivos de peixes deve-se ter muita atenção quanto a precisão da concentração de vitaminas nas rações para que não ocorra insuficiência da inclusão de vitaminas. O produtor deve ser lembrar que parte das vitaminas são perdidas durante o processo de armazenagem das rações. Se a ração está estocada por muito tempo terá certamente menos vitamina do que especificado no rotulo pelo fabricante (SENA, 2009).

3.6 MINERAIS

São elementos inorgânicos que compõem cerca de 3 a 4% do peso vivo dos animais. Entre suas funções, são responsáveis pela formação de vários tecidos e processos metabólicos, incluem a formação e manutenção do esqueleto, constituem as nucleoproteínas, auxiliam no transporte do oxigênio, participam das reações químicas que tomam parte nos tecidos corpóreos, ativadores do sistema enzimático e inter-relacionam com as vitaminas (SENAR, 2017, SANTOS, 2017).

Diferente dos animais terrestres, os peixes são capazes de absorver minerais da água, através de filtração no aparelho branquial. No entanto, quando manejados em sistemas de cultivo, necessitam de uma suplementação para melhor atender as exigências minerais de cada espécie (SENAR, 2017).

4 METODOLOGIA

4. 1 Formulação da Ração

Na formulação do ração, é utilizado apenas nutrientes a energia metabolizável, proteína bruta, cálcio e fósforo disponível, são considerados os mais importantes do ponto de vista nutricional. O método do Quadro foi escolhido para formular a ração para juvenis de tilápia, com esse método é possível formular rações com vários ingredientes e nutrientes.

Formular 200 kg de ração para juvenis de tilápias com 64% de Proteína Bruta; 3.400 kcal/kg de Energia Digestível; 0,76% de Cálcio e 0,47% de Fósforo Disponível; utilizando-se os seguintes ingredientes: Milho (7,88% PB e 3.460 kcal/kg ED); Farelo de Soja (45% PB e 3.425 kcal/kg ED); Farinha de Peixe (60% PB e 3.050 Kcal/kg ED, 5,88% Cálcio e 2,89% Fósforo Disponível); Fosfato Bicálcico (20% Cálcio e 20% Fósforo Disponível); Óleo de Soja (8.600 Kcal/kg ED); Sal Comum e Premix Vit/Min (suplemento vitamínico mineral).

4. 2 Cálculos para formulação da ração

1) Fixar em 16% ou kg de Farinha de Peixe e analisar a contribuição desta para cada nutriente:

Proteína Bruta

54 ------ 100

x --------16x

= 8,64 Kg

Energia Metabolizável

3050 ------ 100

x-------- 16

x = 488

Cálcio

5,88------ 100

x -------16

x = 0,94 Kg

Fósforo Disponível

2,89 ------ 100

x------- 16

x = 0,46 Kg

2) Utilizar o Fosfato Bicálcico para atendimento do restante do fósforo disponível (Pd).

Cálcio

20 ------100

0,24-------- x

x = 1,2 Kg

1,2 kg de Fosfato Bicálcico serão utilizados para completar o Pd. Contribuição de Cálcio do Fosfato Bicálcico:

Pd 20-------100

x ---------1,2

x = 0,24 Kg

0,24 kg de Ca será a contribuição do Fosfato de Bicácico para a ração.

3) Fixar em 1,2% ou kg de Óleo de Soja e verificar a contribuição energética.

8.600-------100

x 1,2

x = 103,2 Kg

103,2 kg de Energia Digestível será a contribuição do Óleo de Soja.

4) Neste caso, fixar o Sal Comum e o Premix Vit/Min, em 0,70 e 1 % ou kg, respectivamente.

Sal = 0,70 kg

103,2 kg de Energia Digestível será a contribuição do Óleo de Soja.

Premix Vit/Min = 1 kg

5) Verificar o Sub-Total e Déficit da ração total.

Subtotal = 16 (Farinha de Peixe) + 1,2 (Fosfato Bicálcico) + 1,2 (Óleo de

Soja) + 0,70 (Sal comum) + 1 (Premix Vit/Min) = 20,1.

Logo o Déficit será 100,00 \u2013 20,1 = 179,9 kg da ração

6) Utilizar o Milho (M) e o Farelo de Soja (FS) para atender a Proteína

Bruta e Energia Digestível resolvendo o cálculo através do método algébrico.

M + FS = 179,9 (Equação total)

0,0788M + 0,45FS = 55,36 (Equação da proteína bruta)

179,9 = refere-se ao total que falta fechar a ração

55,36 = refere-se ao déficit para atendimento da proteína

Para eliminar a matéria-prima Milho, multiplica-se a Equação total por

0,0788 e a Equação da proteína bruta por -1.

M + FS = 179,9 x (0,0788)

0,0788M + 0,45FS = 55,36 x (-1)

0,0788M + 0,0788FS = 14,17

- 0,0788M - 0,45FS = -55,36

- 0,3712FS = - 41,19

Então: FS = -41,19 / - 0,3712

FS = 110,96 kg

Logo

M = 179,9 - 110,96

M = 68,94 kg

Participação (%) do Milho (M) em termos de Proteína Bruta.

100-------68,94

7,88 -------PB/Milho

x = 5,35%

Participação (Kcal/kg) do Milho (M) em termos de Energia Metabolizável.

100------- 68,94

3.425 ------- EM/MILHO

x = 2.361,19 Kcal/Kg

Participação (%) do Farelo de Soja (FS) em termos de Proteína Bruta.

100-------110,96

45 -------PB/FS

x = 49,93%

Participação (Kcal/kg) do Farelo de Soja (FS) em termos de Energia Metabolizável.

100-------110,96

3.425 -------EM/F

x = 3.800,38 Kcal/Kg

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A ração é o principal maior custo na produção da piscicultura. A formulação comercial das rações está relacionada diretamente com a qualidade e escolha das matérias primas, utilizando as informações disponíveis que atendam às exigências nutricionais dos peixes. Por isso, há necessidade que haja a utilização de rações de forma adequada, ajustadas ao manejo de modo que assegure o lucro da atividade, levando a uniformidade da produção, velocidade de crescimento e qualidade da carne.

6 BIBLIOGRÁFICAS

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yellowtail kingfish Seriola lalandi. Aquaculture, Amsterdam, v. 376-379, n.

1- 4, p. 151-161, 2013.

BOSCOLO, W. R.; SIGNOR, A.; FREITAS, J. D., BITTENCOURT, F.; FEIDEN,

A. Nutrição de peixes nativos. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 40, n. supl.

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CRUZ, F. G. G. C.; RUFINO, J. P. F. 2017. FORMULAÇÃO E FABRICAÇÃO

DE RAÇÕES (AVES, SUINOS E PEIXES). Manaus: Editora da Universidade

Federal do Amazonas.

CARDINAL, K. M.; COSTA, J. L. B.; RIBEIRO, A. M. L. Princípios básicos na

formulação de rações. PUBVET, v. 13, p. 130, 2019.

FRACALOSSI, D. M.; CYRINO, J. E. NUTRIAQUA: NUTRIÇÃO E

ALIMENTAÇÃO DE ESPÉCIES DE INTERESSE PARA A AQUICULTURA

BRASILEIRA. [S.l: s.n.], 2013.

FREITAS, L. E. L., RODRIGUES, A. P. O., MORO, G. V.; LUNDSTEDT, L. M.

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2016.

KUBITZA, F. MANEJO ALIMENTAR E NUTRICIONAL. Panorama da

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MELO, J.F.B.; SEABRA, A.G.L.; SOUZA, S.A. et al. Substituição do farelo de

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Bras. Med. Vet. Zootec., v.64, p.177- 182, 2012.

PEIXE BR. Anuário Brasileiro da Piscicultura PEIXE BR 2021. Associação

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SAKOMURA, N. K.; SILVA, J. H. V.; COSTA, F. G. P.; FERNANDES, J. B. K.;

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SANTOS, F. W. B. Nutrição de peixes de água doce: definições, perspectivas e

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SALMAN, A. K.; OSMARI, E. K.; DOS SANTOS, M. G. R. Manual prático para

formulação de ração para vacas leiteiras. Embrapa Rondônia-Documentos

(INFOTECA-E), 2011

SANTANA, L. L.; SANTOS, L. S.. RAÇÃO ALTERNATIVA PARA TILÁPIA

(Oreochromis niloticus), COM INGREDIENTES REGIONAIS DA REGIÃO SUL

DA BAHIA, NO ASSENTAMENTO TERRA VISTA, ARATACA,

BAHIA. Cadernos Macambira, v. 4, n. 2, p. 233-234, 2019.

13

SATIRO, T. M; NETO, O. B. A.; ESPÓSITO, M.; NETO, K. X. C. R.;

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Rural, v. 23, n. 1, p. 239-252, 2021.

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