Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Introdução à patologia Gutembergmann Batista Coutinho - 2017.2 Conceitos: Conceito de Saúde e Doença: Doença: É uma propriedade geral dos seres vivos representada pela capacidade de ser sensível às variações do meio ambiente (irritabilidade) e de produzir respostas (variações bioquímicas e fisiológicas) capazes de adaptá-los é um estado de falta de adaptação ao ambiente físico, psíquico ou social, no qual o indivíduo se sente mal (tem sintomas) e/ou apresenta alterações orgânicas evidenciáveis objetivamente (sinais clínicos). Saúde: um estado de adaptação do organismo ao ambiente físico, psíquico ou social em que vive, de modo que o indivíduo se sente bem (saúde subjetiva) e não apresenta sinais ou alterações orgânicas (saúde objetiva). 💥Saúde e normalidade não têm o mesmo significado. A palavra saúde é utilizada em relação ao indivíduo, enquanto o termo normalidade (normal) é utilizado em relação a parâmetros de parte estrutural ou funcional do organismo. O normal (ou a normalidade) é estabelecido a partir da média de várias observações de determinado parâmetro, utilizando-se, para o seu cálculo, métodos estatísticos. Definição da Patologia Patologia: é a ciência que estuda as causas das doenças, os mecanismos que as produzem, os locais onde ocorrem e as alterações moleculares, morfológicas e funcionais que apresentam. ≠ Medicina: abrange todos os conteúdos e suas relações com as doenças. A arte ou a ciência de promover a saúde, minorar ou cuidar dos sofrimentos produzidos. Agente etiológico: Agente causador da doença; Patogenia: Refere-se à sequência de eventos da resposta das células ou dos tecidos ao agente etiológico, desde o estímulo inicial até a expressão final da doença em si. Alterações morfofuncionais: Referem-se às alterações estruturais nas células ou nos tecidos que são característicos da doença ou levam ao diagnóstico do processo etiológico. Manifestações clínicas das doenças: A natureza das alterações morfológicas e sua distribuição nos diversos órgãos ou tecidos influencia a função normal e determina as características clínicas (sinais e sintomas), curso e prognóstico de uma doença. As interações célula-célula e célula-matriz contribuem de forma significativa para a resposta às lesões levando, em conjunto, à lesão tecidual e do órgão, que são tão importantes quanto o dano celular na definição dos padrões morfológicos e clínicos da doença. Introdução à patologia Gutembergmann Batista Coutinho - 2017.2 Métodos de estudo da patologia: Agressão, defesa, adaptação, lesão: Lesão (ou processo patológico): o conjunto de alterações morfológicas, moleculares e/ou funcionais que surgem nos tecidos após agressões: Alterações morfológicas que caracterizam as lesões podem ser observadas macroscopicamente ou ao microscópio de luz ou eletrônico (alterações microscópicas e submicroscópicas); As alterações moleculares, que muitas vezes se traduzem rapidamente em modificações morfológicas, podem ser detectadas com métodos bioquímicos e de biologia molecular; As alterações funcionais manifestam-se por alterações da função de células, tecidos, órgãos ou sistemas e representam os fenômenos fisiopatológicos já definidos. Toda lesão se inicia no nível molecular. As alterações morfológicas celulares surgem em consequência de modificações na estrutura das membranas, do citoesqueleto e de outros componentes, além do acúmulo de substâncias nos espaços intercelulares. A ação dos agentes agressores, qualquer que seja a sua natureza, se faz basicamente por dois mecanismos: Ação direta: alterações moleculares que se traduzem em modificações morfológicas; Ação indireta: através de mecanismos de adaptação que, ao serem acionados para neutralizar ou eliminar a agressão, induzem alterações moleculares que resultam em modificações morfológicas. Desse modo. os mecanismos de defesa, quando acionados. podem também gerar lesão no organismo. os mecanismos defensivos em geral são destinados a matar (lesar) invasores vivos, os quais são formados por células semelhantes às dos tecidos. 💥 Ex: DIMINUIÇÃO DE ATP: - Muitos agentes lesivos agem por reduzir o fluxo sanguíneo, o que diminui o fornecimento de oxigênio para as células e reduz a produção de energia (↓ ATP) - Agentes que inibem enzimas da cadeia respiratória; outros diminuem a produção de ATP porque impedem o acoplamento da oxidação com o processo de fosforilação do ADP; - Há ainda agressões que aumentam as exigências de ATP sem induzir aumento proporcional do fornecimento de oxigénio. Em todas essas situações, a deficiência de ATP interfere com as bombas cletrolflicas, com as sínteses celulares, com o pH intracelular e com outras funções que culminam com o acúmulo de água no espaço intracelular e com uma série de alterações ultraestruturais que recebem, em conjunto, o nome de degeneração hidrópica. Exames citopatológicos: Conceito: Estudo/diagnóstico das doenças através da avaliação celular. O ideal é tecido profundo, pois o superficial não é organizado. Tipos: Descamação celular espontânea. EX: URINA, ESCARRO Descamação celular esfoliativa. EX: ESCOVADOS, RASPADOS, IMPRINTS. Indicações da descamação celular esfoliativa: Introdução à patologia Gutembergmann Batista Coutinho - 2017.2 Lesões com úlceras sem diagnóstico definido Campos positivos para o azul de toluidina Acompanhamento de lesões propensas a malignização Preservação e acompanhamento de áreas que já abrigaram um carcinoma Quando recusada a biópsia. Restrições e cuidados a serem adotados: - Não descamar a região com úlcera em si. - Áreas ricas em queratina ou necrosadas são contraindicadas para citopatologia - Espátula de madeira é contraindicada para citopatologia, porque a madeira absorve a umidade mucosa e, junto com ela, algumas células. Ou faz-se o uso de espátula de metal ou imergir a madeira por 3 minutos em soro fisiológico. Fixação e processamento histológico: A amostra de células deve ser adequadamente fixada. O fixador mais empregado é o álcool etílico em diferentes concentrações. No caso de exames colpocitológicos, é importante que o esfregaço seja fixado imediatamente, ainda úmido, em álcool etílico a 95%; O ressecamento antes da fixação torna o esfregaço ruim para o exame adequado das células, quando são corados pelo método de Papanicolau. Por outro lado, esfregaços secos antes da fixação são muito usados em colorações hematológicas. Secreções ricas em muco (escarro, material do tubo gastrintestinal) ou em proteínas (líquidos serosos) podem ser guardadas cm geladeira por até um dia antes de serem encaminhadas ao laboratório, pois o muco protege as células, e as proteínas servem como nutrientes. Líquidos pobres em proteínas ou em muco (liquor, urina etc.) só podem ser mantidos na geladeira por poucas horas. Quando esse material não puder ser logo encaminhado ao laboratório, é necessário fixá-lo em igual volume de etanol a 50%. Coloração universal: Papanicolau. Procedimentos laboratoriais: Os resultados podem ser classificados em classes, de 0 (indivíduo saudável) à 5/v (lesão maligna). Em resultados de 4 a 5, é indicado ao indivíduo a realização de uma biópsia. Exames anatomopatológicos (biópsia): Introdução à patologia Gutembergmann Batista Coutinho - 2017.2 Conceito: O estudo/diagnóstico das doenças através da avaliação histológica: biópsias, que podem ser feitas tanto para diagnóstico, quanto para tratamento. Tipos: Por Punch: o médico remove uma amostra mais profunda, utilizando um cilindro cortante, que atravessa várias camadas da pele, incluindo a derme, epiderme, e a parte superior do tecido celular subcutâneo. O procedimento é realizado com anestesia e, geralmente, por dermatologistas. Biópsia de congelação ou Transoperatório: (patologista acompanha a cirurgia);Pinça saca-bocado: auxilia na biópsia em regiões de difícil acesso, como amígdala, úvula, palato mole e bordas com úlceras bem definidas Biópsia incisional: análise de apenas um fragmento da lesão. Biópsia excisional: análise de toda a lesão. Em geral, primeiro se realiza a biópsia incisional, para assim ser analisada a necessidade de um procedimento excisional. Restrições e cuidados a serem adotados: - O material colhido deve ser representativo e tratado de maneira adequada. Não é necessário que o seu tamanho seja exagerado. Fragmentos às vezes diminutos são suficientes para diagnóstico, desde que obtidos de locais apropriados, retirados com os devidos cuidados e processados convenientemente. - O ressecamento antes da fixação torna o esfregaço imprestável. Secreções ricas em muco ou proteínas podem ser guardadas em geladeira em até um dia antes de ir para o laboratório. Quando o material não puder ser encaminhado para o laboratório, é necessário fixa-lo em volume de etanol 50%. - Biópsias de lesões ulceradas devem conter a margem de transição entre a úlcera e os tecidos adjacentes e subjacentes. - Uma biópsia superficial pode conter somente material necrótico-inflamatório, não mostrando as lesões graves subjacentes. - Lesões submucosas podem, ocasionalmente, não ser amostradas, como no caso de um carcinoma prostático, que cresce e eleva a mucosa retal: uma biópsia superficial nessa área pode não atingir o tumor. Assim. o cirurgião deve considerar muito bem as características anatómicas da lesão para obter material representativo; muitas vezes. uma biópsia mais alargada faz menos mal ao paciente do que a repetição de todo o procedimento. Introdução à patologia Gutembergmann Batista Coutinho - 2017.2 - Se a porção cortante do instrumento não estiver em boas condições, fatalmente produzirá artefatos nos tecidos que prejudicam ou impedem a análise microscópica e, portanto, o diagnóstico correto. - Erros podem aparecer em casos de: material não representativo, hemorragia, metástase tumoral, má fixação, infecções, deficiências da cicatrização. - Deve ser analisado o tamanho da peça, nº de fragmentos, formas e limites, cor e consistência da peça. Fixação e processamento histológico: O material obtido, exceto nos casos de exame por congelação ou para procedimentos especiais, deve ser colocado em fixador o mais brevemente possível. Biópsias pequenas ressecam rapidamente e, assim, podem se tornar inadequadas para diagnóstico anatomopatológico. O fixador universal é o formaldeído a 4% (ou seja. formol bruto a 10%), de preferência tamponado. 0 volume do fixador deve ser de pelo menos, seis a dez vezes aquele do espécime. Nunca se deve colocar uma amostra em recipiente de boca menor do que o próprio espécime, pois isso pode causar deformidades irreversíveis na peça. Procedimentos laboratoriais: Células naturais possuem uma proporção de citoplasma bem maior, quando comparada ao núcleo. Em células malígnas, o tamanho do citoplasma e do núcleo se assemelham, ou no mínimo possuem uma proporção bastante diferenciada de seu padrão. Necrópsia (ou autópsia): Exame post-mortem sistemático dos órgãos ou de parte deles para determinar a causa da morte e conhecer as lesões e doenças existentes no indivíduo. A necropsia é completa quando todos os órgãos são dissecados e examinados detalhadamente. Esta é realizada geralmente em grandes centros médicos, principalmente em faculdades de Medicina, onde se procura não só determinar a causa de morte, mas também correlacionar os achados morfológicos com os clínicos. A necropsia pode também ser parcial, quando apenas alguns órgãos são removidos através de incisões regionais, de reabertura de incisões cirúrgicas prévias ou de punção com agulha. Além da necropsia médico-científica já descrita, existem também as autópsias médico-legais, que têm por objetivo fundamental, determinar a causa da morte. A necropsia médico-legal é obrigatória por lei em certas condições, sobretudo quando se trata de morte violenta (homicídio, suicídio, acidentes de trânsito ou do trabalho etc.). Nesses casos, além da retirada de órgãos para exame morfológico, faz-se coleta de sangue e de secreções para análise toxicológica. Técnicas especiais de estudo: Introdução à patologia Gutembergmann Batista Coutinho - 2017.2 Imunoistoquímica: é o conjunto de procedimentos que utiliza anticorpos como reagentes específicos para detecção de antígenos presentes em células ou tecidos. O produto da reação antígeno-anticorpo é examinado ao microscópio em preparados citológicos, em cortes histológicos de amostras incluídas em parafina ou em cortes obtidos de tecidos congelados e cortados em criostato. Quando os antígenos são constituídos por estruturas subcelulares ou estão nelas depositados e só podem ser localizados adequadamente pela microscopia eletrônica. fala-se em imunocitoquímica ultra estrutural. O termo imunocitoquímica é usado também nos casos em que o método é aplicado em exames citológicos (esfregaços, cultura de células). Entretanto, em muitos textos, esses dois termos, imunoistoquímica e imunocitoquímica continuam sendo utilizados como sinónimos. Além de antígenos celulares e teciduais presentes em condições normais ou patológicas, a imunoistoquímica é também utilizada para identificar elementos estranhos às células ou aos tecidos, como microrganismos de difícil reconhecimento quando se procede a colorações rotineiras, como partículas virais, fungos, bactérias e outros agentes infecciosos. A imunoistoquímica é técnica essencialmente qualitativa. Embora métodos quantitativos possam ser aplicados para determinar o número de elementos presentes ou a intensidade da reação, seu objetivo fundamental é o encontro e a localização topográfica de antígenos nos tecidos. O produto da reação imunoistoquímica deve ser sempre interpretado cm conjunto com os achados morfológicos, e não simplesmente em termos de reação positiva ou negativa. O desconhecimento desse princípio é muitas vezes motivo de e Imunofluorescência: a imunofluorescência pode ser direta ou indireta. Na direta, o anticorpo primário é ligado a um composto fluorescente; o mais usado é o isotiocianato de fluoresceína, que emite luz verde brilhante quando estimulado por luz ultravioleta. No método indireto, um anticorpo primário se liga ao antígeno de interesse. A substância fluorescente é conjugada a um anticorpo secundário que por sua vez, reconhece a porção Fc do anticorpo primário e com ele forma reação específica. Depois de processadas, as lâminas são examinadas em microscópio de fluorescência equipado com fonte de luz ultravioleta. A imunofluorescência indireta é mais específica, uma vez que o anticorpo primário se encontra livre do marcador e o sinal só aparece após duas ligações antígeno-anticorpo o que permite maior especificidade e melhor controle da reação. Cultura celular: A cultura celular consiste basicamente na manutenção e multiplicação in vitro de células vivas. Para isso, células obtidas de diferentes maneiras são mantidas no interior de recipientes apropriados (frascos de vidro ou de plástico, de diferentes tamanhos e formas) juntamente com um meio de cultura. Este contém componentes variados. Um meio considerado mínimo contém aminoácidos essenciais, vitaminas e sais; quando complementado por outros metabólitos (outros nutrientes, minerais etc.), é chamado meio completo. A principal utilidade dos estudos in vitro é a análise do metabolismo e do comportamento celular. Como in vitro a grande maioria dos fatores externos pode ser controlada, é possível conhecer com precisão propriedades importantes das células e os efeitos dos mais diversos agentes moduladores do comportamento celular. Assim, por exemplo, podem-se conhecer em profundidade os mecanismos envolvidos na regulação, síntese e destino de produtoscelulares (p. ex., proteínas), a influência de agentes externos na biologia das células (fatores de crescimento. hormônios, substâncias tóxicas), o papel da informação genética nas atividades celulares, enfim, os múltiplos aspectos do funcionamento celular. Introdução à patologia Gutembergmann Batista Coutinho - 2017.2 Hibridização in situ: A Hibridização in situ é uma técnica pela qual se identificam sequências específicas de nucleotídeos em células ou cortes histológicos. Estas podem ser de DNA ou RNA, endógenas, bacterianas ou virais. Esta técnica de pesquisa está sendo traduzida para a prática diagnóstica, principalmente nas áreas de expressão gênica, infecção e citogenética de interfase. As aplicações diagnósticas são mais frequentemente baseadas em sequências curtas de nucleotídeos (oligômeros) marcados com moléculas sinalizadoras não isotópicas, e os sítios de ligação podem ser localizados por reações histoquímicas ou imuno-histoquímicas. PCR (Polimerase chain reaction) A técnica de PCR consiste em ciclos repetitivos de síntese de um segmento de DNA, utilizando uma DNA Polimerase, nucleotídeos e outros co-fatores. Quando se deseja amplificar uma sequência de RNA, este é inicialmente convertido em cDNA (DNA complementar) por ação de uma transcriptase reversa. Num primeiro tempo, as duas fitas de DNA são separadas pelo calor; a seguir, dois iniciadores hibridizam com as duas fitas de DNA polimerase e flanqueiam a região de interesse; finalmente, a DNA polimerase, a partir do iniciador, copia o segmento de DNA desejado. O produto assim obtido serve como molde para a síntese subsequente.
Compartilhar