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1 Laís Kist de Almeida – ATM 2024/2 RASTREAMENTO DAS LESÕES MAMÁRIAS • Indicações de Rastreamento e fatores de risco para o câncer de mama; • Bi-rads; • Principais achados de imagem (ecografia e mamografia). Quando começar o rastreamento? Cada país tem o seu tipo de recomendação; • EUA: anual a partir dos 45 anos, mas a partir dos 40 se for da vontade da paciente. UBSPSTF: 50 a 74 anos bianual, antes dos 40 anos; • Países Europeus: anual a partir dos 50 anos; • Brasil: anual a partir dos 40 anos. INCA/SUS/órgãos públicos: 50 – 74 anos bianual; • Terminar? Após os 74 anos, deve ser decisão individualizada, indicada para aquelas cuja expectativa de vida não esteja comprometida por outra comorbidade. Temos que ver se a paciente tem uma expectativa de vida de 10 anos a partir da data, então se oferece o exame. Se tiver sem expectativa de vida, não indicamos a realização do exame. O que define risco? • Fatores individuais – modificáveis (hábitos de vida) e não modificáveis (ser mulher); • Densidade mamária (quantidade de tecido mamário que tem na mama em comparação com a gordura); • Lesões de alto risco; • História familiar forte (pacientes com familiar de 1º grau – mãe, irmã e filha – com câncer de mama antes dos 50 anos); • Fatores de risco herdados (mutações genéticas). Fatores de risco alto de câncer de mama • Hiperplasia lobular/ductal atípica: 3x; • História familiar de I grau com menos de 50 anos feminino ou câncer de mama masculino em qualquer idade; • Portadores de mutação BRCA I e BRCA 2: 60% dos cânceres genéticos; o Uma pessoa com mutação BRCA I (17) e BRCA 2 (13) possui uma chance em torno de 50% de passar o gene alterado para a próxima geração; o Pessoas com mutação de BRCA I: tem chance de desenvolver câncer de mama de 60%, de câncer de ovário de 46%, de câncer de mama em homens de 1%, de câncer de próstata de 9% e de câncer de pâncreas de 1%. o Pessoas com mutação de BRCA 2: tem chance de desenvolver câncer de mama de 50%, de câncer de mama em homens de 8%, de câncer de próstata de 15% e de câncer de pâncreas de 5%. • O câncer de mama relacionado a mutações no BRCA I e 2 ocorre, geralmente, em mulheres jovens; • História familiar: I grau de câncer de ovário em qualquer idade; • RT prévia tórax/mediastino entre 10-30 anos; • História pessoal de câncer de mama ou câncer lobular em situ. 2 Laís Kist de Almeida – ATM 2024/2 Fatores de risco intermediário de câncer de mama • Mamas densas: 1,8 – 5x; • Sensibilidade da mamografia de 30-48%; • Mamografia + ecografia: 97%; • Digital: aumento em 15%. Fatores de risco médio de câncer de mama • 1,5-2x risco relativo para o desenvolvimento de câncer de mama; • Doenças proliferativas: fibrocística, cicatriz radial, papiloma; • Idade. Fatores de risco baixo de câncer de mama • Nuliparidade – não ter tido filho; • Menarca precoce; • Menopausa tardia; • Gestação tardia; • Histórico familiar de 1º grau maior que 50 anos ou 2º; • Obesidade; • Alcoolismo; • TRH. Quando realizar a mamografia em pacientes de alto risco? • História familiar importante (parente I grau na pré-menopausa ou câncer de mama masculino em qualquer idade: o Mamografia + RM + ecografia anual a partir dos 30 anos ou 10 anos antes do diagnóstico no parente mais próximo; • Irradiação prévia: MMG e RM 8 anos após o tratamento; • BRCA + e risco vitalício > 20%: o Mamografia + ecografia + RM anual a partir dos 25 anos; • História pessoal: o MMG e ECO anual; • Biópsia prévia (HDS, HLA, CLIS, papiloma atípico, cicatriz radiada): o MMG anual + RM Organização do laudo • Indicação do exame; • Composição geral da mama; • Achados – descrição e localização; • Comparação com anteriores; • Impressão geral – classificação BI-RADS. Composição tecidual da mama • Mamas predominantemente adiposas (menos de 25% de tecido mamário); o Acurácia diagnóstica muito alta (> 95%); • Mamas com densidades fibroglandulares esparsas (25-50%). o Acurácia alta. 3 Laís Kist de Almeida – ATM 2024/2 • Mamas heterogeneamente densas (51-75%); o Acurácia limitada (55% analógica, 70% digital). • Pode ocultar pequenos nódulos; • Mamas extremamente densas, o que diminui a sensibilidade da mamografia (maior que 75%); o Acurácia limitada. Tipo I. exemplo analógico. Mama amplamente liposubstituída, menos de 25% de tecido mamário (que aparece em branco) e a gordura em cinza. Tipo II. Exemplo digital. De 25-50% de tecido mamário. Bastante gordura também. Tipo III e IV. Extremamente e altamente densa. Tipo IV. Mais de 75% de tecido e menos de 25% de gordura. Mamas que ocultam determinadas lesões, sensibilidade reduzida no diagnóstico, em câncer de mamas de nódulos. **Câncer de mama com microcalcificações não importa a densidade do tecido, sempre irá aparecer. Método analógico. 1. Altamente liposubstituída; 2. Extremamente densa. Quantidade de tecido mamário diferente nas duas. Esconde o câncer de mama pois aparece como um nódulo hiperdenso, branco e não tenho como ver branco em cima do branco. **Em uma mama liposubstituída, é fácil ver o câncer de mama. Em uma mama densa, é difícil o identificar. 4 Laís Kist de Almeida – ATM 2024/2 O que o radiologista procura na mamografia? Quais os achados? • Calcificações: manchas brancas (micro e macro – maior que 1mm); • Nódulos/massas (há condições benignas e câncer); • Distorção de arquitetura (geralmente sinais de alerta para câncer de mama, mas há benignos também); • Assimetrias (comparar os dois lados); • Atenção às mamas densas. CALCIFICAÇÕES • Pequenos depósitos de cálcios; • Classificadas em: o Benignas; o Intermediárias; o Suspeitas. • O que dará o diagnóstico é a forma das calcificações (morfologia) e a distribuição. • Morfologia: cutâneas, vasculares, puntiformes, redondas, grosseiras, anelares, bastão, distrófica, heterogênea grosseira, amorfas, pleomórficas, finas, finas lineares. o Calcificações redondas, anelares, puntiformes, em trilho de trem, bastões.. geralmente são benignas. Fragmentadas, amorfas, heterogenias... geralmente malignas. • Distribuição: agruparas, linear, segmentar, regional, difusas. • BI-RADS: o A) tipicamente benignas (2); o B) suspeitas: amorfas (10-50% chance de câncer, 4B), grosseiras heterogênias (10- 50%, 4B), pelomórficas (30% 4B) e finas lineares (70% 4C). Calcificações benignas: a) Anelares, toda a volta calcificada e o centro não. Geralmente cutâneas, benignas. A distribuição não interfere. b) Em trilho de trem, calcificações lineares seguindo vasos. Benignas. c) Em bastões regulares, em direção ao mamilo. Em bastonetes, mais grosseiras. d) Calcificações em leite de cálcio, podem vir como calcificações suspeitas por erro de diagnóstico, pois em uma incidência crânio-caudal podem ser mais amorfas. 5 Laís Kist de Almeida – ATM 2024/2 Calcificações suspeitas: a) Heterogênias grosseiras, todas diferem de morfologia uma das outras; b) Amorfas, não consegue definir os limites, como se fosse algodão; c) Pleomórficas, “formato de letras – Y, M, T..” d) Lineares finas. Pequenas calcificações seguindo trajetos lineares, fragmentadas. NÓDULOS São estruturas que ocupam dois planos – tanto no plano caudal, quanto no médio-lateral. Podem ser classificados de acordo com a forma e os contornos. Forma dos nódulos = redonda, oval, irregular, distorção de arquitetura. Todos os nódulos que apresentam forma não ovalada e redonda, tem mais chance de ser um câncer de mama. Contorno dos nódulos = circunscrita, obscurecida, microlobulada, mal definida, espiculada. Todos os nódulos mais circunscritos, serão mais benignos; os outros, serão mais suspeitos.6 Laís Kist de Almeida – ATM 2024/2 1. Nódulo redondo circunscrito. Margens circunscritas quando 75% da margem é vista. Nódulo tipicamente benigno 2. Nódulo de formato ovalado. Limite bem visto de um lado, mas de outro não. Pode ser que em um lado esteja obscurecido, ou seja, merece uma atenção maior. 3. Alguns lóbulos, 3 lobulações – ovalado. Margens circunscritas, enxergo as margens, então maiores características benignas. 4. Nódulo sem saber a forma exatamente, é ovalado mas está obscurecido, não enxergo limiter. Será que é um câncer de mama ou outra alteração? Devemos fazer uma incidência complementar focada, pois o tecido que está em cima pode estar apenas sobreposto. Devemos ver em uma incidência complementar focada ou na ecografia mamária. 1. Dúvida dos limites do nódulo. Nódulo que não é oval, nem redondo – nódulo irregular. Totalmente obscurecido, com marges não circunscritas, um pouco espiculadas... maiores características malignas. Fazendo uma ecografia ou focada, se vejo que essas características se mantêm, é suspeito. 2. Nódulo regular de contornos espiculados obscurecidos.. nódulo suspeito. 3. Vários nódulos irregulares e espiculados. Parecem vários raios saindo dos nódulos, possivelmente um carcinoma multifocal. 4. nódulo irregular, longas espículas.. altamente suspeitos de carcinoma de mama. 1. Nódulo irregular, contorno espiculados. BI- RADS 4c ou 5. Altamente suspeito de malignidade. 2. Nódulo irregular, microlobulados, indistintos.. suspeito. 7 Laís Kist de Almeida – ATM 2024/2 Exemplos de distorção da arquitetura (descabelados), não forma o nódulo propriamente dito, mas o parênquima vai em direção ao mamilo, tem uma certa organização – tem os lóbulos e ductos. Altamente suspeitas de malignidades. Localização dos nódulos • Mama direita ou esquerda; • Quadrantes superiores ou inferiores; • Quadrantes mediais ou laterais; • Dividir a mama em quatro – mamilo no centro; • Tecido anterior, médio ou posterior; • Superficial ou profundo. BI-RADS ® • Breast Imaging Reporting and Data System; • Desenvolvido pelo American College of Radiology para fazer uma padronização mundial de laudos, resultados e condutas; • Oferece o grau de suspeita da lesão; • Estamos na quinta edição de 2013 – planos de revisão para 2021; • Dividido em 7 categorias; • Utilizado em mamografia, ecografia e ressonância magnética. • Classificação: o Categoria 0: Necessita complemento/Anteriores, Ecografia e/ou incidências adicionais; o Categoria 1: Achados negativos para suspeita de câncer / controle periódico de rotina. 0% de chance de câncer; o Categoria 2: Achados benignos / controle periódico; o Categoria 3: Achados provavelmente benignos (probabilidade de câncer < 2%) / Controle em 6 meses da mama em questão e bilateral em 12, 24 ou 36 meses. Depois de um tempo, se não mudar, passa para a categoria 2. 8 Laís Kist de Almeida – ATM 2024/2 o Categoria 4: Achados suspeitos para malignidade: ▪ 4A (> 2 a < 10%) – quase certeza que é benigno, mas preciso confirmar; ▪ 4B (> 10 a < 50%); ▪ 4C (> 50 a <95%); ▪ Todos vão para a biópsia. o Categoria 5: Achados altamente suspeitos para malignidade (>95%) / Biópsia; o Categoria 6: Achados de malignidade já conhecidos por biópsia. 100% 1. Médio-lateral-oblíqua da mama esquerda. Nodulos na região axilar – adenomegalias, redondas, densas, cheias de calcificações. BI-RADS 5, já com comprometimento axilar. 2. BI-RADS 6. Mesmo paciente da 1, mas voltou enquanto fazia tratamento. Diminuição das adenomegalias axilares. Calcificações quase desaparecendo. Relatório ultrassonográfico segundo o BI-RADS • Informações Clínicas; • Análise do Exame: o Padrão Ecotextural; o Descrição dos achados; o Classificação em categorias. Padrão ecotextural • Homogêneo adiposo; • Homogêneo fibroglandular; • Heterogênio – maior quantidade de tecido fibroglandular mas com fundo heterogênio. Descrição dos achados • Nódulos; • Calcificações: dentro do nódulo, fora do nódulo e intraductais; • Casos especiais: ducto único dilatado, linfonodo intramamário/axilares, necrose gordurosa; • Achados associados: distorção da arquitetura, lesões cutâneas, edema, vascularização, elasticidade. Classificação dos nódulos • Forma: ovoide, redonda e irregular; • Orientação: paralela e não paralela; • Margens: circunscritas e não-circunscrita (indistinta, anguladas, microlobuladas, espiculadas); • Padrão ecográfico: anecoico, hipoecoico, hiperecoico, isoecoico, heterogênio, sólido-cístico; • Características acústicas: reforço acústico, atenuação acústica (sombra), sem sombra ou reforço, combinado. 9 Laís Kist de Almeida – ATM 2024/2 Anecoica = cisto. Nódulo totalmente preto, mais preto que a gordura, circunscrito com reforço acústico posterior. Componente líquido. Isoecoica = sólida/espesso. Mesma ecogenicidade, mesma cor da gordura. Pode ser com conteúdo espesso ou nódulo sólido. Ovalado, circunscrito. Hipoecoica = sólida. Mais preta que a gordura. 1. Nódulo ovalado, circunscrito, anecoico = cisto. 2. Anecoico, sem sombra, sem reforço, alguns conteúdos internos. Pode ser um cisto septado. Formato irregular. 3. Nódulo hipoecoico, irregular, contornos microlobulados. Discreta sombra posterior – preta; 4. Nódulo sólido hipoecoico, contornos microlobulados. Não tem sombra, nem reforço acústico. 5. Nódulo sólido hipoecoico, contornos angulados espiculados, irregular. 10 Laís Kist de Almeida – ATM 2024/2 5. Nódulo irregular, isoecoico. Limites espiculados; 6. Nódulo sólido hipoecoico, contornos não circunscritos, sombra acústica posterior. *1 – 6: Todas essas imagens com nódulos classificados em BI-RADS 4 ou 5. Merecem biópsia. Ecotextura interna 1. Anecoico; 2. Hiperecogênicos: mais brancos que a gordura. Normalmente, se tem componente gorduroso, como o lipoma, por exemplo. 3. Sólido-cístico: porção anecoica – líquida e porção sólida no interior. 4. Hipoecoico – mais preto que a gordura; 5. Sólido-cístico – porção solida isoecoica com a gordura e outras porções anecoicas periférias císticas; 6. Hipoecoico, mas dentro tem partezinhas brancas e pretas. Caso de nódulo heterogênio. Orientação A. Nódulo ovalado em que o eixo longitudinal é maior que o anteroposterior – eixo paralelo à pele. Crescimento horizontal. B. Nódulo mais alto do que largo, tem o eixo não paralelo à pele – perpendicular à pele. Nódulo mais infiltrativo. 11 Laís Kist de Almeida – ATM 2024/2 A. Mama extremamente densa, calcificação grosseira na mama direita. Nódulo heterogênio, sombra acústica posterior, nódulo visto por ecografia por ser suspeito, calcificação... mas é uma calcificação benigna, em pipoca, fibroadenoma. 100% benigno B. Calcificações mais espalhadas, mama super densa, área de maior densidade externa.. BI-RADS 2. C. Nódulo ovalado, um pouco heterogênia internamente mas totalmente circunscrito. Provável fibroadenoma também. BI-RADS D. Cisto com conteúdo muito denso. Vascularização • Ausente; • Presente; • Ao redor do nódulo; • Dentro do nódulo; • Nódulos mais hipervascularizados são mais suspeitos. Pouca vascularização = mais benignos. *Nunca um dos achados será usado isoladamente, todas as características dos nódulos devem ser utilizadas em conjunto.
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