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Apostila Direito Processual Civil III - conteúdo para segunda prova

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5.2. JUÍZO DE MÉRITO
· Ultrapassado o juízo de admissibilidade, isto é, presentes todos os requisitos necessários ao julgamento do recurso e assim declarado pelo órgão ad quem, passa-se imediatamente ao exame do seu mérito, cujo objeto consiste no próprio conteúdo da impugnação à decisão atacada, verificando-se a existência ou inexistência de fundamento para o que se postula;
· No mérito pode se denunciar error in judicando, pedindo-se , em consequência, a reforma da decisão injusta, ou error in procedendo, pleiteando-se a invalidação da decisão, averbada como ilegal; 
· Nesses casos, o mérito recursal é o mesmo da atividade cognitiva no grau inferior de jurisdição. Contudo, o mérito recursal pode ou não se confundir com o mérito da causa, sendo possível, por exemplo, ter como o mérito do recurso uma preliminar da demanda e até mesmo, com base no art. 1.013, parágrafo 3º do CPC, pode o Tribunal analisar questão ainda não posta à cognição do juízo.
· Vale ressaltar que nos casos de embargos de declaração e agravo de instrumento, o juízo de admissibilidade é imediato e não dúplice (significa que será feito apenas uma vez pelo órgão que irá julgar o mérito da causa) e, por isso, tão logo se faça análise do juízo de admissibilidade, e constatado o preenchimento dos requisitos de validade, passa-se imediatamente ao juízo de mérito;
· Quando o Tribunal julga o mérito da causa ele decide pelo provimento ou não provimento do recurso analisado no caso concreto.
06. EFEITOS DOS RECURSOS
· O CPC tem como premissa fazer com que o processo caminhe sempre pra frente, em direção ao desfecho que contemple o mérito da causa e que realize a efetiva prestação jurisdicional;
· Art. 505 do CPC: preclusão pro iudicato:
Art. 505. Nenhum juiz decidirá novamente as questões já decididas relativas à mesma lide, salvo:
I - se, tratando-se de relação jurídica de trato continuado, sobreveio modificação no estado de fato ou de direito, caso em que poderá a parte pedir a revisão do que foi estatuído na sentença;
II - nos demais casos prescritos em lei.
· O mecanismo dos recursos tem sempre a força de impedir a imediata ocorrência da preclusão;
- Os recursos produzem efeitos à sua interposição e ao seu julgamento. São eles:
6.1 EFEITO REGRESSIVO
· Em regra, somente o órgão ad quem possui competência para apreciar o mérito do recurso, uma vez que o juízo a quo, depois de proferida a decisão só poderá alterá-la dentro dos limites legais. Eis a regra geral no CPC:
Art. 494. Publicada a sentença, o juiz só poderá alterá-la:
I - para corrigir-lhe, de ofício ou a requerimento da parte, inexatidões materiais ou erros de cálculo;
II - por meio de embargos de declaração.
· Todavia, em certas hipóteses, a lei confere ao órgão prolator da decisão impugnada o poder de se retratar. Tal possibilidade é conhecida como juízo de retratação;
· Esse poder é conferido ao juiz quando interposta apelação contra sentença que indeferiu liminarmente a petição inicial (art. 331 do CPC), bem como quando interposto agravo. O art. 332 do CPC que disciplina a figura da improcedência liminar do pedido, também admite que, uma vez interposto o recurso de apelação, o magistrado poderá exercer o juízo de retratação (reformulando a própria decisão);
· Nesse caso, não mais remeterá os autos à instância superior, mas determinará que seja dado prosseguimento ao feito ainda em primeiro grau de jurisdição. Assim também ocorre nas disposições legislativas do Estatuto da Criança e do Adolescente (art. 198, VII, da Lei nº 8.069/1990). Por outro lado, o julgamento dos embargos de declaração é feito exclusivamente pelo órgão do qual emanou a decisão embargada:
Art. 198. Nos procedimentos afetos à Justiça da Infância e da Juventude, inclusive os relativos à execução das medidas socioeducativas, adotar-se-á o sistema recursal da Lei n o 5.869, de 11 de janeiro de 1973 (Código de Processo Civil), com as seguintes adaptações:
...
VII - antes de determinar a remessa dos autos à superior instância, no caso de apelação, ou do instrumento, no caso de agravo, a autoridade judiciária proferirá despacho fundamentado, mantendo ou reformando a decisão, no prazo de cinco dias.
11
6.2 EFEITO DEVOLUTIVO
· O conhecimento da matéria impugnada é transferido para órgão diverso daquele que proferiu a decisão atacada, isto é, leva-se ao órgão ad quem o conhecimento daquilo que foi objeto de impugnação;
· O efeito devolutivo é o principal e mais iminente efeito dos recursos, uma vez que “devolve” à instância superior a matéria que foi objeto de discussão e deliberação na instância inferior, possibilitando a reforma ou invalidação da decisão recorrida;
· A extensão e a profundidade do efeito devolutivo variam de acordo com o recurso interposto, não podendo, no entanto, sua extensão ultrapassar os limites da própria impugnação. Nesse sentido, ensina Araken de Assis (2016, p. 517) recordando as lições de Barbosa Moreira, lembra as dimensões horizontal (extensão-matéria) e vertical (profundidade-fundamentos) do efeito devolutivo;
· Trata-se da manifestação do princípio do dispositivo, permitindo à parte determinar os limites dentro dos quais o órgão ad quem apreciará a pretensão recursal e proibindo, com isso, o julgamento extra, ultra ou citra petita;
· A sistemática recursal inaugurada em 2015 passa a prever, no art. 995 do CPC, que todas as espécies recursais produzem efeito meramente devolutivo, salvo decisão judicial em sentido contrário ou disposição legal, como no caso da apelação (art. 1012, caput, do CPC). Via de regra, portanto, não haverá óbice à eficácia da decisão passível de sofrer execução provisória, assim sendo:
Art. 995. Os recursos não impedem a eficácia da decisão, salvo disposição legal ou decisão judicial em sentido diverso.
Parágrafo único. A eficácia da decisão recorrida poderá ser suspensa por decisão do relator, se da imediata produção de seus efeitos houver risco de dano grave, de difícil ou impossível reparação, e ficar demonstrada a probabilidade de provimento do recurso.
Art. 1.012. A apelação terá efeito suspensivo.
· Conforme o parágrafo único do art. 995, a exceção se desenha nos casos em que o relator decide suspender a eficácia da decisão recorrida, em virtude de a imediata produção de seus efeitos poder gerar risco de dano grave, de difícil, ou impossível reparação, devendo também ficar demonstrada a probabilidade de ser provido o recurso;
· Há que se mencionar o efeito devolutivo em profundidade previsto no art. 1.013, parágrafo 2º do CPC:
Art. 1.013. A apelação devolverá ao tribunal o conhecimento da matéria impugnada.
§ 2º Quando o pedido ou a defesa tiver mais de um fundamento e o juiz acolher apenas um deles, a apelação devolverá ao tribunal o conhecimento dos demais.
· O efeito devolutivo, assim, permite que o apelante discuta quaisquer questões ainda não preclusas, sejam elas relativas a questões processuais, fáticas ou jurídicas. Excluem-se dessa vedação, as questões chamadas de ordem pública (aquelas que vão ao tribunal por força do efeito translativo, que podem ser discutidas a qualquer tempo e em qualquer grau de jurisdição, não se submetendo à preclusão);
· Nota-se que a extensão do efeito devolutivo se dará pela extensão da impugnação, sendo vedada impugnação maior do que a matéria decidida, no entanto, lícita a impugnação de menor extensão, conforme a ideia de possibilidade de impugnação parcial (BARBOSA, 2008, p. 432). Trata-se de uma remessa para controle, e, portanto, é vedado trazer fato novo que autonomamente altere a causa de pedir, exceto nos casos do artigo 1.014 do CPC, quando as questões de fato, não propostas no juízo inferior, poderão ser suscitadas na apelação, se a parte provar que deixou de fazê-lo por motivo de força maior.
6.3 EFEITO TRANSLATIVO
· Trata-se de efeito semelhante ao devolutivo e, consequentemente, também concerne à cognição do Tribunal sobre a causa, mas que dele se difere na medida em que o efeito devolutivo depende de expressa manifestação da parte, devolvendo ao Tribunal apenas a matéria impugnada, enquantoo translativo se opera mesmo diante da ausência de expressa manifestação da vontade do recorrente;
· Assim, enquanto o efeito devolutivo impõe limites à cognição do Tribunal, o translativo vem atenuar o rigor de referidos limites, permitindo que certas matérias, por serem de ordem pública (não sujeitas, portanto, á preclusão), possam ser examinadas pelo Tribunal, conquanto não tenham sido objeto de impugnação do recorrente.
6.4 EFEITO SUSPENSIVO
· Nos recursos dotados de tal efeito, a decisão recorrida não produz efeitos antes do julgamento da impugnação. A suspensão, via de regra, é toda a eficácia da decisão, e não apenas de sua eficácia a título executivo;
· O efeito suspensivo não permite que a decisão recorrida seja, de pronto, executável provisoriamente uma vez que susta os efeitos dessa execução enquanto não for proferida nova decisão pela instância ad quem;
· Embora esse efeito seja incluído entre aqueles produzidos pela interposição dos recursos, esta não cessa eventuais efeitos da decisão que já estivessem se produzindo, tão somente prolongando o estado de ineficácia da decisão – e de toda ela – porque sujeita à impugnação;
· O efeito suspensivo do recurso é uma forma de prolongar a ineficácia da decisão recorrida até o julgamento, o qual poderá confirmar ou retificar a decisão combalida.
· No caso, o pronunciamento jurisdicional impugnável por meio de recurso dotado de efeito suspensivo já nascerá sem produzir seus efeitos e a interposição efetiva do recurso irá apenas diferir a eficácia dessa decisão judicial (ORIONE NETO, 2006, p. 127). Imperioso ressaltar, por outro lado, que o recorrente pode optar por não rediscutir todos os pontos até então decididos, logo, sobre tais aspectos não incidirá a suspensão, em razão de que não pode haver suspensão com extensão maior que a da devolução (DINAMARCO, 2009, p. 150).
· Assim dispõe o art. 1.012 do CPC e seus parágrafos:
Art. 1.012. A apelação terá efeito suspensivo.
§ 1º Além de outras hipóteses previstas em lei, começa a produzir efeitos imediatamente após a sua publicação a sentença que:
I - homologa divisão ou demarcação de terras; II - condena a pagar alimentos;
III - extingue sem resolução do mérito ou julga improcedentes os embargos do executado;
IV - julga procedente o pedido de instituição de arbitragem; V - confirma, concede ou revoga tutela provisória;
VI - decreta a interdição.
§ 2º Nos casos do § 1º, o apelado poderá promover o pedido de cumprimento provisório depois de publicada a sentença.
§ 3º O pedido de concessão de efeito suspensivo nas hipóteses do § 1º poderá ser formulado por requerimento dirigido ao:
I - tribunal, no período compreendido entre a interposição da apelação e sua distribuição, ficando o relator designado para seu exame prevento para julgá-la;
II - relator, se já distribuída a apelação.
§ 4º Nas hipóteses do § 1º, a eficácia da sentença poderá ser suspensa pelo relator se o apelante demonstrar a probabilidade de provimento do recurso ou se, sendo relevante a fundamentação, houver risco de dano grave ou de difícil reparação.
6.5 EFEITO SUBSTITUTIVO
· Refere-se à substituição da decisão recorrida pela decisão do juízo ad quem, ainda que seja mantido o mesmo teor:
Art. 1.008. O julgamento proferido pelo tribunal substituirá a decisão impugnada no que tiver sido objeto de recurso.
· O efeito substitutivo não ocorrerá apenas nos casos em que o Tribunal dá provimento ao recurso com base no error in procedendo, uma vez que será proferido novo julgamento pelo órgão a quo;
· No que tange aos efeitos do julgamento, o não conhecimento do recurso pelo órgão ad quem torna certa sua inadmissibilidade e, nesse caso, a decisão recorrida terá transitado em julgado na data de sua publicação.
07. JULGAMENTO SINGULAR E COLETIVO DO RECURSO EM SEGUNDO GRAU
· Segundo Humberto Theodoro Jr, (2014, p. 591-592), “quando se maneja o recurso com efeito devolutivo, entre órgãos de diferentes graus de jurisdição, o julgamento cabe, em princípio, a um
Tribunal superior e será obtido pelo pronunciamento coletivo de seu plenário, ou de algum órgão fracionário que atua em seu nome, mas também como colegiado”;
· O relator dirige o procedimento na instância recursal, mas não julga sozinho, de ordinário. No entanto, o Código lhe atribui, em alguns casos, o poder de decidir, em julgamento singular, valendo seu ato como decisão do Tribunal, tanto em matérias de preliminar como de mérito;
· Nelson Nery Jr e Rosa Maria de Andrade Nery (2002, p. 930), a regra não se aplica quando a questão retratada no recurso envolver matéria controvertida na doutrina ou na jurisprudência. “Havendo dúvida, o relator não poderá indeferir o recurso nem julgá-lo improcedente, devendo remetê-lo ao julgamento do órgão colegiado”;
· Eis o teor do art. 932 do CPC:
Art. 932. Incumbe ao relator:
I - dirigir e ordenar o processo no tribunal, inclusive em relação à produção de prova, bem como, quando for o caso, homologar autocomposição das partes;
II - apreciar o pedido de tutela provisória nos recursos e nos processos de competência originária do tribunal;
III - não conhecer de recurso inadmissível, prejudicado ou que não tenha impugnado especificamente os fundamentos da decisão recorrida;
IV - negar provimento a recurso que for contrário a:
a) súmula do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do próprio tribunal;
b) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos;
c) entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência;
V - depois de facultada a apresentação de contrarrazões, dar provimento ao recurso se a decisão recorrida for contrária a:
a) súmula do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do próprio tribunal;
b) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos;
c) entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência;
VI - decidir o incidente de desconsideração da personalidade jurídica, quando este for instaurado originariamente perante o tribunal;
VII - determinar a intimação do Ministério Público, quando for o caso;
VIII - exercer outras atribuições estabelecidas no regimento interno do tribunal. Parágrafo único. Antes de considerar inadmissível o recurso, o relator concederá o prazo de 5 (cinco) dias ao recorrente para que seja sanado vício ou complementada a documentação exigível.
· Dessa sorte, o relator pode negar seguimento ao recurso:
a) Por motivo de ordem processual: quando se tratar de recurso “manifestamente inadmissível ou prejudicado”;
b) Por motivo de mérito: quando se tratar de recurso “manifestamente improcedente” ou em “confronto com súmula ou jurisprudência dominante do respectivo Tribunal, do STF ou do STJ”, bem como nos incidentes de resolução de demanda repetitiva ou de assunção de competência;
· Da mesma forma o relator poderá, ainda por motivo de mérito e com base nos motivos elencados no inciso V do art. 932 dar provimento ao recurso do recorrente, observada a necessidade de oitiva do recorrido no prazo de cinco dias, com bem preceitua o CPC;
· A norma cem questão, ao prestigiar a jurisprudência simulada, não tem como escopo criar, propriamente, o caráter vinculante da súmula jurisprudencial, mas, sim, o propósito de simplificar a tramitação do recurso, propiciando sua solução pelo próprio relator. Na verdade, deve ser entendida apenas como regra autorizativa de decisão singular em segundo grau de jurisdição, mas condições que especifica;
· Art. 1.042 do CPC: caso de agravo em recurso especial e extraordinário contra decisão singular de relator que denegar o recurso da parte:
Art. 1.042. Cabe agravo contra decisão do presidente ou do vice-presidente do tribunal recorrido que inadmitir recurso extraordinário ou recurso especial, salvo quando fundada na aplicação de entendimento firmado em regime de repercussão geral ou em julgamento de recursos repetitivos.08. RECURSOS EM ESPÉCIE
8.1 APELAÇÃO
· A apelação é o recurso cabível contra qualquer sentença sem distinção se terminativa ou definitiva:
Art. 203. Os pronunciamentos do juiz consistirão em sentenças, decisões interlocutórias e despachos.
§ 1º Ressalvadas as disposições expressas dos procedimentos especiais, sentença é o pronunciamento por meio do qual o juiz, com fundamento nos arts. 485 e 487 , põe fim à fase cognitiva do procedimento comum, bem como extingue a execução.
· Segundo Amaral Santos (2008, p. 708), apelação é o recurso que se interpõe das sentenças dos juízes de primeiro grau de jurisdição para levar a causa ao reexame dos tribunais do segundo grau, visando a obter uma reforma total ou parcial da decisão impugnada, ou mesmo a sua invalidação;
· O cabimento do recurso de apelação só fica excluído quando a lei assim expressamente prevê. Nessa hipótese temos o art. 41 da Lei nº 9.099/1995 (Lei dos Juizados Especiais), que, ao invés de apelação, prevê um recurso sem denominação especial a ser interposto para uma turma composta por três juízes em exercício no primeiro grau de jurisdição, bem como o art. 34 da Lei nº 6.830/1980, que prevê, na hipótese de a sentença ser valor inferior ou igual a 50 OTN’S, que o recurso cabível são os embargos infringentes;
· A OTN (Obrigação do Tesouro Nacional) é índice referido pela legislação brasileira, como por exemplo, a Lei 6.858/80 que autoriza a expedição de alvarás judiciais para recebimento de valores de pessoas falecidas por seus herdeiros independentemente de inventário. O limite é de 500 OTNs.
· Matérias alegadas na apelação: a) error in judicando: aponta-se erros no julgamento para que o Tribunal substitua a decisão proferida pelo órgão a quo; b) error in procedendo: denuncia-se vícios na própria atividade jurisdicional e se requer a invalidação da sentença – caso o Tribunal verifique e acolha a alegação do recorrente, deverá se limitar a anular a sentença, devendo os autos retornarem à instância inferior , para que se refaça o julgamento;
· Essas questões podem ser alegadas cumulativamente, caso em que o Tribunal só analisará a alegação de error in judicando após superada a alegação de error in procedendo;
· Ressalte-se que, existindo nulidade que possa ser reconhecida de ofício, não haverá reformatio in pejus se o Tribunal, ao conhecer da apelação do autor, anular sentença ou extinguir o feito por reconhecer uma nulidade;
· Importante mencionar, nesse quesito, o parágrafo 3º do art. 1.013 do CPC:
Art. 1.013. A apelação devolverá ao tribunal o conhecimento da matéria impugnada.
...
§ 3º Se o processo estiver em condições de imediato julgamento, o tribunal deve decidir desde logo o mérito quando:
I - reformar sentença fundada no art. 485;
II - decretar a nulidade da sentença por não ser ela congruente com os limites do pedido ou da causa de pedir;
III - constatar a omissão no exame de um dos pedidos, hipótese em que poderá julgá- lo;
IV - decretar a nulidade de sentença por falta de fundamentação.
· Isso significa que, a luz do art. 1.013, parágrafo 3º, incisos II e IV do CPC, o Tribunal, ao entender pela nulidade da sentença (error in procedendo), ao invés de devolver o processo à primeira instância para que o juiz singular julgue novamente o feito, de imediato já profere o julgamento de mérito. Isso ocorre em homenagem ao princípio da concentração dos atos processuais e da razoável duração do processo;
· Essa questão é chamada pela doutrina de “teoria da causa madura” e já tinha também previsão jurisprudencial no STJ mesmo antes do CPC de 2015;
· Já nas hipóteses de sentença definitiva, a apelação devolve ao Tribunal o conhecimento do mérito da causa, em todos os seus aspectos, inclusive se o juiz não chegou a examinar todo o conteúdo da lide;
· O art. 1.009 e parágrafos do CPC, é responsável por trazer uma das maiores inovações no que diz respeito ao cabimento da apelação, mostrando a forte tendência da nova sistemática a buscar um processo cada vez mais célere e efetivo. Por seu intermédio, fica afastada a preclusão de todas as decisões interlocutórias que, tomadas ao longo da fase de conhecimento, não sejam impugnáveis por agravo de instrumento:
Art. 1.009. Da sentença cabe apelação.
§ 1º As questões resolvidas na fase de conhecimento, se a decisão a seu respeito não comportar agravo de instrumento, não são cobertas pela preclusão e devem ser suscitadas em preliminar de apelação, eventualmente interposta contra a decisão final, ou nas contrarrazões.
§ 2º Se as questões referidas no § 1º forem suscitadas em contrarrazões, o recorrente será intimado para, em 15 (quinze) dias, manifestar-se a respeito delas.
§ 3º O disposto no caput deste artigo aplica-se mesmo quando as questões mencionadas no art. 1.015 integrarem capítulo da sentença.
· Como bem anota Carla Bonfadini (2016, p. 368), “portanto, em virtude da abolição do recurso de agravo retido nos autos, o espectro da impugnação do recurso de apelação foi ampliado no novo Código de Processo Civil: as questões resolvidas na fase de conhecimento, se a decisão a seu respeito não comportar agravo de instrumento, não estão sujeitas à preclusão e, por conseguinte, podem ser suscitadas como preliminar de apelação (parágrafo 1º do art. 1.009 do CPC) ou nas contrarrazões. Nesse último caso, é prevista a abertura de vista à outra parte para em 15 (quinze) dias manifestar-se a respeito delas (parágrafo 2º do art. 1.010 do CPC)”, (Greco; Pinho);
8.1.1 Prazo para Interposição e Cabimento da Apelação
· A interposição da apelação deve ocorrer no prazo de quinze dias, a contar da intimação da sentença, sempre por petição escrita (art. 1.003 e parágrafos do CPC):
Art. 1.003. O prazo para interposição de recurso conta-se da data em que os advogados, a sociedade de advogados, a Advocacia Pública, a Defensoria Pública ou o Ministério Público são intimados da decisão.
§ 1º Os sujeitos previstos no caput considerar-se-ão intimados em audiência quando nesta for proferida a decisão.
§ 2º Aplica-se o disposto no art. 231, incisos I a VI, ao prazo de interposição de recurso pelo réu contra decisão proferida anteriormente à citação.
§ 3º No prazo para interposição de recurso, a petição será protocolada em cartório ou conforme as normas de organização judiciária, ressalvado o disposto em regra especial.
§ 4º Para aferição da tempestividade do recurso remetido pelo correio, será considerada como data de interposição a data de postagem.
§ 5º Excetuados os embargos de declaração, o prazo para interpor os recursos e para responder-lhes é de 15 (quinze) dias.
§ 6º O recorrente comprovará a ocorrência de feriado local no ato de interposição do recurso.
· Tal prazo pode sofrer alteração por força dos arts. 180, 183, 186 e 229 do CPC:
Art. 180. O Ministério Público gozará de prazo em dobro para manifestar-se nos autos, que terá início a partir de sua intimação pessoal, nos termos do art. 183, § 1º.
Art. 183. A União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e suas respectivas autarquias e fundações de direito público gozarão de prazo em dobro para todas as suas manifestações processuais, cuja contagem terá início a partir da intimação pessoal.
Art. 186. A Defensoria Pública gozará de prazo em dobro para todas as suas manifestações processuais.
Art. 229. Os litisconsortes que tiverem diferentes procuradores, de escritórios de advocacia distintos, terão prazos contados em dobro para todas as suas manifestações, em qualquer juízo ou tribunal, independentemente de requerimento.
· A petição deverá conter a identificação das partes, o apelante e o apelado, e as razões de apelação, ou seja, as razões de inconformismo com a sentença, através da exposição do fato e do direito e do pedido de reforma ou de decretação de nulidade. Importante citar o art. 1.010 do CPC:
Art. 1.010. A apelação, interposta por petição dirigida ao juízo de primeiro grau, conterá:
I - os nomes e a qualificação das partes; II - a exposição do fato e do direito;
III - as razões do pedido de reforma ou de decretação de nulidade; IV - o pedidode nova decisão.
· Pertinente ressaltar que é inepta a apelação quando o apelante não demonstrar a exposição dos fatos, do direito e do pedido da reforma ou de decretação de nulidade ou quando deixa de impugnar, ainda que em tese, os argumentos da sentença;
· A petição da apelação tem os seus próprios requisitos e não se confunde com a petição inicial ou com a contestação nos seus pressupostos de validade e nos argumentos nela constantes;
· A tempestividade do recurso se dá por seu protocolo, e a apelação pode abarcar todo o conteúdo da decisão ou apenas parte dela, sendo que, se a parte não especificar, deve-se entender que a impugnação é feita de toda decisão;
· O recurso interposto deverá estar assinado por procurador habilitado, sendo que a falta de assinatura prejudica o recurso.
8.1.2 Efeitos da Apelação
· O recurso de apelação caracteriza-se por devolver ao Tribunal a matéria objeto do recurso. Esse efeito devolutivo é a manifestação direta do princípio dispositivo, cabendo ao apelante fixar os limites de seu recurso, e diz respeito tanto à extensão da matéria a ser conhecida pelo Tribunal, isto é, o que submete, por força do recurso, ao julgamento do órgão ad quem, como também por sua profundidade, ou seja, com que material o órgão ad quem vai trabalhar para julgar;
· A extensão do efeito devolutivo se caracteriza pela extensão da impugnação, devolvendo, via de regra, ao Tribunal, toda a matéria efetivamente impugnada pelo apelante nas suas razões de recurso, relacionada ao conteúdo da sentença, não podendo inovar na causa;
· Majoritariamente, a doutrina acolhe, na esteira do entendimento de José Carlos Barbosa Moreira, a impossibilidade de inovação de questões de fato na apelação, salvo na hipótese do art. 1.014 do CPC. Nelson Nery Jr diverge, argumentando ser cabível ação rescisória fundada em prova nova ou erro de fato, desde que comprovada a inexistência de dolo;
· Vale citar os arts. 10 e 1.014 do CPC:
Art. 10. O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em fundamento a respeito do qual não se tenha dado às partes oportunidade de se manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a qual deva decidir de ofício.
Art. 1.014. As questões de fato não propostas no juízo inferior poderão ser suscitadas na apelação, se a parte provar que deixou de fazê-lo por motivo de força maior.
· Provado o motivo de força maior (incumbência de quem alega), abre-se então a produção de prova do fato a que se refere a arguição. No caso de a prova documental, abre-se vista à parte contrária, em homenagem ao princípio do contraditório, para que se manifeste sobre a documentação juntada;
· Nos demais casos, será aplicado o art. 972 do CPC e as provas dos fatos novos devem ser produzidas na instância a quo:
Art. 972. Se os fatos alegados pelas partes dependerem de prova, o relator poderá delegar a competência ao órgão que proferiu a decisão rescindenda, fixando prazo de 1 (um) a 3 (três) meses para a devolução dos autos.
· Contudo, deve-se apontar que a sentença apelada não é o objeto da atividade cognitiva do Tribunal. O órgão ad quem, desde que conheça da apelação, não julga a sentença, mas rejulga a matéria nela decidida e impugnada pelo apelante;
· Há ainda, como regra geral, o efeito suspensivo da apelação. Nesse sentido, como regra geral, a apelação é recebida no efeito suspensivo e devolutivo, suspendendo-se o efeito da sentença com a sua irrecorribilidade;
· Contudo, o parágrafo 1º do art. 1.012 do CPC traz os casos em que a apelação, como exceção à regra, possuirá apenas o efeito devolutivo (e não o suspensivo). São elas:
Art. 1.012. A apelação terá efeito suspensivo.
§ 1º Além de outras hipóteses previstas em lei, começa a produzir efeitos imediatamente após a sua publicação a sentença que:
I - homologa divisão ou demarcação de terras; II - condena a pagar alimentos;
III - extingue sem resolução do mérito ou julga improcedentes os embargos do executado;
IV - julga procedente o pedido de instituição de arbitragem; V - confirma, concede ou revoga tutela provisória;
VI - decreta a interdição.
§ 2º Nos casos do § 1º, o apelado poderá promover o pedido de cumprimento provisório depois de publicada a sentença.
§ 3º O pedido de concessão de efeito suspensivo nas hipóteses do § 1º poderá ser formulado por requerimento dirigido ao:
I - tribunal, no período compreendido entre a interposição da apelação e sua distribuição, ficando o relator designado para seu exame prevento para julgá-la;
II - relator, se já distribuída a apelação.
§ 4º Nas hipóteses do § 1º, a eficácia da sentença poderá ser suspensa pelo relator se o apelante demonstrar a probabilidade de provimento do recurso ou se, sendo relevante a fundamentação, houver risco de dano grave ou de difícil reparação.
· O dispositivo ressalva que outras hipóteses do efeito meramente devolutivo na apelação podem estar previstas em leis especiais, como no caso da sentença que concede mandado de segurança, nos termos do art. 14, parágrafo 3º da Lei nº 12.016/2009:
Art. 14. Da sentença, denegando ou concedendo o mandado, cabe apelação.
...
§ 3o A sentença que conceder o mandado de segurança pode ser executada provisoriamente, salvo nos casos em que for vedada a concessão da medida liminar.
· Ainda nesses casos em que a apelação não possui efeito suspensivo, pode o apelado pedir o cumprimento provisório, depois de publicada a sentença, ou pode o Tribunal da apelação atribuir tal efeito. Para tanto o pedido de concessão deve ser dirigido ao Tribunal.
8.1.3 Recebimento da Apelação
· Com o CPC de 2015 caiu a regra do duplo juízo de admissibilidade prevista no CPC de 1973, o que significa que na sistemática do Código vigente, o juízo a quo apenas recebe a apelação (o protocolo da peça é feito na primeira instância) e esse mesmo juízo abre prazo para que o recorrido apresente as suas contrarrazões em quinze dias, não analisando os pressupostos de validade do recursos e após esses encaminhamentos, remete os autos à segunda instância;
· Nesse sentido, dispõe o parágrafo 3º do art. 1.010 do CPC:
Art. 1.010. A apelação, interposta por petição dirigida ao juízo de primeiro grau, conterá:
...
§ 1º O apelado será intimado para apresentar contrarrazões no prazo de 15 (quinze) dias.
§ 2º Se o apelado interpuser apelação adesiva, o juiz intimará o apelante para apresentar contrarrazões.
§ 3º Após as formalidades previstas nos §§ 1º e 2º, os autos serão remetidos ao tribunal pelo juiz, independentemente de juízo de admissibilidade.
· Chegando à Corte o recurso, serão examinados os requisitos intrínsecos e extrínsecos de admissibilidade. À sua falta, o Tribunal não recebe a apelação, transitando em julgado a sentença apelada;
· Nos casos de a apelação ser recebida apenas no efeito devolutivo (hipóteses do art. 1.012 do CPC, parágrafo 1º), o apelado poderá promover a execução provisória da sentença, enquanto o Tribunal procede ao julgamento do mérito do recurso;
· Nas contrarrazões, embora haja semelhança com a contestação, não é necessária a impugnação específica dos fatos e é dispensável que se reiterem todos os pedidos e defesas que já se processaram nos autos;
· Recebido o recurso no tribunal, sua distribuição será imediata, observando-se as regras de prevenção e disposições do Regimento Interno. Há de se observar os casos de decisão monocrática pelo relator, previstos no art. 1.011 do CPC:
Art. 1.011. Recebido o recurso de apelação no tribunal e distribuído imediatamente, o relator:
I - decidi-lo-á monocraticamente apenas nas hipóteses do art. 932, incisos III a V;
II - se não for o caso de decisão monocrática, elaborará seu voto para julgamento do recurso pelo órgão colegiado.
· Não sendo caso de julgamento monocrático por parte do relator, ele elaborará o seu voto para, em seguida, levar a apelação a julgamento no órgão colegiado previsto no Regimento Interno.
8.2 AGRAVO
· Agravo é o recurso cabível contra as decisões interlocutórias, ou seja, contra os atos pelos quais o “juiz, no curso do processo, resolve questão incidente”, consoanteo art. 203 do CPC:
Art. 203. Os pronunciamentos do juiz consistirão em sentenças, decisões interlocutórias e despachos.
§ 1º Ressalvadas as disposições expressas dos procedimentos especiais, sentença é o pronunciamento por meio do qual o juiz, com fundamento nos arts. 485 e 487, põe fim à fase cognitiva do procedimento comum, bem como extingue a execução.
§ 2º Decisão interlocutória é todo pronunciamento judicial de natureza decisória que não se enquadre no § 1º.
· O agravo no CPC é uma nomenclatura utilizada para diversas situações, havendo o agravo de instrumento e o agravo interno;
· Segundo Humberto Theodoro Jr (2011, p. 616), “o agravo é, outrossim, cabível em todo e qualquer tipo de procedimento, seja no comum, de execução ou procedimentos especiais, de jurisdição contenciosa ou voluntária)”;
· O agravo de instrumento é diretamente apresentado no órgão ad quem, mediante petição, instruídos com as peças arroladas no art. 1.017 do CPC, e é utilizado quando verificada alguma das hipóteses de cabimento do art. 1.015 do CPC;
· O agravo interno é tratado no art. 1.021 do CPC, sendo cabível contra decisão proferida pelo relator, levando a questão ao julgamento pelo órgão colegiado;
· O agravo não pode ser confundido com o pedido de reconsideração, que não é recurso e, portanto, não suspende e nem interrompe o prazo recursal. O pedido de reconsideração deve preencher os requisitos formais do agravo e é dirigido ao juiz que proferiu a decisão;
· O prazo para interposição do agravo é de quinze dias (art. 1003, parágrafo 5º do CPC):
Art. 1.003. O prazo para interposição de recurso conta-se da data em que os advogados, a sociedade de advogados, a Advocacia Pública, a Defensoria Pública ou o Ministério Público são intimados da decisão.
...
§ 5º Excetuados os embargos de declaração, o prazo para interpor os recursos e para responder-lhes é de 15 (quinze) dias.
· Com relação aos efeitos, o agravo (seja ele de instrumento ou interno) tem como regra geral apenas o efeito devolutivo, conforme o art. 995 do CPC. Assim, como regra, o agravo não é dotado de efeito suspensivo, ressalvado o caso do parágrafo único do art. 995 do CPC. A lei exige, assim, para a concessão do efeito suspensivo no agravo, mais do que uma simples possibilidade de que haja risco de difícil reparação, de dano grave: exige-se um juízo de maior certeza de que o recurso de agravo seja julgado procedente:
Art. 995. Os recursos não impedem a eficácia da decisão, salvo disposição legal ou decisão judicial em sentido diverso.
Parágrafo único. A eficácia da decisão recorrida poderá ser suspensa por decisão do relator, se da imediata produção de seus efeitos houver risco de dano grave, de difícil ou impossível reparação, e ficar demonstrada a probabilidade de provimento do recurso.
8.2.1 Agravo de Instrumento
· Para Fredie Didier Jr (2016, p. 333), o agravo de instrumento é o recurso cabível contra decisão interlocutória “(...). No CPC-2015, a definição de decisão interlocutória passou a ser residual: o que não for sentença é decisão interlocutória. Se o pronunciamento judicial tem o conteúdo decisório e não se encaixa na definição do §1 do art. 203, é, então, uma decisão interlocutória”.
· Interessante observar a regra do CPC que indica como premissa o fim da preclusão das decisões interlocutórias. Para isso, é fundamental o manejo, nos casos previstos em lei, do agravo de instrumento;
Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que versarem sobre:
I - tutelas provisórias; II - mérito do processo;
III - rejeição da alegação de convenção de arbitragem;
IV - incidente de desconsideração da personalidade jurídica;
V - rejeição do pedido de gratuidade da justiça ou acolhimento do pedido de sua revogação;
VI - exibição ou posse de documento ou coisa; VII - exclusão de litisconsorte;
VIII - rejeição do pedido de limitação do litisconsórcio; IX - admissão ou inadmissão de intervenção de terceiros;
X - concessão, modificação ou revogação do efeito suspensivo aos embargos à execução;
XI - redistribuição do ônus da prova nos termos do art. 373, § 1º; XII - (VETADO);
XIII - outros casos expressamente referidos em lei.
Parágrafo único. Também caberá agravo de instrumento contra decisões interlocutórias proferidas na fase de liquidação de sentença ou de cumprimento de sentença, no processo de execução e no processo de inventário.
· A princípio, o rol do art. 1.015 do CPC foi inaugurado para ser taxativo, mas o STJ tem relativizado essa taxatividade em decisões recentes, alargando as possibilidades de interposição do agravo de instrumento fora dos pretextos do CPC;
· Em dezembro de 2018, ao concluir o julgamento do Recurso Especial 1.704.520, sob o rito dos recursos repetitivos, a Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça (STJ) definiu o conceito de taxatividade mitigada do rol previsto no artigo 1.015 do Código de Processo Civil (CPC), abrindo caminho para a interposição do agravo de instrumento em diversas hipóteses além daquelas listadas expressamente no texto legal;
8.2.1.1 Procedimento do Agravo de Instrumento
· Quanto ao procedimento, o agravo de instrumento é diretamente endereçado ao próprio Tribunal, nos termos do art. 1.016 do CPC, que dispõe:
Art. 1.016. O agravo de instrumento será dirigido diretamente ao tribunal competente, por meio de petição com os seguintes requisitos:
I - os nomes das partes;
II - a exposição do fato e do direito;
III - as razões do pedido de reforma ou de invalidação da decisão e o próprio pedido; IV - o nome e o endereço completo dos advogados constantes do processo.
· Tal previsão traz exatamente os requisitos de validade do recurso de agravo de instrumento;
· Os arts. 1.017 a 1.020 do CPC trazem o procedimento em si:
Art. 1.017. A petição de agravo de instrumento será instruída:
I - obrigatoriamente, com cópias da petição inicial, da contestação, da petição que ensejou a decisão agravada, da própria decisão agravada, da certidão da respectiva intimação ou outro documento oficial que comprove a tempestividade e das procurações outorgadas aos advogados do agravante e do agravado;
II - com declaração de inexistência de qualquer dos documentos referidos no inciso I, feita pelo advogado do agravante, sob pena de sua responsabilidade pessoal;
III - facultativamente, com outras peças que o agravante reputar úteis.
§ 1º Acompanhará a petição o comprovante do pagamento das respectivas custas e do porte de retorno, quando devidos, conforme tabela publicada pelos tribunais.
§ 2º No prazo do recurso, o agravo será interposto por:
I - protocolo realizado diretamente no tribunal competente para julgá-lo; II - protocolo realizado na própria comarca, seção ou subseção judiciárias; III - postagem, sob registro, com aviso de recebimento;
IV - transmissão de dados tipo fac-símile, nos termos da lei; V - outra forma prevista em lei.
§ 3º Na falta da cópia de qualquer peça ou no caso de algum outro vício que comprometa a admissibilidade do agravo de instrumento, deve o relator aplicar o disposto no art. 932, parágrafo único.
§ 4º Se o recurso for interposto por sistema de transmissão de dados tipo fac-símile ou similar, as peças devem ser juntadas no momento de protocolo da petição original.
§ 5º Sendo eletrônicos os autos do processo, dispensam-se as peças referidas nos incisos I e II do caput , facultando-se ao agravante anexar outros documentos que entender úteis para a compreensão da controvérsia.
Art. 1.018. O agravante poderá requerer a juntada, aos autos do processo, de cópia da petição do agravo de instrumento, do comprovante de sua interposição e da relação dos documentos que instruíram o recurso.
§ 1º Se o juiz comunicar que reformou inteiramente a decisão, o relator considerará prejudicado o agravo de instrumento.
§ 2º Não sendo eletrônicos os autos, o agravante tomará a providência prevista no caput , no prazo de 3 (três) dias a contar da interposição do agravo de instrumento.
§ 3º O descumprimento da exigência de que trata o § 2º, desde que arguido e provado pelo agravado, importainadmissibilidade do agravo de instrumento.
Art. 1.019. Recebido o agravo de instrumento no tribunal e distribuído imediatamente, se não for o caso de aplicação do art. 932, incisos III e IV , o relator, no prazo de 5 (cinco) dias:
I - poderá atribuir efeito suspensivo ao recurso ou deferir, em antecipação de tutela, total ou parcialmente, a pretensão recursal, comunicando ao juiz sua decisão;
II - ordenará a intimação do agravado pessoalmente, por carta com aviso de recebimento, quando não tiver procurador constituído, ou pelo Diário da Justiça ou por carta com aviso de recebimento dirigida ao seu advogado, para que responda no prazo de 15 (quinze) dias, facultando-lhe juntar a documentação que entender necessária ao julgamento do recurso;
III - determinará a intimação do Ministério Público, preferencialmente por meio eletrônico, quando for o caso de sua intervenção, para que se manifeste no prazo de 15 (quinze) dias.
Art. 1.020. O relator solicitará dia para julgamento em prazo não superior a 1 (um) mês da intimação do agravado.
· É dever do agravante formar o instrumento, enumerando todas as peças e documentos que acompanham a minuta do recurso, quando de sua interposição, de sorte a evitar o extravio das peças,
sob pena de não conhecimento do agravo pelo Tribunal, por ausência de pressuposto de admissibilidade. A isso se chama regularidade formal;
· A ausência de juntada de peças essenciais, previstas no art. 1.017 do CPC, impede o conhecimento do recurso. Contudo o parágrafo único, por meio do qual o relator, antes de considerar inadmissível o agravo, concederá prazo de cinco dias para que o agravante sane o vício ou complemente a documentação exigida;
· O agravante deverá juntar, ainda, com a petição de interposição do recurso, a prova de pagamento das custas do preparo e do porte de retorno do instrumento, quando isso for exigível;
· Prestigiando o princípio da instrumentalidade do processo, o STJ já vinha entendendo que a ausência da cópia da certidão de intimação da decisão agravada não era óbice ao conhecimento do agravo de instrumento quando, por outros meios inequívocos, fosse possível aferir a tempestividade do recurso;
· Sendo físico o processo, deve o agravante comunicar nos autos principais a interposição do recurso, para que o próprio órgão a quo saiba que sua decisão foi agravada;
· Caso não haja tal comunicado, pode o agravado arguir e provar tal questão, o que levará à inadmissibilidade do agravo. Ao ser comunicado, o magistrado poderá, por outro lado, se retratar da decisão, caso em ficará prejudicado o agravo (art. 1.018 e parágrafos do CPC). Segundo o Enunciado nº 73 da CJF – Conselho da Justiça Federal – “Para efeito de não conhecimento do agravo de instrumento por força da regra prevista no parágrafo 3º do art. 1.018 do CPC, deve o juiz, previamente, atender ao art. 932, parágrafo único e art. 1.017, parágrafo 3º do CPC, intimando o agravante para sanar o vício ou complementar a documentação exigível”;
· A regra, contudo, consta do caput do art. 1.018 do CPC, sendo voltada para o processo eletrônico, prevalente na atualidade. Nesse caso é faculdade, e não obrigação do agravante requerer a juntada da petição de comunicação da interposição do recurso ao juízo a quo;
· Recebido o agravo no Tribunal, ele será distribuído a um relator, cabendo aos Regimentos Internos dos Tribunais disciplinar a matéria e finalmente o art. 1.020 do CPC, determina que o relator solicitará dia para julgamento em prazo não superior a uma mês da data de intimação do agravado.
8.2.2 Agravo Interno
· É a segunda modalidade de agravo previsto no CPC e serve para atacar decisões monocráticas do relator, fazendo com que, caso este não exerça o juízo de retratação em relação ao que decidiu, submeta a questão ao colegiado. Assim, cabe agravo interno, ao órgão colegiado, contra decisão proferida pelo relator, nos moldes estabelecidos pelo Regimento Interno do Tribunal em que foi proferida a decisão interlocutória;
· O recurso deverá, entretanto, ser dirigido ao relator, que intimará o agravado para manifestar-se em quinze dias. Após esse prazo, não havendo retratação, só então levará o agravo a julgamento pelo órgão, com inclusão em pauta:
Art. 1.021. Contra decisão proferida pelo relator caberá agravo interno para o respectivo órgão colegiado, observadas, quanto ao processamento, as regras do regimento interno do tribunal.
§ 1º Na petição de agravo interno, o recorrente impugnará especificadamente os fundamentos da decisão agravada.
§ 2º O agravo será dirigido ao relator, que intimará o agravado para manifestar-se sobre o recurso no prazo de 15 (quinze) dias, ao final do qual, não havendo retratação, o relator levá-lo-á a julgamento pelo órgão colegiado, com inclusão em pauta.
§ 3º É vedado ao relator limitar-se à reprodução dos fundamentos da decisão agravada para julgar improcedente o agravo interno.
§ 4º Quando o agravo interno for declarado manifestamente inadmissível ou improcedente em votação unânime, o órgão colegiado, em decisão fundamentada, condenará o agravante a pagar ao agravado multa fixada entre um e cinco por cento do valor atualizado da causa.
§ 5º A interposição de qualquer outro recurso está condicionada ao depósito prévio do valor da multa prevista no § 4º, à exceção da Fazenda Pública e do beneficiário de gratuidade da justiça, que farão o pagamento ao final.
· Deverá a petição recursal conter a impugnação específica de cada fundamento da decisão agravada, sendo vedado ao relator limitar-se à mera reprodução de tais fundamentos para basear sua decisão de improcedência;
· As hipótese ensejadoras de agravo interno foram ampliadas com a Lei nº 13.256/2016, que passou a admitir essa modalidade recursal também para os casos previstos nos arts. 1.030, I e III, 1.036, parágrafo 3º. O dispositivo, contudo, tem sido alvo de críticas pela doutrina especializada:
Art. 1.030. Recebida a petição do recurso pela secretaria do tribunal, o recorrido será intimado para apresentar contrarrazões no prazo de 15 (quinze) dias, findo o qual os autos serão conclusos ao presidente ou ao vice-presidente do tribunal recorrido, que deverá:
I – negar seguimento:
a) a recurso extraordinário que discuta questão constitucional à qual o Supremo Tribunal Federal não tenha reconhecido a existência de repercussão geral ou a recurso extraordinário interposto contra acórdão que esteja em conformidade com entendimento do Supremo Tribunal Federal exarado no regime de repercussão geral;
b) a recurso extraordinário ou a recurso especial interposto contra acórdão que esteja em conformidade com entendimento do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, respectivamente, exarado no regime de julgamento de recursos repetitivos;
...
III – sobrestar o recurso que versar sobre controvérsia de caráter repetitivo ainda não decidida pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça, conforme se trate de matéria.
Art. 1.036. Sempre que houver multiplicidade de recursos extraordinários ou especiais com fundamento em idêntica questão de direito, haverá afetação para julgamento de acordo com as disposições desta Subseção, observado o disposto no Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal e no do Superior Tribunal de Justiça.
...
§ 3º Da decisão que indeferir o requerimento referido no § 2º caberá apenas agravo interno. constitucional ou infraconstitucional.
8.3 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO
· Qualquer decisão judicial comporta embargos de declaração, uma vez que é inconcebível que fiquem sem remédio a obscuridade, a contradição, a omissão ou o erro material existentes no pronunciamento;
· Os embargos de declaração são um instrumento jurídico por meio do qual uma das partes pode pedir esclarecimentos ao juiz ou tribunal sobre a decisão judicial proferida. Também conhecidos como embargos declaratórios, por meio deles é possível resolver dúvidas causadas por contradições ou obscuridades. Do mesmo modo, pode-se suprir omissões ou, ainda, apontar erros materiais;
· Segundo Dalla (2019, p. 1.363), os embargosde declaração são um recurso, embora haja quem defenda que seriam apenas uma forma de integração da decisão, sujeitando-se aos requisitos de admissibilidade da teoria geral do recurso, e não possuem, como regra, caráter substitutivo da decisão embargada, objetivando apenas aclará-la, dissipando obscuridade, contradições ou erros materiais;
· O cabimento dos embargos de declaração, na ótica do CPC é estendido para toda e qualquer decisão judicial, não apenas sentenças e acórdãos. Assim, também as decisões interlocutórias e monocráticas ficam expressamente abarcadas, excluindo-se, logicamente, o despacho, por não apresentar conteúdo decisório;
· A obscuridade abrange desde a simples ambiguidade até a completa ininteligibilidade da decisão. Já a omissão ocorre quando não se apreciam questões relevantes para o julgamento, suscitadas por qualquer das partes ou examinadas de ofício, sendo necessário o suprimento da omissão até para a interposição de recurso extraordinário (Súmula 283 do STF), uma vez que, para que seja admissível o recurso a Tribunal Superior, a questão deve ter sido ventilada nas instâncias inferiores:
Súmula 283. É inadmissível o recurso extraordinário, quando a decisão recorrida assenta em mais de um fundamento suficiente e o recurso não abrange todos eles.
Art. 1.022. Cabem embargos de declaração contra qualquer decisão judicial para:
I - esclarecer obscuridade ou eliminar contradição;
II - suprir omissão de ponto ou questão sobre o qual devia se pronunciar o juiz de ofício ou a requerimento;
III - corrigir erro material.
Parágrafo único. Considera-se omissa a decisão que:
I - deixe de se manifestar sobre tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em incidente de assunção de competência aplicável ao caso sob julgamento;
II - incorra em qualquer das condutas descritas no art. 489, § 1º.
· Pelo art. 1.022 do CPC, acima transcrito, a omissão a ser suprida diz respeito a ponto ou questão sobre a qual o juiz deveria ter se pronunciado, de ofício ou a requerimento da parte. Contudo, de acordo com a jurisprudência predominante no STJ, não cabem embargos de declaração contra decisão que se omite apenas quanto a argumento incapaz de infirmar a conclusão adotada;
· Vale ressaltar o que impõe o art. 489, parágrafo único do CPC a despeito do que não enseja fundamentação da decisão judicial:
§ 1º Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória, sentença ou acórdão, que:
I - se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem explicar sua relação com a causa ou a questão decidida;
II - empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo concreto de sua incidência no caso;
III - invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra decisão;
IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador;
V - se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar seus fundamentos determinantes nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos;
VI - deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente invocado pela parte, sem demonstrar a existência de distinção no caso em julgamento ou a superação do entendimento.
· A contradição ocorre quando a decisão possui proposições inconciliáveis, seja na motivação, seja na parte decisória. É arguível, ainda, a contradição entre proposições constantes da ementa do acórdão ou entre o teor do acórdão e a votação;
· Já o erro material se verifica quando constarem, da decisão, inexatidões que não lhe prejudicam o entendimento do conteúdo, mas que, de todo modo, devem ser corrigidas, tais como erros de digitação ou de cálculo;
· Conforme disciplina o Enunciado 360 do FPPC, “A não oposição de embargos de declaração em caso de erro material na decisão não impede sua correção a qualquer tempo”;
8.3.1 Prazo para Interposição
· Exceção à regra geral de quinze dias, do art. 1.003 e parágrafo 5º do CPC, os embargos de declaração devem ser opostos no prazo de cinco dias, a contar da intimação da decisão. São opostos por meio de petição dirigida a quem proferiu a decisão, indicando erro, obscuridade, contradição ou omissão:
Art. 1.003. O prazo para interposição de recurso conta-se da data em que os advogados, a sociedade de advogados, a Advocacia Pública, a Defensoria Pública ou o Ministério Público são intimados da decisão.
§ 5º Excetuados os embargos de declaração, o prazo para interpor os recursos e para responder-lhes é de 15 (quinze) dias.
Art. 1.023. Os embargos serão opostos, no prazo de 5 (cinco) dias, em petição dirigida ao juiz, com indicação do erro, obscuridade, contradição ou omissão, e não se sujeitam a preparo.
§ 1º Aplica-se aos embargos de declaração o art. 229.
§ 2º O juiz intimará o embargado para, querendo, manifestar-se, no prazo de 5 (cinco) dias, sobre os embargos opostos, caso seu eventual acolhimento implique a modificação da decisão embargada.
· Não há necessidade de preparo, mas devem obedecer aos requisitos de admissibilidade dos demais recursos;
8.3.2 Efeitos dos Embargos de Declaração
· Os embargos possuem efeito devolutivo como regra geral, devolvendo ao órgão prolator da decisão a questão embargada. Sua oposição afeta o prazo para interposição de outros recursos. O prazo é interrompido na data de interposição dos embargos e perdura até a data de publicação do acórdão que os julgue;
Art. 1.026. Os embargos de declaração não possuem efeito suspensivo e interrompem o prazo para a interposição de recurso.
§ 1º A eficácia da decisão monocrática ou colegiada poderá ser suspensa pelo respectivo juiz ou relator se demonstrada a probabilidade de provimento do recurso ou, sendo relevante a fundamentação, se houver risco de dano grave ou de difícil reparação.
§ 2º Quando manifestamente protelatórios os embargos de declaração, o juiz ou o tribunal, em decisão fundamentada, condenará o embargante a pagar ao embargado multa não excedente a dois por cento sobre o valor atualizado da causa.
§ 3º Na reiteração de embargos de declaração manifestamente protelatórios, a multa será elevada a até dez por cento sobre o valor atualizado da causa, e a interposição de qualquer recurso ficará condicionada ao depósito prévio do valor da multa, à exceção da Fazenda Pública e do beneficiário de gratuidade da justiça, que a recolherão ao final.
§ 4º Não serão admitidos novos embargos de declaração se os 2 (dois) anteriores houverem sido considerados protelatórios.
· Pelo art. 1.026 do CPC, caput, esse recurso não possui efeito suspensivo, mantendo intacta a eficácia da decisão embargada, salvo se, nos termos do parágrafo 1º, for demonstrada ao juiz ou ao relator a probabilidade de provimento do recurso ou, sendo relevante a fundamentação, se houver risco de dano grave ou de difícil reparação. O Enunciado 218 do FPPC diz: “A inexistência de efeito suspensivo dos embargos de declaração não autoriza o cumprimento provisório da sentença nos casos em que a apelação tenha efeito suspensivo”;
· No caso da oposição de embargos procrastinatórios, pode o julgador, de ofício ou a requerimento da parte, fundamentadamente, condenar a parte ao pagamento de multa, que não excederá dois por cento do valor atualizado da causa, sendo aplicável até aos beneficiários da justiça gratuita. O produto da multa será entregue ao embargado (conforme o STJ, essa multa terá efeito administrativo);
· A reiteração dos embargos de declaração procrastinatórios eleva o quantum da multa, que poderá alcançar até dez por cento do valor atualizado da causa e fica subordinado ao seu pagamento a admissibilidade de qualquer outro recurso, à exceção da Fazenda Pública e do beneficiário da gratuidade da justiça, que pagarão ao final do processo, cabendo ao órgão judicial fundamentar as razões de aplicação da multa e seu patamar de fixação;
· A jurisprudência do STJ considera como protelatórios os embargos de declaração que visam rediscutir matéria já apreciada e discutida pela Corte de origem em conformidadecom súmula do STJ ou STF;
8.3.3 Embargos Declaratórios com Efeito Infringente
· Como regra geral, os embargos de declaração não têm como premissa a alteração (ou modificação) da decisão recorrida, mas sim a integração do julgado, de modo a suprir omissão, contradição ou eliminar obscuridade. Dessa sorte, não é premissa dos embargos de declaração à alteração consubstancial do julgado, para isso existem outros recursos relativamente a impugnação do mérito da decisão: recurso de apelação, recurso especial e extraordinário;
· Entretanto, como exceção à regra, o CPC admite que os embargos possam vir a ter efeito infringente (ou modificativo). Isso ocorre quando o suprimento da omissão ou contradição ocasionam modificação no julgamento do pronunciamento judicial. Nessa hipótese, o embargante não pode ter como pretensão pedir a infringência do julgado, isto é, a reforma da decisão embargada. A infringência ocorrerá como consequência necessária do julgamento dos embargos;
· Nesse casos, deve-se colher manifestação da parte contrária antes do julgamento, em respeito ao princípio do contraditório e da ampla defesa:
Art. 1.023. Os embargos serão opostos, no prazo de 5 (cinco) dias, em petição dirigida ao juiz, com indicação do erro, obscuridade, contradição ou omissão, e não se sujeitam a preparo.
...
§ 2º O juiz intimará o embargado para, querendo, manifestar-se, no prazo de 5 (cinco) dias, sobre os embargos opostos, caso seu eventual acolhimento implique a modificação da decisão embargada.
· A doutrina pátria admite os embargos de declaração com efeito infringente nos seguintes casos:
a) Quando houver omissão sobre ponto relevante;
b) Caso o juiz deixe de apreciar uma questão de ordem pública;
c) Caso o embargante demonstre ao juiz um fato novo ou superveniente;
d) Quando houver erro de fato na decisão e nas decisões citra, extra e ultra petita.
· Sendo o caso de tais efeitos infringentes, o art. 1.024, parágrafo 4º, dá ao embargado que já tenha interposto outro recurso contra decisão originária o direito de complementar ou mesmo alterar suas razões recursais:
Art. 1.024. O juiz julgará os embargos em 5 (cinco) dias.
...
§ 4º Caso o acolhimento dos embargos de declaração implique modificação da decisão embargada, o embargado que já tiver interposto outro recurso contra a decisão originária tem o direito de complementar ou alterar suas razões, nos exatos limites da modificação, no prazo de 15 (quinze) dias, contado da intimação da decisão dos embargos de declaração.
8.3.4 Procedimento dos Embargos de Declaração
· Relativamente ao procedimento dos embargos, o CPC dispõe de uma série de requisitos objetivos.
· Opostos os embargos de declaração, deverá o juiz julgá-los em cinco dias e o relator, apresentá-los em mesa na sessão subsequente, proferindo voto. Se não houver, em tal sessão do Tribunal, julgamento, o recurso deve ser incluído automaticamente em pauta;
· Sendo unipessoal a decisão embargada e tendo sido proferida no Tribunal, a competência para julgamento dos embargos é do próprio prolator do decisium, que o fará monocraticamente;
Art. 1.023. Os embargos serão opostos, no prazo de 5 (cinco) dias, em petição dirigida ao juiz, com indicação do erro, obscuridade, contradição ou omissão, e não se sujeitam a preparo.
§ 1º Aplica-se aos embargos de declaração o art. 229.
§ 2º O juiz intimará o embargado para, querendo, manifestar-se, no prazo de 5 (cinco) dias, sobre os embargos opostos, caso seu eventual acolhimento implique a modificação da decisão embargada.
Art. 1.024. O juiz julgará os embargos em 5 (cinco) dias.
§ 1º Nos tribunais, o relator apresentará os embargos em mesa na sessão subsequente, proferindo voto, e, não havendo julgamento nessa sessão, será o recurso incluído em pauta automaticamente.
§ 2º Quando os embargos de declaração forem opostos contra decisão de relator ou outra decisão unipessoal proferida em tribunal, o órgão prolator da decisão embargada decidi-los-á monocraticamente.
§ 3º O órgão julgador conhecerá dos embargos de declaração como agravo interno se entender ser este o recurso cabível, desde que determine previamente a intimação do recorrente para, no prazo de 5 (cinco) dias, complementar as razões recursais, de modo a ajustá-las às exigências do art. 1.021, § 1º .
§ 4º Caso o acolhimento dos embargos de declaração implique modificação da decisão embargada, o embargado que já tiver interposto outro recurso contra a decisão originária tem o direito de complementar ou alterar suas razões, nos exatos limites da modificação, no prazo de 15 (quinze) dias, contado da intimação da decisão dos embargos de declaração.
§ 5º Se os embargos de declaração forem rejeitados ou não alterarem a conclusão do julgamento anterior, o recurso interposto pela outra parte antes da publicação do julgamento dos embargos de declaração será processado e julgado independentemente de ratificação.
Art. 1.025. Consideram-se incluídos no acórdão os elementos que o embargante suscitou, para fins de pré-questionamento, ainda que os embargos de declaração sejam inadmitidos ou rejeitados, caso o tribunal superior considere existentes erro, omissão, contradição ou obscuridade.
· No caso de rejeição dos embargos ou se não alterarem a conclusão do julgamento anterior, caso a contraparte tenha interposto outro recurso antes da publicação do julgamento dos embargos, ele será processado independentemente de ratificação;
· Questão do prequestionamento: embargos de declaração com efeito de prequestionamento:
Súmula 98 do STJ. Embargos de Declaração manifestados com notório propósito de prequestionamento não tem caráter protelatório.
Súmula 356 do STF. O ponto omisso da decisão, sobre o qual não foram opostos embargos declaratórios, não pode ser objeto de recurso extraordinário, por faltar o requisito do prequestionamento.
· A Lei processual considera incluídos no acórdão os elementos suscitados pelo embargante para fins de prequestionamento, ainda que sejam seus embargos inadmitidos ou rejeitados. Basta que o Tribunal Superior considere a existência de erro, omissão, contradição ou obscuridade. Em suma, admite-se o prequestionamento ficto.
8.4 RECURSOS PARA O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL E PARA O SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA
8.4.1 Recurso Ordinário Constitucional
· Surgiu como meio de impugnação dos atos decisórios proferidos pelos juízes de primeiro grau para o Supremo Tribunal Federal. A Constituição de 1988 reconfigurou o recurso, tornando-o instrumento hábil a analisar questões de fato e de direito. Dessa forma, atualmente, ele não se equipara à apelação e ao agravo de instrumento, possuindo diferenças marcantes quanto à admissibilidade e ao procedimento;
· Sua definição atual é de um recurso previsto na Constituição, de fundamentação aberta dirigido ao STF ou ao STJ, com o objetivo de reformar ou anular acórdãos ou sentenças proferidos nos casos previstos nos arts. 102, II e 105, II, da CF. Sua previsão no art. 1.027 do CPC é taxativa:
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:
II - julgar, em recurso ordinário:
a) o habeas corpus, o mandado de segurança, o habeas data e o mandado de injunção decididos em única instância pelos Tribunais Superiores, se denegatória a decisão;
b) o crime político;
Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:
II - julgar, em recurso ordinário:
a) os habeas corpus decididos em única ou última instância pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão for denegatória;
b) os mandados de segurança decididos em única instância pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando denegatória a decisão;
c) as causas em que forem partes Estado estrangeiro ou organismo internacional, de um lado, e, do outro, Município ou pessoa residente ou domiciliada no País;
Art. 1.027. Serão julgados em recurso ordinário:
I - pelo Supremo Tribunal Federal, os mandados de segurança, os habeas data e os mandadosde injunção decididos em única instância pelos tribunais superiores, quando denegatória a decisão;
II - pelo Superior Tribunal de Justiça:
8.4.1.1 Competência
a) 
os mandados de segurança decididos em única instância pelos tribunais regionais federais ou pelos tribunais de justiça dos Estados e do Distrito Federal e Territórios, quando denegatória a decisão;
b) os processos em que forem partes, de um lado, Estado estrangeiro ou organismo internacional e, de outro, Município ou pessoa residente ou domiciliada no País.
§ 1º Nos processos referidos no inciso II, alínea “b”, contra as decisões interlocutórias caberá agravo de instrumento dirigido ao Superior Tribunal de Justiça, nas hipóteses do art. 1.015 .
§ 2º Aplica-se ao recurso ordinário o disposto nos arts. 1.013, § 3º , e 1.029, § 5º.
· A CF, ao utilizar a denominação “recurso ordinário”, refere-se a uma série de remédios heterogêneos, tanto de competência do Superior Tribunal de Justiça quanto do Supremo Tribunal Federal;
· Os recursos ordinários constitucionais de competência do STF são cabíveis em face de decisão denegatória em habeas corpus, mandado de segurança, habeas data e mandado de injunção, quando decidido em única instancia, isto é, em competência originária, pelo STF, ou em face de sentença proferida por juiz de primeiro grau que tenha julgado crime político, sendo que esta última hipótese de cabimento é de ordem maior da ciência política;
· Os recursos ordinários de competência do STJ são cabíveis em sede demandado de segurança e habeas corpus, em que a ordem seja denegada e a competência originária seja dos Tribunais Regionais Federais ou dos Tribunais de Justiça e nas causas em que sejam parte Estados estrangeiros e Município ou pessoa jurídica domiciliada no país;
· Destaque-se que, em ambos os casos, a decisão deve ser denegatória, não sendo cabível tal recurso se a decisão for concessiva. Sendo hipótese de decisão concessiva, o recurso cabível será o especial, destinado ao STJ ou extraordinário, destinado ao STF;
· No quesito “decisão denegatória”, entende-se tal decisão não só como aquela que julga improcedente o pedido como também a que extingue o processo sem apreciação de mérito;
8.4.1.2 Requisitos de Admissibilidade e Procedimento
· O recurso ordinário constitucional fundado no art. 1.027, II, b, do CPC (processos em que forem partes, de um lado, Estado estrangeiro ou organismo internacional e, de outro, Município ou pessoa residente ou domiciliada no país), está sujeito à teoria geral dos recursos cíveis, aplicando-se a ele, quanto aos pressupostos de admissibilidade e ao procedimento, o mesmo regime jurídico da apelação e o Regimento Interno do STJ. É esse o entendimento do art. 128 do CPC:
Art. 1.028. Ao recurso mencionado no art. 1.027, inciso II, alínea “b”, aplicam-se, quanto aos requisitos de admissibilidade e ao procedimento, as disposições relativas à apelação e o Regimento Interno do Superior Tribunal de Justiça.
§ 1º Na hipótese do art. 1.027, § 1º, aplicam-se as disposições relativas ao agravo de instrumento e o Regimento Interno do Superior Tribunal de Justiça.
§ 2º O recurso previsto no art. 1.027, incisos I e II, alínea “a”, deve ser interposto perante o tribunal de origem, cabendo ao seu presidente ou vice-presidente determinar a intimação do recorrido para, em 15 (quinze) dias, apresentar as contrarrazões.
§ 3º Findo o prazo referido no § 2º, os autos serão remetidos ao respectivo tribunal superior, independentemente de juízo de admissibilidade.
· Já nos casos das decisões interlocutórias proferidas em tais processos, cabe agravo de instrumento, dirigido ao STJ, desde que configurada alguma das hipóteses do art. 1.015 do CPC;
· É de quinze dias o prazo para interposição do recurso ordinário constitucional no STF ou no STJ (art. 1003, parágrafo 5º). Desse recurso não cabe recurso adesivo;
· Há a possibilidade de concessão de efeito suspensivo ao recurso ordinário consoante o art. 1.027 do CPC, parágrafo 2º. O efeito devolutivo do recurso ordinário constitucional não se limita às questões de direito, mas também as questões de fato, seguindo o modelo da apelação;
· Quanto ao procedimento nos Tribunais, devem ser observados os regimentos internos do STF e do STJ, especialmente porque este último prevê o procedimento a ser adotado para o recurso ordinário em mandado de segurança (arts. 247 e 248 do CPC), que é complementado pelas normas de processo e garantias constitucionais das partes.
8.4.2 Recurso Especial e Recurso Extraordinário
· Os recursos especial e extraordinário seguem as premissas dos arts. 1.029 a 1.035 do CPC, os quais dispõem:
Art. 1.029. O recurso extraordinário e o recurso especial, nos casos previstos na Constituição Federal, serão interpostos perante o presidente ou o vice-presidente do tribunal recorrido, em petições distintas que conterão:
I - a exposição do fato e do direito;
II - a demonstração do cabimento do recurso interposto;
III - as razões do pedido de reforma ou de invalidação da decisão recorrida.
§ 1º Quando o recurso fundar-se em dissídio jurisprudencial, o recorrente fará a prova da divergência com a certidão, cópia ou citação do repositório de jurisprudência, oficial ou credenciado, inclusive em mídia eletrônica, em que houver sido publicado o acórdão divergente, ou ainda com a reprodução de julgado disponível na rede mundial de computadores, com indicação da respectiva fonte, devendo-se, em qualquer caso, mencionar as circunstâncias que identifiquem ou assemelhem os casos confrontados.
§ 2º Quando o recurso estiver fundado em dissídio jurisprudencial, é vedado ao tribunal inadmiti-lo com base em fundamento genérico de que as circunstâncias fáticas são diferentes, sem demonstrar a existência da distinção.
§ 3º O Supremo Tribunal Federal ou o Superior Tribunal de Justiça poderá desconsiderar vício formal de recurso tempestivo ou determinar sua correção, desde que não o repute grave.
§ 4º Quando, por ocasião do processamento do incidente de resolução de demandas repetitivas, o presidente do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça receber requerimento de suspensão de processos em que se discuta questão federal constitucional ou infraconstitucional, poderá, considerando razões de segurança jurídica ou de excepcional interesse social, estender a suspensão a todo o território nacional, até ulterior decisão do recurso extraordinário ou do recurso especial a ser interposto.
§ 5º O pedido de concessão de efeito suspensivo a recurso extraordinário ou a recurso especial poderá ser formulado por requerimento dirigido:
I - ao tribunal superior respectivo, no período compreendido entre a interposição do recurso e sua distribuição, ficando o relator designado para seu exame prevento para julgá-lo;
I – ao tribunal superior respectivo, no período compreendido entre a publicação da decisão de admissão do recurso e sua distribuição, ficando o relator designado para seu exame prevento para julgá-lo;
II - ao relator, se já distribuído o recurso;
III - ao presidente ou vice-presidente do tribunal local, no caso de o recurso ter sido sobrestado, nos termos do art. 1.037.
III – ao presidente ou ao vice-presidente do tribunal recorrido, no período compreendido entre a interposição do recurso e a publicação da decisão de admissão do recurso, assim como no caso de o recurso ter sido sobrestado, nos termos do art. 1.037.
Art. 1.030. Recebida a petição do recurso pela secretaria do tribunal, o recorrido será intimado para apresentar contrarrazões no prazo de 15 (quinze) dias, findo o qual os autos serão remetidos ao respectivo tribunal superior.
Parágrafo único. A remessa de que trata o caput dar-se-á independentemente de juízo de admissibilidade.
Art. 1.030. Recebida a petição do recurso pela secretaria do tribunal, o recorrido será intimado para apresentar contrarrazões no prazo de 15 (quinze) dias, findo o qual os autos serão conclusos ao presidente ou ao vice-presidente do tribunal recorrido, que deverá:
I – negar seguimento:
I) a recurso extraordinário que discutaquestão constitucional à qual o Supremo Tribunal Federal não tenha reconhecido a existência de repercussão geral ou a recurso extraordinário interposto contra acórdão que esteja em conformidade com entendimento do Supremo Tribunal Federal exarado no regime de repercussão geral;
b) a recurso extraordinário ou a recurso especial interposto contra acórdão que esteja em conformidade com entendimento do Supremo Tribunal Federal ou do Superior
Tribunal de Justiça, respectivamente, exarado no regime de julgamento de recursos repetitivos;
II – encaminhar o processo ao órgão julgador para realização do juízo de retratação, se o acórdão recorrido divergir do entendimento do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça exarado, conforme o caso, nos regimes de repercussão geral ou de recursos repetitivos;
III – sobrestar o recurso que versar sobre controvérsia de caráter repetitivo ainda não decidida pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça, conforme se trate de matéria constitucional ou infraconstitucional;
IV – selecionar o recurso como representativo de controvérsia constitucional ou infraconstitucional, nos termos do § 6º do art. 1.036;
V – realizar o juízo de admissibilidade e, se positivo, remeter o feito ao Supremo Tribunal Federal ou ao Superior Tribunal de Justiça, desde que:
a) o recurso ainda não tenha sido submetido ao regime de repercussão geral ou de julgamento de recursos repetitivos;
b) o recurso tenha sido selecionado como representativo da controvérsia; ou
c) o tribunal recorrido tenha refutado o juízo de retratação.
§ 1º Da decisão de inadmissibilidade proferida com fundamento no inciso V caberá agravo ao tribunal superior, nos termos do art. 1.042.
§ 2º Da decisão proferida com fundamento nos incisos I e III caberá agravo interno, nos termos do art. 1.021.
Art. 1.031. Na hipótese de interposição conjunta de recurso extraordinário e recurso especial, os autos serão remetidos ao Superior Tribunal de Justiça.
§ 1º Concluído o julgamento do recurso especial, os autos serão remetidos ao Supremo Tribunal Federal para apreciação do recurso extraordinário, se este não estiver prejudicado.
§ 2º Se o relator do recurso especial considerar prejudicial o recurso extraordinário, em decisão irrecorrível, sobrestará o julgamento e remeterá os autos ao Supremo Tribunal Federal.
§ 3º Na hipótese do § 2º, se o relator do recurso extraordinário, em decisão irrecorrível, rejeitar a prejudicialidade, devolverá os autos ao Superior Tribunal de Justiça para o julgamento do recurso especial.
Art. 1.032. Se o relator, no Superior Tribunal de Justiça, entender que o recurso especial versa sobre questão constitucional, deverá conceder prazo de 15 (quinze) dias para que o recorrente demonstre a existência de repercussão geral e se manifeste sobre a questão constitucional.
Parágrafo único. Cumprida a diligência de que trata o caput , o relator remeterá o recurso ao Supremo Tribunal Federal, que, em juízo de admissibilidade, poderá devolvê-lo ao Superior Tribunal de Justiça.
Art. 1.033. Se o Supremo Tribunal Federal considerar como reflexa a ofensa à Constituição afirmada no recurso extraordinário, por pressupor a revisão da interpretação de lei federal ou de tratado, remetê-lo-á ao Superior Tribunal de Justiça para julgamento como recurso especial.
Art. 1.034. Admitido o recurso extraordinário ou o recurso especial, o Supremo Tribunal Federal ou o Superior Tribunal de Justiça julgará o processo, aplicando o direito.
Parágrafo único. Admitido o recurso extraordinário ou o recurso especial por um fundamento, devolve-se ao tribunal superior o conhecimento dos demais fundamentos para a solução do capítulo impugnado.
Art. 1.035. O Supremo Tribunal Federal, em decisão irrecorrível, não conhecerá do recurso extraordinário quando a questão constitucional nele versada não tiver repercussão geral, nos termos deste artigo.
§ 1º Para efeito de repercussão geral, será considerada a existência ou não de questões relevantes do ponto de vista econômico, político, social ou jurídico que ultrapassem os interesses subjetivos do processo.
§ 2º O recorrente deverá demonstrar a existência de repercussão geral para apreciação exclusiva pelo Supremo Tribunal Federal.
§ 3º Haverá repercussão geral sempre que o recurso impugnar acórdão que:
I - contrarie súmula ou jurisprudência dominante do Supremo Tribunal Federal; II - tenha sido proferido em julgamento de casos repetitivos;
III - tenha reconhecido a inconstitucionalidade de tratado ou de lei federal, nos termos do art. 97 da Constituição Federal.
§ 4º O relator poderá admitir, na análise da repercussão geral, a manifestação de terceiros, subscrita por procurador habilitado, nos termos do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal.
§ 5º Reconhecida a repercussão geral, o relator no Supremo Tribunal Federal determinará a suspensão do processamento de todos os processos pendentes, individuais ou coletivos, que versem sobre a questão e tramitem no território nacional.
§ 6º O interessado pode requerer, ao presidente ou ao vice-presidente do tribunal de origem, que exclua da decisão de sobrestamento e inadmita o recurso extraordinário que tenha sido interposto intempestivamente, tendo o recorrente o prazo de 5 (cinco) dias para manifestar-se sobre esse requerimento.
§ 7º Da decisão que indeferir o requerimento referido no § 6º ou que aplicar entendimento firmado em regime de repercussão geral ou em julgamento de recursos repetitivos caberá agravo interno.
§ 8º Negada a repercussão geral, o presidente ou o vice-presidente do tribunal de origem negará seguimento aos recursos extraordinários sobrestados na origem que versem sobre matéria idêntica.
§ 9º O recurso que tiver a repercussão geral reconhecida deverá ser julgado no prazo de 1 (um) ano e terá preferência sobre os demais feitos, ressalvados os que envolvam réu preso e os pedidos de habeas corpus .
§ 10. Não ocorrendo o julgamento no prazo de 1 (um) ano a contar do reconhecimento da repercussão geral, cessa, em todo o território nacional, a suspensão dos processos, que retomarão seu curso normal.
§ 11. A súmula da decisão sobre a repercussão geral constará de ata, que será publicada no diário oficial e valerá como acórdão.

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