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Resumo elaborado por Júlia Madureira | @surtavet – PUC BETIM Giárdia: • a giárdia é a mais prevalente; A giárdia causa a giardiose que é a doença e a giardíase é a infecção, então nem sempre os animais tem sinais clínicos quando infectados. A giardíase é causada pela G. lamblia (o que todos conhece), mas também tem outros nomes, como: G duodenalis e G intestinalis – ambos são nomes variados da mesma espécie – infecta a porção proximal do ID de cães, gatos e do homem, ou seja, é uma ZOONOSE (zoonose importante). É uma doença de alta morbidade e baixa mortalidade. Ademais, no cão e no gato este protozoário não infecta muito o estômago e no homem parasita muito o estômago então está diretamente associado a dor abdominal – GE por protozoários mais importante em cães e gatos jovens. A giárdia em si, G. duodenalis é definida de como um complexo e atualmente existem 8 genótipos descritos, eles são genótipos que vão de A até H e antigamente eram 7 até G, compreende 8 Assemblages (genótipos A-H), sendo que dentre estes tem os que são importantes nos cães e nos gatos, visto que o C e o D infecta os cães, recentemente nomeados de Giardia canis e nos gatos é o F, agora o A e B é comum nos cães, gatos e humano. Esse critério de nomeação tem uma importância na genotipagem, porém não muda no tratamento nem diagnóstico para esses pacientes. Assemblage: Hospedeiros: Assemblage A Humanos, primatas, bovinos, cães, gatos, roedores, mamíferos e silvestres; Assemblage B Humanos, primatas, cães, bovinos, cavalos; Assemblage C e D Cães; Assemblage E Artiodactilus (biungulados); Assemblage F Gatos; Assemblage G Roedores; Assemblage H Animais marinhos; CICLO EVOLUTIVO: A giárdia é causada por um trofozoíto que é a forma parasitária (encontrada no ID dos cães e dos gatos – não se infectam com o trofozoíto), com isso ele é achatado e possui flagelos e esses flagelos permitem que ele seja móvel dentro do TGI e essa região do parasita permite que o trofozoíto fique aderido a mucosa intestinal (enterócitos). No entanto, temos a forma infectante também, assim os cães e gatos se infectam com o cisto e não com o trofozoíto, lembrando que o trofozoíto não é resistente, por isso ele não é infectante – se ele for eliminado, ele não resiste muito tempo no ambiente, já os cistos são muito resistentes no ambiente, visto que gatos podem eliminar mais de um milhão de cistos/gramas de fezes por até dois meses, apenas a amônia quaternária é eficaz para eliminação – nesses cistos tem os dois trofozoítos incompletamente separados. Os animais ingerem os cistos geralmente na água ou por autotransmissão, assim estes se rompem no duodeno pela ação do suco gástrico, de modo que libere dois trofozoítos que se aderem as vilosidades intestinais, que por sua vez se dividem por fissão binária (de forma assexuada), depois no IG se encistam novamente e excreção do cisto, liberando cistos no ambiente. O PPP é o período que houve a penetração do agente até sua liberação nas fezes, sendo que pode variar entre cães e gatos. Nos cães e gatos, temos diferentes locais de predileção, então no cão encontramos mais os trofozoítos são encontrados do duodeno ao íleo e no gato predominam no jejuno e íleo. Quando a giárdia se adere as vilosidades, causam um processo inflamatório. Resumo elaborado por Júlia Madureira | @surtavet – PUC BETIM PATOGENIA/SINAIS CLÍNICOS: Ocorre uma adesão do trofozoíto a mucosa intestinal que gera um processo inflamatório e consequentemente uma má absorção, seguida de hipoproteinemia (em casos severos) – diarreia gelatinosa com sangue vivo, melena é mais difícil de visualizar – É UMA DIARREIA EXPLOSIVA, COM MUITO MUCO E COM SANGUE VIVO. Ademais, quando se tem casos com infecções crônicas, pode ser que tenha uma atrofia das mucosas intestinais, sendo que a gravidade da infecção se relaciona com a resposta imune e o status nutricional do paciente, principalmente dietas ricas em carboidrato, isso faz que o trofozoíto fique por mais tempo – agora as doenças concomitantes agravam a clínica do animal. • Na forma aguda, o paciente apresenta uma diarreia aquosa, explosiva com odor fétido e seguida de gases; • Na forma crônica tem a diarreia persistente e se tiver atrofia das vilosidades = terá a má absorção e deficiências nutricionais levando a perda de peso. Quando se tem atrofia das vilosidades, tem que prestar atenção na absorção de vitamina B12, pois na diarreia aquosa persistente, por ser uma vitamina hidrossolúvel, perderá muita B12 – com isso deve ser suplementada de forma parenteral, devido o comprometimento das vilosidades; A importância na saúde pública, é que a giardíase é uma ZOONOSE, então os cistos podem estar nos alimentos e na água (humano – e todas as espécies que forem susceptíveis) e também podem estar nos pelos dos animais ou fômites. DIAGNÓSTICO: • Microscopia fecal (trofozoíto); • Esfregaço direto: observação de trofozoítos no esfregaço direto de amostra de fezes; • Os exames de fezes mais usados são os exames de flutuação, pois este identifica cistos e não trofozoítos, sendo que essa técnica pode ser usada por Sheather ou em sulfato de Zn – pesquisa de cistos (pesquisa de cistos – mais usada). Quando se trata de giárdia, pode ser que saia nas fezes de forma intermitente, por essa razão é legal colher a amostra em dias diferentes, visto que na primeira amostra: tem se 70% de acurácia e na terceira amostra: tem 96% de acurácia, o ideal é usar o MIF – conservante para as fezes. Então animais com giardíase, o ideal é colher a amostra por 3 dias consecutivos para aumentar a chance de identificação desse cisto nas fezes, isso para o cão e para o gato. • Pesquisa de trofozoíto no aspirado por endoscopia: não é tanto usado na rotina clínica, só é realizado quando realmente ocorre necessidade de sedação e o exame do aspirado deve ser imediato. • PCR é usada não é usado para diagnóstico e sim para identificação de genótipos. • Imunoensaio enzimático rápido (ELISA) – detecção do AG de Giárdia – se der + é + mesmo, o problema é a sensibilidade do teste que não chega a 100%, mas chega próximo e não chega a 100%, devido o animal excretar o cisto de forma intermitente, sendo que as fezes podem ser frescas ou pelo suabes. Quando se trata do diagnóstico da giardíase, o ideal é seguir os passos, assim fazendo o exame direto (identifica trofozoíto) primeiro, depois segue a técnica de flutuação e centrifugação e por fim realiza a pesquisa de antígenos. TRATAMENTO: • Suporte – hidratação e correção da hipoproteinemia se necessário; • Especifico; MEDICAMENTO ESPÉCIE DOSE VIA INTERVALO DURAÇÃO Resumo elaborado por Júlia Madureira | @surtavet – PUC BETIM Metronidazol Muito usado no TGI, porque tem efeito antimicrobiano então age nas bactérias, efeito antiprotozoário e anti-inflamatório. Cão e gato 10 a 25 mg/kg Cuidados: se usado na dose errada, pode ser neurotóxico, levando o paciente ter intoxicação e sinais clínicos neurológicos. Também não se deve usar em animais que tem alteração hepática com comprometimento da função hepática, assim entra as enzimas de extravasamento = ALT e AST, enzimas de colestase = FA e GGT e de função = diminuição de albumina, Bb, e globulinas etc – quando tem essa alteração diminui a dose. PO q 12H 5 a 7 dias Fembendazol Pode ser usado em gestantes Cão Gato 50mg/kg cão 7,5 mg/kg gato Também pode ser usado o Anitta, porém agora só vende com prescrição PO q 24H 5 dias Nitazoxanida Cão e gato 37,5 a 75 mg/kg cão 50 mg/kg gato PO Dose única (7 e 14 d) q 24H 3 a 4 dias Praziquantel, pamoato de plantel e febantel O febantel é transformado em fembendazol no fígado Cão Gato* 25mg/kg febantel, 5mg/kg praziquantel e 5mg/kg pirantel. 56,5 mg/kg febantel, 11,3 mg/kg praziquantel, 37.8 mg/kg Nos gatostem que usar doses corretas e ter cuidado com intoxicação PO q 24H q 24H 3 dias 5 dias Ipranidazol Cão 126 mg/L PO Ad libitum água 7 dias Quinacrina Cão 6,6 a 9 mg/kg PO q 24H 5 dias Furazolidona Gato 4mg/kg PO q 12H 7 a 10 dias Tinidazol Cão Gato 44mg/kg 30 mg/kg PO PO q 24H q 24H 6 dias 7 a 10 dias Ronidazol Cão Gato 30 a 50 mg/kg 30mg/kg PO PO q 24H q 24H 7 dias 7 dias Tilosina Cão, gato 10 a 20 mg/kg PO q 12H 7 dias Secnidazol Cão, gato 30 mg/kg Resumo elaborado por Júlia Madureira | @surtavet – PUC BETIM Mesmo com o tratamento é possível ver episódios de giárdia, por isso vai se trocando o fármaco, mas quando vai ver é o cisto que está no ambiente e o problema está também nos animais assintomáticos que eliminam o cisto no meio ambiente, assim ocorrendo uma reinfecção (grande problema na giardíase) – os cistos da giárdia são resistentes aos métodos de cloração, por isso nós seres humanos não podemos tomar água da torneira, essa agua tem que ser filtrada ou fervida. Ademais, quando se trata de desinfetante, o único eficiente no ambiente é a amônia quaternária. CONTROLE: • Elevada concentração fecal no ambiente, principalmente em locais com alta densidade populacional; • Desinfetar ambiente com amônia quaternária; • Pensando na nossa segurança, temos que lavar bem os alimentos, não colocar a mão na boca e lavar a mão, e nos pacientes temos que lavar os pacientes. • Outra forma de controle é a vacina comercial GiardiaVax – cães (não existe vacinas para felinos) – tal vacina para cães, foi elaborada com trofozoítos inativados de G.lamblia. Uma dose – reforço após 25 dias – reforço anual.
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