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Resposta protetora dos tecidos vascularizados contra um antígeno, com o objetivo de destruir, diluir ou bloquear o agente agressor. Visa também cicatrizar e reconstituir o tecido lesado – esse reparo inicia durante as fases iniciais da inflamação e termina quando a causa nociva é neutralizada. Sintomas: o Dor; o Calor; o Rubor; o Impotência funcional; o Tumor. Durante o reparo do tecido lesado há substituição através da regeneração de células parenquimatosas ou preenchimento do defeito por tecido fibroso – cicatrização. Eventual efeito: Podem ser potencialmente lesivas – ateroesclerose, glomerulonefrite, artrite reumatoide e fibrose pulmonar. INFLAMAÇÃO AGUDA Resposta inicial e imediata a um agente agressor – curta duração, com características de exsudação de líquidos e proteínas plasmáticas e emigração de leucócitos. Fases: Alterações vasculares: Vasoconstrição arteriolar – dura alguns segundos e é seguida de vasodilatação – abertura de novos leitos capilares na área inflamada levando a um aumento de fluxo sanguíneo. A hiperemia é responsável pelo rubor e calor do foco inflamatório. Alterações da permeabilidade: A vasodilatação ocasiona lentidão na corrente circulatória, aumentando a permeabilidade da microcirculação – permite a saída de água, eletrólitos, proteínas, fibrina e fibrinogênio para o interstício, formando o exsudato ® aumento da viscosidade (hiperemia passiva – estase) MECANISMOS DE AUMENTO DA PERMEABILIDADE 1. Formação de lacunas endoteliais: o Resposta transitória imediata; o Rápida e reversível; o Ação de mediadores químicos (histamina, bradicinina e leucotrienos). 2. Reorganização do citoesqueleto (retração endotelial) – por ação de mediadores químicos as células endoteliais se retraem uma das outras. 3. Transcitose aumentada – transporte e translocação de componentes da membrana celular por ação de mediadores químicos. Ocorre através do citoplasma endotelial por canais formados por vesículas e vacúolos interconectados (junções intercelulares). 4. Lesão endotelial direta: Necrose e desprendimento das células endoteliais – lesão direta do endotélio pelo agente nocivo. Ex.: Queimaduras ou infecções bacterianas. Permeabilidade Aumento do fluxo sanguíneo Inflamação Aguda Gabrieli Flesch – ATM 25/2 5. Extravasamento prolongado tardio – inicia após retardo de 2 a 12h. Possível lesão celular retardada (apoptose). Ex.: Queimadura solar ou toxinas bacterianas. 6. Lesão endotelial mediada por leucócitos – aderem ao endotélio liberando espécies tóxicas de oxigênio e enzimas proteolíticas que causam lesão e desprendimento endotelial ® aumento da permeabilidade. 7. Extravasamento de novos vasos sanguíneos – durante o reparo ocorre proliferação das células endoteliais e angiogênese. Os brotos permanecem permeáveis até que as células endoteliais se diferenciem e formem junções intercelulares. LEUCÓCITOS o Ingerir agentes ofensivos; o Destruição de bactérias; o Degradação do tecido necrótico; o Degradação de corpos estranhos; o Podem prolongar a inflamação; o Podem induzir lesão tecidual – liberação de enzimas, mediadores químicos e radicais tóxicos de oxigênio. Emigração: Na luz do vaso – marginação, rolagem e aderência. Transmigração através do endotélio – diapedese. Migração nos tecidos intersticiais – estímulo quimiotático. Quimiotaxia: Atração dos leucócitos para o campo inflamatório, após migração para fora do vaso, para iniciar o processo de fagocitose. Exsudato: Fluído inflamatório extravascular com alta concentração de proteínas e detritos celulares – depende da alteração da permeabilidade vascular. ETAPAS DA INFLAMAÇÃO o Agressão (lesão inicial); o Reação vascular (vasoconstrição e vasodilatação); o Transtornos de permeabilidade vascular (exsudação); o Reação dos leucócitos (exsudação leucocitária + quimiotaxia + fagocitose); o Proliferação de tecido conjuntivo vascular local; o Reparo e cicatrização. CÉLULAS DA REAÇÃO INFLAMATÓRIA NEUTRÓFILOS Surgem no estado inicial de quase todas as reações inflamatórias agudas – especialmente bacterianas. Fazem fagocitose e desaparecem rapidamente. MONÓCITOS São mais resistentes e podem sobreviver várias semanas – provenientes do sangue. Podem multiplicar-se nos tecidos e transformar-se em macrófagos (ao sair dos vasos), bem como em células epitelioides e fibroblastos – fazem fagocitose. LINFÓCITOS Surgem tardiamente e podem persistir meses – produzem anticorpos. EOSINÓFILOS Mais comuns em infecções parasitárias e alérgicas – colaboram na reação Ag/Ac. PLASMÓCITOS Produzem anticorpos – são mais comuns na periferia do foco inflamatório. FAGOCITOSE Incorporação de partículas microscópicas no citoplasma das células (fagócitos) fazendo sua degradação ou transformando-as em substâncias inócuas – utilizam enzimas celulares e produtos metabólicos. Fases: Reconhecimento e adesão pelos neutrófilos e macrófagos (opsonização: IgG e C3b), ingestão e destruição (degradação). Tipos de macrófagos: Monócito – sangue, histiócito – tecido conjuntivo, células reticulares – baço, linfonodos e medula óssea, células de Kupfer – fígado, células da micróglia – SNC e osteoclastos – ossos. o Ingestão: Pseudópodos: Pela membrana citoplasmática da célula – a membrana limitante do vacúolo fagocítico se fusiona com a membrana limitante dos grânulos lisossomais dos leucócitos. Descarga: Realizada para eliminar o conteúdo dos grânulos com saída de enzimas hidrolíticas. o Destruição: Por mecanismos bactericidas dependentes de oxigênio – sistema H2O2. Por mecanismos bactericidas independentes de oxigênio – íon hidrogênio, enzima lisozima, proteínas catiônicas ricas em arginina e lactoferrina. o Tipos de exsudato: Fibrinosa, purulenta, hemorrágica e serosa. MEDIADORES QUÍMICOS o Originam-se no plasma e nas células; o Desenvolvem sua atividade biológica através da ligação a receptores específicos celulares; o São capazes de estimular a liberação de mediadores por parte das próprias células-alvo. o Atuam sobre um ou mais tipos de células-alvo, alvos variados e podem apresentar efeitos diferentes de acordo com as células e tecidos em contato; o Uma vez ativados e liberados a maioria tem curta duração. Celulares: Pré-formatados (sequestrados em grânulos) – histamina (mastócitos), serotonina e enzimas lisossomais. Recém-formatados (sintetizados originalmente) – prostaglandinas, leucotrienos, fator ativador plaquetário, citocinas e óxido nítrico. Plasmáticos: Por ativação do complemento C3a, C5a, C3b e C5b-9 e por ativação do fator de Hageman – sistema cinina (bradicinina) e sistema de coagulação- fibrinólise. AMINAS VASOATIVAS HISTAMINA Origem: Mastócitos e basófilos. Ativação: Agentes físicos (trauma, calor e frio), reações imunes, anafilatoxinas, proteínas liberadoras de histamina derivadas de leucócitos, neuropeptídios e citocinas. Ação: Vasodilatação arteriolar e aumento da permeabilidade vascular. SEROTONINA Origem: Plaquetas. Ativação: Contato com colágeno, trombina, adenosina difosfato e complexo Ag/Ac. PROTEASES PLASMÁTICAS SISTEMA COMPLEMENTO Sistema de 20 proteínas plasmáticas que atua na imunidade – defesa contra agentes microbianos e agente ativador da lise de micróbios. Aumenta a permeabilidade vascular, quimiotaxia e opsonização. Células normais: Inibidores proteicos. Presentes no plasma na forma inativa: C1 a C9. Ação: C3a, C5a e C4a – permeabilidade vascular e vasodilatação através da liberação de histamina dos mastócitos. C3b: Fagocitose. C5a: Adesão e quimiotaxia para neutrófilos, monócitos e eosinófilos. SISTEMA CININA Ativação: Fator Hageman (fator XII) da via intrínseca da coagulação. Ação: Libera bradicinina, que aumenta a permeabilidade vascular, vasodilatação e dor. A bradicinina é rapidamente inativada pela quinase.SISTEMA DE COAGULAÇÃO Ativação: Fator Hageman. Ação: Converte fibrinogênio em fibrina através da ativação da trombina – ocorre formação de fibrinopeptídios, que agem na permeabilidade vascular e quimiotaxia para neutrófilos. METABÓLITOS DO ÁCIDO ARAQUIDÔNICO PROSTAGLANDINAS Formação: A partir do ácido araquidônico (ácido graxo) – via da cicloxigenase (bloqueio para aspirina). Tipos: PGE, PGD, PGF e PGLI2. Ação: Vasodilatação e potencializa a formação de edema. LEUCOTRIENOS Formação: A partir do ácido araquidônico – via da lipoxigenase (enzima presente nos neutrófilos). Produto: 5-HETE. Ação: Quimiotaxia. FATOR DE ATIVAÇÃO PLAQUETÁRIA Origem: Fosfolipídios da membrana por ativação das fosfolipases. Ação: Vasodilatação, aumento da permeabilidade vascular (mais potente que que a histamina), aumento da adesão leucocitária ao endotélio e quimiotaxia. CITOCINAS Tipos: Interleucina 1 (IL1) e fator de necrose tumoral (TNF). Ativação: Macrófagos por ação de produtos bacterianos, complexos imunes, toxinas, lesões físicas e outras citocinas. Ação: Reações de fase aguda – febre, sono e diminuição de apetite. Efeitos endoteliais – aderência leucocitária, síntese de PG1 e atividade pró- coagulante. Efeitos fibroblásticos – proliferação e colágeno, colagenase e protease. ÓXIDO NÍTRICO Origem: Gás solúvel produzido por células endoteliais, macrófagos e neurônios centrais específicos – potente vasodilatador (fator de relaxamento do endotélio). Tempo de ação: Alguns segundos. Ação: Citotóxico para micróbios. RADICAIS LIVRES Origem: Liberados por leucócitos. Ativação: Agentes quimiotáticos – imunocomplexos. Modo de ação: Aumento da permeabilidade vascular e inativação de antiproteases (destruição de matriz extracelular). Vasodilatação: Prostaglandinas e óxido nítrico. Permeação vascular crescente: Aminas vasoativas, C3a e C5a (liberação de aminas), bradicinina, leucotrienos C4, D4 e E4, FAP e substância P. Ativação da quimiotaxia dos leucócitos: C5a, leucotrieno B4, quimioquinas e produtos bacterianos. Febre: IL-1, IL-6 e FNT, prostaglandinas e bradicinina. Dano tecidual: Enzimas lisossomais de neutrófilos e macrófagos, metabólitos de oxigênio e óxido nítrico. Desenlace da inflamação aguda: Resolução completa, cura por substituição – tecido conjuntivo (fibrose), formação de tecido de granulação e progressão para a inflamação crônica. Inflamação de duração prolongada – inflamação ativa, destruição tecidual e tentativas de reparo, com predominância de fenômenos proliferativos. Progressão: o Impossibilidade de resolver a inflamação aguda e nem restaurar o tecido lesado; o Persistência do agente agressor – sífilis, TBC, fungos; o Exposição prolongada a agentes potencialmente tóxicos – sílica; o Doenças autoimunes. MORFOLOGIA o Infiltrado de células mononucleares – macrófagos, linfócitos e plasmóticos; o Destruição tecidual induzida pela persistência do agente agressor ou células inflamatórias; o Tentativas de cicatrização pela substituição do tecido lesado por tecido conjuntivo – angiogênese e fibrose. Células: Macrófagos, linfócitos B e T, plasmócitos (produção de anticorpos), eosinófilos (eventuais), células endoteliais e fibroblastos. TIPOS DE INFLAMAÇÃO TECIDO DE GRANULAÇÃO Proliferação de fibroblastos e células endoteliais vasculares – mediada por macrófagos, linfócitos T ativados, fatores plasmáticos e derivados de plaquetas. Formação de pequenos vasos sanguíneos para constituir o tecido de granulação. Formam-se por brotamento de vasos pré-existentes. GRANULOMATOSA Acúmulo de macrófagos modificados (células epitelioides) desencadeada por uma variedade de agentes – substâncias indigeríveis ou imunidade mediada por células T são essenciais para a formação. Granuloma: Acúmulo microscópico de macrófagos que se transformam em células epiteliais, cercadas por um colar de leucócitos mononucleares (linfócitos). Podem se fundir e formar células gigantes. Langhans: Aspecto lembra uma ferradura – processos infecciosos. Touton: Lembra uma coroa – presença de gordura. Corpo estranho: Núcleos dispostos ao acaso – presença de um corpo estranho. Bacterianas: Tuberculose, lepra, sífilis e doença da arranhadura do gato. Parasitárias: Esquistossomose. TUBERCULOSE Granuloma denominado tubérculo – presença de necrose caseosa central, acúmulo de macrófagos, células gigantes de Langhans e coroa linfocitária. Lepra: Causada pelo bacilo Mycobacterium leprae, que afeta os nervos e a pele. Fúngicas: Criptococose, paracoccidioidomicose e histoplasmose. Metais e poeiras inorgânicas: Silicose e beriliose. Desconhecida: Sarcoidose – granulomas não- caseosos. Inflamação Crônica
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