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Perda súbita e breve da consciência, com perda do tônus postural, seguida de estabelecimento espontâneo. Quase síncope- é a tontura e sensação de desmaio iminente, sem perda de consciência; geralmente é classificada e discutida junto com síncope, pois as causas são as mesmas. A sincope pode ser causada por qualquer alteração que diminua o débito cardíaco (bradiarritmias, taquiarritmias, obstrução das vias de entrada ou de saída dos ventrículos esquerdo ou direito, tamponamento cardíaco, dissecção aórtica grave e falência de bomba), pela instabilidade vasomotora mediada pelo reflexo (síncope vasovagal, situacional do seio carotídeo) ou pela hipotensão ortostática. Clínica (causa cardíaca - síncope verdadeira): - Paciente imóvel e flácido, membros frios, pulso fraco e respiração superficial - Ocasionalmente tem movimentos musculares abruptos, involuntários breves, que lembram convulsão Importante diferenciar de convulsão (causa neurológica) que é: - Podem causar perda de consciência súbita - Não são consideradas síncopes - Pode ser consideradas em casos de síncope aparente, pois a história pode não ser clara ou está indisponível - Algumas convulsões não são tonico-clônicas (não apresentam sinais clássicos da convulsão) - Convulsões breves (< 5s) podem ocorrer na síncope verdadeira - Diagnóstico depende da história cuidadosa, testemunho de terceiros e exame fortuito durante a convulsão A maioria resulta do fluxo cerebral insuficiente por diminuição do débito cardíaco, não indo sangue ao cérebro (insuficiência do fluxo cerebral). 1. Doenças cardíacas que obstruem o fluxo de saída (estenose aórtica; miocardiopatia hipertrófica; exacerbada por exercício, vasodilatação, hipovolemia podendo levar à síncope) 2. Doenças cardíacas com disfunção sistólica 3. Doenças cardíacas com disfunção diastólica, onde não vai sangue suficiente para o corpo 4. Arritmias (causam síncope quando FC é rápida demais >150 ou lenta demais <30 para permitir o enchimento ventricular adequada). LARISSA RODRIGUES SANTOSSÍNCOPE quarta-feira, 25 de agosto de 2021 07:42 Página 1 de CARDIOLOGIA 5. Condições que diminuem o RV (hemorragia, aumento da pressão intra-torácica, aumento do tônus vagal, perda do tônus simpático, hipotensão ortostática). A. Aumento da pressão intra-torácica, aumento do tônus vagal, perda do tônus simpático, hipotensão ortostática = é a síncope vasovagal ou neurocardiogênica = comum e benigna = causada por fármacos, pressão no seio carotídeo, disfunção autonômica . B. Hipotensão ortostática = causa benigna comum de síncope (diminui o retorno vanoso) = falha dos mecanismos de compensação (fazer taquicardia e vasoconstrição) da diminuição temporária do RV ao se ficar em pé (ortostatismo) = mecanismos de compensação = taquicardia sinusal e vasoconstrição. Os barorreceptores funcionam quando a pressão sobe muito, funcionando através do nervo vago, mandando o cérebro diminuir a pressão, no caso desses pacientes, ocorre uma descompensação desse sistema. Página 2 de CARDIOLOGIA C. Alguns casos tem fluxo adequado mas tem substrato insuficiente (O2 ou glicose): SNC necessita de O2 e glicose para funcionar. Mesmo com fluxo normal, déficit significativo de O2 e ou glicose pode causar perda de consciência. Na prática, hipoglicemia é a causa principal. Porém é raro ser tão abrupto com síncope ou convulsão, pois há prodromos, exceto se uso de beta-bloqueadores. É raro falta de O2 com perda de consciência abrupta, exceto acidentes de voo ou mergulho. Obs: é raro a síncope por doenças cerebrovasculares (AVC, isquemia transitória) pois maioria não envolve estruturas centro-encefálicas, para que haja síncope, porém isquemia da artéria basilar (isquemia transitória ou enxaqueca) podem causar síncope; é raro síncope quando movimenta a cabeça em certas posições (artrite cervical intensa, espondilose) o que leva à insuficiência vertebrobasilar. Causas mais comuns: vasovagal ou idiopática (vários não tem diagnóstico concreto mas não levam à lesão aparente; um número pequeno tem causa grave, geralmente de origem cardíaca). Página 3 de CARDIOLOGIA AVALIAÇÃO - Realizado o mais cedo possível após o evento; quanto + longe do evento + difícil o diagnóstico - Útil a informação de testemunhas - História- 1- história da doença atual; 2- revisão de sistemas; 3- história clínica - Exame físico - Sinais de alerta - Interpretação dos achados HISTÓRIA DA DOENÇA ATUAL - Eventos que levam à síncope= atividades (exercício, discussão, estresse); posição (deitado, em pé-tempo) - Sintomas associados imediatamente antes e depois = sensação de perda de consciência iminente, náuseas, sudorese, visão turva ou em túnel, formigamento dos lábios ou da ponta dos dedos, dor torácica, palpitação - Tempo para recuperação - Se testemunhas = descrever evento, principal= presença e duração da convulsão REVISÃO DE SISTEMAS - Qualquer área de dor ou lesão - Episódios de tontura ou quase síncope ao levantar - Palpitação - Dor torácica aos esforços - Fezes com sangue ou melena; menstruação intensa = anemia - Vômitos, diarréia, diurese excessiva = desidratação, anormalidade de eletrólitos - Cirurgia ou imobilização recente, câncer, coágulos prévios, estados de hipercoagulabilidade = risco de embolia pulmonar HISTÓRIA CLÍNICA - Síncopes prévios - Doenças cardiovasculares - Doenças convulsivas - Identificar fármacos em uso = anti-hipertensivos, diuréticos, vasodilatadores, anti-arrítmicos) - História familiar = doença cardíaca em jovens ou morte súbita na família AVALIAÇÃO (EXAME FISICO) - Essencial os sinais vitais = FC, PA com paciente em posição supina; aguarda 3 min em pé e mede; pulso = irregular? - Exame geral = estado mental (confusão, hesitação= pós-ictal); sinais de lesão (contusão, edema, dor, mordedura na língua) - Ausculta cardíaca = sopro (alteração após manobra de Valsalva, ficar em pé ou de cócoras) - Hipersensibilidade do seio carotídeo (não pode fazer se sopro carotídeo) = pressão cuidadosa no seio carotídeo unilateral durante ECG com paciente em supina = para detectar bradicardia bloqueio AV - Abdomem = verificar aumento de sensibilidade; toque retal (sangue) - Neurológico = identificar anormalidade focal SINAIS DE ALERTA - ACHADOS QUE SUGEREM ETIOLOGIA MAIS GRAVE: - Síncope aos esforços - Múltiplas recidivas em curto período de tempo - Sopro cardíaco ou outros achados que sugerem cardiopatia estrutural (dor torácica) - Idade avançada - Lesão significativa durante a síncope - História familiar de morte súbita e inesperada, síncope por esforço, síncope recorrente inexplorada ou convulsões Página 4 de CARDIOLOGIA INTERPRETAÇÃO DOS ACHADOS - Geralmente de causa benigna - Importante identificar causa que ofereça risco (ex: taquiarritmia e bloqueio AV) = risco de morte súbita - 40-50% dos caso s= achados clinicos ajudam a sugerir a causa CAUSAS BENIGNAS: - Síncope por estímulo físico ou emocional desagradável (medo, dor) = ocorre geralmente na posição ortostática, com sintomas de alerta mediadas pelo n. vago (síncope vaso-vagal); sinais de alerta = náuseas, fraqueza, bocejos, apreensão, visão turva, sudorese. - Síncope ortostática = síncope após assumir posição ortostática= principalmente em idosos após repouso prolongado no leito; uso de fármacos. - Síncope após permanecer em pé por longos períodos sem se mover = acúmulo de sangue venoso. - Convulsão = perda de consciência de início abrupto, associado a movimentos musculares abruptos ou convulsão que demoram mais de alguns segundos, incontinência, salivação, mordedura da língua, confusão pós-ictal ou sonolência. CAUSAS PERIGOSAS - Síncope por esforço = obstrução da via de saída do coração ou arritmia induzida por exercício = alguns tem dor torácica e ou palpitação (possível identificar pelos achados cardíacos). - Estenose aórtica = sopro basal grave, de pico tardio irradiando para as carótidas. - Miocardiopatia hipertrófica = sopro sistêmico que aumenta com a manobra de Valsalva e desaparece com o agachamento. - Arritmia= síncope que inicia e termina súbita e espontaneamente. - Síncope deitado - Síncope com lesão = mais provável causa cardíaca ou convulsão= ainda mais preocupante (sinais de aviso e perda de consciência mais lenta da síncope vaso-vagal benigna diminui a probabilidade de lesão). EXAMES - ECG - Oximetria de pulso - Se necessário Eco - Se necessário teste de inclinação ortostática - Exames de sangue = somente se houver clínica - Raro= exames de imagem do SNC ○ Em geral: se síncope resultar em lesão ou for recorrente (principalmente em período breve) = avaliação mais intensa. ○ Não se realizam exames de imagem do coração e SNC, a menos que indicados por achados clínicos (suspeita de etiologia cardíaca ou com déficit neurológico). ○ Suspeita de arritmias, miocardite ou isquemia = avaliação internado; outros= via ambulatorial. ECG - Deve ser feito em todos os pacientes= pode revelar: arritmia, distúrbio de condução, sobrecarga ventricular, pré-excitação, QT longo, disfunção de marcapasso, isquemia ou infarto do miocárdio. - Idosos que não tenham indícios clínicos= realizar marcadores cardíacos, ECG seriado para excluir IAM, monitoramento do ECG por 24h. - Maioria dos pacientes não tem síncope durante o monitoramento. - ECGAr- eletrocardiograma promediado = pode identificar predisposição à arritmias ventriculares em pacientes com isquemia ou pós- infarto. - Gravador de eventos implantável= para episódios de síncope pouco frequentes = < 1 por mês. OXIMETRIA DE PULSO - Realizada durante ou imediatamente após a síncope para identificar hipoxemia ( que pode indicar embolia pulmonar). - Se hipoxemia= TC, cintilografia pulmonar. EXAMES LABORATORIAIS - Baseado na suspeita clínica - Pouco útil painéis de exame laboratorial - Mulher em idade fértil= exame de gravidez - Suspeita de anemia = hemoglobina - Eletrólitos = presunção de anormalidades (sintomas ou uso de fármacos) - IAM grave = troponina TESTE ELETROFISIOLÓGICO INVASIVO Página 5 de CARDIOLOGIA TESTE ELETROFISIOLÓGICO INVASIVO - Se exames não invasivos não identificarem arritmia - Em pacientes com sincope recorrente inexplorada, sinais de alarme inexplorados, miocardiopatia isquemia e síncope inexplorada EEG - Suspeita de doença convulsiva RC E RM DE CRÂNIO - Somente se suspeita de doença neurológica focal Página 6 de CARDIOLOGIA
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