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Livro Texto - Teoria da Educação e o papel da Geografia

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Teoria da Educação e o Papel da Geografia 
 
 
 
 
Profa. Norma Olinda Giordano Boacnin 
 
 
Colaboradores 
Profa. Ma. Ivete Maria Soares Ramirez Ramirez 
Prof. Dr. Antonio Sergio da Silva 
 
Unidade I 
 
 
 
 
 
APRESENTAÇÃO DO PROFESSOR-AUTOR 
 
Profa. Norma Olinda Giordano Boacnin 
 
Cursou Magistério na Escola Normal Particular Cristo Rei; possui graduação 
em Pedagogia com Especialização em Orientação Educacional pela Universidade 
São Marcos; Pós-Graduação em Psicopedagogia Clínica Institucional UNIB; 
Coordenação de Grupos Operativos e Aperfeiçoamento: Formadora de 
coordenadores de grupos operativos – Enrique Pichon-Revière. Espaço Transforma. 
Tem experiência na área da Educação Infantil Fundamental e Ensino Médio. Autora 
do Material Didático do Sistema Objetivo – História/Geografia 2º e 3º ano do Ensino 
Fundamental. 
Atualmente é Assessora Pedagógica – Sistema Objetivo de Ensino. Ministra 
Cursos Diversos nos Encontros Pedagógicos do Sistema/UNIP. 
 
APRESENTAÇÃO DOS PROFESSORES COLABORADORES 
 
Profa. Ma. Ivete Maria Soares Ramirez Ramirez 
 
Profa. Ivete Maria Soares Ramirez Ramirez (Ivy Ramirez) é mestre em 
Comunicação, pós‑graduada em Jornalismo Científico pelo Laboratório de Estudos 
Avançados de Jornalismo Científico da Universidade de Campinas – Labjor/Unicamp 
–, Pós-graduada em Formação em EaD (UNIP), bacharel e licenciada em Ciências 
Sociais e Geografia pela Universidade de São Paulo – USP. Em 2006, estudou as 
seguintes disciplinas em nível de pós‑graduação stricto sensu no Nepam/Unicamp 
(Núcleo de Pesquisas Ambientais): Qualidade de Vida em Sociedades Complexas, 
Sustentabilidade e Políticas Públicas, Desenvolvimento e Meio Ambiente e Mudanças 
Ambientais Globais na área de Sociedade e Ambiente e Economia Ambiental como 
aluna especial do Programa de Doutorado. É autora de material didático do Ensino 
Médio do Sistema de Ensino Objetivo, da disciplina Geografia, autora do livro 
Tiwanaku um olhar sobre os Andes, resultado de pesquisa de campo e residência 
durante seis anos no Chile, na Região de Atacama, elaborado em parceria com o 
laboratório de editoração da ECA- USP em 2005. 
 
Realiza trabalho de assessoria de Coordenação do Ensino Médio, no 
Departamento de Programação Geral (DPG), apoio pedagógico do Colégio Objetivo, 
em São Paulo. Ministra cursos para professores nos Encontros Pedagógicos 
promovidos pelo DPG, departamento este que assessora as unidades conveniadas 
do Sistema Objetivo no Brasil e as unidades situadas no Japão, com cursos para 
 
 
professores e atendimento aos alunos. Ministra aulas no programa Atualidades On 
line do Sistema Objetivo de Ensino e realiza comentários nos exames do ENEM e 
vestibulares. Coordena, ministra aulas e elabora materiais didáticos para o curso de 
Licenciatura em Geografia, na modalidade de ensino a distância – EAD –, na 
Universidade Paulista – UNIP. 
Coordenadora Geral do Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Ensino de Geografia 
(UNIP). 
 
Professor Dr. Antonio Sergio da Silva 
Prof. Antonio Sergio, graduado em Geografia, realizou seu curso de 
Especialização em Educação Ambiental (USP-CRHEA) em São Carlos, cidade em 
que posteriormente fez o Mestrado (2006) pela Universidade Federal (UFSCar). O 
Doutorado (2011) fora realizado na Universidade Estadual Paulista-UNESP-
Presidente Prudente, com formulação de indicadores de sustentabilidade, incluindo 
processos participativos e a lógica do referencial coletivo de sustentável. O Pós-
doutorado (2016) fora realizado na UNESP-Rio Claro com determinação de níveis de 
vulnerabilidade humana segundo o uso e ocupação do solo em homogenia territorial 
em espaços urbano e rural. 
 
Tem experiência na área de Ensino em Geografia, com ênfase em Geografia 
Humana. Como docente em curso de graduação em Geografia, foi responsável pela 
Coordenação do Laboratório de Geografia e do Centro de Apoio à Gestão Ambiental 
e Territorial. Responsável pela Coordenação de Pesquisa e Pós-Graduação da UEG-
UnU-Formosa e Coordenador de Edição da Revista Ideias Universitárias da 
Universidade Estadual de Goiás (ISSN 1807-6386). Docente convidado nos Cursos 
de Especialização em Educação pela USP-EESC, responsável pelo Módulo 
Ecopedagogia e em Curso Pós-graduação pela UFSCar, responsável pelos Módulos: 
Conceito de bacia hidrográfica e Processos democráticos: a organização em 
sociedade e o ambientalismo. Assim como participou em atividades de docência em 
acompanhamento pedagógico no Curso de Licenciatura em Educação do/no Campo 
pela UnB-FUP. 
 
Professor universitário, autor de capítulos de livros e artigos em revistas 
científicas vem atuando com formação continuada de professores, tendo atuado como 
consultor e autor de material didático para a ONU-PNUMA, em parceria com o MMA, 
segundo propostas do MEC. Como pesquisador convidado do Laboratório de Análise 
Espacial em Políticas Públicas (LAPP-UNESP-Rio Claro), dentre outras pesquisas, 
desenvolveu análises em uma microrregião paulista, com 24 municípios, sobre a 
realidade das taxas de escolaridade, taxas de abandono escolar, de reprovação e 
aprovação no Ensino Fundamental e Médio, assim como o desempenho e metas do 
IDEB nesses municípios. 
 
É responsável pela disciplina de Metodologia de Pesquisa Científica no curso 
de graduação em Geografia na UNIP e Coordenador Pedagógico do Curso Pós-
Graduação em nível de Especialização Lato Sensu em Ensino de Geografia (UNIP-
Cidade Universitária). 
 
 
4 
INTRODUÇÃO 
 
Os assuntos aqui apresentados pretendem caracterizar o estudo de Geografia 
não só com marcas de um componente que faz parte do currículo escolar há tempos, 
considerando-se necessidades e especificidades de cada época vivida geográfica, 
história e socialmente, mas, acima de tudo, procurando lançar mão de reflexões e 
questionamentos que traduzam a problematização que os dias atuais provocam seja 
em alunos ou em professores. 
 
A Geografia que outrora caracterizava-se por concepções e fatos de âmbito 
natural, atualmente assumiu uma nova visão, social e humanística. Essa área de 
conhecimento é composta por elementos que propiciam a análise e a interpretação 
do processo de apropriação e organização do espaço pelo ser humano. 
 
Hoje aborda o compromisso de uma análise crítica da realidade vivenciada, 
potencializando processos de transformação, em detrimento de ideias que meramente 
apresentavam os conhecimentos de forma quantitativa e funcionalista (Geografia 
Tradicional). 
 
O estudo aqui disponibilizado pretende despertar o interesse cada vez maior 
no ensino que visa a aprendizagem real e significativa por parte do educando, 
considerado como ser social, participativo, ético, responsável, criativo, cidadão, 
agente transformador da realidade em que vive. Procura explicar o espaço geográfico 
como local em que acontecem as relações sociais, econômicas, políticas e do ser 
humano com a natureza, em âmbito local, regional, nacional e global. 
 
Contribuir para a formação de “pessoas coletivas” é uma das intenções desse 
trabalho, que ora se apresenta. Longe de ser considerada uma obra acabada, ela é 
representativa de que as ideias aqui defendidas lhes garantam condições de 
prosseguimento, uma vez que pelo diálogo proposto e estabelecido haverá a 
continuidade presente no desenvolvimento do pensamento geográfico pelos docentes 
em sala de aula para com os seus alunos. Propicia também reflexões que vão além 
dos padrões de igualdade e inclusão sociais, como também das condições de 
equidade para todos, pois só assim se poderá afirmar que de fato a inclusão social 
estará estabelecida. 
 
Onde houver um professor que ensina e que, também, aprende, haverá 
esperança, segundo Freire, de contribuição de dias melhores para a construção de 
uma sociedade mais justa, solidária, participativa e, principalmente, democrática, com 
oportunidades para todos, de fato! Nesse sentido a presença do estudo da Geografia 
não pode e não deveficar omissa a todas essas transformações intelecto-sociais que 
se apresentam e se sucedem em escalas de fatos e contingências de dias em 
constantes sequência de acontecimentos isolados, locais ou que refletem contextos 
mias generalizados, a partir desdobramentos do próprio movimento global que 
interfere o pensamento cotidiano em todas as instâncias. 
 
A proposta é propiciar momentos de consciência reflexiva com condições de 
analisar fatos e contribuir para que haja de constituição de futuro promissor e 
transformador na ordem sócio-histórico-geográfica. 
 
5 
Ao adentramos em uma nova era, assistimos ao surgimento de necessidades 
que denotam questões e problemáticas até então desconhecidas. Como 
desdobramento, vemos despertar novas áreas de atuação como a informática na 
educação. 
 
Diante disso é imprescindível compreender e interpretar que, frente a tais 
condições, a ideia que deve prevalecer é a de que a ligação à épocas passadas que 
traduzem pensamentos e apegos a territórios marcados por valores que constituíram 
outros tempos, já em superação, devem ser renovadas por pensamentos e crenças 
de que a navegação compartilhada, timbradas pelo espírito investigativo, simbólico e 
colaborativo determinam uma nova fase humanitária que caracteriza a organização e 
a cultura em nossa época. 
 
Acompanhar todos esses movimentos requer das pessoas e, principalmente, 
dos educadores, a crença de que ainda é possível agir diante de tanta profusão de 
informações que nos assolam, invadindo espaços, outrora preservados, tanto no 
individual quanto no coletivo. 
 
Mas, a esperança de que é possível sonhar com relações mais criativas e 
criadoras, uma vez que estamos lidamos com informações, culturas e conhecimento 
em distintos espaços culturais nos impulsiona a desafios e obstáculos a serem 
superados. 
 
Assim, a educação humanística, pensando em todos esses aspectos 
abordados, enfrentará desafios presentes que permitem vislumbrar um futuro 
promissor em todas as escalas de que o homem necessita para viver, conhecer, 
compreender e melhor interpretar o mundo em que vive, buscando novas e saudáveis 
formas de, com ele, interagir. 
 
Basta acreditar! Aqui fica o convite para a leitura e apreciação do trabalho 
exposto!!! 
 
Que gere dúvidas, questionamentos, sempre tendo em mente a proposta do 
ser inacabado e da provisoriedade do conhecimento em uma nova era e em um 
mundo em constante transformação, que acontece de forma acelerada e acirrada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 
1. CONCEPÇÕES TEÓRICAS DE EDUCAÇÂO E DOS PROCESSOS 
PEDAGÓGICOS E AS RELAÇÕES PRÁTICAS AO PENSAMENTO 
GEOGRÁFICO. 
 
 
A autoridade do educador e as qualificações do professor não são a 
mesma coisa. Embora certa qualificação seja indispensável para a 
autoridade, a qualificação, por maior que seja, nunca engendra por si 
só autoridade. A qualificação do professor consiste em conhecer o 
mundo e ser capaz de instruir os outros acerca deste, porém sua 
autoridade se assenta na responsabilidade que ele assume por este 
mundo. Face à criança, é como se ele fosse um representante de 
todos os habitantes adultos, apontando os detalhes e dizendo à 
criança: - Isso é o nosso mundo. (ARENDT, 2001, p.239) 
 
Nesse assunto, faz-se necessária a presença da discussão acerca da 
concepção de criança e de educação que se tem e fundamenta a prática educativa a 
ser adotada como orientadora da abordagem de conteúdos, vistos não como um fim 
em si mesmo, mas como veículos pelos quais as habilidades e competências serão 
desenvolvidas e conquistadas, tendo em mente, tanto docentes quanto discentes. 
 
A concepção de criança vem se modificando através dos tempos. Na Grécia 
antiga, era considerada por alguns como a mais intratável das criaturas, indisciplinada, 
necessitando ser tratada com rédeas curtas para que se aquietasse e obedecesse. 
 
Com o decorrer da história, na Idade média, a criança apenas passava a 
receber um nome depois de completar 7 anos e, assim, introduzidas no mundo adulto. 
As roupas que vestiam eram nada confortáveis, impossibilitando que corressem, 
brincassem, sujassem-se e locomovem-se livremente, de acordo com as 
necessidades que caracterizam a infância, como se sabe hoje. 
 
Nos séculos XVI e XVII começa a surgir o sentimento de infância despertado 
em duas situações diversas: na família em que era percebida e tratada como objeto 
de divertimento, bem como na igreja que, contrapôs a ideia da família em relação a 
ela, tendo como objetivo, torná-la disciplinada. Embora não obtivesse voz, a criança 
passou a ser cuidada em sua higiene pessoal e saúde, atitude que se estendeu às 
famílias da época, também. 
 
Ainda no século XVIII os grandes artistas plásticos não viam a criança como 
criança e não as representavam em suas obras. Com o surgimento do sentimento de 
infância passou a ser modelo para os pintores da época, todavia, sempre vestida como 
adulto. 
 
Ao notarem que as crianças eram dependentes de outra pessoa que lhes 
providenciasse o alimento, cuidasse de sua saúde física e emocional, protegesse do 
frio e do calor, tendo como foco prepará-la para a vida adulta, começou um movimento 
de descoberta em relação a elas, mesmo com o enfoque na vida adulta. 
 
É possível a infância ter variações independentemente do tempo e do espaço, 
tais como tempo de duração em que é considerada, o trabalho infantil, as formas de 
 
7 
punir, de aplicar sanções e de discipliná-las, inclusive levando em conta a idade com 
que ingressava ou ingressa na escola. 
 
Atualmente, um dos mais importantes marcos histórico-sociais é a 
transversalidade. Embora ainda tenhamos adultos ou responsáveis que enxergam a 
criança como antigamente, acreditando que precisa ser dominada, que não dão voz a 
ela, pois não acreditam que sejam capazes de pensar ou de resolver problemas do 
cotidiano de diferentes ordens; hoje a criança é encarada e respeitada em sua 
identidade, características próprias de cada faixa etária em que se encontra, portadora 
de necessidades, mas com condição de ser promotora do saber em construção. 
 
Ela existe por si própria, constitui-se como pessoa considerada em todas as 
suas características, potencialidades e não necessita de que se faça por ela. É 
concebida como sujeito que tem desejos, pensa, levanta hipóteses, posiciona-se, 
legisla, inventa, cria, manifesta ideias, opiniões e sentimentos desde cedo, por meio 
de movimentos, expressões, olhar, nas vocalizações e falas. Em outras palavras, 
comunica-se! 
 
Diante disso, a relação entre o adulto e a criança tem que ser dialógica e não 
unilateral, a fim de possibilitar aos pequenos diversificadas situações para construção 
de sua subjetividade, como criança e futura formação de adulto como sujeito pensante 
e falante. 
 
Na concepção de educação tradicional o enfoque maior está na memorização 
dos conhecimentos transmitidos pelo professor, único arguidor do processo de ensino, 
objetiva a valorização da resposta certa, semelhante ao livro didático e a concepção 
de erro é algo desprezível e não é visto como construtor de aprendizagem. 
 
As considerações registradas pelos alunos, mesmo que estivesse, 
conceitualmente, correta, todavia distinta e representativa de criatividade na 
elaboração, não era bem vista e aceita, uma que que não era reprodutora dos manuais 
e livros didáticos, considerados como modelos indiscutíveis. 
 
Toda a responsabilidade pela não comprovação da aprendizagem era 
delegada aos alunos, figuras passivas na relação com o professor. Era bastante 
comum encontrar-se o seguinte discurso por parte do docente: eu ensinei, mas ele 
não aprendeu. Claro não presta atenção aos ensinamentos que eu ministrei... 
 
Já na concepção de educação comportamentalista o enfoque se dá na 
memorização dos conteúdos, dos conhecimentos transmitidos, treino, baseando-se 
no concreto e nos padrões de comportamentos impostos como regras e verdades 
absolutas, por intermédio do castigo e da recompensapelos atos praticados, 
desencadeando o condicionamento humano. 
 
Nessas duas concepções se dá a heteronomia da criança e não a tão 
pretendida autonomia, a ser conquistada por ela, de acordo com suas condições e 
desenvolvimento, com responsabilidade e respeito ético, bem como pela forma como 
é mediada e orientada em situações de conflitos, não só emocionais, assim como de 
desafios que provoquem o desequilíbrio cognitivo, a dúvida pelo novo, marcada pelo 
 
8 
desejo de busca para a resolução, com os elementos e condições dos quais dispõe o 
sujeito em pauta. 
 
Para a concepção de educação atual a defesa pela utilização de situações-
problema e de atividades desafiadoras, instigantes, que provoquem o conflito 
cognitivo, gerador de ideias em prol da construção do conhecimento é a palavra de 
ordem pedagógica que mais condiz com a concepção de criança e de educação 
acreditada, defendida e compatível com as demandas da contemporaneidade. 
 
Nesse sentido, como analisar e avaliar se o que está sendo proposto aos alunos 
contempla os aspectos citados? 
 
Piaget (1976) sugere a formulação de observáveis que nos indicam se a 
proposta atende a esses pressupostos, pois é um meio eficaz que muito contribui para 
o estudo e conclusão por parte da docência. 
 
O mais fundamental nessa reflexão é saber se as crianças estão pensando a 
partir das atividades propostas. Os temas elencados para a situação-problema 
desencadeiam discussões, favorece o levantamento de hipóteses, instiga as trocas 
intelectuais no trabalho em grupo? Ou, simplesmente, requer dos alunos a aplicação 
de fórmulas prontas, técnicas operatórias ou mesmo conceitos já conhecidos e 
memorizados? 
Para a Pedagogia crítico-social dos conteúdos, a escola tem a função político-social, 
na qual uma vez estudados, socializados e sistematizados, os assuntos devem ser postos 
em discussão e confrontados com as experiências dos alunos, culturais, regionais, 
espaciais, político-sociais, econômicas, ora de forma individual, ora coletivamente. 
 
Pretende oferecer as condições necessárias em favor do avanço dos processos de 
aprendizagem, com intenção de contribuir para a formação de agentes/sujeitos ativos que 
visem à transformação social. A memorização pura e simples dos fatos, cede lugar à 
compreensão e interpretação do que acontece em favor de uma consciência crítica diante 
da realidade social tal como se apresenta. 
A apresentação de propostas de trabalho que se configurem por causar conflito 
cognitivo são as mais recomendadas para o desenvolvimento do espírito livre e criador, 
que utilizam dos recursos pessoais na busca de soluções cabíveis para a resolução de 
situações problemáticas e inéditas para o educando. 
A ideia que aqui prevalece é de que o novo considerado em toda a sua abrangência 
seja o disparador como ponto de partida tanto para a reflexão docente, quanto discente. 
 
 
 
 
 
 
 
9 
2. TENDÊNCIAS E CORRENTES DA EDUCAÇÃO 
 
As tendências pedagógicas brasileiras da educação sofreram influências por 
meio dos movimentos cultural e político da sociedade, pois foram explicitadas devido 
aos aspectos sociais e filosóficos, que formaram a prática pedagógica do país. 
Pensadores atuais refletem acerca das tendências pedagógicas, enfatizando que as 
principais usadas na educação brasileira se dividem em duas grandes linhas de 
pensamento pedagógico. São elas: Tendências Liberais e Tendências Progressistas. 
 
Tendências Liberais – Tradicional, Renovadora Progressista, Renovadora não 
diretiva (Escola Nova) e Tecnicista. 
 
Tendências Progressistas: Libertadora, Libertária e “Crítico-social dos 
conteúdos” ou “Histórico-Crítica”. 
 
Algumas explicações básicas dos pressupostos teóricos que caracterizam cada 
uma dessas formas de ensino. 
 
2.1 Tendências Liberais 
 
Liberal não tem a ver com ensino aberto ou democrático, mas com uma 
instigação da sociedade capitalista e resposta a ela, que sustenta a ideia de que o 
aluno deve ser preparado para desempenhar papéis sociais de acordo com as suas 
aptidões, aprendendo a viver em harmonia com as regras desse tipo de sociedade, 
tendo uma cultura individual. 
Figura 1: No ensino tradicional, o ensino é centralizado no professor e os alunos são 
considerados meros receptores. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: www.pixabay1 
 
1 https://cdn.pixabay.com/photo/2016/07/17/11/12/board-1523537__480.jpg 
 
http://www.pixabay/
 
10 
2.1.1 Tradicional 
Foi a primeira a ser instituída no Brasil por questões históricas. Nela o professor 
é a figura central e o aluno é um receptor passivo dos conhecimentos considerados 
como verdades absolutas. Há repetição de exercícios, com exigência de memorização 
com o objetivo de aprendizagem por meio de atividades de fixação. 
 
2.1.2 Renovadora Progressiva 
Foi a próxima tendência a aparecer no cenário da educação brasileira por 
recomposição da hegemonia burguesa. Centraliza-se no aluno, considerado como ser 
ativo e curioso. Defende a noção de que ele só aprenderá fazendo”, valorizam-se as 
tentativas experimentais, a pesquisa, a descoberta, o estudo do meio natural e social. 
Aprender se torna uma atividade de descoberta, autoaprendizagem. O professor é um 
facilitador no processo. 
 
2.1.3 Renovadora não diretiva (Escola Nova) 
Anísio Teixeira foi o grande pioneiro da Escola Nova no Brasil. Caracteriza-se 
também em um método centrado no aluno. A escola tem o papel de formadora de 
atitudes, preocupando-se mais com a parte psicológica do que com a social ou 
pedagógica. Para aprender é preciso estar significativamente ligado às próprias 
percepções, modificando-as. 
 
2.1.4 Tecnicista 
Skinner foi o marco principal dessa corrente psicológica, behaviorista. Nesse 
ensino, o educando é considerado mero depositário passivo dos conhecimentos, 
acumulados na mente por intermédio de associações. O professor deposita os 
conhecimentos, especialista na aplicação de manuais; sendo sua prática 
extremamente controlada. Está intimamente relacionado ao sistema produtivo, tendo 
em vista aperfeiçoar a ordem social vigente, capitalismo, apoiando-se na formação de 
mão de obra especializada com vistas ao mercado de trabalho. 
 
2.2 Tendências Progressistas 
Partem de uma análise crítica das realidades sociais, sustentam implicitamente 
as finalidades sociopolíticas da educação e não ideias defendidas pelo capitalismo. O 
desenvolvimento e popularização da análise marxista da sociedade, a abordagem 
progressista, se desdobra em três ideias: 
 
11 
 
2.2.1 Libertadora 
Pedagogia de Paulo Freire, tendência que vincula a educação à luta e 
organização de classe do oprimido. O saber mais importante é a de que o oprimido, 
tenha consciência da realidade em que vive. Propõe a busca pela transformação 
social, que representa a libertação pelo desenvolvimento da consciência crítica e sua 
organização de classe. Ocupa-se da discussão de temas sociais e políticos; o 
professor coordena atividades e atua com os alunos. 
 
2.2.2 Libertária 
Propõe a transformação da personalidade num sentido libertário e de 
autogestão. Pressupõe que somente o vivenciado pelo aluno é apreendido e aplicado 
em situações novas, por isso o saber sistematizado só terá relevância se favorecer a 
transposição prática. Valoriza a livre expressão do pensamento, bem como o contexto 
cultural em que se apresenta e a formação estética. Embora os conteúdos sejam 
disponibilizados, não são exigidos pelos alunos e o professor é orientador à disposição 
do aluno. 
 
2.2.3 Crítico-social dos conteúdos ou Histórico-Crítica 
Tendência que apareceu no Brasil ao final da década de 70, prioriza o enfoque 
de conteúdos confrontados com as realidades sociais. Enfatizar o conhecimento 
histórico é preciso! Visa preparar o aluno para o mundo em que vive, com participação 
organizada e ativa na democratização da sociedade; por meio da aquisição deconteúdos e da socialização. Professor é mediador entre conteúdos e alunos. O 
ensino/aprendizagem tem como centro o aluno. Os conhecimentos são construídos 
pela experiência pessoal e subjetiva. 
Com o advento da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB 
9.394/96), ideias como de Piaget, Vygotsky e Wallon foram muito difundidas, tendo 
uma perspectiva sócio-histórica e interacionistas. Concebem que o conhecimento se 
constrói e ocorre pela interação entre o sujeito e o objeto em questão, ambos se 
modificando, mutuamente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
12 
 
Figura 2: Escola antes 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: www.pixabay.com2 
 
Figura 3: Escola atual 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: www.pixabay.com3 
 
 
2 https://cdn.pixabay.com/photo/2014/04/03/10/45/teaching-311356__480.png 
3 https://cdn.pixabay.com/photo/2014/03/31/17/50/class-302116__480.jpg 
http://www.pixabay.com/
http://www.pixabay.com/
 
13 
3. O PROCESSO DE REFLEXÃO-AÇÃO SOBRE A PRÁTICA 
EDUCATIVA 
 
 
Nos tempos mais recentes e, principalmente, atuais, participamos 
frequentemente da discussão acerca da problemática da ação-reflexão-ação sobre a 
prática pedagógica (SCHÖN, 2000), que envolve a formação docente, de forma 
continuada dos professores que se encontram em serviço. 
 
Temos plena consciência de que a formação por toda a vida profissional se faz 
necessária, uma vez que vivemos em mundo totalmente distinto de outrora, que 
requer dos educadores uma visão plena do papel formativo e complexo, que esse 
profissional desempenha com os alunos, com a escola em geral, com a sociedade e, 
principalmente, consigo mesmo, para que haja não só transformação territorial, bem 
como a expansão alargada e irrestrita dos saberes e dos dilemas ou paradigmas que 
a Geografia trata, deixando de lado que a docência se faz por um dom ou talento 
herdado. Acima de tudo, que se contempla com o estudo acadêmico proporcionado 
até então. 
 
Sem dúvida alguma, para exercer a prática docente é necessário, conforme 
afirma Celso Vasconcellos (2003), dotar-se de uma paixão pelo ato de ensinar e de 
aprender, de acordo, também, com o mestre Paulo Freire. 
 
O que significa compartilhar desse debate tratando-se dos assuntos que dizem 
respeito à Geografia? Há mudanças de concepção no processo de ensino e 
aprendizagem nessa área de conhecimento? Qual é a visão atual da Geografia, tendo 
em mente que as transformações no tempo e no espaço foram, embora marcantes, 
transitórias e provisórias, que dependem de fatores externos sociais, políticos, 
econômicos, culturais, que circulam de forma mutável e, nem sempre, evidente aos 
olhos de quem as observa? 
 
É a modernidade gerando a certeza da incerteza da qual desfrutamos no dia a 
dia, todos os momentos que vivenciamos em sociedade, seja de forma individual ou 
compartilhada... 
 
Esses fatores, atrelados a outros que interferem nesse processo, causam a 
desestabilização das ideias e práticas docentes conhecidas há anos a fio. Faremos 
assim, porque dessa forma não haverá risco de erro ao doutrinar os ensinamentos, 
considerados até o momento presente, verdades absolutas, imutáveis, como se 
fossem algo mágico, com plenos poderes de atuação e de aplicação no cotidiano de 
vida prática. 
 
Essa concepção de educação bancária (FREIRE, 1996), na qual os alunos 
eram meros espectadores e, o professor, o único detentor do saber, caiu por terra, 
como se diz popularmente, uma vez que já não garante a aprendizagem real e 
significativa, como se acreditava outrora. 
 
14 
 
Figura 4: Educação bancária 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: www.pixabay.com4 
 
O mundo contemporâneo solicita que se instaure a dialogicidade entre as 
partes integrantes de um mesmo processo, como afirma Morin (2009), a relação entre 
parte e todo e vice-versa, seja ele qual for considerando-se a relação assimétrica 
presente nos intercâmbios sociais, tratando-se de qualquer instância dos 
relacionamentos, que solicitam trocas de experiências e intelectuais, sobremaneira 
presentes na diversidade humana e relacional entre as partes, que compõem e 
participam de um mesmo processo. É a complexidade do pensamento presente nos 
atos educativos. 
 
A troca de informações fundamentada nas experiências de vida prática e 
vivenciadas ao longo do processo de intercâmbio cultural possibilitam que o sujeito 
seja protagonista de sua própria história, uma vez que participa e desencadeia um 
processo de assimilação, desequilibração e acomodação ao meio, pois exerce 
atitudes de adaptação ativa à realidade vivida, conforme Pichon-Rivière (1998). 
 
Como a Geografia não se faz, ou realiza, independentemente da ação do 
homem, é preciso repensar a sua atuação em termos práticos e de sustentabilidade, 
não só ecológica, mas, também, sociocultural. 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 https://cdn.pixabay.com/photo/2017/02/06/23/57/lecture-2044621__480.jpg 
http://www.pixabay.com/
 
15 
3.1 Reflexão-ação na articulação teoria e prática 
 
TEORIA E PRÁTICA 
 
De que se trata? Teoria versus prática ou 
Teoria atrelada à prática!? 
O que vem em primeira instância? 
O que pratico ou 
O embasamento que norteia e fundamenta minha prática? 
Por que ação-reflexão-ação? 
Sabe-se que o desenvolvimento do pensamento reflexivo 
Vai além de novas projeções ou atividades 
Já planejadas 
Ou simplesmente revistas! 
Pensar sobre a prática é pensar acerca de que os atos pedagógicos 
praticados 
Oportunizaram em termos de reflexão para que os alunos tivessem condições 
de avançar em seus processos de desenvolvimento 
Ou ainda promover reflexões acerca das ações docentes como ponto de 
partida e 
 Primordial para tornar a aprendizagem significativa?!? 
Refletir sobre esses aspectos faz-se necessário para a atuação docente 
responsável e geradora de aprendizagem real, significativa e com sentido atribuído! 
Por parte do aluno!!! 
Norma Boacnin 
 
Pautar-se na teoria é fundamental para o exercício da prática educativa, 
buscando, continuadamente, a reflexão sobre a práxis. É a tematização da prática 
refletida no cotidiano escolar, ou seja, analisar a ação educativa realizada sob a luz 
da teoria que a fundamenta. Tendemos a buscar sempre novas ações deixando de 
lado a reflexão sobre a prática educativa, segundo Schön (2000), uma vez que essa 
reflexão, sobre o ato pedagógico já praticado, promove indagações acerca do que a 
situação didática apresentada provoca (ou não) desequilíbrios cognitivos nos alunos 
em relação ao aprendizado esperado. 
 
Considerando-se certa aula dada, educadores e equipe pedagógica tendem a 
pensar em outras maneiras ou atividades que podem ou poderiam ser aplicadas no 
contexto de aulas futuras. 
 
 
16 
Aliás, essa ideia permeia o imaginário humano, talvez pela dificuldade que se 
encontra em pensar acerca do já praticado, uma vez que implica em repensar atitudes 
e valores consequentes de ações feitas. Fomos acostumados a imaginar outras 
formas de agir e de atuar no mundo, sem perspectivas de reflexão que promovam o 
pensamento e análise crítica a partir do que as ações implicam e seus 
desdobramentos. 
 
O que se propõe atualmente, é que se faça uma análise crítico-reflexiva sobre 
os pontos da aula já ministrada, a fim de que se repense a aprendizagem dos alunos, 
a partir das experiências vivenciadas, atividades propostas, procedimentos didático-
metodológicos adotados, fragilidades ou desafios que desencadearam o processo de 
avanço cognitivo dos alunos. 
 
A partir daí, sim, novos planos de ações devem ser criados e depois da 
transposição didática ser realizada, reinicia-se o processo de investigação e reflexão 
sobre a prática realizada. Esse movimento requer que o docente desenvolva cada vez 
mais o ato de pesquisa dentro dos propósitos educacionais não só em Geografia, bem 
como nas demaisáreas de conhecimento. 
 
De muito vale a experiência profissional em qualquer âmbito que seja. Mas 
muitas vezes agimos de forma intuitiva e, no caso de se ter que lançar mão de 
determinado recurso, tal como já experimentado em situação, anteriormente 
vivenciada, muitas vezes não se tem consciência do ato realizado e o porquê, como 
funcionou, resultando ou não, em boas consequências para a situação ou 
problemática enfrentada no momento. O fazer, o refletir, o tornar a fazer, ações tidas 
antes como automática e que não exigiam a menor atenção, por parecerem atos 
puramente mecânicos, assumem novo caráter educacional na contemporaneidade. 
 
O olhar em relação ao mundo e para o que nele existe passou a ser mais 
abrangente, intra e interligado entre as partes e o todo que o compõem. A visão da 
escola também vem se ampliando e buscando novas formas de se lidar com toda a 
demanda que se apresenta nos dias de hoje. 
 
Nesse sentido, a abordagem e o desenvolvimento do estudo da postura de 
ordem reflexiva traz contribuições e desdobramentos favoráveis à construção da 
prática pedagógico-educativa transformadora, que apresenta caráter processual, uma 
vez que contribui para o exercício acerca do que representa a ação-reflexão-ação 
sobre essa prática, tão difundida, importante e primordial em nosso tempo. 
 
 
17 
3.2 Reflexão-ação no ensino da Geografia 
 
ESPAÇO 
Todo local tem uma história... 
Toda história acontece em um determinado tempo e espaço... 
Quem faz essa história interage com o local? De que forma? 
Harmoniosamente? Analisando- o e refletindo criticamente sobre ele? 
Preservando-o? Transformando-o? 
Tornando-o acessível a todos? 
Respeitando a geografia local? 
Dialogando com a natureza? 
Apreciando a estética nela presente? 
Contemplando a qualidade de vida, 
Tão em evidência atualmente e necessária à vida na Terra? 
 
Vamos à escola... e lá... 
Aprendemos uma série de conceitos, procedimentos... 
 
Outrora bastava esses saberes básicos, 
Conteúdos que nos eram ensinados, transmitidos, passados 
Sem a menor intenção de desenvolver a consciência crítica! 
 
Hoje o mundo está outro, diferente... 
Faz-se necessário rever alguns conceitos 
Valores e atitudes frente à realidade planetária tal como se apresenta... 
Repleta de certezas incertas, pois a cada dia 
Manifestações naturais nos surpreendem, tragicamente. 
A certeza que permanece é a incerteza! 
 
Requer que não nos mantenhamos dispersos 
Alheios ao que ocorre à volta sob os desígnios da mãe natureza! 
 
É tempo de mudança, momento de fazer diferente... 
A proposta é pensar que mundo temos o propósito de ajudar a construir 
 
18 
Que futuro solidarizamos individual e coletivamente? 
Torna-se fundamental que se... 
Batalhe em prol da ideia de formação e de existência da ‘‘pessoa coletiva’’ 
Tão necessária e condizente com este século!!! 
Norma Boacnin 
 
Para que haja um ensino de qualidade em Geografia é preciso rever algumas 
ações didáticas que se tornam imprescindíveis sobre a maneira de ensinar os 
conteúdos da área. 
 
Decorar rios e seus afluentes, memorizar países, estados e capitais já não são 
mais suficientes para o aprendizado da matéria, que bastava como outrora, uma vez 
que a tecnologia avançada e informações disponíveis a toda hora, mais democráticas 
do que nunca, possibilitam que todos tenham acesso aos assuntos quando 
desejarem, não importando o momento e a distância. 
 
 Hoje os fatos acontecem em determinado local, próximo ou distante, e podem 
ser acompanhados em tempo real. Pode-se afirmar que a informação de ontem, hoje 
é passível de ser considerada ultrapassada, graças ao avanço tecnológico-científico 
que se modifica, surpreendentemente, pelas pesquisas científicas, renovação e 
comprovação de dados. 
 
Saber localizar-se no mapa geográfico, no local em que reside, em situações 
monitoradas pelos aplicativos disponíveis e compreender que o que ocorre em certo 
território também faz parte da nossa realidade e é fundamental, pois como reflete 
Milton Santos (2003), a globalização trouxe mudanças radicais no mundo 
contemporâneo acompanhadas de todos os seus benefícios e, também, com todos os 
seus desdobramentos... a serem considerados. 
 
A educação ou letramento cartográfico, leitura de mapas, tabelas, gráficos por 
meio da utilização de diferentes linguagens é proposta pela BNCC (BRASIL, 2018), 
em qualquer que seja a instância educacional, faixa etária e segmento de ensino. 
 
Além da pesquisa na internet e mídia, é preciso ensinar a desenvolver o espírito 
crítico em relação à análise de conteúdos, a fim de que se construa meios de 
investigação para validação ou não da matéria disponibilizada. Esse assunto faz parte 
do papel do professor em relação a seus alunos, sejam eles de qualquer faixa etária. 
Não importa! 
 
Deixar envolver-se, até mesmo seduzir-se, por ideias distorcidas do que ocorre 
verdadeiramente na vida real é algo a ser evitado com jovens estudantes. Avaliar 
causas e consequências das ações humanas geradoras de fatos, refletindo sobre... 
circunstâncias que as promovem, enfatizando que o território geográfico precisa ser 
humanizado e que é vítima do desencadeamento de ações arbitrárias que atingem o 
ser humano em todas as suas instâncias, entre tantas outras. 
 
 
19 
De que adianta ter informações de conteúdos se não se muda a forma de 
pensar e agir no mundo? 
 
Bachelard (1978) contribui para essa reflexão, trazendo a poética do espaço, 
que considera o espaço como tal, a partir da representação simbólico-afetiva que 
provoca no sujeito. Uma casa só é uma casa, tendo em vista as memórias 
socioafetivas que desencadeia no protagonista. Ou seja, o significado e sentido 
atribuídos é que tornam esse local, um local memorável, um território único e 
particular! Com lembranças que fazem dele, um lugar marcante para o sujeito em 
questão... 
 
O espaço territorial tem cheiro e sabor especiais que estão, intimamente, 
relacionados às experiências vivenciadas, seja de modo particular ou em âmbito mais 
abrangente, no social, envolvendo outros, que causam autenticidade para essa 
circunstância. 
 
Portanto a Geografia deixou de ser a disciplina conteudista que tratava de 
assuntos fenomenológicos como se fossem esperados há tempos e tratados como 
mero acaso. Essa mentalidade vem sendo superada e dando vazão a outra que atribui 
significado ao que ocorre e procura atribuir sentido para aquilo que promove a situação 
em destaque e em estudo. 
 
A ação docente requer que se tenha consciência do papel desenvolvido e 
representativo frente a todas essas demandas. 
 
Desde os primórdios dos tempos, nos quais os homens buscavam formas de 
deixar suas marcas no mundo, a disputa territorial se fez presente e, com ela, as 
demarcações geográficas no tempo e no espaço também se fizeram constantes. 
 
Muitos foram os recursos utilizados por esses habitantes terrestres que 
deixaram seus registros no decorrer do tempo e pela história que acontece com a 
intervenção do ser humano. 
 
Com o passar dos anos, desenhar mapas cobrindo os contornos com material 
apropriado, tendo como objetivo localizar rios, oceanos, florestas e locais, registrando 
os nomes e colorindo partes, já não são mais suficientes para a aprendizagem 
significativa em Geografia. 
 
Essa disciplina vem com o propósito de contribuir para que os homens possam 
compreender, interpretar e interagir nos espaços terrestres, na vida, sejam eles 
campestres ou urbanos. 
 
Não fomos educados para essa pedagogia participativa que propõe reflexões 
e interação dos alunos com tudo o que os cercam, seja de forma concreta ou mesmo 
virtual, levando em conta que é importante os sujeitos perceberem a realidade 
objetiva, considerando suas manifestações por meio dos indicadores observáveis que 
a natureza sinaliza. 
 
Nas atividades humanas o papel que a linguagem ocupa é de fundamental 
importância uma vez que está atrelada ao pensamentoe envolve a cultura em que se 
 
20 
insere, apresentando-se com formas diferenciadas em suas representações e 
significações. 
 
Isso ocorre, também, com as ciências que são caracterizadas pela constituição 
e expressão da própria linguagem. Em Geografia há a linguagem expressiva do 
pensamento que representa essa ciência, como a cartográfica e seus símbolos, bem 
como os conceitos que definem essa área de conhecimento. 
 
Como já afirmado anteriormente, a visão da Geografia estudada outrora não 
cabe mais nos dias atuais, pois a população era tema de estudo, mas não a 
sociedade, nem tampouco as relações sociais que se estabelecem no convívio 
humano, nem as técnicas e ferramentas de trabalho, nem o processo de produção. 
Podemos assim dizer que o homem era abstraído do seu caráter social. 
 
Então o que caracterizava essa Geografia? Dados empíricos, fragmentada em 
suas articulações e ligada aos aspectos naturais. Um estudo descritivo de paisagens 
naturais e humanizadas, desassociado de espaços vividos pela sociedade e de 
contradições que decorrem do processo produtivo, alheio à própria organização 
espacial. 
 
Retomando, metodológica e didaticamente, o foco estava na descrição e 
memorização de componentes da paisagem, sem proposição de reflexões que 
instiguem o estabelecimento de relações entre as partes, observações, comparações 
e até generalizações possíveis de serem realizadas, e tão indispensáveis na 
construção do conhecimento. 
 
Embora esse pensamento geográfico tenha sido constante até a década de 70, 
ainda podemos encontrar resquícios dessa prática no cotidiano de escolas que 
adotam a concepção tradicional de ensino. 
 
Metodologias recentes caracterizam o estudo do espaço geográfico de forma 
globalizada em toda a sua complexidade e adotam práticas de ensino que muito 
favorecem o protagonismo do aprendiz. Nesse sentido, arriscamo-nos até a afirmar 
que essa ideia prevalece tanto para alunos, quanto para professores que atuam com 
essa performance, correspondente às demandas contemporâneas e do mundo em 
constante transformação. 
 
Muito ainda temos a fazer na projeção do estudo de Geografia, uma vez que o 
homem, cujas ações desencadeiam consequências obscuras e desrespeitosas para 
natureza, precisa aprender a desenvolver que na lei do universo, que nos envolve o 
tempo todo, traz com retorno ao ato ecológico praticado, seja ele favorável e 
construtor, ou simplesmente avassalador. 
 
Portanto, ampliar os espaços de interação dialógica entre os atores 
protagonistas do cenário educacional é essencial para o bom andamento do trabalho 
consciente em Geografia. Inseridos nesse contexto, estamos, direta ou indiretamente, 
envolvidos e responsáveis pelo que ocorre no entorno. 
 
Um aspecto importante de ser salientado é o fato de que apesar de todo o 
avanço tecnológico que nos cerca, torna-se necessário o tratamento dedicado ao livro, 
 
21 
uma vez que pelo fato de ser objeto físico, tem vantagens que atendem à necessidade 
outras. Além de ser portado a qualquer local e circunstância, tem utilidade única no 
quesito pesquisa detalhada e estudo mais aprofundado, com a retomada de leituras 
constantes, registro de ideias para fichamento, acesso a apontamentos.... 
 
Sendo assim, cabe ao docente alimentar o uso desse objeto de estudo e 
pesquisa, que acompanha o desenvolvimento da humanidade há muitos e muitos 
anos, levando o livro para dentro da sala de aula, manuseando-o, utilizando-o, 
demonstrando interesse por descobertas, lendo para os alunos e, principalmente, 
valorizando-o em suas atitudes. 
 
 
22 
4. AS TEORIAS CRÍTICAS EM EDUCAÇÃO 
 
4.1. As teorias críticas e a construção de práticas transformadoras em 
Geografia 
 
 Tendo como base a construção de práticas transformadoras em Geografia, 
reflete-se e coloca-se em destaque a excelência que o papel do professor 
desempenha nesse processo educacional. Professor que abraça as aulas 
acreditando que muito pode contribuir para as ações didáticas mais eficazes que 
promovem a reflexão sobre a presença do homem no planeta.... 
 
 Na pedagogia Crítico-social dos conteúdos a escola tem função social-
política, na qual, uma vez sistematizados, devem ser confrontados com as 
experiências culturais dos alunos, individual e coletivamente. 
 
Para tanto, pretende oferecer as condições necessárias, em favor do avanço 
dos processos de aprendizagem, tendo em vista a formação de agentes ativos que 
visem à transformação social. Pretende, também, a compreensão, em detrimento 
da memorização, tendo em mente a consciência crítica, diante das realidades 
observadas e consideradas nos estudos. 
 
Diante disso, pergunta-se como transformar um determinado conteúdo 
escolar na Geografia em um conhecimento científico? Eis aí uma forte questão a 
ser refletida com profundidade, a fim de possamos tornar realidade tão desejada 
situação. 
 
Do ponto de vista geográfico, o conhecimento científico, ao contrário do que 
é apregoado de que só se estabelece no meio acadêmico universitário, é aquele em 
que o aluno aprende a desenvolver a capacidade de aprender a aprender, ou seja, 
num processo de autoconhecimento, conforme proposta da BNCC, o educando 
trilha o caminho da metacognição. 
 
Assim adquire condições de evoluir em seus processos de aprendizagem em 
desenvolvimento e em constantes transformações, fato que comprova que não se 
encontram respostas prontas, ou ainda, em conclusões que se evidenciam, muitas 
vezes, precipitadas; mas, sim no exercício de elaboração de boas perguntas, que 
nasce da posição de análise e crítica em relação ao mundo que nos cerca e no qual 
vivemos. 
 
 O ato de questionar ponderada e reflexivamente o que acontece ao redor e, 
tido, muitas vezes, como verdade absoluta, pode cair por terra desde que em 
questionamentos feitos de forma crítica e analítica, mas considerando o todo e as 
contingências por ele demandadas sejam colocadas em pauta. 
 
O que se sabe, ou ainda que se pode afirmar com segurança, é o fato de que 
o questionamento e dúvidas acerca dos assuntos em evidência, em todos os 
campos de estudo e de atuação, conhecimento incompreendido e incompleto que 
promovem o avanço das ciências em todos os campos. 
 
 
23 
É fundamental ter em mente que existe uma ampla gama de assuntos e 
estudos pedagógicos específicos que envolvem a Geografia, que se complementam 
com os de diversas outras áreas, assim como os complementam. É a correlação 
existente entre as demais áreas se conhecimento, confirmando a interdependência 
entre elas, e enfocando a necessidade e importância do 0lhar transdisciplinar na 
abordagem dos conteúdos. 
 
Dessa forma, o aspecto relacional que se desenvolve no interior da sala de 
aula, bem como nos demais ambientes e espaços pedagógicos em que ocorrem a 
aprendizagem, precisa ser considerado em uma perspectiva de novos contatos que 
se estabelecem, no ensino e aprendizagem. 
 
No exercício do trabalho docente, não é só o aluno que aprende, mas sim, o 
professor também aprende com os discentes. Ambos aprendem ao mesmo tempo 
em que ensinam, cada qual com sua história de vida marcada por experiências, 
conhecimentos em construção, conceitos ressignificados. 
 
Para que haja essa troca e se alcance os objetivos esperados nesse novo 
contexto educacional e relacional que se estabelece, é preciso que o aluno sinta e 
reciprocidade presente na figura do professor, bem como o prazer em ensinar, a fim 
de que se evidencie o caráter empático que deve caracterizar a comunicação no 
estudo da Geografia tão marcado pelas relações e concepções humanas através 
dos tempos. 
 
No desenvolvimento do ofício docente, esse profissional precisa manter 
acesa a chama da paixão por aquilo que faz, pelas aulas que ministra, e, 
fundamentalmente, manter os estudos bem atualizados, sob postura pesquisadora 
e investigativa dominante na área. Com essa atitudes, crenças e valores adotados 
como parte de sua trajetória, muitocontribuirá para desmistificar a ideia, que ainda 
pode prevalecer, de que os conteúdos estudados são difíceis e distantes do entorno. 
 
Como só se aprende a ler, lendo; só se aprender a escrever, escrevendo; só 
se aprende os ensinamentos geográficos vivendo-os, analisando-os, criticando-os 
de forma consciente, refletindo sobre eles em todos os ângulos que os compõem e 
no contexto em que estão inseridos. 
 
Sentir-se integrante, parte da natureza e, portanto, corresponsável por aquilo 
que acontece ao redor é sentimento fundamental para desenvolver o senso de 
consciência crítica no estudante e no docente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
24 
4.2 O papel do professor no contexto teórico-crítico-prático em Geografia 
 
 
PROJETO DE VIDA: SER PROFESSOR! 
 
Que professor é esse que eu quero me tornar e que a escola precisa? 
Dono do saber, das verdades e certezas incontestáveis? 
Absoluto e soberano em sala de aula? 
Aquele, cuja palavra, somente, é validada? 
Como planejo as aulas que serão dadas? 
Tudo é muito bem amarradinho? 
Cronologicamente organizado e previsto? 
Sem condições para o emergente?! 
Quem fala nessas aulas? Eu? Os alunos também...? 
Ou o silêncio reina absoluto? 
A aprendizagem é colaborativa ou meramente competitiva? 
Há espaços para criação ou apenas para a reprodução? 
Que professor é esse que a escola me tornou? 
Fruto de ideias perpetuadas ou de possíveis inovações? 
 
 
Conhecimento construído em rede? De forma significativa, com sentido 
atribuído? Ou repetitivo, memorizado, mecânico... 
A qual escola pertenço? Que concepção de criança defendo? E de ser 
humano? 
Que mundo eu quero ajudar a construir? Que marcas educacionais deixar? 
Como coordenar o avanço tecnológico às experiências ativas em sala de aula? 
Essas, entre tantas outras indagações, me perseguem a cada vez que tenho a 
apropriação de uma sala de aula. 
Muito temos a fazer para uma educação de qualidade que tenha como lema 
principal o atendimento e o respeito à diversidade! 
Que currículo abraçar? Quais conteúdos tratar? 
Acredito que, para um professor deste século assim me tornar, antes de mais 
nada preciso aprender a uma sala de aula gerenciar, considerando: 
A provisoriedade do conhecimento; 
 
25 
As relações que se estabelecem no cotidiano escolar; 
O trabalho em equipe e, principalmente, como diz Yves de La Taille, tendo o 
cuidado de aproximar a criança da cultura e não o inverso, ou seja, aproximar a 
cultura da criança!!! 
Só assim poderemos contribuir para uma escola contemporânea e 
transformadora! 
 
Norma Boacnin 
 
Refletindo acerca da importância do papel do professor nesse contexto e 
demanda atual, torna-se cada vez mais evidente que a figura desse profissional se 
torna mais necessária do que nunca, pois deve atuar como mediador atento que 
intervém, propõe, instiga, reflete e contribui para a construção da aprendizagem 
significativa e com sentido atribuído pelos alunos. Portanto seu papel é fundamental 
tendo como meta um ensino de qualidade que oportuniza as ações propostas. 
 
O relacional promovido pela figura do docente responsável ativo para que as 
relações sociais sejam oportunizadas, configuradas e estabelecidas em contexto 
que traduz a historicidade recente, atual, local ou distante fisicamente do aprendiz, 
mas que não deixa de representar e de pertencer ao mundo contemporâneo, é 
fundamental e exerce papel primordial na constituição do novo paradigma 
educacional que transcende ideias obsoletas e ultrapassadas diante das demandas 
do mundo em que vivemos. 
 
O professor que abraça o ofício em Geografia precisa trazer em si o espirito 
de pesquisa, de investigação de fatos decorrentes sempre relacionados à realidade 
do aluno, extrapolando para outras mais distantes, mas que, também, pertencem 
ao mundo em que vive. 
 
A Geografia vista como ciência que nasceu junto com a humanidade, pois 
registra fatos, situações locais próximas ou distantes em termos espaciais e não só 
temporais, que transcendem a época vivenciada, representa o estudo que marca e 
que contempla toda a exploração físico-temporal dos homens no Planeta. 
 
Que responsabilidade a ser desenvolvida e assumida diante de tantas 
reflexões, questionamentos e problematizações que outrora não se faziam 
presentes!!! 
 
Para a proposta de professor reflexivo podemos levantar alguns aspectos 
que podem contribuir nesse processo, tais como: 
 
 A formação de grupos de trabalho que sejam organizados de forma 
produtiva, de acordo com o pendendo do objetivo e da proposta em 
questão. 
 
 Pautar as ações didáticas no projeto pedagógico da instituição em 
busca de práxis coletiva. 
 
26 
 
 A concepção por ele defendida e acreditada. 
 
 A complexidade do trabalho que envolve professor e escola pelas 
tecnologias da informação e do conhecimento em constante 
construção e transformação. 
 
 Os aspectos processuais que se referem à vida pessoal, profissional, 
história de vida que contribuem para a formação da identidade 
docente. 
 
 As demandas que se apresentam pela sociedade atual para as 
instituições de ensino a aos professores diante do trabalho e formação 
continuada em serviço, entre outros. 
 
Dessa forma o professor desenvolverá atitudes e procedimentos que 
aplicados à prática de sala de aula, constituir-se-ão de subsídios que, certamente, 
o auxiliarão no bom desenvolvimento da docência de qualidade em prol da 
efetivação da aprendizagem significativa e de sentido atribuído, com poder de 
transformações tão evidentes e necessárias à condição de sobrevivência e de vida 
na Terra. 
 
A dicotomia de pensamento entre o sujeito observador e o objeto a ser 
investigado pode trazer consequências ambientais devastadoras em termos 
ambientais, já que a natureza tem sido interpretada ao longo do tempo, tratada como 
um sistema puramente mecânico, sendo controlada pelo homem e pela ciência na 
busca pelo retorno imediato de bens materiais. 
 
Essa visão tem que ser modificada e o docente de Geografia pode e deve 
contribuir para que esse processo seja implantado e implementado nas escolas em 
que o padrão de educação seja o de transformação constante e, não, de reprodução 
de mesmices praticadas ao longo do tempo escolar. 
 
O mundo hoje é outro! O que estava longe, pode estar próximo quase que 
acompanhado, imediatamente, em tempo real! O homem com toda sua 
potencialidade criativa e imagética, transpôs caminhos, outrora desconhecidos e 
desacreditados na possibilidade de se tornarem realidade. 
 
Com isso um alerta deve ser despertado ou uma bandeira levantada, 
contendo os seguintes dizeres: o homem não pode ser vítima de suas próprias 
conquistas, sejam elas de ordem tecnológica ou científicas. 
 
As conquistas humanas só podem ter credito se contribuírem para o 
desenvolvimento de uma sociedade mais justa e solidária para todos que nela vivem 
e convivem. 
 
Nossa morada se constitui tanto de nossa casa, assim como do planeta que 
habitamos e que podemos ajudar a construir, quanto a destruir. Portanto, fica 
evidente o papel e a função da escola, instituição tão presente e, fundamentalmente, 
participativa na educação das crianças e jovens, além da família, com sua 
 
27 
responsabilidade formativa e educativa, precisa ensinar conteúdos não só com 
significados em si mesmo, mas principalmente, ensinar a questionar para 
transformar o que for preciso, de acordo com as necessidades locais, regionais, 
nacionais e globais. 
 
Com isso, a instituição escolar estará traçando caminhos e trilhando rumos 
para a formação cidadã de alunos e professores e de todos os que nela se 
encontram participativos. 
 
A elaboração desse trabalho volta-se para a ideia de que podemos cada vez 
mais ampliar a visão educacional e contribuições que o pensamento geográfico 
pode trazer, favorecendo a formação de profissionais que atuem de forma 
colaborativa em Geografia, compreendendo-a, encarando-a e interpretando-a comouma ciência de síntese que estuda lugares, paisagens territórios e a sociedade que 
neles habitam, bem como as contribuições que essa área de conhecimento pode 
trazer com o estudo das demais. 
 
Nesse enfoque, é essencial desenvolvermos a compreensão e a consciência 
concreta de que os espaços, os territórios, as regiões, as paisagens e os lugares se 
transformam com o passar do tempo. Porém, essa modificação não pode e nem 
deve ser vista e entendida como algo ou fenômeno que acontece por si só, de forma 
independente, ao qual não se tem acesso imediato e somente resta observá-los de 
forma passiva, tal como se estivéssemos assistindo ao espetáculo que acontece de 
forma independente, resultado da natureza e sem menor influência social. 
 
Torna-se evidente e essencial que se atue em prol de que essas mudanças 
transformem e promovam a melhoria da estética, funcionalidade e qualidade de vida 
que também leva em conta a ética como padrão fundamental a ser considerado 
para a humanidade. 
 
 
Podem parecer repetitivas todas essas ideias e considerações. Todavia, é 
preciso destacar novamente esses aspectos, uma vez que são de suma relevância 
para a conquista da vida de qualidade que procuramos atingir no desenvolvimento 
do estudo e do trabalho em Geografia, bem como a apropriação dos conceitos que 
ela aborda, tendo como foco a aplicação das aprendizagens no contexto prático e 
cotidiano. 
 
 
 
 
Acompanhe as reflexões no site abaixo 
 
https://www.youtube.com/watch?v=sa5y-GWWrSs 
 
 
 
https://www.youtube.com/watch?v=sa5y-GWWrSs
 
28 
REFERÊNCIAS 
 
ARENDT. H. Entre o passado e o futuro. São Paulo, Perspectiva, 2001. 
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. BNCC. 2018. 
BACHELARD. G. A poética do espaço. São Paulo, Abril cultural. 1978. 
FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São 
Paulo: Paz e. Terra. 1996. 
MORIN, E. A cabeça bem-feita: repensar a reforma, reformar o pensamento. Rio de 
Janeiro: Bertrand Brasil. 2009. 
PIAGET, J. A Linguagem e o Pensamento da Criança. Rio de Janeiro: Fundo de 
Criança. 1976. 
PICHON-RIVIÈRE, E. O processo grupal. São Paulo, Martins Fontes, 1998. 
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Sujeito de Transformação. São Paulo: Libertad. 2003. 
 
LITERATURA CONSULTADA 
 
ALARCÃO, I. Professores Reflexivos em uma Escola Reflexiva. São Paulo: Cortez. 
2003. 
ARROYO, M. G. Currículo, Território em Disputa. Petrópolis: Vozes. 2011. 
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FREIRE, P.; FREI BETO. Essa escola chamada vida: depoimentos ao repórter 
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Petrópolis: Vozes. 2008. 
TARDIF, M. Saberes Docentes e Formação Profissional. Petrópolis: Vozes. 2002. 
 
 
 
1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Teoria da Educação e o Papel da Geografia 
 
 
 
 
Profa. Norma Olinda Giordano Boacnin 
 
 
Colaboradores 
Profa. Ma. Ivete Maria Soares Ramirez Ramirez 
Prof. Dr. Antonio Sergio da Silva 
 
 
Unidade II 
 
 
 
 
 
APRESENTAÇÃO DO PROFESSOR-AUTOR 
 
Profa. Norma Olinda Giordano Boacnin 
 
Cursou Magistério na Escola Normal Particular Cristo Rei; possui graduação 
em Pedagogia com Especialização em Orientação Educacional pela Universidade 
São Marcos; Pós-Graduação em Psicopedagogia Clínica Institucional UNIB; 
Coordenação de Grupos Operativos e Aperfeiçoamento: Formadora de 
coordenadores de grupos operativos – Enrique Pichon-Revière Espaço Transforma. 
Tem experiência na área da Educação Infantil Fundamental e Ensino Médio. Autora 
do Material Didático do Sistema Objetivo – História/Geografia 2º e 3º ano do Ensino 
Fundamental. 
 Atualmente é Assessora Pedagógica – Sistema Objetivo de Ensino. Ministra 
Cursos Diversos nos Encontros Pedagógicos do Sistema/UNIP. 
 
APRESENTAÇÃO DOS PROFESSORES COLABORADORES 
 
Profa. Me. Ivete Maria Soares Ramirez Ramirez 
 
Profa. Ivete Maria Soares Ramirez Ramirez (Ivy Ramirez) é mestra em 
Comunicação, pós‑graduada em Jornalismo Científico pelo Laboratório de Estudos 
Avançados de Jornalismo Científico da Universidade de Campinas 
– Labjor/Unicamp –, Pós-graduada em Formação em EaD (UNIP), bacharel e 
licenciada em Ciências Sociais e Geografia pela Universidade de São Paulo – USP. 
Em 2006, estudou as seguintes disciplinas em nível de pós‑graduação stricto sensu 
no Nepam/Unicamp (Núcleo de Pesquisas Ambientais): Qualidade de Vida em 
Sociedades Complexas, Sustentabilidade e Políticas Públicas, Desenvolvimento e 
Meio Ambiente e Mudanças Ambientais Globais na área de Sociedade e Ambiente e 
Economia Ambiental como aluna especial do Programa de Doutorado. É autora de 
material didático do Ensino Médio do Sistema de Ensino Objetivo, da disciplina 
Geografia, autora do livro Tiwanaku um olhar sobre os Andes, resultado de pesquisa 
de campo e residência durante seis anos no Chile, na Região de Atacama, elaborado 
em parceria com o laboratório de editoração da ECA- USP em 2005. 
 
Realiza trabalho de assessoria de Coordenação do Ensino Médio, no 
Departamento de Programação Geral (DPG), apoio pedagógico do Colégio Objetivo, 
em São Paulo. Ministra cursos para professores nos Encontros Pedagógicos 
promovidos pelo DPG, departamento este que assessora as unidades conveniadas 
do Sistema Objetivo no Brasil e as unidades situadas no Japão, com cursos para 
professores e atendimento aos alunos. Ministra aulas no programa Atualidades On 
line do Sistema Objetivo de Ensino e realiza comentários nos exames do ENEM e 
 
 
vestibulares. Coordena, ministra aulas e elabora materiais didáticos para o curso de 
Licenciatura em Geografia, na modalidade de ensino a distância – EAD –, na 
Universidade Paulista – UNIP. 
Coordenadora Geral do Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Ensino de Geografia 
(UNIP). 
 
Prof. Dr. Antonio Sergio da Silva 
Prof. Antonio Sergio, graduado em Geografia, realizou seu curso de 
Especialização em Educação Ambiental (USP-CRHEA) em São Carlos, cidade em 
que posteriormente fez o Mestrado (2006) pela Universidade Federal (UFSCar). O 
Doutorado (2011) fora realizado na Universidade Estadual Paulista-UNESP-
Presidente Prudente, com formulação de indicadores de sustentabilidade, incluindo 
processos participativos e a lógica do referencial coletivo de sustentável. O Pós-
doutorado (2016) fora realizado na UNESP-Rio Claro com determinação de níveis de 
vulnerabilidade humana segundo o uso e ocupação do solo em homogenia territorial 
em espaços urbano e rural. 
 
Tem experiência na área de Ensino em Geografia, com ênfase em Geografia 
Humana. Como docente em curso de graduação em Geografia, foi responsável pela 
Coordenação do Laboratório de Geografia e do Centro de Apoio à Gestão Ambiental 
e Territorial. Responsável pela Coordenação de Pesquisa e Pós-Graduação da UEG-
UnU-Formosa e Coordenador de Edição da Revista Ideias Universitárias da 
Universidade Estadual de Goiás (ISSN 1807-6386). Docente convidado nos Cursos 
de Especialização em Educação pela USP-EESC, responsável pelo Módulo 
Ecopedagogia e em Curso Pós-graduação pela UFSCar, responsável pelos Módulos: 
Conceito de bacia hidrográfica e Processos democráticos: a organização em 
sociedade e o ambientalismo.Assim como participou em atividades de docência em 
acompanhamento pedagógico no Curso de Licenciatura em Educação do/no Campo 
pela UnB-FUP. 
 
Professor universitário, autor de capítulos de livros e artigos em revistas 
científicas vem atuando com formação continuada de professores, tendo atuado como 
consultor e autor de material didático para a ONU-PNUMA, em parceria com o MMA, 
segundo propostas do MEC. Como pesquisador convidado do Laboratório de Análise 
Espacial em Políticas Públicas (LAPP-UNESP-Rio Claro), dentre outras pesquisas, 
desenvolveu análises em uma microrregião paulista (24 municípios), sobre a realidade 
das taxas de escolaridade, taxas de abandono escolar, de reprovação e aprovação 
no Ensino Fundamental e Médio, assim como o desempenho e metas do IDEB nesses 
municípios. 
 
É responsável pela disciplina de Metodologia de Pesquisa Científica no curso 
de graduação em Geografia na UNIP e Coordenador Pedagógico do Curso Pós-
Graduação em nível de Especialização Lato Sensu em Ensino de Geografia (UNIP-
Cidade Universitária). 
 
 
 
4 
INTRODUÇÃO 
 
 
Os assuntos aqui apresentados pretendem caracterizar o estudo de Geografia 
não só com marcas de um componente que faz parte do currículo escolar há tempos, 
considerando-se necessidades e especificidades de cada época vivida geográfica, 
história e socialmente, mas, acima de tudo, procurando lançar mão de reflexões e 
questionamentos que traduzam a problematização que os dias atuais provocam seja 
em alunos ou professores. 
 
A Geografia que outrora caracterizava-se por concepções e fatos de âmbito 
natural, atualmente assumiu uma nova visão, social e humanística. Essa área de 
conhecimento é composta por elementos que propiciam a análise e a interpretação 
do processo de apropriação e organização pelo ser humano. 
 
Hoje aborda o compromisso de uma análise crítica da realidade vivenciada, 
potencializando processos de transformação, em detrimento de ideias que meramente 
apresentavam os conhecimentos de forma quantitativa e funcionalista (Geografia 
Tradicional). 
 
O estudo aqui disponibilizado pretende despertar o interesse cada vez maior 
no ensino que visa a aprendizagem real e significativa por parte do educando, 
considerado como ser social, participativo, ético, responsável, criativo, cidadão, 
agente transformador da realidade em que vive. Procura explicar o espaço geográfico 
como local em que acontecem as relações sócias, econômicas, políticas e do ser 
humano om a natureza, em âmbito local, regional, nacional e global. 
 
Contribuir para a formação de “pessoas coletivas” é uma das intenções desse 
trabalho, que ora se apresenta. Longe de ser considerada uma obra acabada, ela é 
representativa de que as ideias aqui defendidas lhes garantem condições de 
prosseguimento, uma vez que pelo diálogo proposto e estabelecido, haverá a 
continuidade presente no desenvolvimento do pensamento geográfico pelos docentes 
em sala de aula para com os seus alunos. Propicia reflexões que vão além dos 
padrões de igualdade e inclusão sociais, como também das condições de equidade 
para todos, pois só assim se poderá afirmar que de fato a inclusão social estará 
estabelecida. 
 
Onde houver um professor que ensina e que, também aprende, haverá 
esperança, segundo Freire, de contribuição de dias melhores para a construção de 
uma sociedade mais justa, solidária, participativa e, principalmente, democrática, com 
oportunidades para todos, de fato! 
 
Nesse sentido a presença do estudo da Geografia não pode e não deve ficar 
omissa a todas essas transformações intelecto-sociais que se apresentam e se 
sucedem em escalas de fatos e contingências de dias em constantes sequência de 
acontecimentos isolados, locais ou que refletem contextos mias generalizados, a partir 
desdobramentos do próprio movimento global que interfere o pensamento cotidiano 
em todas as instâncias. 
 
 
5 
A proposta é propiciar momentos de consciência reflexiva com condições de 
analisar fatos e contribuir para que haja de constituição de futuro promissor e 
transformador na ordem sócio-histórico-geográfica. 
 
Ao adentrarmos em uma nova era, assistimos ao surgimento de necessidades 
que denotam questões e problemáticas até então desconhecidas. Como 
desdobramento disso, vemos despertar novas áreas de atuação como a informática 
na educação. 
 
Diante disso é imprescindível compreender e interpretar que frente a tais 
condições, a ideia que deve prevalecer é a de que a ligação à épocas passadas que 
traduzem pensamentos e apegos a territórios marcados por valores que constituíram 
outros tempos, já em superação, devem ser renovadas por pensamentos e crenças 
de que a navegação compartilhada, timbradas pelo espírito investigativo, simbólico e 
colaborativo determinam uma nova fase humanitária que caracteriza a organização e 
a cultura em nossa época. 
 
Acompanhar todos esses movimentos requer das pessoas e, principalmente, 
dos educadores, a crença de que ainda é possível agir diante de tanta profusão de 
informações que nos assolam, invadindo espaços, outrora preservados, tanto no 
individual quanto no coletivo. 
 
Mas, a esperança de que é possível sonhar com relações mais criativas e 
criadoras, uma vez que estamos lidamos com informações, culturas e conhecimento 
em distintos espaços culturais, nos impulsiona a desafios e obstáculos a serem 
superados. 
 
Assim, a educação humanística, pensando em todos esses aspectos 
abordados, enfrentará desafios presentes que permitem vislumbrar um futuro 
promissor em todas as escalas de que o homem necessita para viver, conhecer, 
compreender e melhor interpretar o mundo em que vive, buscando novas e saudáveis 
formas de, com ele, interagir. 
 
Basta acreditar! Aqui fica o convite para a leitura e apreciação do trabalho 
exposto!!! 
 
Que gere dúvidas, questionamentos, sempre tendo em mente a proposta do 
ser inacabado e da provisoriedade do conhecimento em uma nova era e em um 
mundo em constante transformação, que acontece de forma acelerada e acirrada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 
 
1. TEORIA EDUCACIONAL E PRÁTICA EDUCATIVA 
 
 
 
 
A educação é o ponto em que decidimos se amamos o mundo o 
bastante para assumirmos a responsabilidade por ele e, com tal gesto, 
salvá-lo da ruína que seria inevitável não fosse a renovação e a vinda 
dos novos e dos jovens. A educação é, também, onde decidimos se 
amamos nossas crianças o bastante para não expulsá-las de nosso 
mundo e abandoná-las a seus próprios recursos e, tampouco arrancar 
de suas mãos a oportunidade de empreender alguma coisa nova e 
imprevista para nós, preparando-as em vez disso com antecedência 
para a tarefa de renovar um mundo comum. (ARENDT, 2001, p.247) 
 
 
A teoria que mais se aproxima das necessidades do mundo contemporâneo e 
sustenta a prática educativa é aquela que propõe a ação do sujeito sobre o objeto em 
estudo, pois dessa forma o transformará, assim como, também, será transformado por 
ele, de maneira interativa e dialógica, conforme já exposto anteriormente. O 
conhecimento será construído de forma ativa, participativa, colaborativa, seja de 
ordem individual ou coletivamente. 
 
A prática educativa que melhor representa a teoria educacional eu atende ás 
demandas e condições que desenvolvem o raciocínio geográfico e de acordo de 
premissa difundida pela BNCC (BRASIL, 2018) tem que corresponder ao modo pelo 
qual os participantes do processo de ensino e de aprendizagem formem parcerias 
dialógicas na construção do conhecimento de forma coletiva e individual. 
 
Certa vez, quando ainda ministrava aulas na antiga quarta série do segmento, 
na época denominado de primário, por volta dos anos 80, deparei-me com um texto 
bastante criativo e que me tocou sensivelmente por todos os dizeres e mensagem que 
trazia. Não lembro autor e nem a fonte da qual foi retirado. 
 
Nessa época, na escola em que trabalhava, produzíamos o nosso próprio 
material didático, que ia sendo construído de acordocom as necessidades e 
desenvolvimento dos processos de aprendizagem dos alunos. Utilizávamos textos dos 
mais variados possíveis, tais como retirados de jornais e de revistas, obras literárias, 
entre outros, e que nos davam condições de trabalho com diferentes perspectivas. 
 
Já naquele tempo, o foco não se encontrava nos conteúdos, mas sim, 
originariamente, no desenvolvimento de habilidades e competências, considerando-
se as diferentes áreas de conhecimento. Bem moderno e atual!!! Não é mesmo!? 
 
 O conteúdo era tratado como veículo condutor da aprendizagem. O referido 
texto trazia mais ou menos esta ideia: 
 
Vivemos dias de muita confusão na ordem das coisas.... É fogão que congela, 
geladeira que esquenta, ventilador que não refresca o ar, entre outros... 
 
 
7 
Parece que tudo está trocado, mas em seus devidos lugares! Qual a atitude 
que pode tomar e tornar a realidade diferente…? 
 
Da continuidade do texto, não me recordo mais, pois o que marcou 
significativamente foi a desorganização na ordem das coisas e seus propósitos com 
os quais foram criados. 
 
Defendemos a criatividade e a capacidade de inovação do ser humano. Mas 
ao considerarmos os fatos e fenômenos ecológicos que têm se tornado presentes e 
de forma constante, fica evidente o aspecto central de nossa conversa: considerar-se 
de forma crítico-analítico-reflexiva o jeito de estar e ser no mundo. 
 
Ao leitor pode parecer desconexa essa reflexão. Porem vou procurar explicitá-
la de acordo com o sentimento e memória afetiva da época. 
 
 Tenho a impressão de que muitas das coisas estão invertidas e precisamos 
retomar as rédeas, principalmente no âmbito educacional, uma vez que se constitui 
no aspecto central de caráter transformador social. 
 
Com o propósito de modificar o que necessita, aprimorar o que precisa ser 
ajustado e de manter o que tem se mostrado eficaz e produtivo, temos por objetivo 
contribuir para que possa ser alcançado o objetivo pretendido. 
 
Inovar no modelo tradicional de ensino significa transformar os alunos em 
protagonistas do próprio aprendizado. É a proposta do século XXI, que mescla 
orientação mediadora do professor com a participação ativa do aluno em sala de aula. 
Estudos revelam que quando o docente fala menos e medeia mais, realiza boas 
intervenções, possibilita que o educando tome a frente de seu estudo, de seu trabalho. 
 
1.2. Diálogo entre as teorias da educação 
 
Nesse contexto reflexivo salienta-se a ideia do diálogo interativo entre as partes 
integrantes do processo educativo, bem como a necessidade de se considerar os 
aspectos que cada teoria educacional oferece como oportunidades favoráveis para 
que haja o aprendizado efetivo. Uma vez que cada conhecimento ou atitudes 
educativas ao longo da história tiveram sua razão e explicação de existir, em 
determinada época ou situação social, econômica e política e que justificou a sua 
permanência ao longo dos anos. 
 
Despreza-se a concepção unilateral do ensino e aprendizagem, considerados 
como algo ação e reação/consequência, automaticamente. Hoje já se concebe que 
isso não existe, pois para que haja condição de aprendizagem efetiva faz–se 
necessário evidenciar a questão da empatia que deve estar presente no ato educativo. 
Ou seja... é preciso que haja conexão e sintonia estabelecida entre os envolvidos no 
processo de aprendizagem: professor, alunos e seus pares. 
 
Enfim, cabe manter a conversa entre as teorias, uma vez que cada qual tem 
concepções e condições de manter sua presença viva no cenário educacional, uma 
vez que não se deve desprezar aquilo que foi construído em termos de educação ao 
longo da história. O que importa é ter clareza de que cada ação educativa irá promover 
 
8 
em relação ao ensino e aprendizagem, e não que seja adotada simplesmente como 
receita ou até mesmo desprezada por sua aparente inconsistência pedagógica. 
 
Vale sempre pensar a respeito de que se uma prática pedagógico-educacional 
em determinada época teve sua presença explicitada com razão, significa que, de 
certa ordem, trouxe e por que não dizer ainda traz desdobramentos significativos para 
a construção do conhecimento humano, histórico, geográfico cultural, econômico, 
político, ético ou social. 
 
A história do homem e sua constituição no que envolve o avanço nos estudos 
científicos nos mostra o quanto é importante consideramos o passado de nossas 
ações, afim de que se possa melhor entender o presente e vivenciar com plenitude o 
futuro que estamos construindo. 
 
Estudos nos mostram que é fundamental, na adoção de determinada 
estratégia, saber o que ela promove em termos de aprendizado. Não basta 
simplesmente aplica-la sem ter consciência dos desdobramentos que ela traz. 
 
Abandonar o que traz bons resultados e que fazem parte da experiência da 
construção histórica humana é desaconselhável pois sabemos que a cada retomada 
e ressignificação de conceitos representa a busca pelo aprimoramento do 
desenvolvimento histórico-geográfico-social do homem. Nada é criado a partir do 
nada. 
 
A escola tem a função de apresentar e tratar os conteúdos reconhecidos 
socialmente, mas, também, tem o dever de propiciar a reflexão sobre os assuntos e 
conteúdos escolares de forma crítica e responsável, a fim de que seja possível 
transformar o que for necessário. Considera-se os sujeitos como ativos e participantes 
na promoção de transformações sociais e espaciais. Desta forma, estarão, também, 
fazendo história. 
 
O que precisa ser tratado para que o ensino seja considerado de qualidade 
eficaz? 
 
Trata-se daquele que cumpre sua função escolar, contribuindo para a formação 
de cidadão autônomo e crítico com condições de superar problemas que preocupam 
a sociedade. 
 
As práticas que caracterizam o pensamento geográfico são marcadas pelo 
social e pelo âmbito espacial. 
 
A modernidade científica traz maiores condições de previsões que explicam de 
forma segura e são asseguradas pelas tecnologias mais eficazes. 
 
Abordamos alguns enfoques da contemporaneidade educacional que tratam de 
alguns aspectos relevantes no âmbito educacional, ao considera-se que o aluno 
necessita ter condições de ao atingir a escolaridade de: 
 
 
9 
 Dominar a leitura e a escrita autonomamente, com alfabetização e 
letramento nas diversas linguagens para que se constitua a leitura de 
mundo. 
 
 Capacidade de resolver situações-problema diversas em distintas 
circunstâncias que envolvem áreas de conhecimento. 
 
 Condição de observar, comparar, analisar, deduzir, compreender, 
interpretar dados, fatos e situações em diferentes contextos que se 
apresentam sob diferentes formas, a fim de possa sintetizá-los. 
 
 Consciência para aceitar e interagir criticamente com os meios de 
comunicação e mídias em geral, discernindo o que é real do que permeia 
o imaginário na rede de informação. 
 
 Compreensão para leitura de mundo e da circunstância que o cerca, com 
a possibilidade de interagir e de integrar-se ao entorno social. 
 
 Capacidade de saber localizar-se, locomover-se, com o apoio de 
recursos tecnológico modernos e atuais, acessar e utilizar da melhor 
forma os meios de informação que chega de forma avassaladora. 
 
 Exercer a pró atividade na busca da construção e do exercício de 
planejar, trabalhar em grupo de forma colaborativa, bem como em prol 
da decisão coletiva. 
 
 
 
No exercício e amplitude que envolve o raciocínio geográfico, cada vez mais 
acentua-se a ideia de que é um estudo em constante movimento, caracterizado por 
idas e vindas e que detém a condição e exercício do poder de influência sobre os 
seres, pois se trata da natureza e do homem em relação a tudo que os envolve. 
 
A ciência geográfica dispõe de recursos e conceitos estruturantes para o 
aprimoramento do estudo da área e inserção no mundo, com o qual interagimos, para 
melhor compreender as noções de espaço, tempo, sociedade, lugar, paisagem, região 
e território. Assim é provável

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