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Biomecânica do Trauma Disciplina de Socorros Urgentes Giancarla A. B. Santos z Todos os anos aproximadamente 1,3 milhões de pessoas morrem vítimas da imprudência ao volante. Dos sobreviventes, cerca de 50 milhões vivem com sequelas. Os acidentes de trânsito são: o primeiro responsável por mortes na faixa de 15 a 29 anos de idade; o segundo, na faixa de 5 a 14 anos; e o terceiro, na faixa de 30 a 44 anos. INTRODUÇÃO Sem campanhas de conscientização, a OMS estima que 2,4 milhões de pessoas devem morrer no trânsito em 2030. Brasil é o quinto país do mundo em mortes no trânsito, segundo OMS. INTRODUÇÃO z Principais Causas dos Traumas falta de atenção velocidade incompatível ingestão de álccol desobediência à sinalização ultrapassagens indevidas sono 0.30800000000000005 0.21900000000000003 0.15600000000000003 0.1 9.3000000000000041E-2 6.7000000000000004E-2 BIOMECÂNICA DO TRAUMA Estuda as transferências de energia e os efeitos gerais destas para o corpo da vítima. Quando o socorrista, em qualquer fase do atendimento, não compreende os princípios da biomecânica ou os mecanismos envolvidos, as lesões podem passar despercebidas. Com frequência é difícil determinar a lesão exata produzida, mas a compreensão da possibilidade de ocorrência de lesão e de perda de sangue significativa permite o processo de pensamento crítico. 5 FASES DO TRAUMA PODE SER DIVIDIDO EM TRÊS FASES: PRÉ-COLISÃO COLISÃO PÓS-COLISÃO Fase pré-colisão: inclui todos os eventos que precedem o incidente. Incluem doenças agudas ou preexistentes, ingestão de substâncias recreativas ou o estado mental do doente. Fase de colisão: começa no momento do impacto entre um objeto em movimento e um segundo objeto. O segundo objeto pode estar em movimento ou ser estacionário e pode ser um objeto ou um ser humano. Na maioria dos traumas, ocorrem 3 impactos: 1) o impacto entre dois objetos, 2) o impacto dos ocupantes com o veículo, 3) o impacto dos órgãos dentro dos ocupantes. Fase pós-colisão: o socorrista usa a informação colhida durante as fases de colisão e pré-colisão para avaliar e tratar um doente. Nesta fase, o entendimento da biomecânica do trauma, o índice de suspeita a respeito das lesões e a boa avaliação tornam-se cruciais para a evolução final do doente. 6 FASE DE PRÉ-COLISÃO FASE DE COLISÃO Inclui todos os eventos que precedem o incidente, tais como o uso de substâncias ilegais, álcool, medicamentos prescritos, estado mental do doente e doenças preexistentes. Começa no momento do impacto entre um objeto em movimento e um segundo objeto. FASE PÓS-COLISÃO Nesta fase, o entendimento da biomecânica do trauma, o índice de suspeita a respeito das lesões e a boa avaliação tornam-se cruciais para a evolução final do doente. Fase onde o socorrista usa as informações colhidas nas fases anteriores para prestar atendimento à vítima. FASE PRÉ-COLISÃO → PREVENÇÃO. FASE DE COLISÃO → parte do evento traumático que envolve troca de energia ou cinemática. FASE PÓS-COLISÃO → de atendimento do doente a partir da avaliação e uso da biomecânica do trauma. Como Agir nas Diferentes Fases do Trauma? Como se apresenta o local do incidente? Quem atingiu o quê, e com que velocidade? Qual foi o tempo de parada? As vítimas estavam utilizando os dispositivos de segurança? O airbag foi acionado? Questionamentos a serem feitos no local do acidente Leis de Newton Primeira Lei Um corpo em repouso permanecerá em repouso e um corpo em movimento permanecerá em movimento, a menos que uma força externa atue sobre ele. A energia não pode ser criada nem destruída, mas pode mudar de forma. Segunda Lei 11 Primeira Lei de Newton O esquiador estava parado até que a energia da gravidade o movesse rampa abaixo. Uma vez em movimento, embora saia do chão, o esquiador permanecerá em movimento até que atinja algo ou retorne ao chão e pare. EC = ½ mv2 A energia cinética é uma função da massa e da velocidade de um objeto. Segunda Lei de Newton Transformação da energia mecânica em energia cinética de movimento ou vice-versa. Uma pessoa de 70 kg que está a 50 km/h terá uma energia cinética de 87.500 unidades, que precisará ser convertida em outra forma de energia quando ela para: Dano no veículo e lesão na pessoa ou Ser dissipada pelo cinto de segurança ou pelo airbag. COLISÃO EM ALTA VELOCIDADE: Ocorre maior transferência de energia, logo maior dano ao ocupante, veículo ou ambos. Quanto MENOR A DISTÂNCIA DE PARADA e quanto MAIS RÁPIDA A TAXA DE PARADA, mais energia será transferida para o doente e mais danos ou lesões são inflingidos ao indíviduo. Transferência de energia entre um objeto sólido e o corpo humano É determinada pelo número de partículas do tecido atingidas pelo impacto. O número de partículas do tecido atingidas é determinado: 1. Densidade do tecido (partículas por volume); 2. Tamanho da área de contato no impacto. Quanto mais denso o tecido, maior o número de partículas atingidas por um objeto em movimento, logo, maior a taxa e a quantidade total de energia trocada. Densidade O corpo tem tecidos com três diferentes tipos de densidade: ar (pulmão e intestino), água (músculos e vísceras sólidas) e sólidos (ossos). A quantidade de energia transferida (e a lesão resultante) dependerá do tipo de órgão que sofre o impacto. Tamanho da área de contato no impacto A força é disseminada por uma área maior e a pele não é penetrada. TRAUMA CONTUSO (CAVIDADE TEMPORÁRIA) Toda a energia de impacto é direcionada a uma área pequena e esta força excede a resistência da pele e o objeto é inserido através do tecido. Tamanho da área de contato no impacto TRAUMA PENETRANTE (CAVIDADE PERMANENTE). Podem ser divididas em cinco tipos: Impacto frontal Impacto posterior Impacto lateral Impacto angular Capotamento Colisões Automobilísticas A identificação do tipo de colisão ajuda a estimar a possibilidade de ocorrência de uma lesão. z 1. IMPACTO FRONTAL: Automóvel colide com outro ou com obstáculo fixo e pára abruptamente. Os ocupantes continuam em movimento até colidirem com alguma superfície interna do carro. Dois padrões da colisão frontal Ocupante do banco dianteiro é direcionado para baixo Ocupante do banco dianteiro é direcionado para cima e para frente. Ocupante do banco dianteiro é direcionado para baixo – vídeo impacto frontal. Ruptura da artéria poplítea ou formação de coágulo. Fratura de fêmur Luxação da cabeça do fêmur z Ocupante do banco dianteiro é direcionado para cima e para frente – vídeo impacto frontal 1. O crânio choca-se com o pára-brisa ou contra a moldura que o sustenta. A coluna cervical absorve parte da energia inicial. O tórax e o abdome batem contra a coluna da direção ou contra o painel. Sinal no para-brisa Compressão dos pulmões Contusão miocárdica z Ruptura de aorta z Ruptura do ligamento falciforme que prende o fígado ao diafragma Ligamento falciforme 2. IMPACTO POSTERIOR: ocorre quando um carro parado é atingido por outro em movimento ou o carro é atingido na traseira por outro deslocando-se mais rápido na mesma direção. OCORRE: Deslocamento posterior dos ocupantes. Hiperextensão da coluna cervical se descanso de cabeça não for apropriado. Grande potencial para lesões de coluna cervical. WIPLASH WIPLASH z 3. IMPACTO LATERAL: Quando dois veículos transitam na mesma direção ou em sentido contrário e se tocam lateralmente. Força Impacto Lateral Risco de dano à coluna cervical (flexão lateral do pescoço e rotação da cabeça). Outras possíveis lesões na colisão lateral: Fratura de úmero e clavícula; Fraturas de costelas e estruturas intratorácicas; Impacto sobre o abdome, atingindo baço do motorista ou fígado do passageiro; Se trocânter maior do fêmur for atingido, a cabeça do fêmur entra no acetábulo. Fratura de clavícula Fratura de costelas Fratura de pelves e fêmur 4. IMPACTO ANGULAR: Um impacto angular, seja dianteiro ou traseiro, produz lesões que obedecem a variantesdos padrões observados nas colisões frontais e laterais ou posteriores e laterais. 39 z 5. CAPOTAMENTO:o corpo pode sofrer impacto em qualquer direção, chocando-se com o pára-brisa, teto, laterais e assoalho do veículo. IMPORTANTE... O socorrista deve estar alerta para indicadores de que o carro capotou. O ocupante ejetado do carro tem 25 vezes mais chance de morrer do que o não-ejetado. Cinto abdominal – corpo tende a se dobrar como canivete. Cinto em três pontos – contém tórax e pelve, porém, pescoço é ainda submetido a estresse. CINTOS DE SEGURANÇA z Cinto abdominal mal colocado pode lesar coluna lombar, fígado, duodeno e pâncreas. Ângulo de 450 Lesão pelo cinto de segurança de 3 pontos Reduzem as lesões das vítimas de colisão na maior parte dos casos. Amortecem a cabeça e o tórax no momento do impacto. Não impedem os movimentos para baixo. Air Bags Alta incidência de lesões da cabeça, pescoço e extremidades. Formas de proteção: Manobras evasivas, Uso do capacete, Vestes de proteção. Frequentemente, as vítimas são ejetadas da motocicleta. Acidentes de Motocicleta As lesões produzidas tendem a ser mais graves, pois o pedestre não tem a proteção da carroceria do veículo. Ocorre a transferência de grande quantidade de energia do veículo para o pedestre. Estágios: Impacto inicial com o corpo; Impacto secundário do corpo com o veículo Impacto do corpo com o solo. Atropelamentos 1. Impacto inicial com o corpo; 2. Impacto secundário do corpo com o veículo 3. Impacto do corpo com o solo. ADULTO Fratura de membros inferiores: - luxação posterior da tíbia e fíbula, lesão de ligamento cruzado, fratura de pernas. Lesões de tórax e abdome: lesões secundárias provenientes do lançamento da vítima sobre o veículo. Traumatismos da cabeça e coluna cervical (queda ao chão). CRIANÇA Lesões de pelve ou tronco e de cabeça após o impacto secundário no chão. Estima-se que: 5% dos pedestres morrem em velocidades de 32 km/h; 40% em choques de 48 km/h; 80% em choques de 64 km/h e Aproximadamente 100% em acima de 80 km/h. Constituem importante subgrupo dos traumatismos contusos em que a maioria envolve quedas com a vítima de pé. A lesão tecidual varia de acordo com: Altura da queda. Área do corpo que sofre o impacto. Superfície atingida pelo corpo. Traumatismos por desaceleração vertical Lesões: Fraturas dos pés e pernas; Lesões de quadril e joelho; Compressão axial da coluna lombar e cervical; Forças de desaceleração vertical para os órgãos; Fratura dos punhos. Queda de altura 3 vezes maior que a vítima é considerada grave. É produzida uma cavidade permanente pela passagem do objeto através do corpo. Objetos penetrantes – armas de baixa, média e alta energia. Ferimentos Penetrantes As lesões produzidas são menores. Homens – tendência de esfaquear com a lâmina voltada para o lado do polegar e com o impulso para cima. Mulheres – lâmina voltada para o dedo mínimo e com impulso para baixo. Armas de Baixa Energia – armas conduzidas pela mão, como faca. É comum ocorrer evisceração por esse tipo de lesão. Armas de Média e Alta Energia – armas de fogo – lesam os tecidos de cada lado do trajeto. A cavidade formada é geralmente três a seis vezes o tamanho da área de superfície frontal do projétil. Componentes das Feridas por Arma de Fogo Orifício de entrada. Ferida oval. Orifício de saída. nem sempre esta presente; geralmente, é maior e tem as bordas irregulares para fora; Algumas vezes pode haver múltiplos orifícios de saída devido à fragmentação óssea e do projétil. Projéteis de arma de fogo (PAF) Orifício de saída (D) Orifício de entrada (E)
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