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ATD2 - Ginecologia Introdução: - Hoje é considerada um problema de saúde pública, mas principalmente porque ela não afeta somente a mulher acometida, mas também o nicho familiar (repercussão em toda família), o que gera uma reação em cadeia em toda a coletividade do sistema de saúde. - É um problema de ordem coletiva, pois no cenário econômico, atualmente a mulher tem grande representatividade, e a endometriose é a doença que causa mais absenteísmo (falta da mulher no posto de trabalho e na escola) e presenteísmo (vai para escola/ trabalho mas não desempenha seu papel adequadamente), o que pode repercutir no seu desempenho e afetar economicamente. - Endometriose tem embutido dentro dela várias repercussões, não só para mulher acometida por ela. ❖ Doença que acomete 200 milhões de mulheres no mundo. ❖ No Brasil acomete certa de 7 milhões de mulheres. ❖ 1 para 10 mulheres em idade reprodutiva. ❖ Principal causa de dor pélvica crônica. ❖ Doença da mulher do século XXII. ❖ Principal causa de infertilidade. - MARÇO AMARELO: mês mundial de conscientização de endometriose. • Acompanha o evento da “endomarcha”. - Endometriose na baixada santista: • 50 mil mulheres acometidas. • 15 mil com a doença profunda. • 4.500 com infiltração intestinal. Os custos da endometriose: - Sintomas tardios + cronicidade + “invisibilidade” da doença = atraso no diagnóstico (7 a 10 anos - paciente passa em diversos ginecologistas antes de ter um diagnóstico). - Diagnóstico tardio leva a doença avançada e quadros severos. - Maior causa de internação hospitalar em ginecologia. - Múltiplas cirurgias devido à falta de especialistas. - Agravamento pelo isolamento social, absenteísmo e diminuição da produtividade. - U$ 78 Bulhões/ ano nos EUA (custos diretos + improdutividade no trabalho —> custos indiretos) = fardo social. Gastos indiretos são 2x maior que os gastos diretos, ou seja, gera um “prejuízo” em cadeia, não só para a mulher. Catarina Alipio XXII-B Página 1 Endometriose 30/03/2021 ATD2 - Ginecologia Endometriose: - Presença do tecido endometrial sobre a superfície de qualquer outro órgão, leva à uma inflamação crônica desse tecido. • Doença inflamatória crônica. - Manifestações: dor pélvica crônica, dispareunia profunda, infertilidade. Conceito: - Endometriose é conceituada como a presença de tecido semelhante ao endométrio (estroma e/ou glândula) em localização ectópica. • Sua definição é o seu próprio achado patológico. • São tecidos fáceis de reconhecer. - Glândulas: tecido mais superficial (orifícios glandulares). - Estroma: tecido de arcabouço, nutrição e imunidade de todo o tecido. Prevalência: ‣ 7% da população feminina. ‣ 10 a 15% das mulheres em idade reprodutiva (onde se concentra a maior parte da doença). ‣ 16% em mulheres assintomáticas. • Diagnóstico com o advento da laparoscopia, que auxiliou o diagnóstico em pacientes assintomáticas. • Mostrou ser uma doença de múltiplas facetas: pode estar instalada e não causar sintomas, assim como ela pode ter pequenas lesões e causar grandes sintomas de grande intensidade. ‣ 40 a 50% em mulheres inférteis. • Principal causa de infertilidade feminina. • Doença muito relacionada à infertilidade. ‣ 49% das adolescentes com dor pélvica crônica. • Cólicas muito importantes que não melhoram: grande fator de risco para endometriose. Fatores de risco: - Familiares de 1º grau (aspecto genético - desenvolvimento desde a vida embrionária). • Mãe, irmãs e filhas. - A maior parte das causas estão determinadas por fatores ambientais: foram identificados padrões relacionados à estilo de vida. • Tabagismo. • Número de filhos (quanto mais filhos menor a tendência de ter endometriose, uma vez que a mulher que tem mais filhos, menstrua menos - ciclo gravídico puerperal). • Idade da 1ª menstruação (quanto mais precoce, maior a tendência de ter endometriose, uma vez que são mulheres que menstruam mais). • Sedentarismo. • Idade. • Raça. Catarina Alipio XXII-B Página 2 ATD2 - Ginecologia • Massa corpórea (mulheres mais magras com maior risco de desenvolver a doença). Aspectos fisiopatológicos da doença: Teorias: I. Von Recklinghausen (1896): teoria da anomalia dos ductos mesonéfricos (de Wolff). II. Russel (1899): identificou tecido endometrial nos ovários. III. Halban (1925): teoria da disseminação linfática ou hematogênica (levando à focos a distância: de pleura, pulmonar, sem contato com a cavidade endometrial, por exemplo). IV. Sampson (1927): teoria mais aceita do refluxo menstrual. • Diz que o fator predominante para o desenvolvimento da doença é o refluxo que a mulher tem no período menstrual. - Lembrando que todas as mulheres tem algum grau de refluxo, exceto aquelas que não tem refluxo por alguma má formação, ou porque já foram laqueadas ou porque já tem alguma outra intervenção que impede a comunicação entre o útero e os outros tecidos através das trompas (como por ex, a DIP). • Refluxo do sangue menstrual através das trompas. • Ela por si só não justifica a endometriose (porque se todas mulheres tem refluxo menstrual, por que só 10 a 15% manifestariam a doença??). • É a teoria mais aceita. V. Levander e Normann (1955): teoria da implantação (metaplasia por indução). • Diz que qualquer célula do corpo humano, principalmente aquelas células com maior cunho embriológico (do cordão umbilical, por Catarina Alipio XXII-B Página 3 Paper “endometriosis” (New England 2020): coloca a endometriose e os fatores de risco bem claros, já entendendo que há a possibilidade de já começar a desenvolver a doença desde cedo: - Na fase embrionária: exposição à diethylstibestrol, baixo peso ao nascimento, baixa idade gestacional e alguma malformação Milleriana. - Na primeira infância e início da adolescência: idade de menarca precoce, baixo índice de massa corpórea e sensibilidade ao sol. - No fim da adolescência e idade adulta: ciclos menstruais curtos, aumento do fluxo menstrual, baixo IMC, nuliparidade, não ter tido ou ter tido um curto período de lactação, consumo de carne vermelha e gorduras trans… ATD2 - Ginecologia exemplo) podem regredir o estado delas de diferenciação no qual elas se encontra, voltar para o estado primordial e depois manifestar-se como célula de endométrio nesse outro local. • Metaplasia: regressão do estádio de diferenciação de um tipo celular e desenvolvimento em outro tipo celular. VI. Ridley (1968): teoria da metaplasia celômica. Teoria imunológica (final do século XX): - Começaram a entender que a mulher que tem endometriose, ela tem uma correlação maior com outras doenças de cunho imunológico (colites, tireoidites, doenças mentais…). - Explica a razão de porque nem todas as mulheres desenvolvem a endometriose. - Alterações fisiopatológicos semelhantes ao de doenças auto-imunes. - Tem relação com fluído peritoneal a atividade de células monocíticas- macrofágicas. - Envolve diversas citocinas que se mostram alteradas tanto no endométrio quanto no tecido endometrial: • Fator de necrose tumoral (TNF). • Interleucinas. • Fator de crescimento endotelial vascular (aumenta a vascularização ao redor das lesões). • Metaloproteases de matriz extracelular. • Proteína quimiotática dos monóitos. • Fator inibidor de migração dos macrófagos (que tem o papel de “limpar” todo o refluxo após a menstruação). • Peptídeo ativador de neutrófilos. • Leptina. - Hoje em dia melhor explicação para endometriose: teoria do refluxo de Sampson + teoria imunológica atual. ‣ Fatores ambientais induzem alterações imunológicas que facilitam o surgimento da doença. ‣ Endometriose entendida como uma doença sistêmica. ‣ Falta muito para um completo entendimento da doença. Aspectos genéticos: - Manifestação preferencial em vários membros de uma mesma família. - Aparecimentosimultâneo em gêmeos homozigotos. - Prevalência da doença nos familiares de 1º grau de 6 a 9x superior que a população em geral. - Risco genético associado a um ou mais genes por desequilíbrio alélico. - Estudos recentes apontam para uma DEONÇA EPIGENÉTICA (alterações genéticas por fatores imunológicos, hormonais, externos…). • Atualmente, a participação dos genes tem ficado mais claro na doença. Mecanismos apoptóticos: - O endométrio da mulher com endometriose é diferente do endométrio da mulher sem a doença . • O endométrio da mulher com endometriose é menos apoptótico (diminuição da aopotose celular). Catarina Alipio XXII-B Página 4 ATD2 - Ginecologia - Explica os mecanismos de maior persistência das células na cavidade endometrial. ‣ P53 e Bax reduzidos (que são pró apoptóticos). ‣ Bcl-2 aumentada (que é anti-apoptótica). • Doença que invade, prolifere e infiltra. Estresse oxidativo e modulação esteróide: - Ambiente pró oxidante com liberação das partículas reativas ao oxigênio (ROS) que contribuem para inflamação do organismo, e modula negativamente a doença e sua evolução. - Substâncias nocivas: óxido nítrico, metais pesados e poluentes que são pró oxidantes. • Deixa o organismo mais inflamado, aumentando a resposta do próprio organismo à invasão daquelas células endometriais no próprio tecido do hospedeiro. - O estresse oxidativo aumenta a inflamação e agrava e endometriose e contribui para a infertilidade. - Modulação estreóide: redução da conversão de estradiol (E2) em estrona (E1) fica reduzida no endométrio de pacientes com endometriose, fazendo com que o excesso de E2 reduza a apoptose e prolifere o tecido endometrial. - Expressão da aromatase (citicromo P450) nas lesões profundas. • Permite que a lesão evolua mesmo com a inibição do eixo hipófise ovário ou no período pós menopausa. • Vai conseguir transformar o colesterol, através da aromatase em estriol. • Faz com que a doença fique autossuficiente mesmo na ausência de estímulo ovariano. Aspectos morfológicos da doença: Aspectos microscópicos: - Lâmina de intestino: • Fibras musculares intestinais (mais rosinhas). • Tecido endometrial infiltrando o tecido muscular intestinal. • Doença de aspecto infiltrativo importante. • Tecido com células e vacúolos maiores são células do estroma da endometriose, enquanto que as células que formam círculos são as células grandulares. • Essa seria uma endometriose bem diferenciada (pois se assemelha muito ao tecido tópico do endométrio). - Endometrioma de cicatriz de cesárea: tecido fibroso denso proveniente da cicatriz ao redor da área de endometriose. Área de endometriose com um pouco de estroma e glândulas mais dilatadas, sem formato (indiferenciadas), com Catarina Alipio XXII-B Página 5 ATD2 - Ginecologia células achatadas, apresenta hemorragia no interior (sangue envelhecido = “chocolate”), formando cistos que se formam na lesão em estágio mais avançado da doença (em atividade). Aspectos macroscópicos: - Grande variedade de morfologia da doença. - 3 tipos morfológicos distintos principais: 1. Endometriose peritoneal: - “Chama de pólvora”: glândulas com sangue (aspecto de chocolate) em seu interior. - Forma fibroses e aderências em seu entorno. - Identificada pela RM. - Observamos as lesões típicas da endometriose. 2. Endometriose ovariana: - Variante que infiltra um folículo e esse tecido endometrial vai recobrindo toda a parte interna do folículo. - Esse folículo a cada ciclo endometrial vai se enchendo de sangue do descaramento desse tecido ectópico (mecanismo de descamação semelhante ao de um endométrio tópico, sóue no no tecido ovariano). - Provoca uma distorção da cavidade uterina, inflamação. - Quando drenamos (cistectomia aberta) esse endometrioma ovariano podemos encontrar um conteúdo mais amarelado ou mais avermelhado. - Identificada pelo USG simples (vantagem no diagnóstico). • Lesões de conteúdo denso no ovário, com debris em suspensão ou ecos (hemossiderina do sangue que vai se depositando e são refringentes ao eco do USG). • Cisto homogêneo, denso, com eco e debris em suspensão. Catarina Alipio XXII-B Página 6 - Estroma permeando o tecido muscular. - Glândulas bem diferenciadas (mais próximas do normal). - Glândulas indiferenciadas: células achatadas, distorcidas. Endometriose na parede peritoneal sobre a bexiga. Dá para ver a formação cística ovariana repleta de sangue. ATD2 - Ginecologia - “Kissing over”: 40 a 60% de chance de já ter um intestino acometido por endometriose (mais grave). 3. Endometriose infiltrativa (profunda): - Alça de reto sigmóide infiltrada aderida à porção posterior do útero. - Lesão que infiltra a serosa e o próprio intestino. - Bloqueio aderência no fundo de saco de Douglas. - Situação bastante comum em endometriose grau IV. - Forma nódulos e adentra nos espaços mais profundos da pelve feminina. • Arqueamento do ligamento útero-sacro. - Provoca muita dor na mulher. - Pode levar à disfunção do intestino e da bexiga (dor à evacuação, dor na micção, plenitude urinária…). - Gera bloqueios pélvicos, com tecido que inflar e gera lesões obliterantes importantes. • Acomete 30% de todas as pacientes com endometriose, e 30% delas teme endometriose intestinal (manifestação mais grave). - Identificada pela RM. • USG simples não consegue mostra lesão profunda (mas presença de cistos chama atenção). Adenomiose: - Não sai da cavidade endometrial para pelve, o útero começa a ser infiltrado de dentro para fora. - Tecido endometrial ectópico, mas que não sai da cavidade uterina (infiltra miométrio). - Promove infiltração do útero por tecido endometrial. - Características: ✓Formação de estrias. ✓Heterogeneidade do tecido do miométrio. ✓Formação de glândulas. ✓Áreas de sangramento. ✓Cistos hemáticos. ✓Irregularidade ou diferenciamento entre as espessuras da parede anterior e da parede posterior do útero. ✓Útero “bojudo”. ✓Vemos grande infiltrado dentro da Catarina Alipio XXII-B Página 7 ATD2 - Ginecologia musculatura formando áreas císticas. - Na laparoscopia: vemos uma serosa bem vascularizada, amolecido, aumentado de volume, com a superfície mais irregular (“lataria amassada de carro”). - Muito difícil de fazer o diagnóstico nos estágios iniciais. - Cursa com dor e com sangramento aumentado (SUA). • Sangramento = diferencia ela da endometriose. - Mais de 60% das peças de histerectomia vem com anátomo-patológico de adenomiose associada. • Onde menos de 10% tinham o diagnóstico prévio. • Doença que carece de diagnóstico e investigação. Lesões típicas: com o advento da laparoscopia. - Lesão pigmentar vermelha: • É o início da endometriose. • Presença de fatores angiogênicos (VGF) que levam à neovascularização anômala. ➡ A aparência laparoscópica costuma ser de uma lesão superficial com coloração e translucência semelhantes à mucosa endometrial vista durante um exame histeroscópico. As lesões vermelhas também podem ser representadas por áreas peritoneais de hipervascularização e petéquias. - Lesão pigmentar negra: • “Chama de pólvora”. • Onde mais se faz diagnóstico (confirmação anátomo-patológica). . • Lesão mais típica. ➡ As lesões negras demonstram inatividade e formas regressivas. A progressiva descamação menstrual provocaria uma reação inflamatória com escarificação local. A presença de debris menstruais circunscritos numa área de peritôneo é responsável pela aparência negra típica. - Lesão pigmentar branca: • Lesão da fibrose, espessamento e opacidade do peritônio. • Estágio mais avançado da doença onde já se tem uma ação reparadora dor organismo, formando fibrose (em resposta à irritação do tecido). Catarina Alipio XXII-B Página 8 ATD2 - Ginecologia • Tecido cicatricial da endometriose. • Lesãorepartida do peritônio, em estágios avançados da doença que pode gerar dor (fibrose que comprime nervos). ➡ As lesões brancas têm aparência de opacificações peritoneais e habitualmente são lesões mais espessas. Outro aspecto é representado pelas aderências, que, ao contrário das seqüelas de salpingite ou peritonite, têm localização entre o ovário e o peritôneo na fosseta ovárica. Quadro cl ínico: como identificar uma paciente. - Dor e/ ou infertilidade. • Podemos ter uma paciente sem sintomas mas que não consegue engravidar (casal infértil). • Infelicidade pode se manifestar como primeiro aspecto. - Como é essa dor? • Dor na pelve baixa (baixo ventre) associado ao ciclo menstrual, na maior parte das vezes. - Dismenorreia - 90 a 95% dos casos. • Pode ser também uma dor pélvica crônica (acíclica - fora do ciclo menstrual), mas que piora no ciclo, porém está sempre presente. - Simula outras casas (ex: abdome agudo). • Dor na penetração profunda na vagina ou na pelve durante a relação sexual (dor mais clássica). • Na penetração profunda o pénis encosta no ligamento útero-sacro e como dizemos “mexe no ninho de marimbondo”, onde está localizada a doença. - Infertilidade. - Prisão de ventre ou diarreia no período menstrual. • Por diminuição na peristalse. - Dor na evacuação, tenesmo, com ou sem sangramento nas fezes. - Dor e sangramento ao urinar (irritabilidade na bexiga). Catarina Alipio XXII-B Página 9 ATD2 - Ginecologia - Cada estrelinha é a intensidade do sintomas e do problema. • Estrelinha do centro maior: paciente com muitos sintomas e muitas manifestações clínicas da doença. Exame físico: - Inspeção geral: avaliar todo o tegumento da paciente. - Palpação abdominal: para ver a sensibilidade peritoneal da paciente. - Exame especular: em casos mais avançados podemos ver algum aspecto de lesão (que vem infiltrando desde lá de traz e se exterioriza no fórnice da vagina). • Aponta como uma cisto hemorrágico. - Toque vaginal (bimanual): mais importante. • Movimento de abrir dos dedos. • Pode fazer o diagnóstico de uma endometriose profunda. • Palpa os ligamentos útero-sacro no fundo de saco posterior, contornando o colo, e percebe se tem algum espessamento, irregularidade, alteração de textura ou até mesmo nodulação. - Solicita um exame de imagem para confirmar o diagnóstico do exame físico. - Toque retal. • Pacientes vigens. • Não é feito de forma rotineira. Exames auxi l iares: - Exame bioquímico: • CA 125 (marcador tumoral) é aumentado, mas é apenas aumentado em menos de 60% das pacientes. - Sensibilidade e especificidade baixa. - Não é específico para endometriose (é mais aumentado na endometriose ovariana), pois ele está aumentado em várias outras patologias. • Mais aumentado na endometriose ovariana. Catarina Alipio XXII-B Página 10 ATD2 - Ginecologia - Problema desse teste: existem ginecologistas que consideram obrigatório a paciente ter um CA125 positivo para diagnóstico de endometriose. • Existem vários outros testes bioquímicos que já foram estudados, mas nenhum deles se mostrou valioso na prática: - LeptinA, Interleucinas (IL-6), glicodeina, VEGF-A… - Exame biofísico: é o que realmenet usamos. • Ressonância magnética (RM). - Melhor saída caso não se tenha um profissional capacitado. • Ultrassom com preparo intestinal (USG): melhora a condição do colo, removendo fezes e gases que fazem um bloqueio acústico. - Melhora a qualidade do exame. - Mas não é o que faz ver a endometriose. O que faz ver a endometriose é um profissional capacitado. - Exame padrão ouro para diagnóstico de endometriose. • Um dos métodos mais disseminados no mundo (exame acessível + profissionais capacitados = bom diagnóstico). • Situações especiais: - Enema opaco com duplo contraste (contraste VO e imagens sequenciais de Rx). - Urografia excretora (pode causar obstrução de ureter). - Eco-colonoscopia (USG transrretal). - Histeroscopia (pode identificar endometriose no útero). - Cistoscopia. - Colonoscopia (não se deve prescrever só para avaliar endometriose intestinal). - Broncoscopia (caso de avaliar endometriose pulmonar). - Anátomo-patológico para o diagnóstico definitivo da doença. Diagnóstico: - Tempo demorando para o diagnóstico. Catarina Alipio XXII-B Página 11 ATD2 - Ginecologia Classificações diversas: I. Histológica: • Endometriose superficial (< 5mm). • Endometriose profunda (> 5mm). II. Segundo à infiltração: • Infiltração. • Retração. • Adenomiose externa. III. Topográfica: • Endometriose peritoneal. • Endometriose ovariana. • Endometriose infiltrativa. - Classificação de ASRM-r: • Avaliação mais utilizada baseada em escores, segundo achados na laparoscopia. - Escore com pontuação por tipo de lesão e localização. • Pouco valor na correlação com sintomas e endometriose infiltrativa. • Avalia o aspecto de infertilidade. • Classifica em 4 estadios: I. Mínima. II. Leve. III. Moderada. IV. Severa. Catarina Alipio XXII-B Página 12 RESUMO: História clínica: - Dismenorreia. - Dispareunia. - Dor pélvica crônica. - Infertilidade. - Sangramento anormal. - Dor evacuatória ou sangramento nas fezes. - Dor miccional ou sangramento na urina. - Distensão abdominal/ constipação/ diarreia. Exame físico: - Lesões de pele e mucosas arroxeadas. - Tumores anexiais. - Diminuição da mobilidade de órgãos. - Dor/ aumento da sensibilidade à palpação. - Espessamentos ligamentares. - Nódulos em fórnice vaginal. - Toque doloroso. Exames auxiliares: - USG transvaginal com preparo intestinal para mapeamento da endometriose. - RM de pelve com gel vaginal. - Exames contrastados. - Exames endoscópicos. Laparoscopia: - Lesões pigmentares (vermelhas, chama de pólvora, brancas). - Falhas peritoneais e pockets. - Aderências, velamentos e fibrose. - Cistos ovarianos. - Cistos peritoneais. - Dilatação/ tortuosidade tubária. Anatomia patológica: - Estroma e/ou glândulas endometrais. - Fibrose adjacente. - Hipermioplasia muscular adjacente. ATD2 - Ginecologia - Classificação de ENZIAN: mais promissoras das classificações. • Classificação morfológica das lesões. • Melhor traduz a lesão do ponto de vista cirúrgico. • Melhor para avaliar a endometriose infiltrava. • Pouca aceitação e estudos para avaliar a correlação clínica. • Difícil compreensão do paciente. Tratamento: - Vai se pautar na queixa principal da paciente. ➡ Clínico medicamentoso: • Para tratar dor da paciente (dor da endometriose é uma dor de resposta ao status inflamatório da pelve, portanto quando você pensa em tratar a dor, você lança mão de AINES e analgésicos). - Métodos hormonais: melhor eficácia a longo prazo para bloqueio dos hormônios ovariano. • ACO que age no Feedback negativo no eixo H-H e vai diminuir a secreção dos hormônios ovarianos. - “Droga mestra”: inibe centralmente e leva à uma hipoestrogenismo absoluto (menopausa química). • Progestagênios isolados: potencial de atrofiar o endométrio. - Uso contínuo suprimindo a menstruação. Catarina Alipio XXII-B Página 13 ATD2 - Ginecologia - Mesmo mecanismo de ação dos ACO. • Implantes. • Depósito. • SIU-LNG. • Análogo de GnRH. - Usado em situações específicas, principalmente no pós cirúrgico. - Não pode usar por mais de 6 meses, por ser um inibidor central (do eixo H-H), o que pode causar osteoporose por falta total das gonadotrofinas e consequentemente de progesterona e estrogênio. - Podemos usar por até mais de 2 anos se fizemos adjuvante a add Back therapy (institui uma medicação para minimizar os efeitos em órgãos alvos e diminuir os efeitos adversos da medicação). • SERM. • Danazol (muito efeito anabólico e androginismo). • Gestrinona (“chip da beleza”). - Anti inflamatórios não esteroidais:• Para paciente que chega com queixa de dor pélvica e dismenorreia intensa. • Tilatil, diclofenaco… - Analgésicos: dipirona em dose alta. • Anti depressivos. • Anti consulsivantes. • ISRS. • Evitar opióides (somente usados em caso de falha de outros métodos). - Causa dependência, muitos efeitos adversos, diminuição da peristalse… - Analgésico + AINES = melhor resposta da maioria das pacientes. ➡ Reprodução assistida: • Paciente que não tem dor, endometrioma pequeno e que tem infertilidade podemos encaminhar para uma reprodução assistida. - Estimularão ovariana. - Coito programado. - Fertilização in vitro. ➡ Cirúrgico conservador (video-laparoscopia): visa preservação dos órgãos e retirar todo o tecido doente. ➡ Tratar a dor e a infertilidade da paciente (ainda poderá ter filhos). • Cauterização de implantes superficiais. • Tratamento dos implantes profundos (endometriose infiltrativa) com excisão radical local. - Ligamentos uterossacros. - Septo retovaginal. - Bexiga. - Intestino. - Diafragma. - Outros. • Tratamento dos anexos (tubas, ovários). • Remoção das aderências. Catarina Alipio XXII-B Página 14 ATD2 - Ginecologia • Reconstrução da anatomia. • Preservação da fertilidade. ➡ Cirúrgico radical (video-laparoscopia): quando necessita remover algum/ alguns órgão (s). ➡ Trata a dor da patente (mas retira sua fertilidade). Pacientes sem melhora clínica. • Histerectomia total. • Anexectomia. ➡ Clínico alternativo (reabilitação): • Equipe multi-profissional: - Acupuntura. - Termoterapia. - Fisioterapia do assoalho pélvico. - Psicoterapia. - Dieta anti-inflamatória. - Exercícios físicos. - Terapia herbal chinesa. - Fitoterápicos. Catarina Alipio XXII-B Página 15
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