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@jupdireito_ > DIREITO AO ESQUECIMENTO < Como o Direito ao Esquecimento não está previsto expressamente na Constituição da República, seria ele um direito fundamental implícito? O direito ao esquecimento ou direito a ser esquecido, “é aquele direito das pessoas físicas de fazer que a informação sobre elas seja borrada depois de um período de tempo determinado” como se fala na Proposta de Regulamento Geral de Proteção de dados pessoais da União Europeia do ano 2012. O direito ao esquecimento, portanto, tem por objetivo evitar que se tenha a disseminação da informação pessoal passada, que deixando de cumprir a sua finalidade provoque um dano à pessoa. No Brasil, o direito ao esquecimento possui assento constitucional e legal, considerando que é uma consequência do direito à vida privada (privacidade), intimidade e honra, assegurados pela CF/88 (art. 5º, X) e pelo CC/02 (art. 21). Ele é um desdobramento dos princípios da dignidade da pessoa, da inviolabilidade da vida privada e da proteção à privacidade. Trata-se do direito do indivíduo não ser lembrado por situações pretéritas constrangedoras ou vexatórias, ainda que verídicas. Entretanto, é fato que a internet é uma rede de dados que não possui efetivo controle, logo, cada um publica, comenta e relembra tudo o que quiser e em poucos minutos, milhares de pessoas visualizam tal ação. Os indivíduos da sociedade atual possuem todos os seus dados nas redes sociais e consequentemente coletados pelas grandes empresas tecnológicas como por exemplo, a Google. Além desses dados pessoais coletados a internet possui os algoritmos que são responsáveis por direcionar as pesquisas das pessoas nas plataformas para determinados links e consequentemente, para determinadas informações. A internet é um banco de dados eterno onde não existe prescrição. Então, o direito ao esquecimento se refere principalmente à internet e aos sites de busca, que são os meios mais utilizados em busca de uma informação ou notícia. Tal ferramenta é responsável por promover diversos benefícios durante uma pesquisa, pois poupa tempo do pesquisador, mas também, pode ser utilizada de má fé pelos sites de notícias que direcionam as pesquisas diretamente aos links das reportagens que eles pretendem polemizar e consequentemente, possuir um aumento de leitores entrando no site. Esses sites utilizam frequentemente reportagens que abordam sobre casos jurídicos de um ou mais indivíduos sem o consentimento deles e muitas das vezes exageram os fatos ou até mesmo, espalham fake news sobre aquele caso, apenas para chamar mais atenção dos leitores. Assim, é notório que as pessoas envolvidas na situação exposta pela notícia acabam sendo vítimas de um jogo de marketing da imprensa que além de violar a privacidade e a intimidade delas, viola também diversas vezes, o direito ao esquecimento tanto dos envolvidos diretamente na situação, tanto da família, amigos e conhecidos que também possuem o direito de não quererem relembrar uma situação que não os atribui felicidade. O direito ao esquecimento e a relação com o mundo tecnológico já é um assunto presente nas instituições jurídicas e inclusive, após um estudo, o STJ determinou que é possível impor aos próprios provedores a obrigação de desvincular termos de busca, ou seja, a pesquisa pura e simplesmente pelo nome de uma pessoa não poderá apresentar resultados que contenham violações à sua intimidade e ao desenvolvimento de sua personalidade. Em março de 2013, na VI Jornada de Direito Civil do CJF/STJ, foi aprovado um enunciado defendendo a existência do direito ao esquecimento como uma expressão da dignidade da pessoa humana no Enunciado 531: A tutela da dignidade da pessoa humana na sociedade da informação inclui o direito ao esquecimento. Ademais, afirma-se que o direito ao esquecimento é uma decorrência da dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, da CF/88). Assim, é possível afirmar que o Direito ao Esquecimento trata-se de um direito fundamental implícito, por não estar previsto de forma direta na Constituição da República. Entretanto, o artigo 5º da Constituição Federal e o artigo 21 do Código Civil, garantem o direito à honra e à privatividade, os quais protegem e impedem futuros danos ao indivíduo. De acordo com o Artigo 5º da Constituição, inciso X: “são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;” Ou seja, o Direito à Honra é um direito fundamental, haja vista que a honra é a dignidade pessoal do indivíduo. Assim, quando a reputação de uma pessoa é corrompida, é assegurado a esta o direito à indenização. A doutrina brasileira faz uma divisão de honra entre honra subjetiva, que seria o próprio juízo valorativo que o indivíduo faz de si mesmo, e honra objetiva, que se trata da reputação que terceiros fazem a respeito de alguém. No entanto, ambas quando violadas requerem reparação por dano moral. Ademais, é válido ressaltar que tal direito também é assegurado tanto às pessoas físicas quanto às pessoas jurídicas, sem distinção. Já o artigo 21 do Código Civil, prescreve que “A vida privada da pessoa natural é inviolável, e o juiz, a requerimento do interessado, adotará as providências necessárias para impedir ou fazer cessar ato contrário a esta norma.” Desse modo, tal artigo diz respeito aos direitos da personalidade, visando a proteção à vida privada do indivíduo, que pode ainda ser entendida como o direito que este tem de gerir sua vida privada sem a intromissão de terceiros. Assim, o art 21 do CC 2002 protege não apenas a vida privada como também a intimidade e a imagem. Pretende-se, portanto, impedir a exploração excessiva, utilizada apenas para curiosidade alheia, causando prejuízo à dignidade do indivíduo em questão e colocando em risco seus dados pessoais. Em virtude disso, o “Direito ao Esquecimento” é uma forma de fortalecer a garantia dos titulados direitos privativos da personalidade na sociedade e nos meios de informação. Portanto, o direito ao esquecimento é considerado um direito fundamental implícito, que ao lado dos demais direitos da personalidade como imagem, honra e intimidade impede o reavivamento de fatos pretéritos indesejáveis pelo seu titular e que não tenham legítimo interesse público, protegendo assim a dignidade da pessoa. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS https://www.tjdft.jus.br/institucional/imprensa/campanhas-e-produtos/artigos-discurs os-e-entrevistas/artigos/2010/direito-a-honra-andrea-neves-gonzaga-marques https://www.conjur.com.br/2019-dez-01/diana-fernandes-possivel-cumprir-direito-esqu ecimento-internet https://www.tjdft.jus.br/institucional/imprensa/campanhas-e-produtos/artigos-discursos-e-entrevistas/artigos/2010/direito-a-honra-andrea-neves-gonzaga-marques https://www.tjdft.jus.br/institucional/imprensa/campanhas-e-produtos/artigos-discursos-e-entrevistas/artigos/2010/direito-a-honra-andrea-neves-gonzaga-marques https://www.conjur.com.br/2019-dez-01/diana-fernandes-possivel-cumprir-direito-esquecimento-internet https://www.conjur.com.br/2019-dez-01/diana-fernandes-possivel-cumprir-direito-esquecimento-internet
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